E-book digitalizado por: Levita
Digital
Com exclusividade para:
Antonio Gilberto
A história
e formação
do Livro
dos livros
Todos os Direitos Reservados.
Copyright © 1986 para a língua portuguesa da Casa
Publicadora das Assembléias de Deus.
220.61 Silva, Antônio Gilberto da, 1929 -
5586b A Bíblia através dos séculos : uma
introdução / Antônio Gilberto da Silva. -
Rio de Janeiro : Casa Publi-cadora das Assembléias de Deus, 1986.
1. Bíblia - Introdução. 2. Bíblia -
Cronologia. 3. Bíblia - Geografia. I. Título.
CDD - 220.61
|
Código para Pedidos: EB-119
Casa Publicadora das Assembléias de
Deus
Caixa Postal 331
20001, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
15a Edição 2004
Índice
1.
Considerações preliminares
2. A Bíblia como livro
3.
A Bíblia como a Palavra de Deus
4.
O Cânon da Bíblia e sua evolução histórica
5.
A preservação e a tradução da Bíblia
6.
A seqüência da história bíblica
7.
Cronologia bíblica
8.
Geografia bíblica
9. Vida e costumes dos povos bíblicos
10. Dificuldades da Bíblia
Apresentação
A Casa Publicadora
das Assembléias de Deus tem a grata satisfação de apresentar aos seus milhares
de leitores mais uma obra do pastor Antônio Gilberto, intitulada A Bíblia através dos séculos. Trata-se,
sem dúvida alguma, de um livro que interessa ao estudante das Sagradas Escrituras,
pois descreve, em linguagem simples, particularidade do autor, assuntos por
demais sugestivos, tais como 0 Cânon da Bíblia e sua evolução; A
preservação e a tradução da Bíblia; A seqüência da História Bíblica;
Cronologia Bíblica; Geografia Bíblica; Vida e Costumes dos Povos Bíblicos;
Dificuldades da Bíblia, etc.
Conforme o próprio
autor declara, este compêndio é um estudo introdutório do Livro Santo, para
melhor compreensão do leitor. Temos a certeza de que todos os que adquirirem
a presente obra, por certo agradecerão a Deus pelo privilégio de possuírem um
manual que os ajudará a entender melhor o Livro dos livros.
Diretoria de
Publicações
1
Considerações preliminares
I. INTRODUÇÃO BÍBLICA OU
BIBLIOLOGIA
O nosso assunto é o
estudo introdutório e auxiliar das Sagradas Escrituras, para sua melhor
compreensão por parte do leitor. É também chamado Isagoge nos cursos superiores
de teologia. Este estudo auxilia grandemente a compreensão dos fatos da Bíblia.
Um ponto saliente nele é a história da Bíblia mostrando como chegou ela até
nós. A necessidade desse estudo é que, sendo a Bíblia um livro divino, veio a
nós por canais humanos, tornando-se, assim, divino-humana, como também o é a
Palavra Viva - Cristo -, que se tornou também divino-humano (Jo 1.1; Ap 19.13).
Pela Bíblia, Deus fala
em linguagem humana, para que o homem possa entendê-lo. Por essa razão, a
Bíblia faz alusão a tudo que é terreno e humano. Ela menciona países,
montanhas, rios, desertos, mares, climas, solos, estradas, plantas, produtos,
minérios, comércio, dinheiro, línguas, raças, usos, costumes, culturas, etc.
Isto é, Deus, para fazer-se compreender, vestiu a Bíblia da nossa linguagem,
bem como do nosso modo de pensar. Se Deus usasse sua linguagem, ninguém o
entenderia. Ele, para revelar-se ao homem, adaptou a Bíblia ao modo humano de perceber
as coisas. Destarte, o autor da Bíblia é Deus, mas os escritores foram homens.
Na linguagem figurada dos Salmos e das diversas outras partes da Bíblia, Deus
mesmo é descrito e age como se fosse homem. A Bíblia chega a esse ponto para
que o homem compreenda melhor o que Deus lhe quer dizer. Isto também explica
muitas dificuldades e aparentes contradições do texto bíblico.
II. O ÂMBITO DESTE
ASSUNTO
A Bibliologia estuda a
Bíblia sob os seguintes pontos de vista:
1. Observações gerais sobre sua leitura e
estudo.
2. Sua estrutura, considerando sua divisão,
classificação dos livros, capítulos, versículos, particularidades e tema
central.
3. A Bíblia considerada como o Livro Divino,
isto é, como a Palavra escrita de Deus.
4. O Cânon sagrado: sua formação e transmissão
até nós.
5. A preservação e tradução do texto da Bíblia.
Isto aborda as línguas originais e os manuscritos bíblicos.
6. Inclui ainda elementos de história geral da
Bíblia, inclusive o Período Interbíblico ou Intertestamentário, e de auxílios
externos no estudo da Bíblia: geografia bíblica, usos e costumes antigos
orientais, sistemas de medidas, pesos e moedas; cronologia bíblica geral,
história das nações antigas contemporâneas; estudos das personagens e dos
livros da Bíblia, e das dificuldades bíblicas.
III. A RAZÃO DA
NECESSIDADE DAS ESCRITURAS
Deus se tem revelado
através dos tempos por meio de suas obras, isto é, da criação (SI 19.1-6; Rm
1.20). Porém, na Palavra de Deus temos uma revelação especial e muito
maior. É dupla esta revelação: a) na Bíblia, que é a PALAVRA DE DEUS ESCRITA,
e b) em Cristo, que é PALAVRA DE DEUS VIVA (Jo 1.1). Esta dupla revelação é especial,
porque tornou-se necessária devido à queda do homem. 10
IV. A NECESSIDADE DO
ESTUDO DAS ESCRITURAS
Isto está implícito em
Salmo 119.130; Isaías 34.16; 2 Timóteo 2.15; 1 Pedro 3.15, e nos conduz a dois
pontos de suma importância: a) porque devemos estudar a Bíblia, e b) como
devemos estudar a Bíblia.
Estudar é mais que ler;
é aplicar a mente a um assunto, de modo sistemático e constante.
1. Porque devemos
estudar a Bíblia
a. Ela é o único manual do crente na vida
cristã e no trabalho do Senhor. O crente foi salvo para servir ao Senhor
(Ef 2.10; 1 Pe 2.9). Sendo a Bíblia o livro texto do cristão, é importante que
ele a maneje bem, para o fiel desempenho de sua missão (2 Tm 2.15). Um bom
profissional sabe empregar com eficiência as ferramentas de seu ofício. Essa
eficiência não é automática: vem pelo estudo e prática. Assim deve ser o
crente com relação ao seu manual - a Bíblia. Entre as promessas de Deus nesse
sentido, temos uma muito maravilhosa em Isaías 55.11. Deus declara aí que sua
Palavra não voltará vazia. Portanto, quando alguém toma tempo para estudar com
propósito a Palavra de Deus, o efeito será glorioso quanto à edificação espiritual
e ao engrandecimento do reino de Deus.
b. Ela alimenta nossas almas (Jr 15.16;
Mt 4.4; 1 Pe 2.2). Não há dúvida de que o estudo da Palavra de Deus traz
nutrição e crescimento espiritual. Ela é tão indispensável à alma, como o pão
ao corpo. Nas passagens acima, ela é comparada ao alimento, porém, este só
nutre o corpo quando é absorvido pelo organismo. O texto de 1 Pedro 2.2 fala do
intenso apetite dos recém-nascidos; assim deve ser o nosso desejo pela Palavra.
Bom apetite pela Bíblia é sinal de saúde espiritual.
Como está o seu apetite
pela Bíblia, leitor?
c. Ela é o instrumento que o Espírito Santo
usa (Ef 6.17). Se em nós houver abundância da Palavra de Deus. o Espírito
Santo terá o instrumento com que operar. É preciso, pois. meditar nela (Js
1.8; SI 1.2). Ê preciso deixar que ela domine todas as esferas da nossa vida.
nossos pensamentos, nosso coração e, assim, molde todo o nosso viver diário.
Em suma: precisamos ficar saturados da Palavra de Deus.
Um requisito primordial
para Deus responder às nossas orações é estarmos saturados da sua Palavra (Jo
15.7). Aqui está, em parte, a razão de muitas orações não serem respondidas:
desinteresse pela Palavra de Deus. (Leia o texto outra vez.) Pelo menos três
fatos estão implícitos aqui: a) Na oração precisamos apoiar nossa fé nas promessas
de Deus, e essas promessas estão na Bíblia, b) Por sua vez, a Palavra de Deus
produz fé em nós (Rm 10.17). c) Devemos fazer nossas petições segundo a
vontade de Deus (1 Jo 5.14), e um dos meios de saber-se a vontade de Deus é
através da sua Palavra.
Na vida cristã, e no
trabalho do Senhor em geral, o Espírito Santo só nos lembrará o texto bíblico
preciso, se de antemão o conhecermos (Jo 14.26). - É possível o leitor ser
lembrado de algo que não sabe? Pense se é possível! Portanto, o Espírito Santo
quer não somente encher o crente, mas também encontrar nele o instrumento com
que operar a Palavra de Deus.
Ter o Espírito e não
conhecer a Palavra, conduz ao fanatismo. Pessoas assim querem usar o Espírito
em vez de Ele usá-las. Conhecer a Palavra e não ter o Espírito conduz ao
formalismo. Estes dois extremos são igualmente perigosos.
d. Ela enriquece
espiritualmente a vida do cristão (SI 119.72). Essas riquezas vêm pela
revelação do Espírito, primeiramente (Ef 1.17). O leitor que procurar entender
a Bíblia somente através do intelecto, muito cedo desistirá do seu intento. Só
o Espírito de Deus conhece as coisas de Deus (1 Co 2.10). Um renomado expositor
cristão afirma que há 32.000 promessas na Bíblia toda! Pensai que fonte de
riqueza há ali! Entre as riquezas derivadas da Bíblia está a formação do
caráter ideal, bem como a moldagem da vida cristã como um todo. É a-Bíblia a
melhor diretriz de conduta humana; a melhor formadora do caráter. Os princípios
que modelam nossa vida devem proceder dela.
A falta de uma correta e
pronta orientação espiritual dentro da Palavra de Deus. especialmente quanto a
novos convertidos, tem resultado em inúmeras vidas desequilibradas, doentes
pelo resto da existência. Essas, só um milagre de Deus pode reajustá-las.
Pessoas assim, ferem-se a si mesmas e aos que as rodeiam.
A Bíblia é a revelação
de Deus à humanidade. Tudo que Deus tem para o homem e requer do homem, e tudo
que o homem precisa saber espiritualmente da parte de Deus quanto à sua
redenção, conduta cristã e felicidade eterna, está revelado na Bíblia. Deus não
tem outra revelação escrita além da Bíblia. Tudo o que o homem tem a fazer é
tomar o Livro e apropriar-se dele pela fé. O autor da Bíblia é Deus, seu real
intérprete é o Espírito Santo, e seu tema central é o Senhor Jesus Cristo. O
homem deve ler a Bíblia para ser sábio, crer na Bíblia para ser salvo, e praticar
a Bíblia para ser santo.
2. Como devemos
estudar a Bíblia
a. Leia a Bíblia conhecendo seu autor. Isto
é de suprema importância, é a melhor maneira de estudar a Bíblia. Ela é o
único livro cujo autor está sempre presente quando é lida. O autor de um livro
é a pessoa que melhor pode explicá-lo. A Bíblia é um livro fácil e ao mesmo
tempo difícil; simples e ao mesmo tempo complexo. Não basta apenas ler suas
palavras e analisar suas declarações. Tudo isso é indispensável, mas não basta.
É preciso conhecer e amar o Autor do Livro. Conhecendo o Autor, a compreensão
será mais fácil.
Façamos como Maria, que
aprendia aos pés do Mestre (Lc 10.39). Esse é ainda o melhor lugar para o
aluno!
b.
Leia a Bíblia diariamente (Dt 17.19). Esta regra é excelente.
Presume-se que 90fr dos crentes não lêem a Bíblia diariamente: não é
de admirar haver tantos crentes frios nas igrejas. Não somente frios mas anãos,
raquíticos, mundanos, carnais, indiferentes. Sem crescimento espiritual, Deus
não nos pode revelar suas verdades profundas (Mc 4.33; Jo 16.12; Hb 5.12). É de
admirar haver pessoas na igreja que acham tempo para ler, ouvir e ver tudo, menos
a Palavra de Deus. Motivo: Comem tanto outras coisas que perdem o apetite pelas
coisas de Deus! É justo ler boas coisas, mas, é imprescindível tomar mais tempo
com as Escrituras. É também de estarrecer o fato de que muitos líderes de
igrejas não levam seus liderados a lerem a Bíblia. Não basta assistir aos
cultos, ouvir sermões e testemunhos, assistir a estudos bíblicos, ler boas
obras de literatura cristã: é preciso a leitura bíblica individual, pessoal.
Há crentes que só comem espiritualmente quando lhes dão comida na boca: é a
colher do pastor, do professor da Escola Dominical, etc. Se ninguém lhes der
comida eles morrerão de inanição.
c. Ler a Bíblia com a melhor atitude mental e
espiritual. Isto é de capital importância para o êxito no estudo bíblico.
A atitude correta é a seguinte: a) Estudar a Bíblia como a Palavra de Deus, e
não como uma obra literária qualquer, b) Estudar a Bíblia com o coração, em
atitude devocional, e não apenas com o intelecto. As riquezas da Bíblia são
para os humildes que temem ao Senhor (Tg 1.21). Quanto maior for a nossa
comunhão com Deus, mais humildes seremos. Os galhos mais carregados de frutos
são os que mais abaixam! É preciso ler a Bíblia crendo, sem duvidar, em tudo
que ela ensina, inclusive no campo sobrenatural. A dúvida ou descrença, cega o
leitor (Lc 24.25).
d. Leia a Bíblia com oração, devagar,
meditando. Assim fizeram os servos de Deus no passado: Davi (SI
119.12,18); Daniel (Dn 9.21-23). O caminho ainda é o mesmo. Na presença do
Senhor em oração, as coisas incompreensíveis são esclarecidas (SI 73.16,17). A
meditação na Palavra aprofunda a sua compreensão. Muitos lêem a Bíblia somente
para estabelecerem recordes de leitura. Ao ler a Bíblia, aplique-a primeiro a
si próprio, irmão, senão não haverá virtude nenhuma.
e. Leia a Bíblia toda. Há uma riqueza
insondável nisso! É a única maneira de conhecermos a verdade completa dos
assuntos nela contidos, visto que a revelação de Deus que nela temos é
progressiva. - Como o leitor pensa compreender um livro que ainda não leu do
princípio ao fim? Mesmo lendo a Bíblia toda, não a entendemos completamente.
Ela, sendo a Palavra de Deus, é infinita. Nem mesmo a mente de um gênio poderia
interpretá-la sem erros. Não há no mundo ninguém que esgote a Bíblia. Todos
somos sempre alunos (Dt 29.29; Rm 11.33,34; 1 Co 13.12). Portanto, na Bíblia
há dificuldades, mas o problema é do lado humano. O Espírito Santo, que
conhece as profundezas de Deus, pode ir revelando o conhecimento da verdade, à
medida que buscamos a face de Deus e andamos mais perto dele. Amém.
QUESTIONÁRIO
1. Que é Bibliologia ou Introdução Bíblica?
2. Que linguagem e modo de pensar usa Deus em
sua Palavra?
3. Mencione alguns dos assuntos estudados em
Bibliologia.
4. Por que tornou-se necessário a revelação
especial de Deus pela Bíblia?
5. Cite dois motivos por que devemos estudar a
Bíblia, segundo o estudo apresentado.
6. Cite três maneiras como devemos estudar a
Bíblia.
7. Qual a maneira de conhecermos a verdade
completa sobre determinado assunto bíblico?
8. Por que não podemos entender a Bíblia toda?
2
Á Bíblia como livro
I. OS LIVROS ANTIGOS
A Bíblia é um livro
antigo. Os livros antigos tinham a forma de rolos (Jr 36.2). Eram feitos de
papiro ou pergami-nho. O papiro é uma planta aquática que cresce junto a rios,
lagos e banhados, no Oriente Próximo, cuja entrecas-ca servia para escrever.
Essa planta existe ainda hoje no Sudão, na Galiléia Superior e no vale de
Sarom. As tiras extraídas do papiro eram coladas umas às outras até formarem
um rolo de qualquer extensão. Este material gráfico primitivo é mencionado
muitas vezes na Bíblia, exemplos: Êxodo 2.3; Jó 8.11; Isaías 18.2. Em certas
versões da Bíblia, o papiro é mencionado como junco; de fato, é um tipo
de junco de grandes proporções. De papiro, deriva-se a nossa palavra papel.
Seu uso na escrita vem de 3.000 a.C.
Pergaminho é pele de
animais, cortida e polida, utilizada na escrita. É material gráfico melhor que
o papiro. Seu uso é mais recente que o do papiro. Vem dos primórdios da Era
Cristã, apesar de já ser conhecido antes. É também mencionado na Bíblia, como
em 2 Timóteo 4.13.
A Bíblia foi
originalmente escrita em forma de rolo, sendo cada livro um rolo. Assim, vemos,
que, a princípio, os livros sagrados não estavam unidos uns aos outros como os
temos agora em nossas Bíblias. O que tornou isso possível foi a invenção do
papel no Século II, pelos chineses, bem como a do prelo, de tipos móveis,
inventada em 1450, pelo alemão Gutemberg. Até então era tudo manuscrito pelos
escribas de modo laborioso, lento e oneroso. Quanto a este aspecto da difusão
de sua Palavra, Deus tem abençoado maravilhosamente, de modo que hoje milhões
de exemplares das Escrituras são impressos com rapidez e facilidade em muitos
pontos do globo. Também, graças aos progressos alcançados no campo das
invenções e da tecnologia, podemos hoje transportar com toda comodidade um
exemplar da Bíblia, coisa impossível nos tempos primitivos. Ainda hoje, devido
aos ritos tradicionais, os rolos sagrados das Escrituras hebraicas continuam
em uso nas sinagogas judaicas.
II. O VOCÁBULO
"BÍBLIA"
Este vocábulo não se
acha no texto das Sagradas Escrituras. Consta apenas na capa. - Donde, pois,
nos vem? -Vem do grego, a língua original do Novo Testamento. É derivado do
nome que os gregos davam à folha, de papiro preparada para a escrita - "biblos".
Um rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado "biblion" e
vários destes eram uma "bíblia". Portanto, literalmente, a palavra bíblia
quer dizer "coleção de livros pequenos". Com a invenção do
papel, desapareceram os rolos, e a palavra biblos deu origem a
"livro", como se vê em biblioteca, bibliografia, bibliófilo, etc.
É consenso geral entre os doutos no assunto que o nome Bíblia foi
primeiramente aplicado às Sagradas Escrituras por João Crisóstomo, patriarca
de Constantinopla, no Século IV.
E porque as Escrituras
formam uma unidade perfeita, a palavra Bíblia, sendo um plural, como
acabamos de ver, passou a ser singular, significando o LIVRO, isto é, o Livro
dos livros; O Livro por excelência. Como Livro divino, a definição canônica da
Bíblia é "A revelação de Deus à humanidade".
Os nomes mais comuns que
a Bíblia dá a si mesma, isto é, os seus nomes canônicos, são:
• Escrituras (Mt 21.42)
18
• Sagradas Escrituras
(Rm 1.2)
• Livro do Senhor (Is
34.16)
• A Palavra de Deus (Mc
7.13; Hb 4.12)
• Os Oráculos de Deus
(Rm 3.2)
III. A ESTRUTURA DA
BÍBLIA
Estudaremos neste ponto
a estrutura ou composição da Bíblia, isto é, a sua divisão em partes principais
e seus livros quanto à classificação por assuntos, divisão em capítulos e
versículos e, certas particularidades indispensáveis.
A Bíblia divide-se em
duas partes principais: ANTIGO e NOVO TESTAMENTO, tendo ao todo 66 livros:
sendo 39 no AT e 27 no NT. Estes 66 livros foram escritos num período de 16
séculos e tiveram cerca de 40 escritores. Aqui está um dos milagres da Bíblia.
Esses escritores pertenceram às mais variadas profissões e atividades, viveram
e escreveram em países, regiões e continentes distantes uns dos outros, em
épocas e condições diversas, entretanto, seus escritos formam uma harmonia
perfeita. Isto prova que um só os dirigia no registro da revelação divina:
Deus.
A palavra testamento vem
do termo grego "diatheke", e significa: a) Aliança ou
concerto, e b) Testamento, isto é, um documento contendo a última vontade de
alguém quanto à distribuição de seus bens, após sua morte. Esta é a palavra
empregada no Novo Testamento, como por exemplo em Lucas 22.20. No Antigo
Testamento, a palavra usada é "berith" que significa apenas concerto.
O duplo sentido do termo grego nos mostra que a morte do tes-tador
(Cristo) ratificou ou selou a Nova Aliança, garantin-do-nos toda a herança com
Cristo (Rm 8.17; Hb 9.15-17).
O título Antigo
Testamento foi primeiramente aplicado aos 39 livros das Escrituras
hebraicas, por Tertuliano, e Orígenes.
Na primeira divisão
principal da Bíblia, temos o Antigo Concerto (também chamado pacto, aliança),
que veio pela Lei, feito no Sinai e, selado com sangue de animais (Êx 24.3-8;
Hb 9.19,20). Na segunda divisão principal (o NT), temos o Novo Concerto, que
veio pelo Senhor Jesus Cristo, feito no Calvário e selado com o seu próprio
sangue (Lc 22.20; Hb 9.11-15). É pois um concerto superior.
Nas Bíblias de edição da
Igreja Romana, o total de livros é 73. Os 7 livros a mais, são chamados apócrifos.
Além dos livros apócrifos, as referidas Bíblias têm mais 4 acréscimos a
livros canônicos. Trataremos disto no capítulo que estudará o cânon das
Escrituras.
1. O Antigo
Testamento
Tem 39 livros, e foi
escrito originalmente em hebraico, com exceção de pequenos trechos que o foram
em aramai-co. O aramaico foi a língua que Israel trouxe do seu exílio
babilônico. Há também algumas palavras persas. Seus 39 livros estão
classificados em 4 grupos, conforme os assuntos a que pertencem: LEI,
HISTÓRIA, POESIA, PROFECIA. O grupo ou classe poesia também é conhecido
por de-vocional.
Vejamos os livros por
cada grupo.
a. LEI. São 5 livros: Gênesis a
Deuteronômio. São co-mumente chamados o Pentateuco. Esses livros tratam
da origem de todas as coisas, da Lei, e do estabelecimento da nação israelita.
b. HISTÓRIA. São 12 livros: de Josué
a.Ester. Ocupam-se da história de Israel nos seus vários períodos: a) Teocracia,
sob os juizes, b) Monarquia, sob Saul, Davi e Salomão, c) Divisão
do reino e cativeiro, contendo o relato dos reinos de Judá e Israel, este
levado em cativeiro para a Assíria, e aquele para Babilônia, d) Pós-cativeiro,
sob Zo-robabel, Esdras e Neemias, em conjunto com os profetas
contemporâneos.
c. POESIA. São 5
livros: de Jó a Cantares de Salomão. São chamados poéticos, não porque
sejam cheios de imaginação e fantasia, mas devido ao gênero do seu conteúdo.
São também chamados devocionais.
d. PROFECIA. São 17 livros: de Isaías a
Malaquias. Estão subdivididos em:
• Profetas Maiores:
Isaías a Daniel (5 livros).
• Profetas Menores:
Oséias a Malaquias (12 livros). Os nomes maiores e menores não se
referem ao mérito ou notoriedade do profeta mais ao tamanho dos livros e à
extensão do respectivo ministério profético.
A classificação dos
livros do AT, por assunto, vem da versão Septuaginta, através da Vulgata, e não
leva em conta a ordem cronológica dos livros, o que, para o leitor menos
avisado, dá lugar a não pouca confusão, quando procura agrupar os assuntos
cronologicamente. Na Bíblia hebraica (que é o nosso AT), a divisão dos livros é
bem diferente.
Nas Bíblias de edição
católico-romana, os livros de 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis são chamados 1,2,3 e 4
Reis, respectivamente. 1 e 2 Crônicas são chamados 1 e 2 Paralipôme-nos.
Esdras e Neemias são chamados 1 e 2 Esdras. Também, nas edições católicas de
Matos Soares e Figueiredo, o Salmo 9 corresponde em Almeida aos Salmos 9 e 10.
O de número 10 é o nosso 11. Isso vai assim até os Salmos 146 a 147, que nas
nossas Bíblias são o de número 147. Deste modo, os três salmos finais são
idênticos em qualquer das versões acima mencionadas. Essas diferenças de
numeração em nada afetam o texto em si, e não poderia ser doutra forma, sendo
a Bíblia o Livro do Senhor!
2. O Novo Testamento
Tem 27 livros. Foi
escrito em grego; não no grego clássico dos eruditos, mas no do povo comum,
chamado Koiné. Seus 27 livros também estão classificados em 4 grupos,
conforme o assunto a que pertencem: BIOGRAFIA, HISTÓRIA, EPÍSTOLAS, PROFECIA.
O terceiro grupo é também chamado DOUTRINA.
a. BIOGRAFIA. São os 4 Evangelhos.
Descrevem a vida terrena do Senhor Jesus e seu glorioso ministério. Os três primeiros
são chamados Sinópticos, devido a certo paralelismo que têm entre si.
Os Evangelhos são os livros mais importantes da Bíblia. Todos os que os
precedem tratam da preparação para a manifestação de Jesus Cristo, e os que se
lhes seguem são explicações da doutrina de Cristo.
b, HISTORIA. É o livro de Atos dos
Apóstolos. Registra a história da igreja primitiva, seu viver, a propagação do
Evangelho; tudo através
do Espírito Santo, conforme Jesus prometera.
c. EPÍSTOLAS. São 21 as epístolas ou
cartas. Vão de Romanos a Judas. Contêm a doutrina da Igreja.
• 9 são dirigidas a
igrejas (Romanos a 2 Tessalonicen-ses)
• 4 são dirigidas a
indivíduos (1 Timóteo a Filemom)
• 1 é dirigida aos
hebreus cristãos
• 7 são dirigidas a
todos os cristãos, indistintamente (Tiago a Judas)
As últimas sete são
também chamadas universais, católicas ou gerais, apesar de duas
delas (2 e 3 João) serem dirigidas a pessoas.
d. PROFECIA. É o livro de Apocalipse ou
Revelação. Trata da volta pessoal do Senhor Jesus à Terra e das coisas que
precederão esse glorioso evento. Nesse livro vemos o Senhor Jesus vindo com
seus santos para: a) destruir o poder gentílico mundial sob o reinado da
Besta; b) livrar Israel, que estará no centro da Grande Tribulação; c) julgar
as nações; e d) estabelecer o seu reino milenar.
Oh! como desejamos que
Ele venha!
Os livros do Novo
Testamento também não estão situados em ordem cronológica, pelas mesmas razões
expostas ao tratarmos do Antigo Testamento.
IV. O TEMA CENTRAL DA
BÍBLIA
Jesus é o tema central
da Bíblia. Ele mesmo no-lo declara em Lucas 24.44 e João 5.39. (Ler também
Atos 3.18; 10.43; Apocalipse 22.16). Se olharmos de perto, veremos que, em
tipos, figuras, símbolos e profecias, Ele ocupa o lugar central das
Escrituras, isto além da sua manifestação como está registrada em todo o Novo
Testamento.
Em Gênesis, Jesus é o
descendente da mulher (Gn 3.15).
Em Êxodo, é o Cordeiro
Pascoal.
Em Levítico, é o
Sacrifício Expiatório.
Em Números, é a Rocha
Ferida.
Em Deuteronômio, é o
Profeta.
Em Josué, é o Capitão
dos Exércitos do Senhor.
Em Juizes, é o
Libertador.
Em Rute, é o Parente
Divino.
Em Reis e Crônicas, é o
Rei Prometido.
Em Ester, é o Advogado.
Em Jó, é o nosso
Redentor.
Nos Salmos, é o nosso
socorro e alegria.
Em Provérbios, é a
Sabedoria de Deus.
Em Cantares de Salomão,
é o nosso Amado.
Em Eclesiastes, é o Alvo
Verdadeiro^
Nos Profetas, é o
Messias Prometido.
Nos Evangelhos, é o
Salvador do Mundo.
Nos Atos, é o Cristo
Ressurgido.
Nas Epístolas, é a
Cabeça da Igreja.
No Apocalipse, é o Alfa
e o ômega; é o Cristo que volta para reinar.
Tomando o Senhor Jesus
como o centro da Bíblia, podemos resumir os 66 livros em cinco palavras
referentes a Ele, assim: PREPARAÇÃO - Todo o AT, pois trata da preparação para
o advento de Cristo. MANIFESTAÇÃO - Os Evangelhos, que tratam da manifestação
de Cristo. PROPAGAÇÃO - O Livro de Atos, que trata da propagação de Cristo.
EXPLANAÇÃO - As Epístolas, que são a explanação da doutrina de Cristo.
CONSUMAÇÃO - O Livro de Apocalipse, que trata da consumação de todas as coisas
preditas, através de Cristo. (Dr. Cl. Scofield).
Portanto, as Escrituras
sem Jesus seriam como a Física sem a matéria ou a Matemática sem os números.
V. ALGUNS FATOS E
PARTICULARIDADES DA BÍBLIA
Antes, a Bíblia não era
dividida em capítulos e versículos. A divisão em capítulos foi feita no ano de
1250, pelo cardeal Hugo de Saint Cher, abade dominicano e estudioso das
Escrituras. A divisão em versículos foi feita de duas vezes. O AT em 1445, pelo
Rabi Nathan; o NT em 1551, por Robert Stevens, um impressor de Paris. Stevens
publicou a primeira Bíblia (Vulgata Latina) dividida em capítulos e versículos
em 1555. O AT tem 929 capítulos e 23.214 versículos. O NT tem 260 capítulos e
7.959 versículos. A Bíblia toda tem 1.189 capítulos e 31.173 versículos. O número
de palavras e letras depende do idioma e da versão. O maior capítulo é o Salmo
119, e o menor o Salmo 117. O maior versículo está em Ester 8.9; o menor, em
Êxodo 20.30. (Isso, nas versões portuguesas e com exceção da chamada
"Tradução Brasileira", onde o menor é Lucas 20.30). Em certas
línguas, o menor é João 11.35. Os livros de Ester e Cantares não contêm a
palavra Deus, porém a presença de Deus é evidente nos fatos neles
desenrolados, mormente em Ester. Há na Bíblia 8.000 menções de Deus sob vários
nomes divinos, e 177 menções do Diabo, sob seus vários nomes.
A vinda do Senhor é
referida direta e indiretamente 1.845 vezes, sendo 1.527 no AT e 318 no NT. -
Não é esse um assunto para séria meditação? O Salmo 119 tem em hebraico 22
seções de 8 versículos cada uma. O número 22 corresponde ao número de letras do
alfabeto hebraico. Cada uma das 22 seções inicia com uma letra desse alfabeto,
e, dentro, de cada seção, todos os versículos começam com a letra da respectiva
seção. Caso semelhante há no livro de Lamentações de Jeremias. Ali, em
hebraico, os capítulos 1,2,4, têm 22 versículos cada um, compreendendo as 22
letras do alfabeto, de álefe a tau. Porém o capítulo 3 tem 66
versículos, levando cada três deles, a mesma letra do alfabeto.
Há outros casos assim na
estrutura da Bíblia. Isso jamais poderia ser obra do acaso. A frase "não
temas" ocorre 365 vezes em toda a Bíblia, o que dá uma para cada dia do
ano! O capítulo 19 de 2 Reis é idêntico ao 37 de Isaías. O AT encerra citando a
palavra "maldição"; o NT encerra citando a expressão: "a graça
do Nosso Senhor Jesus Cristo." A Bíblia foi o primeiro livro impresso no
mundo após a invenção do prelo; isso deu-se em 1452, em Mogúncia, Alemanha. Os
números 3 e 7 predominam admiravelmente em toda a Bíblia. O nome de Jesus
consta do primeiro e do último versículos do NT. As traduções da Bíblia (toda
ou em parte) até 1984, atingiram a 1796 línguas e dialetos. 24
Restam ainda cerca de
1.000 línguas em que ela precisa ser traduzida.
- Que está o irmão fazendo
para difundir a Bíblia - o livro que o salvou?
VI. ALGUMAS OBSERVAÇÕES
ÚTEIS E PRÁTICAS NO MANUSEIO E ESTUDO DA BÍBLIA
1. Apontamentos individuais
Habitue-se a tomar notas
de suas meditações na Palavra de Deus. A memória falha com o tempo. Distribua
seus apontamentos por assuntos previamente escolhidos e destacados uns dos
outros. Use, para isso, um livro de folhas soltas (livro de argola) com
projeções e índice. Se não houver organização nos apontamentos, eles pouco
servirão.
2. Aprenda a ler e escrever referências
bíblicas
O sistema mais simples e
rápido para escrever referências bíblicas é o adotado pela Sociedade Bíblica
do Brasil: duas letras sem ponto abreviativo para cada livro da Bíblia. Entre
capítulo e versículo põe-se apenas um ponto. No índice das Bíblias editadas
pela SBB pode-se ver a lista dos livros assim abreviados.
Exemplos de referências
por esse sistema:
1 Jo 2.4 (1 João capítulo 2, versículo 4) Jó
2.4 (Jó capítulo 2, versículo 4)
1 Pe 5.5 (1 Pedro
capítulo 5, versículo 5) Fp 1.29 (Filipenses capítulo 1, versículo 29) Fm v. 14
(Filemom, versículo 14)
3. Diferença entre texto, contexto,
referência, inferência
a. Texto são as palavras contidas numa
passagem.
b. Contexto é a parte que fica antes e
depois do texto que estamos lendo. O contexto pode ser imediato ou remoto.
c. Referência é a conexão direta sobre
determinado assunto. Além de indicar o livro, capítulo e versículo, a referência
pode levar outras indicações como:
- "a", indicando a parte inicial do
versículo: (Rm 11.17a).
- "b", indicando a parte final do
versículo: (Rm 11.17b).
- "ss", indicando os versículos que
se seguem até o fim ou não do capítulo: (Rm 11.17ss).
- "qv", significando que veja. Recomendação
para não deixar de ler o texto indicado. Vem da expressão latina quod vide =
que veja.
- "cf",
significando compare, confirme, confronte. Vem do latim confere.
- "i.e.",
significando isto é. Vem do latim id est. As referências também
podem ser verbais e reais. As primeiras são um paralelismo de
palavras; as segundas, de assuntos ou idéias.
d. Inferência é
uma conexão indireta entre assuntos. É uma ilação ou dedução.
4. Siglas das diferentes versões em vernáculo
O uso dessas siglas
poupa tempo e trabalho.
- ARC = Almeida Revisada e Corrigida. É a
Bíblia de Almeida antiga, impressa pela Imprensa Bíblica Brasileira.
- ARA = Almeida
Revisada e Atualizada. É a Bíblia de Almeida revisada e publicada pela
Sociedade Bíblica do Brasil, completa, a partir de 1958.
- FIG as Antônio Pereira de Figueiredo. Atualmente
é impressa pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, Londres.
- SOARES = Matos Soares. Versão popular
dos católicos brasileiros.
- RHODEN as Huberto Rhoden. Versão
particular desse ex-padre brasileiro.
- CBSP = Centro Bíblico de São Paulo. Edição
católica popular da Bíblia, São Paulo.
- TRAD. BRÁS. Tradução Brasileira, 1917
5. O tempo antes e depois de Cristo
É indicado pelas letras:
- a.C. = antes de
Cristo, isto é, antes do nascimento de Cristo.
- d.C. = depois de
Cristo, isto é, o tempo depois do nascimento de Cristo. Também aparece em
algumas obras, "AD", que vem da expressão latina: "Anno
Domini", ou seja, ano do Senhor, em alusão ao nascimento de Cristo.
6. Manuseio do volume sagrado
Obtenha completo domínio
do manuseio da Bíblia, a fim de encontrar com rapidez qualquer referência
bíblica, Jesus fazia assim. Em Lucas 4.17 diz que Ele "achou o lugar onde
estava escrito". Ora, naquele tempo, isso era muito mais difícil do que
hoje com o progresso da indústria gráfica. 7. Abreviaturas bíblicas.
As abreviaturas dos
livros consistem de duas letras sem ponto abreviativo. Procure memorizá-las de
vez.
ANTIGO
TESTAMENTO
LIVRO
|
LIVRO
|
|||
Gênesis
|
Gn
|
Eclesiastes
|
Ec
|
|
Êxodo
|
Êx
|
Cantares
|
Ct
|
|
Levítico
|
Lv
|
Isaias
|
Is
|
|
Números
|
Nm
|
Jeremias
|
Jr
|
|
Deuteronômio
|
Dt
|
Lamentações de Jeremias
|
Lm
|
|
Josué
|
Js
|
Ezequial
|
Ez
|
|
Juizes
|
Jz
|
Daniel
|
Dn
|
|
Rute
|
Rt
|
Oséias
|
Os
|
|
1 Samuel
|
1 Sm
|
Joel
|
Jl
|
|
2 Samuel
|
2 Sm
|
Amós
|
Am
|
|
1 Reis
|
1 Rs
|
Obadias
|
Ob
|
|
2 Reis
|
2 Rs
|
Jonas
|
Jn
|
|
1 Crônicas
|
1 Cr
|
Miquéis
|
Mq
|
|
2 Crônicas
|
2 Cr
|
Naum
|
Na
|
|
Esdras
|
Ed
|
Habacuque
|
Hc
|
|
Neemias
|
Ne
|
Sofonias
|
Sf
|
|
Ester
|
Et
|
Ageu
|
Ag
|
|
Jó
|
Jó
|
Zacarias
|
Zc
|
|
Salmos
|
Sl
|
Malaquias
|
Ml
|
|
Provérbios
|
Pv
|
NOVO
TESTAMENTO
LIVRO
|
LIVRO
|
|||
Mateus
|
Mt
|
Atos
|
At
|
|
Marcos
|
Mc
|
Romanos
|
Rm
|
|
Lucas
|
Lc
|
1 Coríntios
|
1 Co
|
|
João
|
Jo
|
2 Coríntios
|
2 Co
|
|
Gálatas
|
Gl
|
Hebreus
|
Hb
|
|
Efésios
|
Ef
|
Tiago
|
Tg
|
|
Filipenses
|
Fp
|
1 Pedro
|
1 Pe
|
|
Colossenses
|
Cl
|
2 Pedro
|
2 Pe
|
|
1 Tessalonicenses
|
1 Ts
|
1 João
|
1 Jo
|
|
2 Tessalonicenses
|
2 Ts
|
2 João
|
2 Jo
|
|
1 Timóteo
|
1 Tm
|
3 João
|
3 Jo
|
|
2 Timóteo
|
2 Tm
|
Judas
|
Jd
|
|
Tito
|
Tt
|
Apocalipse
|
Ap
|
|
Filemom
|
Fm
|
QUESTIONÁRIO
1. Que forma tinha um livro antigo?
2. De que materiais eram
feitos esses livros?
3. Que era papiro? Cite-o na Bíblia.
4. Que era pergaminho? Cite-o na Bíblia.
5. Desde quando foi
usado o papiro? e o pergaminho?
6. Quando foi inventado o prelo? e o papel?
7. Que nome davam os gregos à folha de papiro já
preparada para a escrita?
8. Dê a origem do nome "Bíblia", e o
que significa, literalmente.
9. Por que, sendo "Bíblia" um plural,
passou a ser singular?
10. Dê a definição canônica de Bíblia.
11. Quem primeiro aplicou o nome
"Bíblia" às Sagradas Escrituras?
12. Quais os nomes ou títulos mais comuns que a
Bíblia dá a si mesma?
13. Quantas partes
principais tem a Bíblia? Cite-as.
14. Quantos livros tem toda a Bíblia? e só o AT?
e só o NT?
15. Quanto tempo levou a Bíblia para ser escrita?
16. Cerca de quantos escritores teve ela?
17. Dê o duplo sentido da palavra testamento como
usada no NT e que significado tem para o cristão.
18. Quem primeiro aplicou o título Antigo
Testamento aos 39 livros da Bíblia hebraica?
19. Dê o total de livros das Bíblias de edição
católico-romana.
20. Como são chamados esses livros a mais nas
Bíblias de edição da Igreja Romana?
21. Quantos acréscimos a livros canônicos têm as
Bíblias de edição romana?
22. Dê o assunto dos quatro grupos de livros do
AT, idem do NT.
23. Quantos livros tem a LEI? Cite-os.
24. Que outro nome tem o conjunto de livros da
LEI?
25. Quantos são os livros históricos? Cite-os.
26. Quantos são os livros chamados poéticos?
Cite-os.
27. Por que são chamados poéticos?
28. Quais são as principais línguas originais da
Bíblia?
29. Que outro nome têm os livros poéticos?
30. Quantos livros tem o grupo PROFECIA no
AT?
31. Quantos e quais são os livros dos Profetas
Maiores? e os dos Menores?
32. A que se referem as palavras
"maiores" e "menores" com referência aos profetas?
33. Como são chamados nas Bíblias editadas pela
Igreja Romana os livros 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras e
Neemias?
34. Quantos e quais são os livros da seção Biografia,
no NT?
35. Que nome têm os três primeiros Evangelhos?
Por quê?
36. Quantos livros tem a divisão História no
NT?
37. A divisão Epístolas, quantos livros
tem? Cite-os.
38. Qual o livro da divisão Profecia, no
NT?
39. Cite referências mostrando Cristo como tema
central da Bíblia.
40. Resuma os 66 livros da Bíblia nas cinco
palavras estudadas neste capítulo.
41. Estude e domine os pontos V e VI deste
capítulo.
42. Cite, de memória, os nomes dos 66 livros
canônicos e aprenda suas abreviaturas.
3
A Bíblia como o Palavra de Deus
Em resumo, notam-se na
Bíblia duas coisas: o Livro e a Mensagem. No capítulo anterior, estudamos a
Bíblia como livro; agora a estudaremos como a palavra ou mensagem
de Deus. O estudo da Bíblia tem por finalidade precípua o conhecimento de
Deus. Isso é visto desde o primeiro versículo dela, do qual se nota que tudo
tem o seu centro em Deus. Portanto, a causa motivante de ensinar a Bíblia aos
outros deve ser a de levá-los a conhecer a Deus. Se chegarmos a conhecer o
Livro e falharmos em conhecer a Deus, erramos no nosso propósito, e também o
propósito de Deus por meio do seu Livro seria baldado.
Que as Escrituras são de
origem divina é assunto resolvido. Deus, na sua palavra, é testemunha
concernente-mente a si mesmo. Quem tem o Espírito de Deus deposita toda a
confiança nela como a Palavra de Deus, sem exigir provas nem argumentos.
Portanto, sob o ponto de vista legal, a Bíblia não pode estar sujeita a provas
e argumentos. Apresentamos algumas provas da Bíblia como a Palavra de Deus, não
para crermos que ela é divina, mas porque cremos que ela é divina. É
satisfação para nós, crentes na Bíblia, podermos apresentar evidências externas
daquilo que cremos internamente, no coração.
O presente século é
caracterizado por ceticismo, racio-nalismo, materialismo e outros
"ismos" sem conta. A Bíblia, em meio a tais sistemas, sempre sofre
grandes ameaças. Até há pouco tempo, a luta do Diabo visava destruir o próprio
Livro, mas vendo que não conseguia isso, mudou de tática e agora procura
perverter a mensagem do Livro. Seitas e doutrinas falsas proliferam por toda
parte coadjuvadas pelo fanatismo e ignorância prevalecentes em muitos lugares.
Nossa crença na Bíblia deve ser convicta, sólida e fundamental; não deve ser
jamais um eco ou reflexo dos outros. Se alguém lhe perguntar, leitor:
"Por que você crê que a Bíblia é a Palavra de Deus?" - saberá você
responder adequadamente? Muitos crentes têm sua crença na Bíblia desde a
infância, através dos pais, etc, mas nunca fizeram um estudo profundo e
acurado para verificarem a realidade da origem divina da Bíblia. Apresentamos
agora algumas provas da origem divina da Bíblia, as quais evidenciam esse
Livro como a Palavra de Deus.
I. A INSPIRAÇÃO DIVINA
DA BÍBLIA (1ª prova)
O que diferencia a
Bíblia de todos os demais livros do mundo é a sua inspiração divina (Jó 32.8; 2
Tm 3.16; 2 Pe 1.21). É devido à inspiração divina que ela é chamada a
Palavra de Deus. (Ver 2 Timóteo 3.16 no original.) - Que vem a ser
"inspiração divina"? - Para melhor compreensão, vejamos primeiro o
que é inspiração. No sentido fisiológico, é a inspiração do ar para
dentro dos pulmões. É pela inspiração do ar que temos fôlego para falar. Daí o
ditado "Falar é fôlego". Quando estamos falando, o ar é expelido
dos pulmões: é o que chamamos de expiração. Pois bem, Deus, para falar a
sua Palavra através dos escritores da Bíblia, inspirou neles o seu Espírito!
Portanto, inspiração divina é a influência sobrenatural do Espírito Santo como
um sopro, sobre os escritores da Bíblia, capacitando-os a receber e transmitir
a mensagem divina sem mistura de erro.
A própria Bíblia
reivindica a si a inspiração de Deus, pois a expressão "Assim diz o
Senhor", como carimbo de autenticidade divina, ocorre mais de 2.600 vezes
nos seus 66 livros; isso além de outras expressões equivalentes. Foi o Espírito
de Deus quem falou através dos escritores. (Ver 2 Crônicas 20.14; 24.20;
Ezequiel 11.5). Deus mesmo dá testemunho da sua Palavra. (Ver Salmo 78.1;
Isaías 51.15,16; Zacarias 7.9,12). Os escritores, por sua vez, evidenciam ter
inspiração divina. (Ver 2 Reis 17.13; Neemias 9.30; Mateus 2.15; Atos 1.16;
3.21; 1 Coríntios 2.13; 14.37; Hebreus 1.1; 2 Pedro 3.2.)
Teorias falsas da
inspiração da Bíblia
Quanto à inspiração da
Bíblia, há várias teorias falsas, que o estudante não deve ignorar. Umas são
muito antigas, outras bem recentes, e ainda outras estão surgindo por aí afora.
Nalgumas delas, para maior confusão, a verdade vem junto com o erro, e muitos
se deixam enganar. Vejamos as principais teorias falsas da inspiração da
Bíblia.
a. A teoria da
inspiração natural, humana, ensina que a Bíblia foi escrita por homens
dotados de gênio e força intelectual especiais, como Milton, Sócrates,
Shekespeare, Camões, Rui, e inúmeros outros. Isto nega o sobrenatural. É um
erro fatal de conseqüências imprevisíveis para a fé. Os escritores da Bíblia
reivindicam que era Deus quem falava através deles (2 Sm 23.2 com At 1.16; Jr
1.9 com Ed 1.1; Ez 3.16,17; At 28.25, etc.)
b. A teoria da inspiração divina comum ensina
que a inspiração dos escritores da Bíblia é a mesma que hoje nos vem quando
oramos, pregamos, cantamos, ensinamos, andamos em comunhão com Deus, etc. Isto
é errado, porque a inspiração comum que o Espírito nos concede: a) Admite
gradação, isto é, o Espírito Santo pode conceder maior conhecimento e
percepção espiritual ao crente, à medida que este ore, se consagre e procure a
santificação, ao passo que a inspiração dos escritores na Bíblia não admite
graus. O escritor era ou não era inspirado, b) A inspiração comum pode ser
permanente (1 Jo 2.27), ao passo que a dos escritores da Bíblia era
temporária. Centenas de vezes encontramos esta expressão dos profetas: "E
veio a mim a palavra do Senhor", indicando o momento em que Deus os tomava
para transmitir a sua mensagem.
c. A teoria da inspiração parcial ensina
que algumas partes da Bíblia são inspiradas, outras não; que a Bíblia não é a
Palavra de Deus, mas apenas contém a Palavra de Deus. - Se esta teoria fosse
verdadeira, estaríamos em grande confusão, por que quem poderia dizer quais as
partes inspiradas e quais as não-inspiradas? A própria Bíblia refuta isso em 2
Timóteo 3.16 (ARA). Também em Marcos 7.13, o Senhor aplicou o termo "A
Palavra de Deus" a todo o Antigo Testamento. (Quanto ao Novo Testamento,
ver João 16.12 e Apocalipse 22.18,19.)
d. A teoria do ditado verbal ensina a
inspiração da Bíblia só quanto às palavras, não deixando lugar para a atividade
e estilo do escritor, o que é patente em cada livro. Lucas, por exemplo, fez
cuidadosa investigação de fatos conhecidos (Lc 1.4). Esta falsa teoria faz dos
escritores verdadeiras máquinas, que escreveram sem qualquer noção de mente e
raciocínio. Deus não falou pelos escritores como quem fala através de um
alto-falante. Deus usou as faculdades mentais deles.
e. A teoria da inspiração das idéias ensina
que Deus inspirou as idéias da Bíblia, mas não as suas palavras. Estas ficaram
a cargo dos escritores. - Ora, o que é a palavra na definição mais
sumária, senão "a expressão do pensamento"? Tente o leitor agora
mesmo formar uma idéia sem palavras... Impossível! Uma idéia ou pensamento
inspirado só pode ser expresso por palavras inspiradas. Ninguém há que possa
separar a palavra da idéia. A inspiração da Bíblia não foi somente
"pensada"; foi também "falada". (Ver a palavra
"falar" em 1 Coríntios 2.13; Hebreus 1.1; 2 Pedro 1.21.) Isto é, as
palavras foram também inspiradas (Ap 22.19). Dum modo muito maravilhoso, vemos
a inspiração das palavras da Bíblia, não só no emprego da palavra exata, mas
também na ordem em que elas são empregadas; no original, é claro. Apenas três
exemplos: Jó 37.9 e 38.19 (a palavra precisa); 1 Coríntios 6.11 (ordem das palavras
no seu emprego).
A teoria correta da
inspiração da Bíblia é a chamada Teoria da Inspiração Plenária ou Verbal. Ela ensina que todas
as partes da Bíblia são igualmente inspiradas; que os escritores não
funcionaram quais máquinas inconscientes; que houve cooperação vital e contínua
entre eles e o Espírito de Deus que os capacitava. Afirma que homens santos escreveram
a Bíblia com palavras de seu vocabulário, porém sob uma influência tão
poderosa do Espírito Santo, que o que eles escreveram foi a Palavra de Deus.
Explicar como Deus agiu no homem, isso é difícil! Se, no ser humano, o
entrosamento do espírito com o corpo é um mistério inexplicável para os mais
sábios, imagine-se o entrosamento do Espírito de Deus com o espírito do homem!
Ao aceitarmos Jesus como Salvador, aceitamos também a Palavra escrita como a
revelação de Deus. Se o aceitamos, aceitamos também a sua Palavra. A
inspiração plenária cessou ao ser escrito o último livro do Novo Testamento.
Depois disso, nem os mesmos escritores, nem qualquer servo de Deus pode ser
chamado inspirado no mesmo sentido.
Diferença entre
"revelação" e "inspiração" (no tocante à Bíblia)
Revelação é a ação de
Deus pela qual Ele dá a conhecer ao escritor coisas desconhecidas, o que o
homem, por si só, não podia saber. Exemplos: Daniel 12.8; 1 Pedro 1.10,11.
(Quanto à inspiração, já foi dada a sua definição no início deste capítulo.) A
inspiração nem sempre implica em revelação. Toda a Bíblia foi inspirada por
Deus, mas nem toda ela foi dada por revelação. Lucas, por exemplo, foi inspirado
a examinar trabalhos já conhecidos e escrever o Evangelho que traz o seu nome.
(Ver Lucas 1.1-4). O mesmo se deu com Moisés, que foi inspirado a registrar o
que presenciara, como relata o Pentateuco.
Exemplos de partes da
Bíblia que foram dadas por revelações:
a. Os primeiros capítulos de Gênesis. Como
escreveria Moisés sobre um assunto anterior a si mesmo? Se não foi revelação,
deve ter lançado mão de escritores existentes. Há uma antiga tradição hebraica
que declara isto.
b. José interpretando os sonhos de Faraó (Gn
40.8; 41.15,16,38,39).
c. Daniel declarando ao rei Nabucodonosor o
sonho que este havia esquecido, e em seguida interpretando-o (Dn
2.2-7,19,28-30).
d. Os escritos do apóstolo Paulo. Ora,
Paulo não andou com o Senhor Jesus. Ele creu por volta do ano 35 d.C, porém,
em suas epístolas, conduz-nos a profundezas de ensino doutrinário sobre a
Igreja, inclusive no que tange à es-catologia. Assuntos de primeira grandeza
sobre a regeneração, justificação, paracletologia, ressurreição, glorificação,
etc, são abordados por ele. - Como teve Paulo conhecimento de tudo isso? Ele
mesmo no-lo diz em Gálatas 1.11,12 e Efésios 3.3-7: por revelação! Nos
seus escritos, há passagens onde essa revelação é bem patente, como em 1
Coríntios 11.23-26, onde ele diz: "Porque eu recebi do Senhor o que
também vos ensinei..." Por sua vez, o capítulo 15 de 1 Coríntios, também
por ele escrito, é a passagem mais profunda e completa da Bíblia sobre a
ressurreição. Diferença entre declarações da Bíblia e registro de declarações
A Bíblia não mente, mas
registra mentiras que outros proferiram. Nesses casos, não é a mentira do
registro que foi inspirada, e sim o registro da mentira. A Bíblia registra que
o insensato diz no seu coração "Não há Deus" (SI 14.1). Esta declaração
"Não há Deus" não foi inspirada, mas inspirado foi o seu registro
pelo escritor. Outro exemplo marcante é o do caso da morte do rei Saul. Este
morreu lançando-se sobre sua própria espada (1 Sm 31.4); no entanto, o
amalequita que trouxe a notícia de sua morte, mentiu, dizendo que fora ele quem
matara Saul (2 Sm 1.6-10). Ora, o que se deu aí foi apenas o registro da
declaração do amalequita, mas não significa que a Bíblia minta. Há muitos
desses casos que os inimigos da Bíblia aproveitam para desfazer dos santos
escritos. A Bíblia registra, inclusive, declarações de Satanás. Suas
declarações não foram inspiradas por Deus, e sim o registro delas. Sansão
mentiu mais de uma vez a Dalila; a Bíblia não abona isso, apenas registra o
fato (Jz cap. 16). Durante a leitura bíblica, é preciso verificar: quem está
falando, para quem está falando, para que tempo está falando, e em
que sentido está falando.
II. A PERFEITA HARMONIA E UNIDADE DA BÍBLIA (2ª prova)
A existência da Bíblia
até os nossos dias só pode ser explicada como um milagre. Há nela 66 livros,
escritos por cerca de 40 escritores, cobrindo um período de 16 séculos. Esses
homens, na maior parte dos casos, não se conheceram. Viveram em lugares
distantes de três continentes, escrevendo em duas línguas principais. Devido a
estas circunstâncias, em muitos casos, os autores nada sabiam sobre o que já
havia sido escrito. Muitas vezes um escritor iniciava um assunto e, séculos
depois, um outro completava-o, com tanta riqueza de detalhes, que somente um
livro vindo de Deus podia ser assim. Uma obra humana, em tais circunstâncias,
seria uma babel indecifrável!
Consideremos alguns
pormenores dessa harmonia.
a. Os escritores foram homens de todas as
atividades da vida humana, daí a diversidade de estilos encontrados na Bíblia.
Moisés foi príncipe e legislador, além de general. Josué foi um grande
comandante. Davi e Salomão, reis e poetas. Isaías, estadista e profeta. Daniel,
chefe de estado. Pedro, Tiago e João, pescadores. Zacarias e Jeremias, sacerdotes
e profetas. Amos era homem do campo: cuidava de gado. Mateus, funcionário
público. Paulo, teólogo e erudito, e assim por diante. Apesar de toda essa
diversidade, quando examinamos os escritos desses homens, sob tantos estilos
diferentes, verificamos que eles se completam, tratando de um só assunto!
O produto da pena de cada um deles não gerou muitos livros, mas um só livro,
poderoso e coerente!
b. As condições. Não
houve uniformidade de condições na composição dos livros da Bíblia. Uns foram
escritos na cidade, outros no campo, no palácio, em ilhas, em prisões e no
deserto. Moisés escreveu o Pentateuco nas solitárias paragens do deserto.
Jeremias, nas trevas e sujidade da mas-morra. Davi, nas verdes colinas dos
campos. Paulo escreveu muitas de suas epístolas nas prisões. João, no exílio,
na ilha de Patmos. Apesar de tantas diferentes condições, a mensagem da Bíblia
é sempre única. O pensamento de Deus corre uniforme e progressivo através dela,
como um rio que, brotando de sua nascente, vai engrossando e aumentando suas
águas até tornar-se caudaloso. A mensagem da Bíblia tem essa continuidade
maravilhosa!
c. Circunstâncias. As circunstâncias em
que os 66 livros foram escritos também são as mais diversas. Davi, por exemplo,
escreveu certas partes de seus trabalhos no calor das batalhas; Salomão, na
calma da paz... Há profetas que escreveram em meio a profunda tristeza, ao
passo que Josué escreveu durante a alegria da vitória. Apesar da pluralidade
de condições, a Bíblia apresenta um só sistema de doutrinas, uma só
mensagem de amor, um só meio de salvação. De Gênesis a Apocalipse há uma só
revelação, um só pensamento, um só propósito.
d. A razão dessa
harmonia e unidade. Se a Bíblia fosse um livro puramente humano, sua
composição seria inexplicável. Suponhamos que 40 dos melhores escritores
atuais, providos de todo o necessário, fossem isolados uns dos outros, em
situações diferentes, cada um com a missão de escrever uma obra sua. Se no
final reuníssemos todas as obras, jamais teríamos um conjunto uniforme. Seria a
pior miscelânea imaginável! - Concorda o leitor? Pois bem, imagine isto
acontecendo nos antigos tempos em que a velha Bíblia foi escrita... A confusão
seria muito maior! Não havia meios de comunicação, nem facilidades materiais,
mas dificuldades de toda a sorte. IMAGINE O QUE SERIA A BÍBLIA SE NÃO FOSSE A
MÃO DE DEUS!
Não há na Bíblia
contradição doutrinária, histórica ou científica. Uma coisa maravilhosa é que
esta unidade não jaz apenas na superfície; quanto mais profundo for o estudo,
tanto mais ela aparecerá. Há, é certo, na Bíblia, aparentes contradições. Seus
inimigos sustentam haver erros nela em grande quantidade. Mas o que acontece é
que estando alguém com uma trave no olho (Mt 7.3-5), sua visão fica deformada.
Um espírito farisaico, cepticista e orgulhoso, sempre achará falhas na Bíblia,
geralmente porque já se dirige a ela com idéias preconcebidas e falsas.
Há uma história
interessante de uma senhora que estava falando das roupas amarelas que sua
vizinha punha a secar no varal, porém, na semana seguinte, lavando ela sua
vidraça e olhando para fora, disse - a vizinha mudou muito; suas roupas estão
alvas agora... Mas eram suas vidraças que estavam sujas! A diferença estava
aí.
Se alguma falha for
encontrada na Bíblia, será sempre do lado humano, como tradução mal feita,
grafia inexata, interpretação forçada, má compreensão de quem estuda, falsa
aplicação aos sentidos do texto, etc. Portanto, quando encontrarmos na Bíblia
um trecho discrepante, NÃO PENSEMOS LOGO QUE É ERRO! Saibamos refletir como
Agostinho, que disse: "Num caso desses, deve haver erro do copista,
tradução mal feita do original, ou então -sou eu mesmo que não consigo
entender..."
Quanto à unidade física
da Bíblia, ninguém sabe ao certo como os 66 livros se encontraram e se
agruparam num só volume. Isto foi obra de Deus! Sabemos que os escritores não
escreveram os 66 livros de uma vez, nem em um só lugar, nem com o objetivo de
reuni-los num só volume, mas em intervalos, durante 16 séculos, e, em lugares
que vão da Babilônia a Roma!
Finalizando o estudo
desta prova da Bíblia como Palavra de Deus, reiteramos que a perfeita harmonia
desse livro é, para a mente humilde e sincera, uma prova incontestável da sua
origem divina. É uma prova de que uma ú-nica mente via tudo e guiava os
escritores.
Suponhamos que, na
cidade onde moramos, um edifício fosse ser construído com pedras a serem
preparadas em várias partes do Brasil. Chegadas as pedras, ao serem colocadas,
encaixavam-se perfeitamente na construção, satisfazendo todos os detalhes e
requisitos da planta. - Que diria o leitor se tal fato acontecesse? - Que
apenas um arquiteto dirigira os operários nas diversas pedreiras, dando minuciosas
instruções a cada um deles. É o caso da Bíblia - O Templo da verdade de Deus. As
"pedras" foram preparadas em tempos e lugares remotos, mas ao serem
postas juntas, combinaram-se perfeitamente, porque atrás de cada elemento
humano estava em operação a mente infinita de Deus!
III. A APROVAÇÃO DA BÍBLIA POR JESUS (3ª Prova)
Inúmeras pessoas sabem
quem é Jesus; crêem que Ele fez milagres; crêem em sua ressurreição e ascenção,
mas... não crêem na Bíblia! Essas pessoas precisam conhecer a atitude e a
posição de Jesus quanto à Bíblia. Ele leu-a (Lc 4.16-20); ensinou-a (Lc 24.27);
chamou-a "A Palavra de Deus" (Mc 7.13); e cumpriu-a (Lc 24.44).
A última referência
citada (Lc 24.44) é muito maravilhosa, porque aí Jesus põe sua aprovação em
todas as Escrituras do Antigo Testamento, pois Lei, Salmos e Profetas
eram as três divisões da Bíblia nos dias do Novo Testamento.
Jesus também afirmou que
as Escrituras são a verdade (Jo 17.17). Viveu e procedeu de conformidade com
elas (Lc 18.31). Declarou que o escritor Davi falou pelo Espírito Santo (Mc
12.35,36). No deserto, ao derrotar o grande inimigo, fê-lo com a Palavra de
Deus (Dt 6.13,16; 8.3).
Nota - O título "Sagradas
Escrituras" ou "Escrituras" pode vir no plural ou singular,
porém sempre com letra maiúscula. Exemplos no plural: Mateus 21.42; Lucas
24.32; João 5.39. No singular: João 7.38,42; 19.36,37; 20.9; Atos 8.32. No
singular e com minúscula refere-se a uma passagem particular: Marcos 12.10;
Lucas 4.21; Atos 1.16 -(todas no ARC: a ARA põe tudo em maiúsculas).
"Sagradas Escrituras", ou "A Sagrada Escritura", é o nome
sagrado da revelação divina, assim como "Testamento" é o seu
nome de compromisso, e "Bíblia", seu nome como livro.
O leitor poderá dizer: -
"Tratamos do Antigo Testamento, e, do Novo?" - Bem, quanto ao Novo
Testamento, em João 14.26, o Senhor Jesus, antecipadamente, pôs o selo de sua
aprovação divina ao declarar: "O Espírito Santo... vos ensinará todas as
coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito". Assim sendo, o
que os apóstolos ensinaram e escreveram não foi a recordação deles mesmos,
mas, a do Espírito Santo. No mesmo Evangelho, capítulo 16.13,14, o Senhor disse
ainda que o Espírito Santo os guiaria em "toda a verdade";
portanto, no NT temos a essência da revelação divina. No versículo 12 do citado
capítulo, Jesus mostrou que seu ensino aqui foi parcial, devido à fraqueza dos
discípulos, mas ao mesmo tempo declarou que o ensino deles, sob a ação do
Espírito Santo, seria completo e abrangeria toda a esfera da verdade divina.
Diante de tudo que
acabamos de dizer, quem aceita a autoridade de Cristo, aceita também as
Escrituras como de origem divina, tendo em vista o testemunho que delas dá o
Senhor Jesus. - Quem pode apresentar argumentos? 40
IV. O TESTEMUNHO DO
ESPIRITO SANTO DENTRO DO CRENTE, QUANTO À BÍBLIA (4ª prova)
Em cada pessoa que
aceita Jesus como Salvador, o Espírito Santo põe em sua alma a certeza quanto à
autoridade da Bíblia. É uma coisa automática. Não é preciso ninguém ensinar
isso. Quem de fato aceita Jesus, aceita também a Bíblia como a Palavra de Deus,
sem argumentar. Em João 7.17, o Senhor Jesus mostra como podemos ter dentro de
nós o testemunho do Espírito Santo quanto à autoria divina da Bíblia: "Se
alguém quiser fazer a vontade de Deus..." Assim como o Espírito Santo
testifica que nós, os crentes, somos filhos de Deus (Rm 8.16), testifica-nos
também que a Bíblia é a mensagem de Deus para nós mesmos. Esse testemunho do
Espírito Santo no interior do crente, no tocante às Escrituras, é superior a
todos os argumentos humanos! É aqui que labora em erro a Igreja Romana, ao
afirmar que, para se crer na origem divina da Bíblia é preciso decisão da
referida igreja, como se a verdade de Deus dependesse da opinião de homens,
como bem o disse o teólogo e reformador Calvino.
V. O CUMPRIMENTO FIEL
DAS PROFECIAS DA BÍBLIA (5ª prova)
O Antigo Testamento é um
livro de profecias (Mt 11.13). O Novo Testamento, em grande parte, também o é.
Referimo-nos aqui, evidentemente às profecias no sentido preditivo. Há, no
Antigo Testamento, duas classes dessas profecias: as literais, e as expressas
por tipos e símbolos. Destas há inúmeras no Tabernáculo (Hb 10.1). Muitas
profecias da Bíblia já se cumpriram no passado, em sentido parcial ou total;
muitas outras cumprem-se em nossos dias, e muitas outras ainda se cumprirão no
futuro. As profecias sobre o Messias, proferidas séculos antes de seu nascimento,
cumpriram-se literalmente e com toda a precisão quanto a tempo, local e outros
detalhes. Por exemplo: Gênesis 49.10; Salmo 22; Isaías 7.14; 53 (todo); Daniel
9.24-. 26; Miquéias 5.2; Zacarias 9.9 etc. Outro ponto saliente nas profecias
bíblicas é o referente à nação israelita. A Bíblia prediz sua dispersão, seu
retorno, sua restauração e seu progresso material e espiritual. Exemplos:
Levítico 26.14,32,33; Deuteronômio 4.25-27; 28.15,64; Isaías 60.9; 61.6; 66.8;
Jeremias 23.3; 30.3; Ezequiel 11.17; 36; 37.
Em Ezequiel 37, está uma
das mais claras profecias sobre o despertamento nacional e espiritual do povo
israelita. O cumprimento dessas profecias está em marcha perante nossos
olhos. Há inúmeros outros casos de famosas profecias bíblicas. Ciro, o monarca
persa, Deus chamou-o pelo nome através do profeta Isaías, 150 anos antes do seu
nascimento! (Is 44.28). Josias, rei de Judá, também foi chamado pelo nome 300
anos antes do seu nascimento. (Ver 1 Reis 13.2 com 2 Reis 23.15-18.) Os últimos
quatro impérios mundiais - Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma, são admiravelmente
descritos muitos anos antes de eles surgirem no horizonte do cenário mundial.
(Ver Daniel capítulo 2 e 7). Também, com uma precisão incrível, a história de
toda a raça humana é descrita em forma profética (isto é, a história no sentido
natural), em Gênesis 9.25-27.
O cumprimento contínuo
das profecias da Bíblia é uma prova de sua origem divina. O que Deus disse
sucederá (Jr 1.12). Graças a Deus por tão sublime e glorioso Livro!
VI. A INFLUÊNCIA
BENÉFICA DA BÍBLIA NAS PESSOAS E NAÇÕES (6? prova)
O mundo hoje é melhor
devido à influência da Bíblia. Mesmo os próprios inimigos da Bíblia admitem que
nenhum livro em toda história da humanidade teve tamanha influência para o
bem; eles reconhecem o seu efeito sadio na civilização. Milhões de pessoas
antes de conhecerem, amarem e obedecerem a este Livro, eram escravos do pecado,
dos vícios, da idolatria, do medo, das superstições, da feitiçaria. Eram mundanas,
vaidosas, iracundas, desconfiadas, etc. Mas, depois que abraçaram este Livro,
foram por ele transformadas em criaturas salvas, alegres, libertas, felizes,
santificadas. Abandonaram todo o mal em que antes viviam e tornaram-se boas
pessoas para a família, para a sociedade e para a pátria. Mostrem-me, se for
possível, outro livro com o poder de influenciar e transformar beneficamente,
não só indivíduos, mas regiões e nações inteiras, conduzindo-os a Deus!
Disse o grande
comentador devocional da Bíblia, Dr. F. B. Meyer: "O melhor argumento em
favor da Bíblia é o caráter que ela forma".
Vejamos um pouco da
condição moral de alguns povos sem a Bíblia:
a. Os gregos. Dentre os povos antigos, os
gregos foram os mais cultos e doutos nas letras. Seus filósofos e literatos
foram os maiores de todos os tempos. No entanto, a grande cultura grega e seus
livros sem conta, nunca detiveram a onda de licenciosidade, impureza e
idolatria que sempre prevaleceu no mundo grego. Em Corinto, por exemplo, havia,
no templo de Vênus, mil mulheres devotas que traziam ao seu tesouro os lucros
de sua impureza. Sócrates fazia da moral o assunto único da sua filosofia, e
mesmo assim, recomendava a adivinhação, e ele próprio se entregava à
fornicação. Platão, o grande discípulo de Sócrates, ensinava que mentir era
coisa honrosa. A sabedoria deles e seus milhares de livros não os conduziu à
salvação desses e outros males. Estes dois, Platão e Sócrates, foram homossexuais
ativos, como relata o historiador romano Suetônio.
b. Os romanos foram os mais famosos como
legisladores, guerreiros, oradores e poetas. Sua legislação, em parte, era
boa, porque em parte veio de Moisés (o maior legislador). Muitas das leis
brasileiras vêm das leis portuguesas, que, por sua vez, vieram das romanas,
hauridas, como já dissemos, do Pentateuco. No entanto, o padrão dos costumes e
da moral, foi dos mais baixos em Roma, como bem registra a História. Mesmo
entre as famílias abastadas, civilizadas e regularmente constituídas, as
descobertas arqueológicas, gravuras e descrições revelam fatos que o recato
proíbe enumerar. Cícero, o maior orador romano, um espécime de excelência
dentre os romanos, defende a fornicação, e a recomenda, e, por fim, pratica o
suicídio. Catão, o Censor, tido como o mais perfeito modelo de virtude, foi réu
da prostituição e embriaguez; advogou, e, mais tarde, praticou o suicídio.
Júlio César tinha
encontros amorosos com o rei Nico-medes da Bitínia. O imperador Calígula (37-41
d.C.) viveu amasiado com sua irmã Drusila (Suetônio). Nero, o famigerado
imperador romano, viveu com sua irmã Agripina. Viveu depois amasiado com dois
eunucos; o primeiro chamado Sporus, e o segundo Doríphorus (Suetônio).
Messali-na, a imperatriz, esposa de Cláudio, imperador de 41-54 d.C. foi extremamente
depravada (Juvenal).
Se isto era assim entre
a classe alta, o que não acontecia na classe baixa?
É somente a Bíblia que
nos faz ser diferentes desses povos. Sem ela, nós nos tornaríamos semelhantes
a eles. O nosso mundo orgulha-se hoje de ter atingido os píncaros do saber e de
haver produzido os mais importantes e melhores livros, entretanto a onda de
pecado e mal avassala a humanidade como um rolo compressor. Comparemos tudo
isso com o caráter, a formação, a personalidade ideal dos verdadeiros
seguidores da Bíblia!
Todo homem que vive a
Bíblia, pautando sua vida pelos seus santos ensinos, também ama a Deus e vive
para Ele. Por outro lado, todos os que se opõem à Bíblia e rejeitam sua
autoria divina, vivem para si mesmos; são obstinados, cruéis, desumanos,
instáveis, prepotentes; ímpios, acima de tudo. Em suma, quanto mais o homem crê
em Deus, mais aproxima-se da Bíblia. É como disse certa senhora crente a um
moço, nos Estados Unidos: "Este livro te guardará do pecado, ou o pecado
te guardará deste livro!"
Quanto à educação, não
há filosofia educacional segura se não for alicerçada sobre os ensinos
fundamentais da Bíblia. A educação moderna reconhece que a formação do caráter
é a suprema finalidade de seu trabalho, mas, isto não irá muito longe, a menos
que se reconheça que a única base do verdadeiro caráter é a Bíblia. Fé na
Bíblia é a maior força de qualquer moço ou moça na prossecução da vida e da
carreira educacional. A mocidade precisa saber disso. A tragédia é que,
professores aos milhares em todo o mundo, saturados e narcortizados por falsa
dialética e filosofia vil, desencaminham os jovens, desde a mais tenra idade.
Saiba-se, portanto, que a Bíblia é o livro mais maravilhoso do mundo, e que
seus ensinos tão simples e ao mesmo tempo profundos, servirão de guia para a
sua vida mais feliz e mais bem sucedida, sendo sempre a base segura e única
para encontrarmos o nosso Criador na eternidade.
Considerando tudo que
acabamos de dizer quanto à influência poderosa da Bíblia e seu poder transformador,
evidenciado tanto nos indivíduos como em nações inteiras, perguntamos: - Donde
vem tal livro, senão de Deus?
VII. A BÍBLIA É SEMPRE
NOVA E INESGOTÁVEL (7ª prova)
O tempo não afeta a
Bíblia. É o livro mais antigo do mundo e ao mesmo tempo o mais moderno. Em mais
de 20 séculos o homem não pôde melhorá-la... Se a Bíblia fosse de origem
humana, é claro que em dois milênios, ela de há muito estaria desatualizada.
Uma vez que o homem moderno se jacta de tanto saber, era de esperar que já
tivesse produzido uma Bíblia melhor! Realmente isto é uma evidência da Bíblia
como a Palavra de Deus! Tendo em vista o vasto progresso alcançado pelo homem,
especialmente nos dois últimos séculos, só podemos dizer que, se ele não
produziu um livro melhor, para substituir a Bíblia, é porque não pôde. Muitos
também reclamam por não ser estritamente científica a linguagem da Bíblia.
Ora, a Bíblia trata primeiramente da redenção da humanidade. Além disso, termos
científicos mudam ou ficam para trás, à medida que a ciência avança. Sempre
temos termos novos na Ciência.
A Bíblia nunca se torna
um livro antigo, apesar de ser cheio de antigüidades. Ela é tão hodierna como o
dia de amanhã. Sua mensagem milenar tanto satisfaz a criança como o ancião
encanecido. A Bíblia pode ser lida vezes sem conta sem se poder encontrar suas
profundezas e sem que o leitor perca por ela o interesse. - Acontece isso com
os demais livros?! Quem já se cansou de ler Salmo 23; João 3.16; Romanos 12; 1
Coríntios 12? É que cada vez que lemos essas passagens (para não falar nas
demais), descobrimos coisas que nunca tínhamos visto antes. Depois de quase
2.000 anos de escrito o último livro da Bíblia, a impressão que se tem é que a
tinta do original está ainda secando...
Até o fim dos tempos o
velho e precioso Livro continuará a ser a resposta às indagações da humanidade
a respeito de Deus e do homem. Nos seus milhares de anos de leitura, a Bíblia
nunca foi esgotada por ninguém.
VIII. A BÍBLIA É FAMILIAR A CADA POVO OU INDIVÍDUO
EM QUALQUER LUGAR (8ª prova)
Através do mundo
inteiro, qualquer crente, ao ler a Bíblia, recebe sua mensagem como se esta
fora escrita diretamente para ele. Nenhum crente tem a Bíblia como livro
alheio, estrangeiro, como acontece aos demais livros traduzidos. Todas as raças
consideram a Bíblia como possessão sua. Por exemplo, ao lermos "O
Peregrino" sabemos que ele é inglês; ao lermos "Em Seus passos que
Faria Jesus?" sabemos que é norte-americano, porque seus autores são
oriundos desses países. - É assim com a Bíblia? - Não! Nós a recebemos como
"nossa". Isso acontece em qualquer país onde ela chega. Ninguém tem a
Bíblia como livro "dos outros". Isto prova que ela procede de Deus -
o Pai de todos!
- Qual a pessoa que, ao
ler o Salmo 23, acha que ele foi escrito para os judeus? Aos que vivemos no
Brasil, a impressão que temos é que ele foi escrito diretamente para nós. A
mesma coisa dirão os irmãos dos demais países. A mensagem da Bíblia é a mesma
em todas as línguas. Nisto vemos que ela é diferente de todos os demais livros
do mundo. Se fosse produto humano, não se ajustaria às línguas de todas as
nações. Nenhum outro livro pode igualar-se à Bíblia nessa parte. É mais uma
prova da sua origem divina.
IX. A SUPERIORIDADE DA BÍBLIA EM RELAÇÃO AOS
DEMAIS LIVROS, QUANTO À COMPOSIÇÃO (9ª prova)
É muito interessante
comparar nalguns pontos os ensinos da Bíblia com os de Zoroastro, Buda,
Confúcio, Sócrates, Sólon, Marco Aurélio e muitos outros autores pagãos. Os
ensinos da Bíblia superam os desses homens em todos os pontos imagináveis. Só
dois pontos vamos destacar dessa superioridade.
a. A Bíblia contém
mais verdades que todos os demais livros juntos. Ajuntem, se possível,
todos os melhores pensamentos de toda a literatura antiga e moderna; retirem o
imprestável; ponham toda a verdade escolhida num volume, e verão que este
jamais substituirá a Bíblia! Entretanto, a Bíblia não é um volume grande. Pode
ser conduzida no bolso do paletó. Todavia, há mais verdades neste pequeno
livro do que em todos os outros que o homem produziu em todos os séculos. -
Como se pode explicar isso? - Há somente uma resposta racional e judiciosa:
este livro não veio do homem: veio de Deus!
b. A Bíblia só contém
verdade. Se há mentiras, não são dela; apenas nela foram registradas. Ao
passo que os demais livros contêm verdade misturada com mentira ou erro.
Reconhecemos que há jóias preciosas nos livros dos homens, mas, é como disse
certa vez Joseph Cook: "São jóias retiradas da lama!" Qualquer
verdade encontrada em trabalhos humanos, seja do ponto de vista moral ou
espiritual, acha-se em essência no velho Livro. Comparemos alguns dos
melhores ensinos desses famosos homens, especialmente dos decantados
filósofos, com os da Bíblia. De fato, seus ensinos contêm jóias de real valor,
mas, estas, quer saibam eles quer não, são jóias roubadas, e do Livro que eles
ridicularizam!
Poderíamos incluir aqui
também a superioridade da Bíblia quanto aos demais livros, no que tange à sua
preservação em meio a tantos ataques, em todos os tempos.
X. A IMPARCIALIDADE DA
BÍBLIA (10ª prova)
Se a Bíblia fosse um
livro originado do homem, ela não poria a descoberto as faltas e falhas dele.
Os homens jamais teriam produzido um livro como a Bíblia, que só dá toda a
glória a Deus e mostra a fraqueza do homem (Jó 14; 17.1; 27; SI 50.21,22; 51.5;
1 Co 1.19-25). A Bíblia tanto diz que Davi era um homem segundo o coração de
Deus (At 13.22), como também revela seus pecados, como vemos nos livros de
Reis, Crônicas e Salmos. É também o caso da embriaguez de Noé, da dissimulação
de Abraão, de Ló, da idolatria e luxúria de Salomão. Nada disto está escrito
para nossa imitação, mas para nossa admoestação e para provar a imparcialidade
da Bíblia. É ela o único livro assim.
Só a Bíblia ensina que o
homem está em condições físicas, mentais e morais decadentes e que, se deixado
só, decairá cada vez mais. Os livros humanos ensinam o oposto. Dizem que há no
homem uma "Força residente" que constantemente procura elevá-lo.
Este ensinamento é agradável ao homem, porque o homem adora crer que se está
desenvolvendo às suas custas, apesar dos milhares de sepulturas que são
acrescentadas diariamente aos cemitérios. O homem jamais escreveria um livro
como a Bíblia, que põe em relevo as suas fraquezas e defeitos.
Conclusão sobre a
origem da Bíblia
Deus é o único que pode
ter sido o autor da Bíblia, porque:
a) Homens ímpios jamais iriam produzir um livro
que sempre os está condenando.
b) Homens justos e piedosos jamais cometeriam o
crime de escreverem um livro e depois fazerem o mundo crer que esse livro é
obra de Deus.
c) Os judeus - guardiães
da Bíblia, jamais poderiam ser os autores dela, pois ela sempre condena suas
transgressões, pondo seus defeitos a descoberto. Também se eles tivessem
podido mexer nela, teriam apagado todos esses males, idolatrias e rebeliões
contra Deus, nela registrados.
QUESTIONÁRIO
1. Quais as duas coisas que, em resumo, notam-se
na Bíblia?
2. Qual a finalidade
precípua do estudo da Bíblia?
3. Qual deve ser a causa motivante do ensino da
Bíblia aos outros?
4. Se as provas que
apresentamos da Bíblia como a Palavra de Deus não são para crermos que ela é
divina, por que as apresentamos então?
5. O que acontece à
Bíblia em meio aos "ismos" sem conta, prevalecentes em nossos dias?
6. Quais as duas táticas
apresentadas, usadas pelo Diabo contra as Sagradas Escrituras?
7. Como deve ser a nossa
crença na Bíblia? e como não deve ser?
8. Que diferencia a
Bíblia de todos os demais livros do mundo? Cite uma referência bíblica.
9. Por que é a Bíblia
chamada "A Palavra de Deus"?
10. Como diz
literalmente o original em 2 Timóteo 3.16: "Toda a Escritura é inspirada
por Deus"?
11. Que é
"inspiração" no sentido fisiológico?
12. Dê a definição de
"inspiração divina"
13. Que revela a
expressão "Assim diz o Senhor", tão comum através da Bíblia?
14. Mencione as 5
teorias falsas, estudadas, da inspiração da Bíblia.
15. Dê a súmula de cada
uma das 5 teorias falsas apresentadas.
16. Como é conhecida a
teoria correta da inspiração da Bíblia? Descreva essa teoria.
17. Cessou ou continua a
"inspiração plenária"? Se cessou, quando ocorreu isso?
18. Mostre a diferença
entre "revelação" e "inspiração" no tocante à Bíblia.
19. Mostre a diferença
entre declarações da própria Bíblia e registros de declarações de ou trem.
20. Considerando a prova
da perfeita harmonia e unidade da Bíblia, teça considerações sobre:
a) os seus escritores,
b) as condições em que escreveram,
c) as circunstâncias em que escreveram,
d) a razão da harmonia e unidade das Escrituras.
21. Se falhas forem
encontradas na Bíblia, donde procedem? Mencione algumas dessas possíveis
falhas.
22. Quanto à prova da
"Aprovação da Bíblia por Jesus", mencione três atitudes ou posições
dele sobre a Bíblia.
23. Qual a referência
bíblica de Lucas, onde Jesus põe sua autenticação divina em todo o Antigo
Testamento?
24. Qual a passagem de
João onde Jesus, antecipadamente, aprovou todo o Novo Testamento?
25. A que é superior o
testemunho do Espírito Santo no crente, no tocante à Bíblia como a Palavra de
Deus?
26. Quais as duas classes
de profecias preditivas? Cite pelo menos 4 casos.
27. Qual a influência da
Bíblia naqueles que a aceitam? Cite exemplos entre os povos que a desconhecem,
mesmo os mais adiantados como foram os gregos, romanos e babilônicos.
28. Mostre como o tempo
não afeta a Bíblia.
29. Quanto ao tempo,
qual a impressão que se tem ao ler a Bíblia?
30. Dê a súmula da prova
que apresenta a Bíblia como familiar a cada povo ou indivíduo que a aceita, em
qualquer lugar.
31. Dê a súmula da
superioridade da Bíblia em relação a todos os demais livros, nos dois pontos
apresentados.
32. Descreva como se
manifesta a imparcialidade da Bíblia como prova de sua origem divina, isto é,
como a Palavra de Deus.
4
O Cânon da Bíblia e sua evolução histórica
Cânon ou Escrituras canônicas é a
coleção completa dos livros divinamente inspirados, que constituem a Bíblia.
Cânon é palavra grega, e significa,
literalmente, "vara reta de medir", assim como uma régua de
carpinteiro. No Antigo Testamento, o termo aparece no original em passagens
como Ezequiel 40.5: "Vi um muro exterior que rodeava toda a casa e, na
mão do homem, uma cana de medir, de seis côvados, cada um dos quais tinha um
côvado e um palmo; ele mediu a largura do edifício, uma cana, e a altura, uma
cana."
No sentido religioso,
cânon não significa aquilo que mede, mas aquilo que serve de norma, regra. Com
este sentido, a palavra cânon aparece no original em vários lugares do
Novo Testamento:
"E a todos quantos
andarem de conformidade com esta regra, paz e misericórdia sejam sobre
eles e sobre o Israel de Deus" (Gl 6.16).
"Nós, porém, não
nos gloriaremos sem medida, mas respeitamos o limite da esfera de ação que
Deus nos demarcou e que se estende até vós" (2 Co 10.13).
"Não nos gloriando
fora de medida nos trabalhos alheios, e tendo esperança de que, crescendo a
vossa fé, seremos sobremaneira engrandecidos entre vós, dentro da nossa esfera
de ação" (2 Co 10.15).
"Todavia, andemos de
acordo com o que já alcançamos" (Fp 3.16).
A Bíblia, como o cânon
sagrado, é a nossa norma ou regra de fé e prática. Diz-se dos livros da Bíblia
que são canônicos para diferençá-los dos apócrifos. O emprego do
termo cânon foi primeiramente aplicado aos livros da Bíblia por
Orígenes (185-254 d.C.)
I. O CÂNON DO ANTIGO
TESTAMENTO
Na época patriarcal, a
revelação divina era transmitida escrita e oralmente. A escrita já era
conhecida na Palestina séculos antes de Moisés; a Arqueologia tem provado isto,
inclusive tem encontrado inúmeras inscrições, placas, si-netes e documentos
antediluvianos. O Cânon do Antigo Testamento, como o temos atualmente, ficou
completo desde o tempo de Esdras, após 445 a.C. Entre os judeus, tem ele três
divisões, as quais Jesus citou em Lucas 24.44 -LEI, PROFETAS, ESCRITOS. A
divisão dos livros no cânon hebraico é diferente da nossa. Consiste em .24
livros em vez dos nossos 39, isto porque são considerados um só livro, cada
grupo dos seguintes:
-Os dois de
Samuel....................................................... 1
-Os dois de
Reis............................................................ 1
-Os dois de
Crônicas..................................................... 1
-Os dois de Esdras e
Neemias.......................................
1
-Os doze Profetas
Menores........................................... 1
-Os demais livros do
Antigo Testamento.................... 19
Total..........24
A disposição ou ordem
dos livros no cânon hebraico é também diferente da nossa. Damos a seguir essa
disposição dentro da tríplice divisão do cânon, já mencionada (Lei, Profetas,
Escritos). 1. LEI__________5 livros________Gênesis, Êxodo, Levítico, Números,
Deuteronômio. 52
2. PROFETAS _ 8
livros________Divididos em:
Primeiros Profetas: Josué, Juizes, Samuel, Reis.
Ültimos Profetas: Isaías, Jeremias, Eze-quiel e os doze
Profetas Menores.
3. ESCRITOS _ 11 livros________Divididos em:
Livros Poéticos: Salmos, Provérbios, Jó. Os Cinco
Rolos: Can-tares, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester.
Livros Históricos: Daniel, Esdras-Neemias, Crônicas.
Os Cinco Rolos eram
assim chamados por serem separados, lidos anualmente em festas distintas:
- CANTARES, na Páscoa,
em alusão ao Êxodo.
- RUTE, no Pentecoste,
na celebração da colheita, em seu início.
- ESTER, na festa do
Purim, comemorando o livramento de Israel da mão do mau Hamã.
- ECLESIASTES, na Festa
dos Tabernáculos - festa de gratidão pela colheita.
- LAMENTAÇÕES, no mês de
Abibe, relembrando a destruição de Jerusalém pelos babilônicos.
No cânon hebraico também
os livros não estão em ordem cronológica. Os judeus não se preocupavam com um
sistema cronológico. Também pode haver nisto um plano divino.
A nossa divisão em 39
livros vem da Septuaginta, através da Vulgata Latina. A Septuaginta foi a
primeira tradução das Escrituras, feita do hebraico para o grego, cerca de 285
a.C. Também a ordem dos livros por assuntos, nas nossas Bíblias, vem dessa
famosa tradução.
Nas palavras de Jesus,
em Lucas 24.44, Ele chamou "Salmos" à última divisão do cânon
hebraico, certamente porque esse livro era o primeiro dessa divisão (ver a
página anterior). Segundo a nossa divisão, o Antigo Testamento começa com
Gênesis e termina em Malaquias, porém, segundo a divisão do cânon hebraico, o
primeiro livro é Gênesis e o último é Crônicas. Isto é visto claramente nas palavras
de Jesus em Mateus 23.35 - o caso de Abel está em Gênesis e o do filho de
Baraquias está em Crônicas.
A Formação do Cânon
do Antigo Testamento
O Cânon do Antigo
Testamento foi formado num espaço de mais de mil anos (+ - 1046 anos) - de Moisés
a Esdras. Moisés escreveu as primeiras palavras do Pentateuco por volta de
1491 a.C. Esdras entrou em cena em 445 a.C. Esdras não foi o último escritor na
formação do cânon do Antigo Testamento; os últimos foram Neemias e Malaquias,
porém, de acordo com os escritos históricos, foi ele que, na qualidade de
escriba e sacerdote, reuniu os rolos canônicos, ficando também o cânon
encerrado em seu tempo.
A chamada Alta Crítica
tem feito uma devastação com seu modernismo e suas contradições no que concerne
à formação, fontes de autenticidade do cânon, especialmente o do Antigo
Testamento, mutilando quase todos os seus livros. Em resumo, a Alta Crítica é
a discussão das datas e da autoria dos livros. Ela estuda a Bíblia do lado de
fora, externamente, baseada apenas em fontes do conhecimento humano. Por sua
vez, a Crítica Textual, também conhecida por Baixa Crítica, estuda o texto
bíblico, e este somente, e, ao lado da Arqueologia, vem alcançando um progresso
valioso, posto à disposição do estudante das Escrituras. Por exemplo, a teoria
de que a escrita era desconhecida nos dias de Moisés já foi destruída. E de ano
para ano aumentam os achados nas terras bíblicas, evidenciando e comprovando
as narrativas e fatos do Antigo Testamento. Mediante tais provas irrefutáveis,
os homens estão tendo mais respeito pelo Livro Sagrado! Toda a Bíblia vem sendo
confirmada pela pá do arqueólogo e pelos eruditos em antigüidades bíblicas.
Coisas que pareciam as mais incríveis são hoje aceitas por todos, sem objeções.
O estudante das Escrituras deve estar prevenido contra a Alta Crítica.
A formação do cânon foi
gradual. Houve, originalmente, a transmissão oral, como se vê em Jó 15.18. Jó
é tido como o livro mais antigo da Bíblia. Daremos em seguida a seqüência da
formação gradual do cânon do Antigo Testamento. Convém ter em mente aqui que
toda cronologia bíblica é apenas aproximada. Já no Novo Testamento, há precisão
de muitos casos. Essa cronologia vai sendo atualizada à medida em que os
estudos avançam e a Arqueologia fornece informes oficiais:
1. Moisés, cerca de 1491 a.C, começou a escrever
o Pentateuco, concluindo-o por volta de 1451 a.C. (Números 33.2). Mais textos
relacionados com Moisés e sua escrita do Pentateuco: Êxodo 17.14; 24.4,7;
34.27. As partes do Pentateuco anteriores a Moisés, como o relato da Criação,
todo o livro de Gênesis e parte de Êxodo, ele escreveu, ou lançando mão de
fontes existentes (ver 2.4; 5.1), ou por revelação divina. Gênesis 26.5 dá a
entender que nesse tempo já havia "mandamentos, preceitos e
estatutos" escritos. Há, é certo, passagens do Pentateuco que foram
acrescentadas posteriormente, como: Êxodo 11.3; 16.35; Deutero-nômio 34.1-12.
2. Josué, sucessor de
Moisés (1443 a.C), escreveu uma obra que colocou perante o Senhor (Js 24.26).
3. Samuel (1095 a.C), o último juiz e também
profeta do Senhor, escreveu, pondo seus escritos perante o Senhor (1 Sm 10.25).
Certamente "perante o Senhor" significa que seus escritos foram
depositados na Arca do Concerto com os demais escritos sagrados lá depositados
(Êx 25.21; Hb 9.4).
4. Isaías (770 a.C.)
fala do "livro do Senhor" (Is 34.16), e "palavras do livro"
(Is 29.18). São referências às Escrituras na sua formação.
5. Em 726 a.C, os Salmos já eram cantados (2 Cr
29.30). O fato aí registrado teve lugar nesse tempo.
6. Jeremias, cuja chamada deu-se em 626 a.C,
registrou a revelação divina (Jr 30.1,2). Tal livro foi queimado pelo mau rei
Jeoaquim, em 607 a.C, porém Deus ordenou que Jeremias preparasse novo rolo, o
que foi feito mediante seu amanuense Baruque (Jr 36.1,2,28,32; 45.1).
7. No tempo do rei Josias (621 a.C), Hilquias
achou o "Livro da Lei" (2 Rs 22.8-10).
8. Daniel (553 a.C.) refere-se aos
"livros" (Dn 9.2). Eram os rolos sagrados das Escrituras de então.
9. Zacarias (520 a.C.) declara que os profetas
que o precederam falaram da parte do Espírito Santo (7.12). Não há aqui
referência direta a escritos, mas há inferência. Zacarias foi o penúltimo
profeta do Antigo Testamento, isto é, profeta literário.
10. Neemias, nos seus dias (445 a.C), achou o
livro das genealogias dos judeus que já haviam regressado do exílio (7.5);
certamente havia outros livros.
11. Nos dias de Ester, o Livro Sagrado estava
sendo escrito (Et 9.32).
12. Esdras, contemporâneo de Neemias, foi hábil
escri-ba da lei de Moisés, e leu o livro do Senhor para os judeus já
estabelecidos na Palestina, de regresso do cativeiro babilônico (Ne 8.1-5).
Conforme 2 Macabeus e outros escritos judaicos, Esdras presidiu a chamada
Grande Sinagoga, que selecionou e preservou os rolos sagrados, determinando,
dessa maneira, o cânon das Escrituras do Antigo Testamento. (Ver Esdras
7.10,14.) Essa Grande Sinagoga era um conselho composto de 120 membros que se
diz ter sido organizado por Neemias, cerca de 410 a.C, sob a presidência de
Esdras. Foi essa entidade que reorganizou a vida religiosa nacional dos
repatriados e, mais tarde, deu origem ao Sinédrio, cerca de 275 a.C. A Esdras é
atribuída a tríplice divisão do cânon, já estudada. Foi nesse tempo, isto é,
no tempo de Esdras, que os samaritanos foram expulsos da comunidade judaica (Ne
13) levando consigo o Pentateu-co, que é até hoje a Bíblia dos samaritanos.
Isto prova que o Pentateuco era escrito canônico.
13. Encontramos profeta citando outro profeta, do
que se infere haver mensagem escrita. (Comparar Miquéias 4.1-3 com Isaías
2.2-4.)
14. Filo, escritor de Alexandria (30 a.C. - 50
d.C) possuía todo o cânon do Antigo Testamento. Em seus escritos ele cita
quase todo o Antigo Testamento.
15. Josefo, o
historiador judeu (37-100 d.C), contemporâneo de Paulo, diz, escrevendo aos
judeus, no livro "Contra Appion": "Nós temos apenas 22 livros,
contando a história de todo o tempo; livros em que nós cremos, ou segundo
geralmente se diz, livros aceitos como divinos. Desde os dias de Artaxerxes
ninguém se aventurou a acrescentar, tirar ou alterar uma única sílaba. Faz
parte de cada judeu, desde que nasce, considerar estas Escrituras como ensinos
de Deus". Josefo foi homem culto e judeu ortodoxo de linhagem sacerdotal.
Foi governador da Galiléia e comandante militar nas guerras contra Roma.
Presenciou a queda de Jerusalém. Foi levado a Roma onde se dedicou a escritos
literários.
Ora, o Artaxerxes que
ele menciona é o chamado Longí-mano, que reinou de 465-424 a.C. Isso coincide
com o tempo de Esdras e confirma as declarações de outras peças da literatura
judaica que ensinam ter Esdras presidido a Grande Sinagoga que selecionou e
preservou os rolos sagrados para a posterioridade. Josefo conta os livros do
Antigo Testamento como 22 porque considera Juizes e Rute como 1 (um) livro;
Jeremias e Lamentações também. Isto, para coincidir com o número de letras do
alfabeto hebraico: 22.
16. Nos dias do Senhor
Jesus, esse livro chamava-se Escrituras (Mt 26.54; Lc 24.27,45; Jo
5.39), com as suas três conhecidas divisões: Lei, Profetas, Salmos (Lc 24.44).
Era também chamado "A Palavra de Deus" (Mc 7.13; Jo 10.34,35). Note
bem este título aplicado pelo próprio Senhor Jesus! Outro fato notável é a
citação feita por Jesus em Mateus 23.35 que autentica todo o Antigo Testamento!
17. Os escritores do Novo Testamento reconhecem
como canônicos os livros do Antigo Testamento, pois este é a miúdo citado
naquele, havendo cerca de 300 referências diretas e indiretas. Os escritores do
Novo Testamento referem-se ao cânon do Antigo Testamento como sendo oráculos
divinos. (Compare Romanos 3.2; 2 Timóteo 3.16; Hebreus 5.12).
Cremos que, começando
por Moisés, à proporção que os livros iam sendo escritos, eram postos no
tabernáculo, junto ao grupo de livros sagrados. Esdras, como já dissemos, após
a volta do cativeiro, reuniu os diversos livros e os colocou em ordem, como
coleção completa. Destes originais eram feitas cópias para as sinagogas
largamente disseminadas.
Data do
reconhecimento e fixação do cânon do Antigo Testamento
Em 90 d.C. Em Jâmnia,
perto da moderna Jope, em Israel, os rabinos, num concilio sob a presidência
de Joha-nan Ben Zakai, reconheceram e fixaram o cânon do Antigo Testamento.
Houve muitos debates acerca da aprovação de certos livros, especialmente dos
"Escritos". Note-se porém que o trabalho desse concilio foi apenas
ratificar aquilo que já era aceito por todos os judeus através de séculos.
Jâmnia, após a destruição de Jerusalém (70 d.C.) tornou-se a sede do Sinédrio -
o supremo tribunal dos judeus. Livros desaparecidos, citados no texto do
Antigo Testamento
É digno de nota que a
Bíblia faz referência a livros até agora desaparecidos. (Veja Números 21.14;
Josué 10.13 com 2 Samuel 1.18; 1 Reis 11.41; 1 Crônicas 27.24; 29.29; 2 Crônicas
9.29; 12.15; 13.22; 26.22; 33.19.) São casos cujo segredo só Deus conhece.
Talvez um dia eles venham à luz como o MSS de Qümram, Mar Morto, em 1947.
II. O CÂNON DO NOVO
TESTAMENTO
Como no Antigo
Testamento, homens inspirados por Deus escreveram aos poucos os livros que
compõem o cânon do Novo Testamento. Sua formação levou apenas duas gerações:
quase 100 anos. Em 100 d.C. todos os livros do Novo Testamento estavam
escritos. O que demorou foi o reconhecimento canônico, isto motivado pelo
cuidado e escrúpulo das igrejas de então, que exigiam provas concludentes da
inspiração divina de cada um desses livros. Outra coisa que motivou a demora
na canonização foi o surgimento de escritos heréticos e espúrios com pretensão
de autoridade apostólica. Trata-se dos livros apócrifos do Novo Testamento,
fato idêntico ao acontecido nos tempos do encerramento do cânon do Antigo
Testamento.
A ordem dos 27 livros do
Novo Testamento, como temos atualmente em nossas Bíblias, vem da Vulgata, e
não leva em conta a seqüência cronológica. 58
Livros desaparecidos,
citados no Novo Testamento. Há também livros mencionados no Novo Testamento até agora
desaparecidos (1 Co 5.9; Cl 4.16).
a. Ás Epístolas de Paulo. Foram os
primeiros escritos do Novo Testamento. São 13: de Romanos a Filemom. Foram
escritas entre 52 e 67 d.C. Pela ordem cronológica, o primeiro livro do Novo
Testamento é 1 Tessalonicenses, escrito em 52 d.C. 2 Timóteo foi escrita em 67
d.C, pouco antes do martírio do apóstolo Paulo em Roma. Esses livros foram
também os primeiros aceitos como canônicos. Pedro chama os escritos de Paulo de
"Escrituras" - título aplicado somente à Palavra inspirada de Deus!
(2 Pe 3.15,16).
b. Os Atos dos Apóstolos. Escrito em 63
d.C, no fim dos dois anos da primeira prisão de Paulo em Roma (At 28.30).
c. Os Evangelhos. Estes, a princípio,
foram propagados oralmente. Não havia perigo de enganos e esquecimento porque
era o Espírito Santo quem lembrava tudo e Ele é infalível (Jo 14.26). Os
Sinóticos foram escritos entre 60 a 65 d.C. Marcos, em 65. Em 1 Timóteo 5.18,
Paulo, escrevendo em 65 d.C, cita Mateus 10.10. João foi escrito em 85. Entre
Lucas e João foram escritas quase todas as epístolas. Note-se que Paulo chama
Mateus e Lucas de "Escrituras" ao citá-los em 1 Timóteo 5.18; o original
dessa citação está em Mateus 10.10 e Lucas 10.7.
d. As Epístolas, de
Hebreus a Judas, foram escritas entre 68 e 90 d.C. Quanto à autoria de
Hebreus, só Deus sabe de fato. Agostinho (354-430 d.C), bispo de Hipona, África
do Norte, afirma que seu autor é Paulo. As igrejas orientais atribuíram-na a
Paulo, mas as ocidentais, até o IV século recusaram-se a admitir isto. A
opinião ainda hoje é a favor de Paulo. Orígenes (185-254) - o homem mais
ilustre da igreja antiga, e, anterior a Agostinho - afirma: "Quem a
escreveu só Deus sabe com certeza".
e. O Apocalipse. Escrito em 96 d.C,
durante o reinado do imperador Domiciano.
Muitos livros antes de
serem finalmente reconhecidos como canônicos foram duramente debatidos. Houve
muita relutância quanto às epístolas de Pedro, João e Judas bem como quanto ao
Apocalipse. Tudo isto tão-somente revela o cuidado da Igreja e também a
responsabilidade que envolvia a canonização. Antes do ano 400 d.C, todos os
livros estavam aceitos. Em 367, Atanásio, patriarca de Alexandria, publicou
uma lista dos 27 livros canônicos, os mesmos que hoje possuímos; essa lista
foi aceita pelo Concilio de Hipona (África) em 393.
Data do
reconhecimento e fixação do cânon do Novo
Testamento
Isso ocorreu no III
Concilio de Cartago, em 397 d.C. Nessa ocasião, foi definitivamente reconhecido
e fixado o cânon do Novo Testamento. Como se vê, houve um amadurecimento de
400 anos.
A necessidade da
mensagem escrita do Novo Testamento
A mensagem da Nova
Aliança precisava ter forma escrita como a da Antiga. Após a ascensão do
Senhor Jesus, os apóstolos pregaram por toda parte sem haver nada escrito. Sua
Bíblia era o Antigo Testamento. Com o correr do tempo, o grupo de apóstolos
diminuiu. O Evangelho espalhou-se. Surgiu a necessidade de reduzi-lo à forma
escrita, para ser transmitido às gerações futuras. Era o plano de Deus em
marcha. Muitas igrejas e indivíduos pediam explicações acerca de casos
difíceis surgidos por perturbações, falsas doutrinas, problemas internos, etc.
(Ver 1 Coríntios 1.11; 5.1; 7.1.)
Os judeus cumpriram sua
missão de transmitir ao mundo os oráculos divinos (Rm 3.2). A Igreja também
cumpriu sua parte, transmitindo as palavras e ensinos do Senhor Jesus, bem como
as que Ele, pelo Espírito Santo inspirou aos escritores sacros. Ele mesmo
disse: "Tenho muito que vos dizer... mas o Espírito de verdade... dirá
tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir" (Jo 16.12,13).
Dão testemunho da
existência de livros do Novo Testamento, em seu tempo, os seguintes cristãos
primitivos, cujas vidas coincidiram com a dos apóstolos ou com os discípulos
destes:
Clemente de Roma, na sua carta aos Coríntios, em 95
d.C. cita vários livros do Novo Testamento.
Policarpo, na sua carta aos Filipenses, cerca de
110 d.C, cita diversas epístolas de Paulo.
Inácio, por volta de 110, cita grande número
de livros em seus escritos.
Justino Mártir, nascido no ano da morte de João,
escrevendo em 140 d.C, cita diversos livros do Novo Testamento.
Irineu (130-200 d.C), cita a maioria dos
livros do Novo Testamento, chamando-os "Escrituras".
Orígenes (185-254 d.C), homem erudito, piedoso
e viajado, dedicou sua vida ao estudo das Escrituras. Em seu tempo, os 27
livros já estavam completos; ele os aceitou, embora com dúvida sobre alguns
(Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João).
III. DATAS E PERÍODOS SOBRE O CÂNON EM GERAL
O Antigo Testamento foi
escrito no espaço de mais ou menos 1.046 anos; de 1491 a 445 a.C, isto é, de
Moisés a Esdras. A data 445 é apenas um ponto geral de referência cronológica
quanto ao encerramento do cânon do Antigo Testamento. Se entrarmos em detalhes
sobre o último livro do Antigo Testamento em ordem cronológica - Mala-quias,
teremos uma variação de espaço de tempo como veremos a seguir. O Pentateuco,
como já vimos, foi iniciado cerca de 1491 a.C. Malaquias, o último livro do
Antigo Testamento por ordem cronológica, foi escrito após 445, no final do
governo de Neemias e do sacerdócio de Esdras. Ora, isto foi a partir de 432,
quando Neemias regressou a Jerusalém, procedente da Pérsia, para onde tinha ido
em 434, a fim de renovar sua licença (Ne 13.6). É a partir desse ano que
Malaquias entra em cena. Quando ele escreveu, talvez Neemias não estivesse mais
na Palestina, porque não o menciona em seu livro, como fazem Ageu e Zacarias,
profetas seus antecessores, os quais mencionam Zorobabel e Josué,
respectivamente, governador e sacerdote dos repatriados. (Ver Zacarias
capítulos 3 e 4 e Ageu 1.1.)
Malaquias não menciona
nominalmente Neemias, apenas menciona o "Governador" (Ml 1.9). O próprio
livro de Malaquias apresenta outras evidências internas que o colocam de 432
em diante, como passamos a mostrar:
a. Em Malaquias 2.10-16, vê-se que os casamentos
ilícitos que Esdras corrigira antes de Neemias, em 516 (Ed 9 e 10), estavam
ocorrendo outra vez. Isto coincide com o estado descrito em Neemias 13,
acontecido em 432.
b. Em Malaquias 3.6-12, havia pobreza no tesouro
do templo. Situação idêntica à de Neemias 13, reinante em 432.
c. As referências de
Malaquias 1.13; 2.17; 3.14, indicam que o culto levítico já havia sido
restaurado há bastante tempo. Essa restauração temo-la ampliada em Neemias
12.44 ss.
Portanto, Malaquias deve
ter sido escrito cerca de 432 a.C. Repetimos o que dissemos há pouco: a data
445 é apenas um ponto geral de referência quanto ao encerramento do cânon do
Antigo Testamento. Foi esse o ano em que Esdras iniciou seu grande ministério
entre os repatriados de Israel. Se descermos a detalhes quanto ao livro de Malaquias,
partiremos de 432. Malaquias é o último livro do Antigo Testamento, quanto à
ordem cronológica. Quanto à disposição dos livros no corpo do cânon hebraico, o
último livro é 2 Crônicas, como já mostramos.
O Novo Testamento foi
completado em menos de 100 anos, pois seu último livro, o Apocalipse, foi
escrito cerca de 96 d.C. Isto é, dá um total de 1.142 anos para a formação de
ambos os Testamentos (1.046 + 96). (Leve-se em conta que a cronologia bíblica é
sempre aproximada, pois os povos orientais não tinham um sistema fixo de computação
de datas.)
Quando se fala do espaço
total de tempo, que vai da escrita do Pentateuco ao Apocalipse, é preciso
intercalar os 400 anos do Período Interbíblico ocorrido entre os Testamentos,
o que dará um total de 1.542 anos (1.046 + 96 + 400). Por isso se diz que a
Bíblia foi escrita no espaço de 16 séculos. Este é o período no qual o cânon
foi completado. Noutras palavras: o cânon abrange na História um total de 1542
anos, porém foi escrito em 1.142 anos, aproximadamente.
IV. OS LIVROS APÓCRIFOS
Nas Bíblias de edição da
Igreja Romana, o total de livros é 73, porque essa igreja, desde o Concilio de
Trento, em 1546, incluiu no cânon do Antigo Testamento 7 livros apócrifos, além
de 4 acréscimos ou apêndices a livros canô-nicos, acrescentando, assim, ao
todo, 11 escritos apócrifos.
A palavra
"apócrifo" significa, literalmente, "escondido",
"oculto", isto em referência a livros que tratavam de coisas
secretas, misteriosas, ocultas. No sentido religioso, o termo significa
"não genuíno", "espúrio", desde sua aplicação por Jerônimo.
Os apócrifos foram escritos entre Ma-laquias e Mateus, ou seja, entre o Antigo
e o Novo Testamento, numa época em que cessara por completo a revelação
divina; isto basta para tirar-lhes qualquer pretensão de canonicidade. Josefo
rejeitou-os totalmente. Nunca foram reconhecidos pelos judeus como parte do
cânon hebraico. Jamais foram citados por Jesus nem foram reconhecidos pela
igreja primitiva.
Jerônimo, Agostinho,
Atanásio, Júlio Africano e outros homens de valor dos primitivos cristãos,
opuseram-se a eles na qualidade de livros inspirados. Apareceram a primeira
vez na Septuaginta, a tradução do Antigo Testamento feita do hebraico para o
grego. Quando a Bíblia foi traduzida para o latim, em 170 d.C, seu Antigo
Testamento foi traduzido do grego da Septuaginta e não do hebraico. Quando
Jerônimo traduziu a Vulgata, no início do Século V (405 d.C), incluiu os
apócrifos oriundos da Septuaginta, através da Antiga Versão Latina, de 170,
porque isso lhe foi ordenado, mas recomendou que esses livros não poderiam
servir como base doutrinária.
São 14 os escritos
apócrifos: 10 livros e 4 acréscimos a livros. Antes do Concilio de Trento, a
Igreja Romana aceitava todo, mas depois passou a aceitar apenas 11: 7 livros e
os 4 acréscimos. A Igreja Ortodoxa Grega mantém os 14 até hoje.
Os 7 livros apócrifos
constantes das Bíblias de edição católico-romana são:
1) TOBIAS (Após o livro canônico de Esdras)
2) JUDITE (após o livro de Tobias)
3) SABEDORIA DE SALOMÃO (após o livro canônico
4) ECLESIÁSTICO (após o livro de Sabedoria)
5) BARUQUE (após o livro canônico de Jeremias)
6) 1 MACABEU
7) 2 MACABEU (ambos, após o livro canônico de
Ma-laquias)
Os 4 acréscimos ou
apêndices são:
1) ESTER (a Ester, 10.4 - 16.24)
2) CÂNTICO DOS TRÊS SANTOS FILHOS (a Daniel,
3.24-90)
3) HISTÓRIA DE SUZANA (a Daniel, cap. 13) e
4) BEL E O DRAGÃO (a Daniel, cap. 14)
Como já foi dito, dos 14
apócrifos, a Igreja Romana aceita 11 e rejeita 3, isto, após 1546 d.C. Os
livros rejeitados são:
1) 3 ESDRAS
2) 4 ESDRAS E
3) A ORAÇÃO DE MANASSES
Os livros apócrifos de 3
e 4 Esdras são assim chamados porque nas Bíblias de edição católico-romana o
livro de ESDRAS é chamado 1 ESDRAS; o de NEEMIAS, de 2 ESDRAS.
A Igreja Romana aprovou
os apócrifos em 18 de abril de 1546, para combater o movimento da Reforma
Protestante, então recente. Nessa época, os protestantes combatiam
violentamente as novas doutrinas romanistas: do Purgatório, da oração pelos
mortos, da salvação mediante obras, etc. A Igreja Romana via nos apócrifos
bases para essas doutrinas, e, apelou para eles, aprovando-os como canôni-cos.
Houve prós e contras
dentro da própria Igreja de Roma. Nesse tempo os jesuítas exerciam muita
influência no clero. Os debates sobre os apócrifos motivaram ataques dos
dominicanos contra os franciscanos. O cardeal Pallavaci-ni, em sua
"História Eclesiástica", declara que em pleno concilio, 40 bispos,
dos 49 presentes, travaram luta corporal, agarrados às barbas e batinas uns
dos outros... Foi nesse ambiente "espiritual" que os apócrifos foram
aprovados! A primeira edição da Bíblia romana com os apócrifos deu-se em 1592,
com autorização do Papa Clemente VIII.
Os reformadores
protestantes publicaram a Bíblia com os apócrifos colocando-se entre o Antigo e
Novo Testamento; não como livros inspirados, mas bons para a leitura e de
valor literário e histórico. Isto continuou até 1629. A famosa versão inglesa
de King James,de 1611, ainda os conservou. Após 1629, os evangélicos os
omitiram de vez nas Bíblias editadas, para evitar confusão entre o povo simples
que nem sempre sabe discernir entre um livro canônico e um apócrifo.
A aprovação dos
apócrifos pela Igreja Romana foi uma intromissão dos católicos em assuntos
judaicos, porque, quanto ao cânon do Antigo Testamento, o direito é dos judeus
e não de outros. Além disso, o cânon do Antigo Testamento estava completo e
fixado há muitos séculos.
Entre os católicos corre
a versão de que as Bíblias de edição protestante são falsas. Quem, contudo,
comparar a Bíblia editada pelos evangélicos com a editada pelos católicos há
de concordar em que as duas são iguais, exceto na linguagem e estilo, que são
peculiares a cada tradução. O que alegam contra a nossa Bíblia é que lhe faltam
livros e partes de outros, mas essa falta é de livros e de parte de livros
apócrifos, como mencionamos.
OUTROS LIVROS
APÓCRIFOS
Há ainda outros escritos
espúrios relacionados tanto com o Antigo como com o Novo Testamento. São chamados
pseudo-epigráficos. Os do Antigo Testamento pertencem à última parte do
período interbíblico. Todos os livros dessa classe apresentam-se como tendo
sido escritos por santos de ambos os Testamentos, daí seu título:
pseudo-epigráficos. São na maioria, de natureza Apocalíptica. Nunca foram
reconhecidos por nenhuma igreja.
Os principais do Antigo
Testamento chegam a 26.
Os referentes ao período
do Novo Testamento também nunca foram reconhecidos por ninguém como tendo
cano-nicidade. São cheios de histórias ridículas e até indignas de Cristo e
seus apóstolos. Essas histórias são muito exploradas pela gente simplória e
crédula. Desse período há de tudo: evangelhos, epístolas, apocalipse, etc.
Os principais somam 24.
Os que estudam a Bíblia
devem estar acautelados do seguinte, concernente aos livros canônicos e
apócrifos em geral:
• Aos nossos 39 livros
canônicos do Antigo Testamento, os católicos os chamam de protocanônicos.
• Os 7 livros, que
chamamos de apócrifos, os católicos os chamam de deuterocanônicos.
• Os livros que chamamos
de pseudo-epigráficos, eles os chamam de apócrifos.
QUESTIONÁRIO
1. Defina a palavra cânon
nos sentidos literal e religioso.
2. Em que parte de Gálatas aparece a palavra cânon,
no original?
3. Por que se diz dos livros da Bíblia que são
canônicos?
4. Dê as três divisões do cânon hebraico, bem
como a referência que as menciona no Novo Testamento.
5. Desde quando ficou
completo o cânon do Antigo Testamento?
6. Descreva por que, no
cânon hebraico, os nossos 39 livros resumem-se em 24.
7. De onde vem a nossa
divisão do Antigo Testamento em 39 livros?
8. Por que Mateus 23.35
mostra que Gênesis era o primeiro livro do Antigo Testamento, e Crônicas o
último?
9. Dê o espaço de tempo
em que se formou o cânon do Antigo Testamento.
10. Mencione as datas aproximadas de início e do
término da formação do cânon do Antigo Testamento.
11. Explique a diferença entre Alta Crítica e
Baixa Crítica.
12. Dê o nome do homem
de Deus que reuniu, selecionou e preservou os rolos sagrados, determinando,
destarte, o cânon do Antigo Testamento.
13. Dê os dois nomes pelos quais era conhecido o
Antigo Testamento nos dias de Jesus.
14. Quando e onde os rabinos reconheceram e
fixaram o cânon do Antigo Testamento, ratificando, assim, aquilo que já vinha
sendo aceito durante séculos?
15. Dê as datas gerais de escrita dos 4
Evangelhos, dos Atos, das Epístolas e do Apocalipse.
16. Cite o concilio e o ano em que foi
reconhecido e fixado o cânon do Novo Testamento.
17. Por que era necessário ter o Novo Testamento
em forma escrita?
18. Que fizeram os escritores cristãos primitivos
no tocante à existência dos livros do Novo Testamento, ao escreverem suas
obras?
19. Em que espaço de tempo foi formado o cânon do
Novo Testamento?
20. Quanto tempo levou para serem escritos os 66
livros ca-nônicos, isto é, o cânon geral?
21. Quanto tempo medeia entre Gênesis e Apocalipse
(re-ferentemente a serem escritos os livros)?
22. Quantos livros contêm as Bíblias de edição
católico-romanas?
23. Dê os sentidos literal e religioso do termo
"apócrifo".
24. Cite os 7 livros apócrifos e os 4 acréscimos
a livros canô-nicos.
25. Cite o ano, bem como o concilio, em que os
católico-romanos aprovaram os apócrifos.
26. Como são designados entre os católicos os
livros canônicos, os apócrifos e os pseudo-epigráficos?
Nota: Dê respostas o
mais completas possível. Escreva as respostas para melhor fixar o aprendizado.
5
A
preservação e aq tradução da Bíblia
Este capítulo abrange os
seguintes pontos: línguas originais da Bíblia; os manuscritos mais
importantes; as primeiras e principais versões e traduções; certas particularidades
do texto bíblico. Em todos esses fatos podemos ver a mão poderosa de Deus
agindo para que este Livro chegasse às nossas mãos, para nossa felicidade
eterna.
I. AS LÍNGUAS ORIGINAIS
DA BÍBLIA
O hebraico e o aramaico
para o Antigo Testamento, e o grego para o Novo Testamento, são as línguas
originais da Bíblia.
a. O hebraico. Todo
o Antigo Testamento foi escrito em hebraico, o idioma oficial da nação
israelita, exceto algumas passagens de Esdras, Jeremias e Daniel, que foram escritas
em aramaico. A mais extensa é em Daniel, que vai de 2.4 a 7.28.
O hebraico faz parte das
línguas semíticas, que eram faladas na Ásia (mediterrânea), exceto em bem
poucas regiões. As línguas semíticas formavam um ramo dividido em grupos,
sendo o hebraico integrante do grupo cananeu. Este compreendia o litoral
oriental do Mediterrâneo, incluindo a Síria, a Palestina e o território que
constitui hoje
a Jordânia. Integrava
também o grupo cananeu de línguas, o ugarítico, o fenício e o moabítico. O
fenício tem muita semelhança com o hebraico. 0 primitivo alfabeto hebraico é
oriundo do fenício, segundo a opinião dos versados na matéria. Tudo leva a
crer que Abraão encontrou este idioma em Canaã, ao chegar ali, em vez de
trazê-lo da Caldéia. Em Gênesis 31.47, vê-se que Labão, o sobrinho de Abraão,
vivendo em sua terra, a Caldéia, falava aramaico; ao passo que Jacó,
recém-chegado de Canaã, falava o hebraico.
A língua hebraica é
chamada no AT "Língua de Canaã" (Is 19.18) e "língua
judaica" ou "judaico" (2 Rs 18.26,28; Is 36.13). Como a maior
parte das línguas do ramo semítico, o hebraico lê-se da direita para a
esquerda. O alfabeto compõe-se de 22 letras, todas consoantes. Há sinais
vocálicos, sim, mas não podemos chamá-los de letras.
Sabe-se agora que a
forma primitiva dos caracteres hebraicos estava em uso na Palestina 1.800 anos
antes de Cristo. Exemplos mais recentes das letras hebraicas há no Calendário
de Gézer (950-920 a.C), na Pedra Moabita (850 a.C); na inscrição de Siloé (702
a.C); nas moedas do tempo dos irmãos Macabeus (175-100 a.C), e nalguns
fragmentos dos escritos achados junto ao mar Morto, a partir de 1947. Esta
forma primitiva do hebraico passou por modificações com o correr do tempo. Após
o exílio, teve início a chamada "escrita quadrada", que, por fim, foi
pelos massoretas convertida na atual forma do alfabeto hebraico - uma forma
quadrada modificada.
A escrita hebraica dos
tempos antigos só empregava consoantes sem qualquer sinal de vocalização. Os
sons vocálicos eram supridos pelo leitor durante a leitura, o que dava origem
a constantes enganos, uma vez que havia palavras com as mesmas consoantes, mas
com acepções diferentes. Quer dizer, a pronúncia exata dependia da habilidade
do leitor, levando em conta o contexto e a tradição. É por causa disso que
se perdeu a pronúncia de muitas palavras bíblicas.
Após o século VI, os
eruditos judeus residentes em Ti-beríades, passaram a colocar na escrita sinais
vocálicos, perpetuando, assim, a pronúncia tradicional. Esses sinais são pontos
colocados em cima, em baixo e dentro das consoantes. Os autores desse sistema
de vocalização chamavam-se massoretas - palavra derivada de
"massorah", que quer dizer tradição, isto porque os
massoretas, por meio desse sistema, fixaram a pronúncia tradicional do hebraico.
Qualquer texto bíblico posterior ao século VI é chamado
"massorético", porque contém sinais vocálicos. Os mais famosos
eruditos massoretas foram os judeus Moses ben Asher; e seus filhos Arão e
Naftali, que viveram e trabalharam em Tiberíades, na Galiléia.
Além do texto
massorético, há outro texto hebraico das Escrituras, o do Pentateuco
Samaritano, que emprega, os antigos caracteres hebraicos. É do tempo
pré-cristão. São, portanto, dois tipos de textos que temos em hebraico: o Massorético
e o Pentateuco Samaritano.
b. O Aramaico é
um idioma semítico falado desde 2.000 a.C, em Arã ou Síria, que é a mesma
região. {Arã é hebreu; Síria é grego.) Nas Escrituras, o
território da Síria não é o mesmo de hoje, o que acontece também com outras
terras bíblicas. O primitivo território estendia-se das montanhas do Líbano
até além do Eufrates, incluindo Babilônia, Mesopotâmia Superior (conhecida na
Bíblia por Arã-Naaraim; e Padã-Arã - Gn 25.20), e outros distritos. Era ainda
falado numa grande área da Arábia Pétrea.
Os trechos escritos em
aramaico são:
o Esdras 4.8 a 6.18;
7.12-26.
o Daniel 2.4 a 7.28.
o Jeremias 10.11.
A influência do aramaico
foi profunda sobre o hebraico, começando no cativeiro do reino de Israel, em
722 a.C. na Assíria, e continuando através do cativeiro do reino de Ju-dá, em
587, em Babilônia. Em 536, quando Israel começou a regressar do exílio, falava
o aramaico como língua vernácula. É por essa razão que, no tempo de Esdras, as
Escrituras, ao serem lidas em hebraico, em público, era preciso interpretá-las,
para compreenderem o seu significado (Ne 8.5,8).
No tempo de Cristo, o
aramaico tornara-se a língua popular dos judeus e nações vizinhas; estas foram
influenciadas pelo aramaico devido às transações comerciais dos ara-meus na
Ásia Menor e litoral do Mediterrâneo. Em 1.000 a.C, o aramaico já era língua
internacional do comércio nas regiões situadas ao longo das rotas comerciais do
Oriente. O aramaico é também chamado "siríaco", no Norte (2 Rs 18.26;
Ed 4.7; Dn 2.4 ARC), e também "caldaico", no Sul (Dn 1.4). Tinha o
mesmo alfabeto que o hebraico, diferia nos sons e na estrutura de certas partes
gramaticais. Do mesmo modo que o hebraico, não tinha vogais; a partir de 800
d.C, é que os sinais vocálicos lhe foram introduzidos. É muito parecido com o
hebraico.
O aramaico foi a língua
do Senhor Jesus, seus discípulos e da igreja primitiva, em Jerusalém. Em
Mateus 5.18, quando Jesus diz que a menor letra é o jota (aramaico iode), Ele
tinha em mente o alfabeto aramaico, pois somente neste é que se verifica isto.
(A letra iode originou o nosso i). Nos dias de Jesus, o aramaico
já se modificara um pouco na Palestina, resultando no "aramaico
palestinense", como o chamam os eruditos. Também em Marcos 14.36, o uso da
palavra aramaica "abba", por Jesus, é outra evidência de que Ele
falava aquela língua. Que Ele também falava o hebraico é evidente em Lucas
4.16-20, uma vez que os rolos sagrados eram escritos em hebraico..
O hebraico foi de fato
absorvido pelo aramaico, mas continuou sendo a língua oficial do culto divino
no templo e nas sinagogas, dos rolos sagrados, e dos rabinos e eruditos. Havia
escolas de rabinos, inicialmente em Jerusalém, e, depois da queda da cidade, em
Tiberíades. Havia escolas semelhantes noutros centros judaicos. As conquistas
á-rabes e a propagação do islamismo em largas áreas da Á-sia, África e Europa,
reduziu e por fim destruiu a influência do aramaico. Por sua vez, o hebraico,
sendo língua morta, começou a ressurgir. Para que se cumprissem as profecias
referentes a Israel, era necessário que a língua revivesse e assumisse a
posição que hoje desfruta na família das nações modernas.
O aramaico ainda
sobrevive numa remota e pequena vila da Síria, chamada Malloula, com a
população de 4.000 habitantes.
Devido aos hebreus terem
adotado o aramaico como uma língua, este passou a chamar-se hebraico, conforme
se vê em Lucas 23.38; João 5.2; 19.13,17,20; Atos 21.40; 26.14; 72
Apocalipse 9.11.
Portanto, quando o NT menciona o hebraico, trata-se, na realidade, do aramaico.
Marcos, escrevendo para os romanos, põe em aramaico 5.41 e 15.34 do seu livro;
já Mateus, que escreveu para os judeus, escreve a mesma passagem em hebraico
(Mt 27.46).
O AT contém, além do
hebraico e aramaico, algumas palavras persas, como "tirsata" (Ed 2.63
FIG) e "sátrapa" (Dn 3.2).
c. O Grego. Esta
é a língua em que foi originalmente escrito o Novo Testamento. A única dúvida
paira sobre o livro de Mateus, que muitos eruditos afirmam ter sido escrito
em aramaico. O grego faz parte do grupo das línguas arianas. Vem da fusão dos
dialetos dórico e ático. Os dóri-cos e os áticos foram duas das principais
tribos que povoaram a Grécia. É língua de expressão muito precisa, e, das
línguas bíblicas, é a que mais se conhece, devido a ser mais próxima da nossa.
O grego do Novo
Testamento não é o grego clássico dos filósofos, mas o dialeto popular do homem
da rua, dos comerciantes, dos estudantes, que todos podiam entender: era o
"Koiné". Este dialeto formou-se a partir das conquistas de
Alexandre, em 336 a.C. Nesse ano, Alexandre subiu ao trono e, no curto espaço
de 13 anos, alterou o curso da história do mundo. A Grécia tornou-se um império
mundial, e toda a terra conhecida recebeu influência da língua grega. Deus
preparou, deste modo, um veículo lingüístico para disseminar as novas do
Evangelho até os confins do mundo, no tempo oportuno.
Até no Egito o grego se
impôs, pois aí foi a Bíblia traduzida do hebraico para o grego - a chamada
Septuaginta, cerca de 285 a.C. Nos dias de Jesus, os judeus entendiam quase tão
bem o grego como o aramaico, haja vista que a Septuaginta em grego era popular
entre os judeus. Nos pri-mórdios do cristianismo, o Evangelho pregado ou
escrito em grego podia ser compreendido pelo mundo todo. Só Deus podia fazer
isso! Ele não enviaria o seu Filho ao mundo enquanto este não estivesse
preparado, e esse preparo incluía uma língua conhecida por todos. (Ver Marcos
1.15 e Gálatas 4.4.)
A língua grega tem 24
letras; a primeira é alfa e a última ômega. Quando, em
Apocalipse 1.8, Jesus diz que é o Alfa e o ômega, está afirmando que é o
primeiro e o último. Os gregos receberam seu alfabeto através dos fenícios,
conforme mostram estudos a respeito.
Ninguém vá supor que por
não conhecer essas línguas originais das Escrituras, não compreenderá a
revelação divina. Sim, o conhecimento e a compreensão dos originais auxiliará
muito, mas não é o essencial. Na Bíblia, como já dissemos, vêem-se duas coisas
principais: o texto e a mensagem. O principal é a mensagem contida no texto. É
especialmente a mensagem que o Espírito Santo vitaliza, revela e maneja como
sua espada (Ef 6.17).
II. OS MANUSCRITOS DA
BÍBLIA
A história da Bíblia e
como chegou até nós, é encontrada em seus manuscritos. Manuscritos são
rolos ou livros da antiga literatura, escritos à mão. O texto da Bíblia foi preservado
e transmitido mediante os seus manuscritos. Nos tratados sobre a Bíblia, a
palavra manuscritos é sempre indicada pela abreviatura MS, no plural MSS ou
MSs. Há, em nossos dias, cerca de 4.000 MSS da Bíblia, preparados entre os
séculos II e XV.
a. Material gráfico
dos MSS bíblicos.
Há dois materiais
principais: papiro e pergaminho. (Consulte o Cap. II da presente matéria.) O
linho era usado também, mas não tanto como os dois citados. O centro da
indústria de papiro era o Egito, onde teve início o seu emprego, cerca de 3.000
a.C. O papiro é um tipo de junco de grandes proporções. Tem caule tríquetro de
3 a 5 metros de altura, com 5 a 7 centímetros de diâmetro, tendo sua fronde em
forma de guarda-chuva. As dimensões da folha de papiro preparada para a escrita
eram normalmente 30 cm a 3 m de comprimento por 30 cm de largura. Essas folhas
eram formadas por tiras cortadas da planta, sobrepostas cruzadas, coladas,
prensadas e depois polidas. Eram escritas de um lado, apenas. Tinham cor
amarelada. À folha do papiro assim preparada, os gregos chamavam biblos.
Pergaminho é a pele de animais curtida e
preparada para a escrita; seu uso generalizado vem dos primórdios do
cristianismo, mas já era conhecido em tempos remotos, pois já é mencionado em
Isaías 34.4. O pergaminho preparado de modo especial chamava-se velo. Este
tornou-se comum a partir do século IV. É mais durável. Foi muito usado nos
códices. Tudo indica que o vocábulo pergaminho derivou seu nome da
cidade de Pérgamo, capital de um riquíssimo reino que ocupou grande parte da
Ásia Menor, sendo Eumenes II (197-159 d.C), seu maior rei. Esse rei projetou
formar para si uma biblioteca maior que a de Alexandria, Egito. O rei do
Egito, por inveja, proibiu a exportação do papiro, obrigando Eumenes a
recorrer a outro material gráfico. Tal fato motivou o surgimento de um novo
método de preparar peles, muito aperfeiçoado, que resultou no pergaminho.
Vindo o domínio romano, Pérgamo veio a ser a primeira capital da província da
Ásia, situada ao oeste da Ásia Menor; sua segunda capital foi Éfeso. O Novo
Testamento menciona esse material gráfico em 2 Timóteo 4.13 e Apocalipse 6.14.
Outros materiais foram
usados para a escrita nos tempos antigos, mas de menor importância, como:
• Linho. Tem sido encontrado nas
descobertas arqueológicas.
• Ostraco, fragmento de cerâmica. É
mencionado em Jó 38.14; Ezequiel 4.1. Foi muito usado em Babilônia.
• Madeira.
• Pedra (Êx 24.12; Js 8.30-32).
• Tábuas recobertas de cera (Is 8.1; Lc
1.63).
Um exemplo do emprego
desses materiais é o livro escrito em pedra, conhecido como Código Hamurabi.
Trata-se de um rei de Babilônia coevo de Abraão. É identificado pelos
cientistas como o Anrafel de Gênesis 14.1. É um código de leis descoberto em
Susa, em 1902, lindamente trabalhado em pedra, com 2 m de altura. Esse livro é
testemunha de que aquele tempo o homem atingira uma capacidade literária
notável. O código trata do culto nos templos (pagãos, é claro), administração
da justiça e leis em geral. Vimos esse código no Museu do Louvre, Paris.
A tinta usada pelos
escribas era uma mistura de carvão em pó com uma substância líquida semelhante
a goma arábica. (Ver Jeremias 36.18; Ezequiel 9.2; 2 Coríntios 3.3; 2 João 12;
3 João 13.) 0 carvão é um elemento que se conserva admiravelmente através dos
séculos, não sendo afetado por substâncias químicas. Para a escrita em papiro
ou pergaminho, usavam penas de aves, pincéis finos e um tipo de caneta feita de
madeira porosa e absorvente. Para a cera usavam um estilete de metal (Is 30.8).
Cuidado redobrado havia
com a escrita dos livros sagrados. Devemos ser sumamente agradecidos aos
judeus por seu cuidado extremo na preparação e preservação dos manuscritos do
Antigo Testamento. Aqui estão algumas regras que eles exigiam de cada escriba.
O pergaminho tinha de ser preparado de peles de animais limpos, preparado
somente por judeus, sendo as folhas unidas por fios feitos de peles de animais
limpos. A tinta era especialmente preparada. O escriba não podia escrever uma
só palavra de memória. Tinha de pronunciar bem alto cada palavra antes de
escrevê-la. Tinha de limpar a pena com muita reverência antes de escrever o
nome de Deus. As letras e palavras eram contadas. Um erro numa folha,
inutilizava-a. Três erros numa folha, inutilizavam todo o rolo.
b. O formato dos MSS
Quanto ao formato, os
MSS podem ser códices ou rolos.
Códice é um MS em formato de livro, feito de
pergaminho. As folhas têm normalmente 65 cm de altura por 55 de largura. Este
tipo de MS começou a ser usado no Século II. O rolo podia ser de papiro
ou pergaminho. Era preso a dois cabos de madeira, para facilitar o manuseio
durante a leitura. Era enrolado da direita para a esquerda. Sua extensão
dependia da escrita a ser feita. Portanto, antigamente não era fácil conduzir
pessoalmente os 66 livros como fazemos hoje
c. A caligrafia dos MSS.
Há dois tipos de
caligrafia ou forma gráfica nos MSS bíblicos, o que os divide em unciais e
cursivos. Uncial é o MS de letras maiúsculas e sem separação entre as
palavras. Cursivo é o de letras minúsculas, tendo espaço entre as palavras.
Tal diferença na forma gráfica deu-se no século X. Palimpsesto é um MS
reescrito, isto é, a escrita primitiva era raspada e novo texto escrito por
cima. Isso ocorria devido ao alto preço do pergaminho. Inutilizava-se assim
uma escrita para se usar o mesmo material. Os manuscritos originais também não
tinham sinais de pontuação. Estes foram introduzidos na arte de escrever em
época recente. É claro, pois, que a pontuação moderna não é inspirada, e por
isso não dá, às vezes, sentido às palavras do original.
d. MSS originais da
Bíblia. MSS originais saídos das mãos dos escritores não há nenhum
conhecido. É provável que se houvesse algum, os homens o adorassem mais do que
ao seu divino Autor. Lembremos a adoração da serpente de metal pelos
israelitas (2 Rs 18.4) e da cruz de Cristo e da virgem Maria, pelos
católico-romanos; e o caso de João querer adorar o mensageiro celestial (Ap
22.8,9).
A falta de MSS originais
provém do seguinte:
1) O costume dos judeus de enterrar todos os MSS
estragados pelo uso ou qualquer outra coisa; isto para evitar mutilação ou
interpolação espúria.
2) Os reis idolatras e ímpios de Israel podem
ter destruído muitos, ou contribuído para isso. (Veja o episódio de Jeremias
36.20-26.)
3) O monstro Antíoco Epifânio, rei da Síria
(175-164 a.C), dominou sobre a Palestina durante seu reinado. Foi extremamente
cruel, sádico; tinha prazer em aplicar torturas. Decidiu exterminar a religião
judaica. Assolou Jerusalém em 168, profanou o templo e destruiu todas as
cópias que achou das Sagradas Escrituras.
4) Nos dias do feroz imperador Diocleciano
(284-305 d.C), os perseguidores dos cristãos destruíram quantas cópias acharam
das Escrituras. Durante dez anos, Diocleciano mandou vasculhar o Império para
destruir todos os escritos sagrados. Ele chegou a julgar que tivesse destruído
tudo, pois mandou cunhar uma moeda comemorando tal "vitória".
A literatura judaica diz
que a missão da Grande Sinagoga, presidida por Esdras, foi reunir e preservar
os MSS originais do AT, e que os MSS de que se serviram os setenta, foram esses
preservados pela Grande Sinagoga, que encerrou o cânon do AT.
e. MSS existentes mais antigos e mais
importantes
1) MSS do AT em
hebraico.
Até a descoberta dos MSS
do mar Morto, em 1947, os mais antigos MSS do AT hebraico eram:
• Códice dos
primeiros e últimos profetas. Está na Sinagoga Caraíta, do Cairo. Foi
escrito em Tiberíades, em 895 d.C, por Moses Ben Asher, erudito judeu de
renome. (Caraítas são os judeus que rejeitam a doutrina ortodoxa dos rabinos e
reclamam liberdade na interpretação da Bíblia.) Contém os primeiros profetas,
segundo a organização do cânon hebraico do AT: Josué, Juizes, 1 e 2 Samuel, 1
e 2 Reis. Contém também os últimos profetas: Isaías, Jeremias, Ezequiel, e os
Doze.
• Códice do
Pentateuco. Escrito cerca de 900 d.C, está no Museu Britânico, sob número
4445. Foi escrito por um filho de Moses Ben Asher: Arão.
• Códice
Petrogradiano. Escrito em 916 d.C. Contém apenas os últimos Profetas. Veio
da Criméia. Está na biblioteca de Leningrado (a antiga Petrogrado), donde o
nome.
• Códice Aleppo. Contém
todo o texto do Antigo Testamento. Copiado por Shelomo Ben Bayaa. Seus sinais
vocá-licos foram colocados por Moses Ben Asher, cerca de 930 d.C. Foi
contrabandeado em anos recentes da Síria para Israel. Será utilizado como base
da nova Bíblia Hebraica, em preparo pela Universidade Hebraica, de Jerusalém.
• Códice 19 A. Está
na biblioteca de Leningrado (Rússia). Data: 1008 d.C. O original foi escrito
por Moses Ben Asher, cerca de 1000 d.C. Foi copiado no ano 1008, no Cairo, por
Samuel Ben Jacob. Quando a Rússia o adquiriu, o comunismo ainda não dominava
ali. Este é o mais antigo MS completo do AT em hebraico. (Isto é, mais antigo
datado.)
• O rolo de Isaías,
mar Morto, 1947. Nos rolos descobertos, nas proximidades do mar Morto, em
1947, foi encontrado um MS de Isaías, em hebraico, do ano 100 a.C, isto é,
1.000 anos mais velho que o mais antigo MS até então existente. Uma vez que o
texto de tal rolo concorda com o das nossas Bíblias atuais, temos nisso uma
prova singular da autenticidade das Escrituras, considerando-se que esse rolo
de Isaías tem agora mais de 2.000 anos de existência!
2) MSS do Antigo e
Novo Testamento em grego.
É digno de nota que os
MSS mais antigos da Bíblia estão em grego. Esses manuscritos não são
originais, são cópias. Os originais saídos das mãos dos escritores, perderam-se.
Pela ordem cronológica, vamos citar os mais antigos MSS existentes da Bíblia
em grego:
• Códice Vaticano ou
"B". Pertence à biblioteca do Vaticano. Data: 325 d.C. O AT é
cópia da Septuaginta. Contém os apócrifos em separado. Essa biblioteca foi fundada
em 1488, e no seu primeiro catálogo, publicado em 1475, aparece esse MS. Ê
uncial.
• O Códice Sinaítico
ou "Álefe". Pertence ao Museu Britânico. Data: 340 d.C. Foi
descoberto pelo erudito cristão Tischendorf, em 1844, no Mosteiro de Santa
Catarina, no sopé do Monte Sinai. A história de sua aquisição é muito
impressionante. Foi o Czar da Rússia que o adquiriu, em 1899. O Governo inglês
comprou-o dos russos, em 1933, por 100.000 libras esterlinas, equivalentes
então a 510.000 dólares. Um dos livros mais caros do mundo. É uncial.
• Códice Alexandrino
ou "A". Pertence ao Museu Britânico. Data: 425 d.C. Tem este
nome porque foi escrito em Alexandria e também pertenceu à sua biblioteca. Em
1621, foi levado a Constantinopla por Cirilo Lúcar, patriarca de Alexandria.
Em 1624, Cirilo presenteou-o ao rei Tiago I da Inglaterra, o mesmo rei que
autorizou a famosa versão inglesa de 1611. Em 1757, o rei Jorge II doou a
biblioteca da família real à nação, e assim o famoso MS chegou ao Museu
Britânico. É um MS uncial.
• O Códice Efráemi ou
"C". Pertence ao Museu do Louvre, Paris. Data: 345 d.C. É um
palimpsesto. Ao ser restaurada a primeira escrita, constatou-se serem ambos os
Testamentos incompletos. O doutor Tischendorf publicou-o em 1845. É bilingüe:
grego e latim.
• Códice Bezae ou
"D". Pertence à biblioteca da Universidade de Cambridge,
Inglaterra. Data: Século VI. Contém os Evangelhos, Atos e parte das Epístolas.
• O Códice Claromontanus ou "D2". Pertence
ao Museu do Louvre, Paris. Data: Século VI. Contém as epístolas paulinas.
Estes três últimos são também unciais.
f. As Bíblias
impressas mais antigas.
1) 0 Antigo Testamento Impresso em Hebraico.
• O primeiro texto
impresso em hebraico do AT foi publicado em 1488, em Soncino, Itália. Contém os
sinais vocálicos.
• O segundo texto mais
antigo impresso em hebraico do AT é o constante da Bíblia chamada
"Complutensiana Poliglota", preparada pelo cardeal Ximenes, de
Cisneros, na Universidade de Alcalá, próximo a Madri, Espanha. Foi impressa em
1514 - 1517, mas somente distribuída em 1522. A Poliglota traz além do AT em
hebraico, o NT em grego, a Septuaginta em latim, e a Vulgata, em latim (AT e
NT). Abrange seis volumes.
• A primeira Bíblia
Rabínica. Foi preparada por Felix Pratensis e publicada por Daniel Bomberg, em
Veneza, em 1516-1517.
• O texto preparado por
Jacob Ben Chayin e impresso por Daniel Bomberg em Veneza, em 1524-1525,
tornou-se um texto padrão para estudo. Foi a segunda Bíblia Rabínica impressa.
• O texto de Amsterdam,
publicado entre 1661-1667. É uma combinação dos textos de Chayim e o de
Ximenes.
• 0 texto de Van der
Hooght, publicado em 1705. É uma revisão do texto de Amsterdam.
• O texto de Kennicott,
editado em 1776-1780. Este texto segue o de Van der Hooght de 1705.
• O texto de Letteris,
publicado em 1852. É uma revisão do texto de Van der Hooght. Este é o texto
padrão adotado em nossos dias pelas Sociedades Bíblicas em todo o mundo.
• O texto de Rudolph
Kittel, de 1906, originado do texto de Chayim. A terceira edição de Kittel, em
1937, abandonou o texto de Chayim, publicando o do MSS 19A.
2) O Novo Testamento impresso em grego
• O primeiro texto
impresso em grego do NT é o da "Complutensiana Poliglota", de que já
falamos quando nos ocupamos do texto impresso em hebraico.
• O texto de Erasmo
(teólogo holandês), publicado e distribuído em 1516. Este foi o primeiro texto
impresso distribuído, do Novo Testamento. A poliglota do Cardeal Xi-menes só
veio a público em 1522, mas fora impressa em 1514-1517.
• O texto de Robert
Stephanus, publicado em 1546, em Paris. É baseado no de Erasmo e na Poliglota.
• O texto de Theodoro
Beza, publicado em 1565 e 1664. Base: Stephanus.
• 0 texto dos irmãos
Elzevirs, holandeses, de 1624-1678. Base: Stephanus e Beza. É conhecido como o
"Tex-tus Receptus" devido a uma expressão que contém no prefácio.
• 0 texto de Westcott e
Hort, dois eminentes eruditos ingleses. Data: 1881-1882. Suplantou o
"Textus Receptus".
• Há, por fim, os mais
recentes textos impressos do NT em grego, que são os de Herman Von Soden,
Scrivener, e Eberhard Nestle. Este último é muito utilizado no preparo de
versões modernas.
g. Os MSS do mar
Morto.
Num dia de verão, em
1947, o pastor beduíno árabe, Muhammad ad Dib, da tribo dos Taa'mireh, que se
acampa entre Belém e o mar Morto, saiu a procura de uma cabra desgarrada nas
ravinas rochosas da costa noroeste do referido mar, e encontrou um inestimável
tesouro bíblico. Estava o pastor junto à encosta rochosa do uádi Qüm-ram. Ao
atirar uma pedra numa das cavernas ouviu um barulho de cacos se quebrando.
Entrou na caverna e encontrou uma preciosa coleção de MSS bíblicos: 12 rolos
de pergaminho e fragmentos de outros. Um dos rolos era um MS de Isaías do ano
100 a.C, isto é, mil anos mais antigo que os exemplares até então conhecidos.
Os rolos estão escritos em papiro e pergaminho e envolvidos em panos de
li-nho. Outras cavernas foram vasculhadas e novos MSS foram encontrados.
Novas luzes estão
surgindo na interpretação de passagens difíceis do AT. Exemplos: em Êxodo 1.5,
o total de pessoas é 75, concordando assim com Atos 7.14. (O hebraico não tem
algarismos para os números e sim letras; daí, para um erro não custa muito...)
Em Isaías 49.12, o novo MS de Isaías diz "Siene" e não
"Sinin". Ora, Siene era uma importante cidade fronteiriça do Egito,
às margens do Nilo, junto à Etiópia. É hoje a moderna Assuam, com sua
extraordinária represa. Ezequiel 29.10 e 30.6 referem-se a essa cidade; a
versão ARC grafa "Sevené". Muitos eruditos pensavam até agora que o
termo "Sinin" de Isaías 49.12 fosse uma alusão à China. É muito
confortante saber que os textos desses MSS encontrados concordam com os das
nossas Bíblias.
Pesquisas revelam que os
MSS do mar Morto foram escondidos pelos essênios - seita ascética judaica -
durante a segunda revolução dos judeus contra os romanos em 132-135 d.C. Os
responsáveis por um grande mosteiro agora descoberto, ao verem aproximar-se as
tropas romanas, esconderam ali sua biblioteca! Nas 267 cavernas examinadas,
foram encontrados fragmentos de 332 obras, ao todo. Encontraram, inclusive,
cartas do líder dessa revolta: Bar Kochba, em perfeito estado, estando sua
assinatura bem nítida. Nos MSS encontrados há trechos de todos os livros do AT,
exceto Ester.
h. Cálculo da data de
um MS Calcula-se a data de um MS:
1) Pela forma das
letras. Cada forma representa uma é-poca, tanto no grego como no hebraico.
2) Pelo modo como estão escritas as palavras no
texto. Se ligadas ou separadas. Isto também indica época.
3) Pelas letras iniciais de títulos, parágrafos,
etc. Se adornadas ou singelas. Isto também indica o tempo.
4) Pelo carbono-14. Este é um método científico
e revolucionário. Trata-se do seguinte: Todo ser vivo absorve C-14. Cada 5.600
anos o C-14 perde metade de sua radioatividade primitiva. Assim cen<i?\ se
for medida a radioatividade de substância orgânica morta, ver-se-á quando ela
deixou de absorver C-14, ao morrer. Basta queimar uma pequena parte da
substância a ser testada e medir a radioatividade do C-14. Este método tem uma
precisão assombrosa, porque a natureza tem leis fixas, estabelecidas pelo
Criador. Um exemplo: o Unho que envolvia os MSS da Caverna 1 de Qümram, ao ser
testado, provou ser do ano 33 d.C. Isto é, a planta deixara de existir naquele
ano.
5) Pelo Raio-X. Este
tipo de raio também ajuda a determinar a idade de objetos antigos, por meio da
fotografia e certas reações.
III. A TRADUÇÃO DA
BÍBLIA.
Era preciso a tradução
da Bíblia para dar cumprimento às palavras do Senhor Jesus após ressuscitar:
"Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura" (Mc
16.15). Ora, o mundo está dividido em nações, tribos e povos, cada qual com
suas línguas. Hoje, quando vemos as Escrituras traduzidas em mais de 1.700
línguas, sabemos que Aquele que comissionou os discípulos para tão grande obra,
proveria também os meios para a sua realização.
a. Versões semíticas.
1) O Pentateuco
Samaritano.
Não é propriamente uma
versão. É o texto hebraico do Pentateuco, escrito nos velhos caracteres
hebraicos ou em samaritano. O samaritano é um dialeto oriundo do hebraico
antigo, surgido com a mistura do povo assírio trazido para Samaria por Sargão
II, por ocasião do cativeiro das 10 tribos. É uma mistura do hebraico antigo
com o assírio. Dele existem muitas cópias. É a Bíblia da seita dos
sama-ritanos, que teve início com a expulsão de Manasses de Jerusalém (Ne
13.23-30), e a conseqüente construção de um templo rival no monte Gerizim. Isso
marcou o início da contínua separação, pela qual "os judeus não se comunicam
com os samaritanos" (Jo 4.9). Em 1616, Pietro Delia Valle trouxe para a
Europa o primeiro exemplar do Pentateuco Samaritano, comprando-o em Damasco,
da mão de um samaritano. Os MSS existentes estão escritos em samaritano. Em
Nablus (a antiga Siquém) os samaritanos exibem antigos MSS do Pentateuco
Samaritano na sinagoga que lá se encontra. Há um desses manuscritos que eles
afirmam ter sido escrito por um bisneto de Moisés, no 13? ano após a conquista
de Canaã, por Josué, o que sabemos ser mera conjectura, sem fundamento.
2) Os Targuns.
São paráfrases ou
explicações, em aramaico do AT. A palavra significa "interpretações".
Quando os judeus regressaram do exílio, tinham perdido o uso do hebraico. Era
preciso que tivessem as Escrituras em hebraico, mas também era preciso que
alguém lhes transmitisse o real significado do texto. Nesse tempo, a leitura
em público, das Escrituras, era seguida de explicação pelo leitor, para que o
povo pudesse entender (Ne 8.8.) Os Targuns eram a princípio resumidos e
simples, mas pouco a pouco tornaram-se aperfeiçoados e, finalmente foram
reduzidos a escrita. Os principais Targuns são:
• O da Lei, feito
por Ónquelos, amigo de Gamaliel, do Século II d.C.
• Os dos Profetas e
Livros Históricos, feitos por Jonathan Ben Uziel, que diz ter sido
discípulo de Hilel, de é-poca posterior. (Não confundam os Targuns com o
Talmu-de; este é o conjunto de tradições judaicas e explicações orais do AT
reduzidas a escrita no Século II d.C.)
b. Versões gregas.
1) A Septuaginta.
É comumente designada
por "LXX". O nome vem do latim "Septuaginta", que quer
dizer "70". Aristeas, escritor da corte de Ptolomeu Filadelfo, que reinou
de 285-246 a.C, escrevendo a seu irmão Filócrates, conta que o referido
monarca, por proposta de seu bibliotecário, Demétrio de Falero, solicitou ao
sumo sacerdote judaico, Eleazar, que lhe enviasse doutores versados nas
Sagradas Escrituras para preparar-lhe uma versão delas, em grego. Ele muito
ouvia falar das Escrituras e queria uma versão delas, para enriquecer sua
vasta biblioteca, em Alexandria. O sumo sacerdote escolheu 72 eruditos (6 de
cada tribo) e enviou-os a Alexandria, os quais completaram a versão em 72 dias.
Josefo registra o fato com detalhes que o espaço não nos permite registrar. De
72 derivou-se o nome "Septuaginta."
A tradução foi feita na
ilha de Faros, situada no porto da cidade. Essa Bíblia teve a mais ampla
difusão entre as nações, especialmente naquelas onde estavam os judeus da
dispersão oriunda do cativeiro. Os magos que visitaram o menino Jesus, sem
dúvida, conheciam esta Bíblia no Oriente. Foi a Septuaginta um dos meios que
Deus usou na preparação dos povos e nações para o advento do Evangelho que
seria proclamado por Jesus e seus discípulos, ao chegar a "plenitude dos
tempos" (Gl 4.4). Ela, por onde quer que ia, disseminava as profecias que
apontavam para o Messias. A língua grega foi outro veículo usado por Deus. Ela
serviu para levar o Evangelho ao mundo de então.
Foi a Septuaginta a
primeira tradução completa do AT, do original hebraico. Foi também ela que
situou e dividiu os livros por assuntos como os temos hoje: Lei, História,
Poesia, Profecia. Não há um só exemplar original da Versão dos Setenta;
somente cópias, a mais antiga das quais data de 325 d.C. (É o MS Vaticano,
estudado noutra parte deste capítulo.) A carta de Aristeas é tida por espúria
por modernos estudiosos; sustentam estes que a Versão Septuaginta foi preparada
aos poucos; que o Pentateuco foi traduzido em 250 a.C, e em seguida, os demais
livros; terminando a versão em 150 a.C. Seja como for, é ela a mais antiga
tradução da Bíblia hebraica. Os outros grandes MSS da LXX são os já estudados
códices: Vaticano, Sinaítico e Alexandrino. A Septuaginta é usada ainda hoje na
Igreja Grega. Sua primeira aparição impressa é a constante da Complutensiana
Poliglota publicada em Alcalá, província de Madri, em 1514-1517, e distribuída
em 1522 pelo Cardeal Ximenes.
2) A versão de Áqüila, natural de Sínope,
cidade do Ponto. É uma tradução puramente literal. Contém só o AT. Foi feita em
138 d.C, no reinado de Adriano. Existe em fragmentos.
3) A versão de Teodocião, natural de
Éfeso, coevo de Justino Mártir, que o menciona em seus escritos. Foi feita em
160 d.C, no tempo do Imperador Cômodo. Não é mais que uma revisão dos LXX.
Contém só o AT. Teodocião era ebionita.
4) A versão de
Símaco, feita em 218. Só do AT. Símaco era também ebionita. Existe em
fragmentos.
5) A Héxapla, de Orígenes. Não é
propriamente uma versão; é obra compendiada. Devido a falhas na tradução da
Septuaginta, Orígenes, grande erudito da igreja primitiva, compôs, em Cesaréia,
a sua Héxapla, ou versão de 6 colunas, em 228 d.C. As seis colunas estão
dispostas da direita para a esquerda, assim:
1ª O texto hebraico
2ª O texto grego
traduzido do hebraico
3ª A versão de Áqüila
4ª A versão de Símaco
5ª A Septuaginta
6ª A versão de Teodocião
Jerônimo consultou essa
obra no Século IV. É também citada por Euzébio, que dela copiou o texto dos LXX
e também correções e edições de outros tradutores que Orí-genes incluíra.
Admite-se que a famosa Héxapla perdeu-se no saque dos sarracenos contra
Cesaréia, em 653 d.C. Se ela tivesse chegado até nós, teríamos hoje três
traduções gregas para comparar com a dos Setenta. Dela só se conhece citações.
O texto dos Setenta, da Héxapla, foi publicado em 1714 por Montfaucon. Euzébio,
bispo de Cesaréia (263-340) o copiara.
c. Versões siríacas.
A partir de agora, entra
nas versões o NT. Poucos anos após a fundação da Igreja havia igrejas
espalhadas em regiões remotas como Ásia Menor, Roma, Antioquia, etc, isso
devido ao zelo inflamado pelo Espírito Santo nos crentes de então. Eles
percorriam as estradas acima e abaixo contando a história de Jesus. A
disseminação das Escrituras era por meio de cópias manuscritas. Os apóstolos
de Jesus ainda viviam quando as primeiras versões siríacas foram feitas.
1) A Peshito. Significa
simples. Foi feita diretamente do hebraico, pela Igreja Siríaca de
Edessa, no Nordeste da Mesopotâmia, no século II. Abrange pela primeira vez o
NT, com exceção de poucos livros. E ainda hoje a Bíblia do remanescente da
Igreja Siríaca. Começou a ser feita quando ainda viviam os apóstolos, isto é,
no século I, e foi concluída entre 150 a 200 d.C. Deu origem a outras versões,
como seja, a árabe, a pérsica e a armênia. Esta versão serviu às igrejas do
Oriente.
2) A versão
Filoxênia. Traduzida por Filoxeno, em 508, bispo de Hierápolis na Ásia
Menor. Compreende só o Novo Testamento.
d. Versões latinas.
O latim era a língua
falada pelos romanos. Foi língua importantíssima, especialmente considerando-se
que o último império mundial foi o romano. O latim foi implantado à medida
que o império romano realizava suas conquistas. João, em seu Evangelho,
diz-nos que o título posto sobre a cruz de Jesus estava escrito também em latim
(Jo 19.20). Foram as seguintes as versões latinas:
1) A Antiga Versão
Latina. É também chamada Versão Africana do Norte. Foi feita na África do
Norte, possivelmente em Cartago. Abrange ambos os Testamentos. Serviu às
igrejas do Ocidente. Seu AT foi traduzido não do texto hebraico e sim do texto
grego da Septuaginta. Foi concluída em 170 d.C. Era bem conhecida por
Tertuliano, falecido em 220, e de Agostinho. Teve várias revisões. Dela restam
uns 40 MSS.
2) A ítala. Também conhecida por Vetus
ítala (em latim). É mais propriamente uma revisão da Antiga Versão Latina. Foi
preparada na Itália, na segunda metade do Século II. Abrange ambos os Testamentos.
3) A Revisão de Jerônimo. É uma revisão
da Antiga Versão Latina, feita por Jerônimo em 382-387 d.C. Jerônimo foi
encarregado disso por Dâmaso, bispo de Roma. Nesse trabalho Jerônimo utilizou a
Héxapla de Orígenes. Foi nesse tempo que a Septuaginta começou a cair em desuso.
4) A Vulgata. É uma nova versão da Bíblia
por Jerônimo. O AT foi traduzido diretamente do hebraico, e do NT revisto. Em
assuntos bíblicos, foi Jerônimo o homem mais sábio do seu tempo. Era também
dotado de grande piedade e valor moral. Para realizar esta obra, ele
instalou-se num mosteiro, em Belém. Baseou-se na Héxapla de Orígenes. A versão
foi feita em 387-405 d.C. Tinha Jerônimo 60 anos quando iniciou a tarefa. Já
antes, em Belém, fizera a revisão da Antiga Versão Latina.
A Vulgata foi a Bíblia
da Igreja do Ocidente na Idade Média. Foi também ela o primeiro livro impresso
após a invenção do prelo, saindo à luz em 1452, em Mogúncia, Alemanha. Devido à
popularidade e difusão que teve, foi, no tempo de Gregório o Grande (604 d.C),
denominada "Vulgata", do latim "vulgos" = povo, isto é,
versão do povo, popular, corrente. Por mil anos a Vulgata foi a Bíblia de
quase toda a Europa. Foi ela também a base de inúmeras traduções para outras
línguas. Foi decretada como a Bíblia oficial da Igreja Romana no Concilio de
Trento, 4? Sessão, em 8 de abril de 1546; decreto este somente cumprido
em 1592 com a publicação de nova edição da Vulgata pelo Papa Clemente VIII.
Jerônimo nasceu em 342 e faleceu em Belém, em 420.
e. Outras versões orientais. Entre estas
podemos mencionar:
1) As versões
egípcias ou cópticas. São 3 as de primeira ordem. Foram feitas até o ano
500 d.C.
2) A Etíope, feita
em 330, abrangendo ambos os Testamentos, com base na LXX.
3) A Gótica, feita em 350, de ambos os
Testamentos também, com base na LXX.
4) A Armênia, feita no Século V. Base: os
LXX.
5) A Georgina, feita no Século V.
Preparada por meio de cópias da versão Armênia.
6) A Eslavônica, feita no Século IX.
Base: os LXX. É ainda hoje usada pelos eslavos orientais e meridionais. Ambos
os Testamentos. Foi preparada por dois irmãos missionários tessalonicenses à
Bulgária e Morávia: Cirilo e Metódio.
Além destas versões
orientais, há ainda as versões árabes, mas, de pouca importância para a
crítica textual.
f. Versões européias.
Após um intervalo de 300
anos, começaram no Século XII as traduções nas línguas da Europa, tais como o
francês (1487), o italiano (1432), o alemão (1534), o sueco (1541), o
dinamarquês (1550), o holandês (1560), o espanhol (1602), o finlandês (1642),
o português (1681), etc. Hoje em dia a Bíblia está traduzida não só em todas as
principais línguas da Europa, como também em todas as principais do mundo.
Em muitos dos países
acima mencionados, houve tradução das Escrituras em datas bem anteriores, mas
em porções e com diminuta circulação. A base da maioria das traduções que
acabamos de mencionar foi a Vulgata.
Das versões européias,
vamos destacar apenas três, devido à sua importância, que são:
1) Versões inglesas. Foi
a Bíblia que formou a mentalidade do povo inglês e firmou a seriedade
nacional. O povo inglês tem alta veneração pela Bíblia. Ela é tida e considerada
como o sustentáculo daquele povo. Quando certo imperador chinês perguntou à
rainha Victória: - "Que fez a vossa nação tornar-se tão importante em
todos os sentidos?" Tomando uma Bíblia em suas mãos, respondeu a rainha:
- "Este Livro, senhor".
A Inglaterra foi a
primeira nação a ter a Bíblia em sua própria língua. Até então, as Escrituras
estavam encerradas em latim, desde muitos séculos; língua essa já desconhecida
do povo em geral. Pequenas porções da Bíblia foram traduzidas para o inglês a
partir do Século VIII. Beda, falecido em 735, traduziu os quatro Evangelhos.
Outras porções foram traduzidas até 1300 d.C.
Houve 13 principais
versões em inglês, abrangendo a Inglaterra e os Estados Unidos, feitas entre
1380 e 1978. A primeira, de 1380, foi feita por John Wycliffe. Este foi um
grande erudito e estudioso das Escrituras. Decidiu traduzir toda a Bíblia para
a língua inglesa. O NT foi concluído em 1380. Até que ponto Wycliffe traduziu o
AT é incerto, pois morreu em 1380, antes de completar a tarefa. Depois de
morto, seu túmulo foi aberto por ordem do Papa; seu esqueleto foi queimado e
as cinzas lançadas ao rio Swift. Seus auxiliares concluíram o trabalho após sua
morte. É tradução da Vulgata. Tanto Wycliffe como seus auxiliares enfrentaram
tenaz oposição. O prelo ainda não existia, e um escriba levava muitos meses
para copiar uma Bíblia. Os exemplares eram caríssimos. Foi publicada em 1388
por Purvey, já com revisões. Purvey era o assistente de Wycliffe.
Pela ordem, o segundo
tradutor inglês foi Tyndale. Estudou em Cambridge e Oxford. Conhecia a fundo o
grego e demais línguas bíblicas. A Bíblia do Tyndale foi a primeira versão
inglesa feita dos idiomas originais. Foi também a primeira Bíblia impressa em
inglês. Tyndale enfrentou tal perseguição na Inglaterra, que foi obrigado a
seguir para a Europa continental para poder continuar seu trabalho. Publicou
ele o NT em Worms, Alemanha, em 1525. Devido à perseguição, os exemplares
tiveram de entrar na Inglaterra como contrabando. Lá, quando descobertos, eram
queimados. Tyndale foi morto antes de concluir a tradução do AT. Foi
estrangulado e depois queimado, em 6 de outubro de 1536, pelos
católico-romanos de Antuérpia. A influência do seu monumental trabalho
continua até hoje, porque a famosa Versão Autorizada, hoje em uso, é praticamente
uma revisão da de Tyndale.
As quatro principais
versões recentes inglesas são:
a) A Versão Autorizada ou Versão do Rei
Tiago. Seis meses após Tiago subir ao trono da Inglaterra (1603) presidiu
uma conferência religiosa em Hampton, já em 1604. A conferência tinha por fim
considerar as queixas dos puritanos contra os anglicanos. Dessa conferência
resultou a nomeação de 54 teólogos para prepararem uma nova versão da Bíblia
(mas só 41 tomaram parte na obra). Foi publicada em 1611. Continua até hoje
sendo a Bíblia favorita dos povos de fala inglesa. Há 3 séculos vem ela
mantendo o primeiro lugar entre as demais versões em inglês.
b) A Versão Revisada
(English Reuised Version). Feita por um grupo de sábios ingleses e
norte-americanos. O Novo Testamento foi publicado em 1881 e o AT em 1885. Tem
grande vantagem sobre as Bíblias anteriores. É uma revisão da Versão
Autorizada. No seu preparo foram utilizados MSS a que os teólogos da Versão
Autorizada não tiveram acesso. Nela tomaram parte homens famosos como Sayce,
Driver, Angus, Lightfoot, Westcott e outros doutores da Bíblia.
c) A Versão Revisada Americana (American
Standard Version). Esta versão é o texto preferido pelos membros
norte-americanos do Comitê que preparou a Versão Revisada de 1881-1885. Foi
publicada em 1900 (NT) e 1901 (AT).
d) A Versão Padrão Revisada (Revised Standard
Version).^ mais uma nova versão do que revisão. Foi preparada nos Estados
Unidos. Os primeiros passos para essa grande obra foram dados em 1929 quando
foi nomeado o corpo de teólogos tradutores e mestres de reconhecida
competência. Alguns deles foram Goodspeed, Moffat, Millar Burrows, Abright.
Novos textos originais foram consultados. O NT foi publicado em 1946 e o AT em
1952. Há prós e contras quanto a esta versão. Não teve a popularidade que era
de se esperar. As quatro versões mais recentes são: New English Bible (1970);
Good News Bible (1976); Jerusalém Bible (1966), e New
International (1978). Esta última é considerada a versão mais fiel publicada
até hoje em língua inglesa.
2) Versão alemã. Lutero preparou-a
traduzindo dos originais. Concluiu-a em 1534. Houve antes outra versão derivada
da Vulgata, de tradução literal, no Século XIV. Lutero executou o trabalho em
plena Reforma, publicando a versão em 1522. Esta Bíblia foi de inestimável
valor para o Movimento da Reforma. Foi tão bem feita que serviu de base para o
alemão literário. Na Alemanha, a Bíblia é considerada como o começo da
literatura alemã.
3) Versões em português. Como aconteceu
em relação a outros idiomas, a Bíblia não foi inicialmente traduzida por
inteiro em português. D. Diniz, rei de Portugal (1279-1375), traduziu da
Vulgata uma parte do livro de Gênesis. O Rei D. João I (1385-1433) ordenou a
tradução dos Evangelhos. Esse mesmo rei traduziu os Salmos. Frei Bernardo
traduziu o Evangelho de São Mateus no Século XV. Em 1495, a rainha Leonor,
casada com D. João II, mandou publicar o livro "Vida de Cristo", uma
espécie de harmonia dos Evangelhos. Em 1505, a mesma rainha mandou imprimir os
Atos e Epístolas Universais.
Agora vejamos as
traduções completas.
a) A Versão de
Almeida.
João Ferreira d'Almeida
foi ministro do Evangelho da Igreja Reformada Holandesa, em Batávia, então
capital da ilha de Java, na Oceania. (Batávia é agora a moderna Dja-karta,
capital da Indonésia) Java era então domínio holandês, conquistada aos
portugueses. Almeida traduziu primeiro o Novo Testamento, terminando-o em
1670; em 1681 foi ele impresso em Amsterdam, Holanda, isto é, 100 anos antes da
primeira edição católica da Bíblia - a de Figueiredo, 1781! Almeida traduziu o
Antigo Testamento até Eze-quiel 48.21, quando então faleceu em 1691.
Missionários seus amigos completaram a tradução, especialmente Ja-cob Opden
Akker. Almeida fez sua tradução do grego e hebraico, línguas que estudou após
abraçar o Evangelho. Utilizou também as versões holandesa (de 1637) e a espanhola
(de Valera, 1602). Seu Antigo Testamento foi publicado em 1753, em Amsterdam.
A Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira começou a publicar o texto de
Almeida em 1809, publicando a Bíblia completa pela primeira vez, em 1819. O
texto de Almeida não era muito bom por ele ter deixado Portugal muito cedo e
não ter cultura profunda.
O texto de Almeida foi
revisado em 1894 e 1925. Em 1951, a Imprensa Bíblica Brasileira (organização
batista independente) publicou a "Edição Revista e Corrigida", abreviadamente
ARC.
Uma comissão de
especialistas brasileiros trabalhando de 1945 a 1955 apresentou recentemente a
"Edição Revista e Atualizada" de Almeida (ARA). É uma obra magnífica
com linguagem qualificada e de melhor tradução. O NT foi publicado em 1951 e o
AT em 1958. A publicação é da Sociedade Bíblica do Brasil. A comissão revisora
compôs-se de 30 elementos dos mais abalizados de várias denominações. Foram
membros, figuras como Sinésio Lira, A.C. Gonçalves, Crabtree, R.G. Bratcher, W.
C. Taylor. Foi usado o texto grego de Nestle para o NT, e o hebraico de
Letteris, para o AT. Fez-se o melhor possível. Há uma comissão permanente de
revisão acompanhando os progressos da crítica textual.
Alguns dados pessoais
de Almeida. Nasceu
em Torre de Tavares, em Portugal, em 1628. Emigrou para a Holanda, e daí seguiu
para Java, achando-se aí em 1641. Converteu-se na Igreja Reformada Holandesa em
1642 por meio de um folheto que tratava sobre a "Diferença da Cristandade
entre a Igreja Reformada e a Igreja Romana". Casou-se em 1651 com a filha
de um pastor. Foi ordenado ao santo ministério em 16 de outubro de 1656.
Aprendeu grego e hebraico e começou a traduzir o Novo Testamento, tendo como
base o "Textus Receptus" dos irmãos Elzevirs, segunda edição de 1633.
Faleceu em 6 de agosto de 1691. A Igreja Católica, através do tribunal da
Inquisição, queimou-o em estátua, em Gôa, antiga possessão portuguesa na
índia. A Igreja Romana, nem mesmo agora, no chamado Ecumenismo, se desculpou
de tais coisas...
b) A Versão de Figueiredo.
O padre Antônio Pereira
de Figueiredo, português, levou 17 anos no preparo de sua versão. Publicou o
NT em 1781 e o AT em 1790. É tradução da Vulgata. Foi um dos maiores latinistas
do seu tempo. Desde 1821, a SBBE publica o texto de Figueiredo. O texto atual
publicado pela SBBE é superior ao primitivo.
c) A Tradução
Brasileira. Começou em 1904, por uma comissão de vultos do evangelismo
brasileiro, nomeada pela SBA (Sociedade Bíblica Americana) e SBBE (Sociedade
Bíblica Britânica e Estrangeira). Entre outros, foram membros da comissão:
Antônio Trajano, Eduardo Carlos Pereira e Hipólito de Oliveira Campos. O NT foi
publicado em 1910 e o AT em 1917. A tradução é mui fiel ao original. Há muita
rigidez na tradução. Falta-lhe a beleza de estilo e a segurança vernacular,
porque a tradução é literal, e não à base da equivalência dinâmica, como se diz
em lingüística.
d) A Versão de
Rhoden. Consta só o NT. Era padre brasileiro de Santa Catarina, quando da
tradução. Começou o trabalho como estudante, na Alemanha, em 1924-1927,
concluindo-o no Brasil. Foi publicada em 1935. Este padre deixou a Igreja
Romana. É versão muito usada para estudo comparativo e crítica textual. O texto
grego usado foi o de Nestle.
e) A Versão de Matos
Soares. Também padre brasileiro. Traduziu a Vulgata. Concluiu a tradução
em 1932, mas só em 1946 foi publicada. É a Bíblia popular dos católico-romanos
brasileiros. A versão carece de fidelidade. Como todo tradutor católico,
nota-se em Matos Soares preconceitos e tendências, especialmente nos itálicos,
que às vezes tem texto maior que o próprio original. O Papa é conivente
nisto, conforme sua carta do Vaticano de 1932.
Alguns outros
informes sobre a Bíblia em português.
• A Bíblia foi impressa
a primeira vez no Brasil, em 1944, pela Imprensa Bíblica Brasileira.
• Entre as Bíblias mais
populares do mundo está a em português. As outras são: a Vulgata, a de Lutero,
e a Versão Autorizada (inglesa).
• Há no Brasil três
entidades evangélicas publicadoras e distribuidoras de Bíblias. A primeira é a
Imprensa Bíblica Brasileira fundada em 1940. A segunda é a Sociedade Bíblica
do Brasil fundada em 10-06-1948, resultante da fusão das agências da SBA e
SBBE que funcionavam no Brasil. A terceira é a Sociedade Bíblica Trinitariana,
com sede em São Paulo.
• A primeira agência
distribuidora de Bíblias no Brasil foi a da SBBE, em 1856; a segunda foi a da
SBA, em 1876, ambas na cidade do Rio de Janeiro. Antes disso, vinham Bíblias
para o Brasil através de comandantes de navios, que as entregavam a casas
comerciais para revenda. A mais antiga Sociedade Bíblica do mundo é a SBBE
fundada em 1804; a segunda é a SBA, fundada em 1816.
• Na distribuição de
Bíblias em todo o mundo, o Brasil ocupa o segundo lugar!
IV. PARTICULARIDADES
SOBRE O TEXTO BÍBLICO EM GERAL E A SUA TRADUÇÃO
1) As palavras em
itálico. Não constam do original. Foram introduzidas na tradução para
completar o sentido do texto. Em português, a única versão protestante com
itálicos é a ARC.
2) O uso da margem. Muitas Bíblias tem na
sua margem em determinados trechos, a tradução literal do hebraico ou do
grego. Às vezes, tem uma tradução diferente quando o caso é duvidoso. São
muito úteis essas notas marginais.
3) Datas impressas no texto. Muitas
Bíblias antigas, em português, bem como noutras línguas, trazem datas impressas
no texto. São datas da chamada "Cronologia Aceita" elaborada pelo
arcebispo Ussher (anglicano) e inseridas pela primeira vez no texto bíblico em
1701. Depois de Ussher, surgiram outras cronologias como a de Calmet,
Hales, etc. As
investigações modernas e descobertas arqueológicas têm alterado em muitos
pontos a cronologia tradicional. A cronologia é terreno movediço, especialmente
quanto aos primeiros milênios da História.
4) O sumário dos capítulos. São preparados
pelos editores, e nada tem com a inspiração e o texto original. As exceções
são algumas frases introdutórias de certos salmos, como o 4, 5, 6, 7, 8, 9, 22,
32, 45, 46, 53, 56, 69, 75, etc. Tais sumários nem sempre correspondem aos
capítulos aos quais se referem. Há casos até negativos, como a parábola dos
"Dez Talentos", quando não são dez; a "Parábola do Rico e
Lázaro", quando não se trata de parábola, e assim por diante.
5) A divisão do texto bíblico em capítulos e
versículos. Não vem do original. A primeira Bíblia que trouxe essa divisão
foi a Vulgata, em 1555. Em muitos casos, a divisão tanto em capítulos como em
versículos, quebra o sentido, biparte o texto e altera toda a linha do
pensamento. Exemplo de capítulos: Isaías 53, que devia começar em 52.13; João
capítulo 8, devia começar em 7.53; 2 Rs 7 devia começar em 2 Rs 6.24; o
capítulo 3 de Colossenses devia terminar 4.1; o capítulo 10 de Mateus devia
começar em 9.35; Atos 5 devia começar em 4.36, etc.
Com a divisão em
versículos, acontece a mesma coisa, por exemplo: Efésios 1.5 devia começar com
as duas últimas palavras de 1.4; 1 Coríntios 2.9,10 devia ser um só versículo;
o mesmo devia ocorrer com Jo 5.39,40. Na Epístola aos Romanos, bem como em
Efésios, há diversos casos desses. Também a divisão em versículos não é a mesma
em todas as versões; por exemplo Daniel 3.24-30 da ARC, corresponde a 3.91-97
em Matos Soares; Lucas 20.30 na ARC, corresponde a Lucas 20.30,31 na
"Tradução Brasileira". Marcos 9.49 deve ficar ligado ao versículo 48,
e não como está na ARA, tendo a epígrafe entre os dois versículos.
6) A divisão do texto
em parágrafos é muito útil para a sua compreensão. O Salmo 2, por exemplo,
contém 5 parágrafos, tendo cada um aplicação diferente (vv 1-3, 4-6, 7-9,
10-12a; 12b). A única versão em português que indica os parágrafos é a ARA, com
um tipo negrito cada vez que isso ocorre. Há versões noutras línguas que dão
tanta importância a essa divisão, que, para maior comodidade do leitor,
imprimem o próprio sinal gráfico para parágrafo (muito parecido com um
"P" invertido).
7) Traduções da
Bíblia até 1984. A Bíblia toda ou em parte acha-se traduzida em 1795
línguas e dialetos.
Ainda restam cerca de
1.000 línguas em que ela precisa ser traduzida.
QUESTIONÁRIO
1. Quais as línguas originais da Bíblia? E
destas, quais as duas principais?
2. Que outros nomes tem a língua hebraica, no
Antigo Testamento?
3. De quantas letras compõe-se o alfabeto
hebraico?
4. Que quer dizer "texto massorético"?
Por que tomou esse nome?
5. Em que época foram colocados na escrita
hebraica os sinais vocálicos? Qual a principal finalidade disso?
6. Quais os dois tipos existentes de texto
hebraico das Escrituras do AT?
7. Que outros nomes tem a língua aramaica? Em
que região era falada?
8. Cite as referências dos textos do AT escritos
em aramaico.
9. Em que época e em que país aprenderam os
judeus o aramaico?
10. Que nome tomara o aramaico na Palestina nos
dias de Jesus, como costumam dizer os eruditos?
11. Quando o NT faz menção da língua hebraica, trata-se
na realidade de que idioma?
12. Em que tipo de grego foi escrito o Novo
Testamento? A partir de quando surgiu tal dialeto?
13. De quantas letras compõe-se o alfabeto grego?
14. De que maneira o grego fez parte do preparo
do mundo para o advento do Salvador?
15. Que são manuscritos? Nos tratados bíblicos,
quais as suas abreviaturas?
16. Quais os dois materiais gráficos mais usados
nos MSS bíblicos?
17. Que nome tem o pergaminho preparado de modo
especial?
18. Cite os tipos de MSS quanto ao formato?
Descreva cada formato.
19. Que é um MS uncial? E um cursivo? E um
palimpses-to?
20. Cite algumas razões do desaparecimento dos
MSS bíblicos originais.
21. Qual o MS completo e mais antigo do AT em
hebraico?
22. Quais as três Bíblias completas mais antigas
em grego?
23. Quando surgiu o primeiro texto impresso em
hebraico, do AT? E do NT, em grego?
24. Em que ano foram descobertos os famosos MSS
do mar Morto?
25. Como calculam os eruditos as datas dos MSS?
26. Em que caracteres está escrito o texto do
Pentateuco Samaritano?
27. Que são Targuns?
28. Que quer dizer Septuaginta? Por que essa
versão tomou este nome?
29. Em que época e país foi preparada a
Septuaginta?
30. Que Igreja ainda usa a Septuaginta?
31. Qual a primeira versão que inclui o Novo
Testamento?
32. Quem traduziu a Vulgata? em que ano e país
foi concluída tal versão?
33. Que relação especial tem a Vulgata com a
Igreja Romana?
34. Qual a mais estimada versão inglesa? Dê o ano
e o nome dessa versão.
35. Cite uma razão por que a Bíblia de Lutero
tornou-se tão importante.
36. Em que ano foi publicada a Bíblia de Almeida,
NT e AT? (primeira vez)
37. Idem, a de
Figueiredo?
38. Quem era Almeida, e onde fez a tradução da
Bíblia em português?
39. Além de Almeida e Figueiredo, quais outras
versões foram mencionadas no estudo das traduções em português.
40. Qual a primeira Bíblia que apareceu dividida
em capítulos e versículos?
41. Cite o número de traduções da Bíblia toda ou
em parte, até o presente.
Os escribas dedicavam
suas vidas ao estudo e transcrição dos textos sagrados
6
A seqüência da história bíblica
Esboço do Capítulo
I. A ÉPOCA PRÉ-ABRAÂMICA
1. O Período Antediluviano
2. O Período do Dilúvio
a Abraão
II. A ÉPOCA DE ISRAEL
1. O Período dos Patriarcas
2. O Período de Israel no Egito
3. O Período de Israel no Deserto
4. O Período da Conquista de Canaã
5. O Período dos Juizes
6. O Período da Monarquia
7. O Período do Reino Dividido
8. O Período do Cativeiro e Restauração
9. O Período Interbíblico
a. A Palestina sob os Persas
b. A Palestina sob os Gregos
c. A Palestina sob os Macabeus
d. A Palestina sob os Romanos
III. A ÉPOCA DO
CRISTIANISMO
1. O Período da Vida de
Cristo
2. O Período da Igreja
em Jerusalém
3. O Período da Igreja
Missionária
Temos neste capítulo um
resumo da marcha da história bíblica, de conformidade com o Antigo e o Novo
Testamento, tendo em vista apenas o povo de Deus. A história dos demais povos
bíblicos, e outros afins, pertence a outro estudo. Por povo de Deus queremos
dizer os fiéis de Deus em todos os tempos, compreendendo judeus e gentios.
A necessidade de um
estudo como este vem do fato de que os 66 livros do cânon sagrado não aparecem
na Bíblia em ordem cronológica, e sim pela ordem dos assuntos, conforme já
mostramos em capítulo anterior. O conhecimento da seqüência histórica da Bíblia
habilitará o estudante a orientar-se em qualquer lugar em que se encontre no
texto sagrado. A seqüência histórica da Bíblia é como um fio atravessando um
todo, situando em seus lugares as coisas, pessoas e fatos registrados; em o
nosso caso, nas Escrituras.
O fim principal em
vista, aqui, não é suprir o leitor de dados cronológicos. A cronologia que
apresentamos é apenas o indispensável. É oportuno afirmar que toda cronologia
antiga é terreno movediço. Pesquisas e descobertas arqueológicas levadas a
efeito nos últimos anos demonstram que é preciso uma revisão total nas datas
até agora aceitas, especialmente aquelas dos primeiros milênios da história
humana, abarcando as principais e primitivas civilizações como a babilônica,
acadiana, egípcia, etc. As evidências arqueológicas conduzem a uma redução nas
atuais datas. As atuais e mais credenciadas autoridades nesse campo, declaram,
por exemplo, que a primitiva civilização babilônica deve recuar para 2.500
a.C. em vez de 3.500, como vem sendo divulgado até agora. Uma tão importante
revisão de datas não pode nem deve ser feita às pressas.
Os principais luminares
no assunto afirmam que é preciso esperar mais algum tempo até que se obtenha
uma confirmação da exatidão das novas datas que já estão aparecendo em muitos
livros, revistas e outras publicações do 100 gênero. Há historiadores
apressados que acham que tudo deve ser mudado agora mesmo, mas, considerando a
importância do assunto (a seqüência da história bíblica), é preciso reserva e
cautela, porque as novas datas modificarão quase todo o sistema até agora
aceito. Acresce ainda o fato de que muitas das novas datas estão sendo postas
em dúvida devido à má tradução de placas, tijolos e demais achados
arqueológicos multisseculares.
Devido às circunstâncias
acima expostas, preferimos seguir a tradicional "cronologia aceita"
com algumas variantes novas que já não padecem contestação. As poucas datas
que aparecem neste capítulo, poderão estar alteradas noutros livros ora em
circulação, mas o melhor é aguardar confirmação definitiva dos fatos, do que
apresentar uma coisa em dúvida. Muitas das novas datas, quando postas na
corrente de dados cronológicos, ou colidem com fatos da mesma época ou alteram
a ordem deles.
Obras de renome com
novos dados cronológicos estão sendo lançadas na outra América e na Inglaterra.
Certamente teremos tais obras traduzidas entre nós posteriormente.
Procuramos tornar este
capítulo o mais inteligível possível; reconhecemos, contudo, que, se o leitor
tiver um razoável conhecimento prévio de história antiga, isso o ajudará a
compreender a seqüência que vai ser apresentada. Caso não tenha, aconselhamos
a ler o capítulo todo mais uma vez, e consultar obras de vulto no assunto.
Nossas Bíblias com datas
impressas vêm de 1701. Tais datas são da "Cronologia Aceita",
elaborada pelo arcebispo Ussher, em 1650, época essa que não se dispunha dos
modernos meios, recursos e investigações científicas como as atuais. O sistema
de Ussher está obsoleto em grande parte, todavia não pode ser posto de lado até
que apareça uma revisão com indiscutível veracidade.
Portanto, as datas que
aparecem aqui, ao lado da História não têm a pretensão de precisão. Apenas
integram a seqüência histórica, demarcando-a.
Para efeito de estudo, a
seqüência histórica do povo de Deus como a temos na Bíblia, contém três grandes
épocas, que são:
I. A ÉPOCA
PRÊ-ABRAÂMICA. Da criação de Adão à chamada de Abraão. 4000-2000 a.C. Dois
mil anos. (Números redondos para facilitar a memorização).
II. A ÉPOCA DE
ISRAEL. Da chamada de Abraão ao advento de Cristo. 2000-5 a.C. Dois mil
anos.
III. A ÉPOCA DO
CRISTIANISMO. Do advento de Cristo à morte do apóstolo João: 5 a.C-100 d.C.
Trataremos agora de cada uma destas grandes épocas da História Bíblica,
divididas em períodos. Lembremo-nos de que é um resumo que vai ser
apresentado. Só os fatos marcantes e salientes aparecem; os pormenores não.
I. A ÉPOCA PRÉ-ABRAÀMICA
Esta época abrange dois
períodos históricos: 1. O Período Antediluuiano, que vai de Adão ao Dilúvio;
de 4004-2348 a.C. - 1656 anos. É descrito no livro de Gênesis até o capítulo 6
e contém o relato da origem de todas as coisas. O homem é o ápice da Criação.
Feito do pó da terra, e recebendo também o espírito de vida outorgado por Deus.
Teve assim duas naturezas: uma terrena para pô-lo em contacto com o material, e
outra celestial para comunhão com Deus. A Bíblia declara nos capítulos acima
que o homem foi criado, não evoluído através de estágios sucessivos. Adão, ao
ser criado, não se comportava como um nenezinho ou como um silvícola, e sim
como um homem adulto e de conhecimento e inteligência extraordinários.
A civilização
antediluviana foi adiantadíssima em intelectualidade, artes e profissões,
coisas comprovadas pela Bíblia e a Ciência, especialmente o ramo arqueológico.
Adão recebeu a revelação diretamente de Deus. A entrada do pecado na raça
humana reduziu profundamente a capacidade e a possibilidade do homem em todos
os sentidos. Assim sendo, o homem em si mesmo não tem evoluído ou progredido, e
sim regredido. O homem só evolui quando volta à sua origem, sua causa primária
- DEUS. O homem se embruteceu à medida que se afastou de Deus. Romanos,
capítulo 1, conta esta triste história.
O Período Antediluviano
ocorreu no Éden e suas proximidades, no Oriente. Trata-se da região
primitivamente chamada Sinar, depois Suméria e Babilônia. Essa região situa-se
exatamente na confluência de três grandes continentes: Europa, Ásia e África.
(Veja isto num mapa-múndi ou num planisfério.)
Por quanto tempo Adão
viveu no Éden antes de pecar só Deus sabe. Entendemos que seus 130 anos
mencionados em Gênesis 5.3 tenham decorrido após a queda. O tempo que ele viveu
como solteiro não é revelado. Talvez sua vida antes da queda fosse tão sublime,
que não fosse lícito revelar seus pormenores à raça posteriormente caída.
Talvez não compreendessem, pois a esfera em que vivia antes de pecar não tinha
comparação com a nossa. O apóstolo Paulo teve revelações divinas que ao mortal
não era lícito revelar, está escrito.
O vale do Eufrates é,
pois, o berço da raça humana. Nessa região, Deus pôs o homem na terra. Daí
surgiram e partiram as primitivas civilizações. O Jardim do Éden, de acordo com
eminentes autoridades e inferências arqueológicas, ficava em Eridu, 19 km ao
sul de Ur, na antiga Sinar. O Éden foi o cenário do começo da história
bíblica. Aí perto viveram também Noé e Abraão. As primeiras civilizações da
região sumeriana como as de Cis, Lagás, Ereque, Ur, Acade (o mesmo que Sipar),
Calné (o mesmo que Ni-pur), Larsa, Fará, ficavam todas em torno de Eridu. (Veja
isso num mapa das terras bíblicas primitivas.) Eram cida-des-reinos. Foram
povos altamente adiantados. Algumas de suas cidades constam de Gênesis
10.10-12. Todo o capítulo 10 de Gênesis é altamente importante para o estudo
dessas civilizações primitivas.
Fará é o local tradicional da residência
de Noé. Após a queda de Adão, Deus mesmo mostrou-lhe como aproximar-se dele
para com Ele ter comunhão e adoração. Adão viu que um animal foi morto para que
sua pele cobrisse a sua nudez e a de Eva, por causa da sua transgressão. Certamente
ele ensinou a seus filhos o caminho da comunhão com Deus através dos
sacrifícios. Abel fez o mesmo. Noé também. Os demais de vida piedosa que se
seguiram, sem dúvida, agiram do mesmo modo. Esses sacrifícios de animais
inocentes: a) Testemunhavam que "o salário do pecado é a morte" (Rm
6.23). b) Ensinavam a sublime doutrina da substituição, tão bem explicada na
Epístola aos Romanos, c) Apontavam para o Senhor Jesus Cristo, "o Cordeiro
morto desde a fundação do mundo" (Ap 13.8). Como homens de Deus,
salientam-se neste período histórico: Abel, Sete, Noé e Enoque. A longevidade
extraordinária registrada nesse tempo tem sua explicação em fatores como: a)
As conseqüências físicas e espirituais do pecado, que resultam em enfermidades
e morte na raça humana, tinham apenas começado o seu curso, b) A maldição
lançada sobre a terra devido à queda do homem, também, tinha apenas iniciado
seus efeitos, c) As condições climaté-ricas eram outras, d) A capacidade da
terra na produção de alimentos era também superior, e) A longevidade também
seria necessária para o povoamento da terra, f) Temos ainda a considerar a
misericórdia de Deus para com a raça humana incipiente.
No Milênio, quando as
condições de vida e o meio ambiente serão maravilhosos, devido à influência
pessoal de Cristo, a vida humana será outra vez prolongada.
2. Do Dilúvio a
Abraão. De 2348-1921 - 427 anos. O Dilúvio ocorreu provavelmente em 2348
a.C. Muitas cidades antediluvianas foram reconstruídas como a arqueologia tem
provado. A arca de Noé repousou num dos montes da cordilheira do Ararate, perto
das cabeceiras do Eufrates. (Veja isso num mapa.) Mas Noé, após o Dilúvio,
retornou à sua primitiva terra - Sinar, mais tarde chamada Babilônia (Gn
11.2).
Cerca de 100 anos após o
Dilúvio, deu-se a dispersão das raças mediante o juízo divino da confusão das
línguas (Gn 11), para obrigar os povos a cumprir o que Deus determinara sobre
o povoamento da terra (Gn 9.1,7). Ninrode, contrariando o plano divino,
constituiu uma federação de cidades-reinos, tornando-se, assim, o fundador do
imperialismo. Era isso um plano de Satanás para neutralizar a ordem divina.
Coisa idêntica acontecerá durante a Grande Tribulação, quando o Inimigo
unificará as nações contra o Senhor Jesus Cristo (Ap 16.14; 19.19). irvi
Na dispersão provocada
pelas línguas, os semitas, descendentes de Noé, fixaram-se nos vales do Tigre,
Eufrates e regiões próximas do Leste da Ásia. Dos semitas, surgiram grandes
civilizações como os elamitas, os assírios, os cal-deus, os
arameus ou sírios (estes depois mesclaram-se com os poderosos
mitânios), os árabes, e os hebreus. A esta altura dos fatos, é
oportuno observar que antes da dispersão das raças, Noé, tomado de espírito
profético, descreveu de antemão o futuro das três grandes raças-troncos
originais, isto é, semitas, camitas ejafetitas (Gn 9.25-27). Tal profecia
vem cumprindo-se admiravelmente através dos séculos. Segundo essa profecia, o
papel dos semitas seria mais religioso do que secular. ("E habite Ele nas
tendas de Sem", v 27). Isto cumpriu-se de modo cabal em Cristo, segundo
Mateus 1.1 e Hebreus 7.14.
Os camitas (descendentes
de Cão) ocuparam a Arábia Meridional, o Leste do Mediterrâneo, o Sul do
Eufrates e o Leste da Ásia. Ocuparam também a África. A princípio, os camitas
evoluíram muito. Deram origem a povos admiráveis de que até hoje orgulha-se a
História, como: os egípcios, os babilônios (primitivos), os turânios (povos da
Ásia Central), os sumérios, os mitânios, os hititãs, os amorreus e os indus
(primitivos). Os hititas e os amorreus foram dos povos mais poderosos que já
existiram. A história dos hititas está sendo desenterrada agora pela pá do
arqueólogo. Os não menos importantes fenícios eram também camitas. As primeiras
monarquias do Leste da Ásia foram camitas, inclusive o reino da Acádia, na
terra de Sinar.
Olhai agora o reverso da
História. Os primitivos babilônios, camitas, foram subjugados pelos
semitas e jafetitãs. Os egípcios foram vencidos pelos hicsos, e depois duramente
castigados com pragas. Canaã foi conquistada pelos hebreus sob Josué. Os
notáveis fenícios, especialmente os de Cartago, foram derrotados pelos romanos
jafetitas. Todos os demais povos originários de Cão foram vencidos ou
absorvidos pelos semitas e jafetitas, restando presentemente em grande escala
apenas a África, cujo povo viveu até há pouco no subdesenvolvimento, na
escravidão, e fornecendo escravos. Grande parte dos povos da Ásia Oriental é
originariamente camita. Sofrem de retardo, com exceção do Japão, depois de
haver recebido a influência e cultura ocidental. Portanto, o progresso dos
jafetitas está na profecia. É interessante notar que a maldição foi proferida
contra a descendência de Cão, quando ele é que foi o transgressor. Talvez a
maldição não tenha caído sobre Cão, por ser ele crente: caiu sobre a sua
descendência infiel.
Vejamos agora os jafetitas.
Conforme a profecia, Jafé seria engrandecido. E assim vem acontecendo através
dos séculos. Povoaram eles parte da Ásia, originando as raças arianas e
indianas, as quais procederam do Cáucaso; os persas (donde procedem os atuais
iranianos e os medos), povoaram o Ocidente, isto é, a Europa, compreendendo os
gregos, os celtas, os iberos, os germanos e os russos. De conformidade com a
profecia mencionada inicialmente, desenvolveram as artes, ciências e a
indústria. São atualmente os detentores da cultura mundial. Os povos americanos
descendem deles. Não há região do globo onde os jafetitas não dominem ou não
influam duma maneira ou de outra. Este ligeiro exemplo é um tesouro de história
bíblica, como acabamos de ver. E, como livro de história, a Bíblia não tem
comparação. Se não fosse a Bíblia, estaríamos muito longe dos fatos atuais que
são o orgulho da civilização moderna.
O capítulo 10 de Gênesis
apresenta uma distribuição pormenorizada das raças após o Dilúvio. Ninrode,
camita, encabeçou a primeira civilização pós-diluviana. Fundou a cidade-reino
de Babel, e em seguida outras mais, mencionadas em Gênesis 10.9-12. Uma dessas
cidades, Acabe, tornou-se importantíssima. Dela saiu o famoso guerreiro Sargão
I, de admiração universal. Os sumérios e os acádios foram os povos mais
importantes logo após o Dilúvio. Depois os acádios suplantaram os sumérios e
imperaram em Ur. A família de Abraão, apesar de ser semita, vivia em Ur, que
nesse tempo conquistara a liderança do mundo como capital da Suméria. Abraão
deve ter nascido em Ur em 1996 a.C. Esse reino dominava do golfo Pérsico ao Mediterrâneo.
Era rei nessa época o famoso Hamurabi, da dinastia acadiana, identificado como
o Anrafel de Gênesis 14.1. Seu célebre código de leis, gravado em pedra,
foi encontrado em 1902, em Susa. Ur foi grande centro literário. Depois que
Abraão partiu de Ur, Babilônia assumiu a dianteira.
- Como Abraão veio
conhecer a Deus em meio a tanta idolatria? (Js 24.2). Está confirmado pela
História e pela Arqueologia que a religião dos povos primitivos era mono-teísta
(Rm 1.20). Além disso, Sem foi contemporâneo de Abraão durante 150 anos,
conforme capítulos 5 e 11 de Gênesis, e pode ter-lhe transmitido diretamente a
revelação divina. Deus também podia revelar-se diretamente a ele, pois é
soberano, inclusive na chamada (Ver Marcos 3.13).
Este período que acabamos
de estudar é relatado em Gênesis, capítulos 6-11.
II. A ÉPOCA DE ISRAEL
Israel é o centro da
história bíblica: A história bíblica de Israel está dividida em 9 períodos.
1. Período
Patriarcal, que vai de Abraão a José, e de Canaã ao Egito. Tempo: 1921-1635
a.C. - ano da morte de José. É descrito em Gênesis capítulos 12-50. É com
Abraão que começa a história de Israel como povo eleito. É ele o pai da raça
hebréia (SI 105.6; Jo 8.56). Em Ur, Deus chama Abraão para fundar uma nação
escolhida, para, por meio dela, executar o plano de redenção da raça humana.
Abraão segue para Canaã, parando em Harã. Ali encontra os mitânios, povo
influente na época, identificado como os arameus.
Abraão era homem de
grandes recursos, um estadista relacionado com reis e demais pessoas de grande
projeção e influência. Devemos conhecer mais de perto este grande herói da fé.
Ninguém vá pensar que ele era uma figura grotesca de beduíno, com cajado na
mão, saco no ombro, guiando um rebanho de gado, como se vê em muitas gravuras.
O quadro desenhado na Bíblia é outro bem diferente. O manual de Geofrafia
Bíblica de A. Luce, registra que nas escavações de Ur foi descoberto um
contrato de venda de camelos com a firma de Abraão. O Patriarca conheceu o que
o mundo tinha de grande em seus dias.
Quando Abraão chegou a
Canaã, a terra estava ocupada por nações excessivamente ímpias, corrompidas e
idolatras. Teria de ser conquistada. Em Gênesis, capítulo 15, Deus revela o
plano de tudo a Abraão, e depois, por meio de José, enviado ao Egito, dá
cumprimento a esse plano. O Faraó que elevou José deve ter sido Apepi II, da 16?
dinastia. José chega a ser Primeiro Ministro e chama todos os descendentes de
Abraão ao Egito, onde inicia uma fase de grande desenvolvimento às custas
daquele país... Os caminhos de Deus são maravilhosos! O Egito era então um império
universal, governado por uma dinastia de reis semitas, da mesma origem que José
- os hicsos. Os israelitas são bem recebidos no Egito, e ocupam o melhor da
terra em Gósen. Os hicsos eram tribos asiáticas, notadamente semitas, que
dominaram o Egito durante o tempo em que os israelitas permaneceram lá. Após a
morte de José, os naturais retomaram o poder, e começou a perseguição contra
os israelitas. Isso tinha por finalidade retemperar o caráter do povo para as
agruras e, ao mesmo tempo, evitar que ele se misturasse com os egípcios. Os
líderes espirituais do período patriarcal são Abraão, Isaque, Jacó e José.
2. Israel no Egito. Este
período vai da morte de José ao Êxodo, isto é, de 1635-1491. Abrange o tempo da
escravidão no Egito. Estritamente falando, a estada de Israel no Egito
inicia-se com a ida dos irmãos de José para comprarem mantimento (Gn 42). O
período acha-se descrito nos primeiros 12 capítulos do livro de Êxodo. As datas
aqui mencionadas estão alteradas, conforme o novo sistema cronológico já
aludido. A ciência arqueológica mostra que a cidade de Jerico caiu sob os
israelitas em 1440 a.C. Ora, considerando que os israelitas levaram 40 anos no
deserto, o êxodo teria ocorrido em 1400 a.C. Muitos eruditos de renome dão
realmente esta data para o êxodo dos judeus. Entretanto, as mais recentes
pesquisas científicas, ainda incompletas, levadas a efeito nas terras bíblicas,
levam os arqueólogos a fixar a data do êxodo entre 1300 e 1250 a.C. Outros
fixam a data em 1290 a.C. Aguardemos a conclusão dos estudos e pesquisas em
processamento, que certamente estabelecerão os fatos em bases sólidas. Os
cientistas nunca param as pesquisas nesse sentido.
Após a morte de José
(1635?), os israelitas ainda tiveram uns 60 anos de bonança antes de começar a
escravidão. Esse tempo jaz entre os vv 7 e 8 do capítulo 1 do livro de Êxodo.
O rei que não conhecia José (Êx 1.8) é apontado por todos os orientalistas como
sendo Amósis I, da 18ª dinastia, príncipe tebano. Daí ao êxodo (1491) há quase
100 anos - tempo que durou a escravidão, o tempo de aflição. Quanto ao tempo
total de permanência de Israel no Egito segundo Êxodo 12.40,41, é discutido no
capítulo "Cronologia". Ao findar a escravidão, a nação estava pronta
para a conquista de Canaã.
No momento preciso, Deus
tirou seu povo do Egito por meio de Moisés, homem que Ele mesmo preparara no deserto,
nos 40 anos que antecedem o êxodo. Dos seus 120 anos, 40 foram vividos no
palácio de Faraó (exceto os anos que viveu com seus pais antes de ser entregue
à filha de Faraó). Durante estes primeiros 40 anos, ele recebeu instrução
universitária (At 7.22). Os outros 40 anos foram passados no deserto, onde Deus
se revelou a ele, e o preparou para os 40 anos finais, nos quais seria o
condutor do seu povo. Foi um dos maiores homens da História. Um israelita
preparado na corte mais adiantada do mundo de então. Ele tanto soube viver no
palácio, como no deserto, o que muito nos ensina.
3. Israel no Deserto.
Este período vai do êxodo ao último acampamento de Israel em Sitim, nas
planícies de Moabe (Nm 22.1; 33.48,49; Js 2.1). Tempo: 1491-1451-40 anos. É
descrito nos livros de Êxodo a Deuteronômio. O Egito, estava agora sendo
governado pelo seu próprio povo. Os hicsos foram expulsos, como já declaramos,
por Amósis I. É consenso quase geral entre os doutos na matéria que o Faraó da
opressão dos israelitas foi TOTMÉS III (1501-1447 a.O), casado com sua
meio-irmã, a rainha Hatchep-sute, filha de Totmés I. Esta rainha foi a primeira
grande mulher da História. Totmés III foi um dos maiores reis do Egito. Seu
túmulo está em Tebas e sua múmia no museu do Cairo. Há também outro número de
sábios que apontam o Faraó da opressão como sendo Ramsés II, outro dos mais
famosos Faraós do Egito, o qual sucedeu a Totmés
III. Se foi Ramsés II,
então a princesa que salvou o pequeno Moisés foi Termútis, a esposa de Ramsés e
filha de Seti I.
Quanto ao Faraó do
êxodo, o maior peso de conclusões recai sobre AMENOTEPE II (1447-1420). Outro também
muito referido é o Faraó MERNEPTA II, filho de Ramsés II.
Este terceiro período da
época de Israel tem lugar no deserto, entre a terra de Gósen, no Baixo Egito e
o país de Canaã. A rota seguida foi através do Sul e do Leste da península do
Sinai e dos reinos de Edom, Moabe e Seom, na terra dos amorreus ou amoritas,
reinos situados ao sul e a leste de Canaã. (Veja o mapa correspondente.)
Neste período, Israel
torna-se um estado. A Lei foi promulgada, expressando o caráter santo de Deus,
e regulando o culto religioso e o governo nacional. Os sacrifícios de animais,
já observados desde o albor da história, são ceri-moniosamente instituídos,
apontando sempre para Cristo como a perfeita expiação do pecado. O tabernáculo
é levantado e consagrado, e seus oficiais - os sacerdotes - também. O
tabernáculo gravitava em torno da arca santa que representava a presença de
Jeová (Êx 25.22). A Lei veio 430 anos após Abraão, em 1921 a.C. (Gl 3.17).
A Lei, como pacto com
Israel, foi abolida (2 Co 3.14). Dela permanecem os princípios morais que são
eternos, e são repetidos no NT. O sábado, por exemplo, como dia fixo de
descanso, pertencia ao antigo pacto (Éx 31.15-17) e não vem repetido em o Novo
Testamento.
A razão de aparecerem na
Lei menções de atos indecentes é devido às práticas imorais e demoníacas das
nações que seriam vizinhas de Israel. Eram medidas preventivas da parte de
Deus. Tenhamos isto em mente, pois a Palavra de Deus é pura (SI 119.140). A
arqueologia está desenterrando coisas dos povos cananeus daqueles dias que nos
fazem corar de vergonha, e também ficar horrorizados, como seja, a
prostituição religiosa compulsória, e prática do incesto e os sacrifícios de
criancinhas.
Após a morte dos
primogênitos egípcios, tanto Faraó como o povo em geral estavam dispostos a
deixar os israelitas saírem do Egito. E saíram mesmo, levando grandes riquezas,
conforme a promessa de Deus a Abraão em Gênesis 15.14. Verifique o cumprimento
disso em Êxodo 3.21,22; 11.2,3; 12.35,36; Salmo 105.37. Que cena: os egípcios
enterrando seus primogênitos e os israelitas saindo ricos!
O ponto de partida foi
Ramessés, que, além de ser cidade, era também uma região (Êx 12.37).
Não era do plano de Deus
que Israel peregrinasse quarenta anos no deserto. Este tempo todo decorrido
foi para que morressem os murmuradores que tentaram ao Senhor (Nm caps. 13;
14). Por ocasião das passagens acima, Deus declarou que todos os israelitas de
20 anos para cima, morreriam no deserto: não entrariam na Terra da Promessa
(Nm 32.8-15). Trinta e oito anos estiveram dando voltas...
Ora, Israel, três meses
após sair do Egito, acha-se no Sinai (Êx 19.1). Aí permaneceram 11 meses,
atingindo, assim, o segundo ano de viagem (Nm 10.11). Partiram do Sinai, e,
após Tabera (Nm 11.3), Quibrote-Hataavá (Nm 11.34,35), chegaram a Cades, no
Deserto de Para, no mesmo ano - o segundo (Nm 13.26). Tabera foi o local onde
o povo provocou a ira do Senhor (Dt 9.22). O "Povo misto" que saíra
do Egito acompanhando os israelitas (Êx 12.38), começou a chorar pedindo
"carne" (Nm 11.4-9). Aquele povo misto representa hoje os
membros da igreja não-convertidos. São apenas "acompanhantes". Esses
foram uma fonte de perturbação para Israel durante toda a jornada. Hoje eles
dão o mesmo trabalho nas igrejas. São carnais, mundanos, desobedientes,
recalcitrantes. Por baixo da capa de cristão, abrigam uma natureza tipicamente
"egípcia".
Trinta e oito anos
depois de Cades, Israel chega ao mesmo local! (Nm 20.1; Dt 2.14). Trinta e
oito anos peregrinando, porém, dando voltas, sem fazer progresso! O leitor tem
tido experiências assim? (Cades tem também outros nomes como: Cades-Barnéia,
Para, Sin, Ritma. (Ver Números 33 e outras passagens correlatas.)
Durante 38 anos, Israel,
em vez de caminhar para Ca-naã, estava caminhando para morrer (Nm 14.26-35;
32.11-15). É uma infelicidade o pecado de murmuração ou male-dicência. Murmurar
é falar mal às escondidas (Nm 14.27). Este foi o grande pecado de Israel no
deserto (1 Co 10.10).
Murmuração e
maledicência são uma mesma coisa; mexerico não (Lv 19.16); este é levar e
trazer fatos, com intenções malévolas, mesmo que sejam verídicos.
Os grandes líderes
espirituais nacionais deste período são, do lado civil: Moisés e Josué. Do lado
religioso: Arão e Eleazar.
O período termina com a
morte de Moisés e com Israel acampado nas campinas de Moabe, a leste do Jordão,
e ao norte do mar Morto (Nm 33.49).
Moisés, antes de morrer,
conquistou a região a leste do Jordão, do mar Morto ao monte Hermom (Dt 3.8),
distri-buindo-a da seguinte maneira: o reino amorita, governado por Seon, com
sua capital em Hesbom, Moisés deu a parte Sul a Rúben, e a parte Norte - a
região chamada Gileade -a Gade. O reino de Basã, ao norte, governado por Ogue,
com a capital em Astarote, Moisés o deu à metade da tribo de Manasses, bem perto
de Gileade.
4. A conquista de
Canaã. Tempo: 1451-1444 - 7 anos. É descrito no livro de Josué. Este é o
primeiro período de Israel em sua própria terra.
Agora, já sob o comando
de Josué, Israel cruza o rio Jordão e acampa-se em Gilgal, junto a esse rio. Gilgal
ficou sendo a base de operações de Israel durante toda a conquista. Esta teve
três fases: Sul, Centro e Norte.
Mais ou menos na metade
da conquista, o tabernáculo é armado em Silo (Js 18.1), e aí fica a arca até o
tempo dos Juizes. A conquista não foi bem sucedida porque os israelitas não
destruíram totalmente os povos vizinhos, como lhes tinha sido ordenado. Por
causa desta fraqueza e complacência, tornaram-se impotentes para conquistar
toda a terra prometida. A terra tinha sido prometida, mas era preciso ser
conquistada palmo a palmo. O mesmo acontece hoje. A "terra prometida"
é a obra a ser feita, bem como as bênçãos prometidas. Tem você, leitor,
conquistado toda a "terra prometida"? (1 Co 3.22).
Deus, reiteradas vezes,
os avisara acerca desses povos pagãos, que deveriam destruí-los. (Ler Levítico
18; 20.1-23; Números 33.50-55; Deuteronômio 7.1-5; 18.9-14 para saber o porquê
da ordem divina tão aparentemente estranha e tão criticada pelos inimigos da
verdade.) A prostituicão, a idolatria e o espiritismo eram pecados entranhados
nos povos cananeus.
Enquanto Israel
obedeceu, conquistou, mas quando tergiversou, tornou-se impotente. As
divindades idolátri-cas que os arqueólogos continuam desenterrando representam
uma moral baixíssima. Apresentam aspectos altamente indecentes. - Será de
estranhar que Deus ordenasse o extermínio desse tumor purulento - os povos
cananeus, vizinhos de Israel? Os arqueólogos e demais cientistas que se
defrontam em primeira mão com os fatos imorais, desumanos e satânicos, ficam
admirados porque Deus não os destruíra há mais tempo; porque os suportara
tanto tempo. Toda a terra de Canaã era uma Sodoma. O mesmo fato está
ocorrendo perante os nossos olhos no mundo hodierno.
Ora, por meio de Israel,
Deus estava estabelecendo uma nação sua, preparando, assim, o caminho para a
vinda de Cristo, o qual, milênios depois veio dessa nação. A destruição dos
cananeus visava preservar Israel da idolatria e de práticas vergonhosas que
trariam sua ruína. Também Deus queria implantar o princípio bíblico de que há
um só Deus, santo, justo e poderoso. (Predominava o poli-teísmo entre os
cananeus.)
A tragédia é que a
conquista não foi total, e isto resultou em duros castigos e sofrimentos para
Israel (Ler Juizes 1.27-36; 2.1-5). Uma síntese do resultado desta falha de Israel
está em Juizes 3.1-6. Muita terra ficou para ser conquistada (Js 13.1). Muitos
crentes sabem que há "território" em si que não está em poder do
Senhor, e isto lhes traz sérios embaraços, empecilhos e problemas. (Ler todo o
capítulo 23 de Josué.)
O livro de Josué vai até
o ano da sua morte: 1425 a.C, cobrindo, assim, um período de 23 anos.
5. Os Juizes. Tempo:
1425-1095 a.C. - mais de 300 anos (Jz 11.26). Este período vai da morte de
Josué ao fim do governo de Samuel. Livros do período: Juizes, Rute e 1 Samuel
capítulos 1-9. Foi um tempo de apostasia em Israel. A fotografia daquele povo
está em Juizes 2.10b. Israel não resistiu aos influxos dos cultos e costumes
cananeus. Por toda parte havia um novo deus e um novo culto. Os hebreus
precisavam estar em estreito contato com Deus para se manterem acima das
influências nocivas ao seu redor, o que não aconteceu. Isto deve preocupar
nossa atenção hoje em dia, pois o mesmo fato procura ter lugar atualmente nas
igrejas. Enquanto Israel andou com Deus, sujeitou seus inimigos. Quando
misturou-se com eles, perdeu a força: ficou estacionário, impotente.
O centro religioso
nacional ficou nesse tempo em Silo. Temos então o governo dos juizes. Essa
forma de governo diz-se que era teocrática, isto é, Deus era o governante direto
da nação, porém, o povo não levava Deus muito a sério. Era obstinado e ingrato
(SI 106, todo). Samuel, o último juiz, foi também sacerdote e profeta (1 Sm
3.20; At 3.24). Outros profetas deste período: dois anônimos (Jz 6.8-10 e 1 Sm
2.27-36) e Débora, mulher (Jz 4.4.)
O Período dos Juizes foi
marcado por anarquia, guerra civil, idolatria, invasões estrangeiras e
opressões. O livro de Juizes termina afirmando laconicamente que "cada um
fazia o que parecia reto aos seus olhos" (Jz 21.25). O maior líder
espiritual do período foi Samuel, que era juiz, sacerdote e profeta (1 Sm
3.20; 7.9,15).
6. Monarquia. Tempo:
1095-975 a.C. - 120 anos. Este período abrange os reinados de Saul, Davi e
Salomão. Livros: 1 Samuel 9 a 1 Reis 12. Também 1 Crônicas 10 a 2 Crônicas 10.
É o período áureo e esplendo roso de Israel. Saul teve como capital a cidade de
Gibeá (1 Sm 10.26). Davi, no seu reinado, conquistou Jerusalém das mãos dos
jebuseus e fê-la sua capital (2 Sm 5.6-10). A primeira capital de Davi foi
Hebrom (2 Sm 5.4,5). Deus fez aliança com Davi, declarando-lhe que jamais lhe
faltaria descendente sobre o trono de Israel (2 Sm 7.16), o que se cumpriu no
Senhor Jesus Cristo. Jesus é descendente de Davi (Mt 1.1).
O templo de Deus é
construído no reinado de Salomão. Edifício imponente e magnificente. Sua planta
Deus mesmo a revelou a Davi (1 Cr 28.19). Assim acontecera com o tabernáculo
no tempo de Moisés (Êx 25.9). Conforme a descrição bíblica, o valor do templo é
calculado modernamente pelos estudiosos da Bíblia em mais de 2 bilhões de
dólares. Era voltado para o Oriente. Foi construído por 30 mil israelitas e 150
mil cananeus - estrangeiros que habitavam na Palestina (1 Rs 5.13; 2 Cr
2.17,18; 8.7,8). Sua construção levou sete anos (1 Rs 6.38). O material do
templo era preparado distante do local da construção e era colocado na obra
sem se ouvir qualquer barulho de ferramenta (1 Rs 6.7). Tudo isso tem profunda
aplicação espiritual. O majestoso edifício foi inaugurado em 1044 a.C.
Foi nesse período que a
nação teve sua maior área geográfica devido às conquistas de Davi e Salomão;
este chegou a dominar do Eufrates a Gaza (1 Rs 4.24). Mesmo assim ainda não
foi abrangida a área total prometida por Deus a Abraão, a qual ainda terá
cumprimento pleno (Gn 15.18). O período de tempo do êxodo dos israelitas (sua
saída do Egito) a Salomão é de 480 anos (1 Rs 6.1).
Profetas deste período
(todos não-literários, isto é, suas profecias não foram escritas):
• Um grupo, inclusive
Saul (1 Sm 10.10)
• Gade (1 Sm 22.5)
• Nata (2 Sm 7.2). Este,
juntamente com Gade eram também capelães da corte
• Aías (1 Rs 11.29)
7. O Reino Dividido. Tempo:
975-606 a.C - mais de 300 anos. Este período vai da divisão do reino aos
cativeiros dos reinos do Norte e do Sul. Livros: 1 Reis capítulos 12-22; 2 Reis
(todo), e 2 Crônicas capítulos 10-36.
Salomão governou bem, no
princípio, sendo humilde e piedoso. Ao envelhecer, tornou-se idolatra e teve
inúmeras mulheres, sendo muitas dos povos pagãos. Por isso Deus trouxe a
divisão do reino. O profeta Aías proferiu isso em 1 Reis 11.29-31. Em 935,
morreu Salomão. O novo rei é Ro-boão, seu filho. Este rei provocou a divisão já
predita por Aías, e retardada por Deus em consideração a Davi (1 Rs 11,12).
A divisão do Norte
chamou-se Israel. É nas profecias também chamado Efraim e Samaria. Teve
10 tribos. Seu primeiro rei foi Jeroboão I. A religião oficial foi o culto do
bezerro. Jeroboão importou tal religião do Egito, onde esti-vera homiziado por
razões políticas. Afundou no baalismo - culto indecente e desumano a Baal e sua
consorte - Asto-rete. Os profetas Elias e Eliseu, auxiliados pelo rei Jeú, comandaram
a batalha contra esse culto idolatra. A decadência espiritual desceu a ponto
de praticarem espiritismo e sacrificarem crianças aos deuses pagãos, num ritual
satânico, conforme vai descrito em 2 Reis capítulo 17.
A capital do reino foi
Samaria, isto a partir do rei Onri. Antes, serviram como capital Siquém, Penuel
e Tirza. Em 734 o reino começou a ser levado em cativeiro para a Assíria (2 Rs
15.29). Nessa ocasião, o rei assírio Tiglate-Pileser III (conhecido também como
Pul) levou em cativeiro as partes Norte e Leste do referido reino. É o chamado
cativeiro galileu. Em 721 a.C, outro imperador assírio - Sar-gão II, completou
o cativeiro do reino de Israel, levando o restante dos seus habitantes para a
Assíria (2 Rs 17.6). Sargão é o rei citado em 2 Reis 17.6 e Isaías 20.1. A
Assíria enviou povos de seus domínios, inclusive de Babilônia, para repovoar as
cidades de Samaria (2 Rs 17.24; Ed 4.2,10). Isso deu origem à religião mista
dos samaritanos (2 Rs 17.29-41), que se prolonga até os tempos do Novo Testamento
(Jo 4.9).
A Assíria foi império
mundial por 300 anos (885-607 a.C). Ocupava o vale do Tigre, ao norte de Babilônia,
enquanto Babilônia mesma ocupava o vale ao sul, abarcando o Tigre e o
Eufrates. Os assírios foram grandes guerreiros. Praticavam muito a pirataria,
fazendo incursões noutras terras. Tornaram-se famosos nisso. Era um povo cruel.
Seus prisioneiros eles esfolavam vivos, ou então cortavam-lhes mãos, pés,
nariz, orelhas; vazavam-lhes os olhos, arrancavam-lhes a língua, e praticavam
outras atrocidades. Sua capital era a grande Nínive. Jonas, profeta do reino do
Norte, tomado de sentimento patriótico, recusou pregar a mensagem de
arrependimento aos ninivitas, e só o fez compelido por Deus. Assim, o Império
Assírio destruiu o Reino do Norte.
O reino de Israel, do
qual estamos falando, durou cerca de 250 anos. Teve 19 reis, sendo Oséias o
último. Todos adoraram o bezerro. O pior deles foi Acabe. O melhor foi Jorão.
Este quebrou a estátua de Baal, mas adorou o bezerro levantado por Jeroboão.
Nenhum dos 19 reis procurou levar o povo ao encontro de Deus.
A partir desta época, a
cronologia bíblica é mais precisa. As Olimpíadas Gregas, iniciadas em 776 a.C,
e realizadas cada quatro anos são um guia razoável para o cálculo de datas.
Outra fonte de valor de que lançam mão os doutos no assunto são os anais de
Roma, cidade-estado fundada em 753 a.C.
Profetas do Reino do
Norte. Pela ordem
cronológica.
Não-literários:
• Os dois anônimos
mencionados em 1 Rs 13
• Elias (1 Rs 18.1,22)
• Um outro anônimo (1 Rs
20.13)
• Micaías (1 Rs 22.8)
• Eliseu (2 Rs caps.
2-7)
• Obede (2 Cr 28.9) Profetas
literários:
• Jonas, com mensagem
especial para Nínive
• Oséias
• Amos. Este foi profeta
de Judá, mas com mensagem para Israel
• Miquéias. Caso
idêntico ao de Amos
A Assíria, além de
destruir o reino do Norte, invadiu Judá em 713 (2 Rs 18.14-16) e capturou todo
Judá menos Jerusalém, em 701 (2 Rs 19). Nessa ocasião o anjo do Senhor feriu
185 mil assírios. Em ambos os casos, o rei envolvido foi Senaqueribe.
A Assíria foi vencida
por Babilônia em 607 a.C.
O reino do Sul chamou-se
Judá. Teve duas tribos: Judá e Benjamim. Muitos de Efraim, Manasses e
Simeão também se uniram a Judá (2 Cr 15.9; 34.1,3,6). Simeão ficava ao sul de
Judá, sem meios de comunicação com as tribos do norte. A capital continuou
sendo Jerusalém. Durou pouco mais de 100 anos após o cativeiro do Reino do
Norte. Religião oficial: o culto a Deus, entretanto afundou tanto na impiedade,
inclusive no baalismo e práticas cananéias, que não houve remédio senão parar
no cativeiro babilôni-co. Procedeu pior que o Reino do Norte (Ez 16.46-48). Os
profetas bradaram em vão. Teve 20 reis, sendo o último Zedequias. Seus bons
reis foram três: Ezequias, Josias e Joás. O pior de todos foi a satânica
Atália. A mensagem principal dos profetas era contra a idolatria.
Foi levado em cativeiro
para Babilônia em três levas sucessivas, assim:
1) Em 606 a.C. Nabucodonosor - um dos
maiores monarcas de todos os tempos, 29 rei do novo império
babilôni-co, subjugou Jeoaquim, rei de Judá, que ficou sendo seu servo. Saqueou
o templo. Levou cativos os membros da família real, inclusive Daniel (Dn 1.1-3,6).
A contagem dos setenta anos de exílio começou nessa data. Jeoaquim, após três
anos, rebelou-se contra Babilônia (2 Rs 24.1).
2) Em 597 a.C. Nabucodonosor volta.
Saqueia o templo. Leva o rei Joaquim (filho de Jeoaquim) além de 10.000 outros
judeus, entre príncipes oficiais e líderes - a aristocracia judaica. Põe
Zedequias, irmão de Joaquim, como rei em lugar deste. Nesta leva foi também o
profeta Ezequiel. O fato vai descrito em 2 Reis 24.10-17; 2 Crônicas 36.9,10.
3) Em 587 a. C. O exército de
Nabucodonosor sitia a cidade de Jerusalém. Após um ano e meio de assédio, isto
é, em 586 a.C, a cidade cessa a resistência ao cerco. Os víve-res acabam. A
fome apodera-se do povo. A cidade é tomada de assalto. Zedequias é preso
quando se evadia, e levado a Ribla em Hamate, onde está Nabucodonosor. Aí seus
olhos são vazados e é conduzido à Babilônia. Um mês após este acontecimento (Jr
52.6,12), Jerusalém é incendiada e o templo destruído totalmente por
Nebuzaradan; à frente do exército de Nabucodonosor. Os que não foram mortos à
espada, foram levados cativos. Um remanescente constituído de gente pobre foi
deixado na terra. Gedalias foi nomeado governador sobre eles. Este mesmo
remanescente, temendo novo ataque dos babilônios, fugiu para o Egito. O fato está
descrito em 2 Reis 25.1-22; Jeremias capítulos 39,52. Segundo este último
capítulo, outros cativos seguiram após esta ocasião, mas, em número reduzido.
O número total de cativos levados a Babilônia ninguém sabe. O registro
bíblico é impreciso.
Assim findou
aparentemente o reino de Davi. Com o advento de Cristo, este reino reviveu, e
terá sua plenitude no Milênio (Lc 1.32,33).
Isaías e Miquéias,
profetas contemporâneos do reino de Judá, predisseram este cativeiro cem anos
antes de realizar-se (Is 39.6; Mq 4.10). Jeremias predisse que a duração do
cativeiro seria de 70 anos (Jr 25.11,12).
Profetas de Judá antes
do exílio:
Não literários:
• Semaías (2 Cr 12.5)
• Ido (2 Cr 12.15)
• Azarias (2 Cr 15.1)
• Eliézer (2 Cr 20.37)
• Um anônimo (2 Cr
25.15)
• Hulda (mulher - 2 Rs
22.14)
• Profetas anônimos (2
Rs 23.2)
• Urias (Jr 26.20-23)
• Hanani (2 Cr 16.7-10)
• Jaaziel (2 Cr
20.14-18)
O cativeiro durou 70
anos: 606-536 a.C. Livros escritos durante o período e que o descrevem:
Jeremias (especialmente caps. 39ss); Lamentações, Ezequiel, Daniel, Es-dras,
Neemias, Ester, Ageu, Zacarias, Malaquias.
Profetas desse tempo:
• Daniel, na corte do
Império Babilônico. Era de família real.
• Ezequiel, no campo,
entre os cativos. Sua mensagem é dirigida a todo o Israel. Era sacerdote.
• Jeremias, entre o
remanescente deixado na Palestina.
O cativeiro curou Israel
da idolatria até hoje. Desde então, os judeus poderão ser acusados de outros
pecados, mas não de idolatria. O cativeiro trouxe ainda outras bênçãos. As
Escrituras começaram a ser estudadas, copiadas e ensinadas. Surgiram nesse
tempo as sinagogas, pelo fato de os judeus terem ficado privados do seu
grandioso templo. Sentiram também a causa do seu infortúnio (SI 137). Estas e
muitas outras bênçãos, oriundas do cativeiro, levam-nos ao Salmo 119.71, onde
vemos que a aflição é um meio de aprendizagem com relação a Deus.
Em Babilônia os judeus
aprenderam o aramaico, língua oficial do Império Babilônico e também língua
franca do Oriente Próximo. Babilônia dominou o mundo por 70 anos: 606-536 a.C,
exatamente o tempo em que os judeus estiveram ali desterrados. Os imperadores
babilônios durante o exílio de Israel (isto é, durante todo o Império Babilônico)
foram:
• Nabopolassar (625-604
a.C.). Sacudiu o jugo assírio em 625 e fundou o Novo Império Babilônico. Em
606, com o auxílio dos medos, conquistou e destruiu Nínive, a capital do
Império Assírio. Em 605 venceu o Egito na famosa batalha de Carquêmis.
• Nabucodonosor (606-561
a.C). O maior governante babilônico. Levou os judeus para o cativeiro e
destruiu Jerusalém. Levou 20 anos para consumar o cativeiro. Poderia ter feito
isso de uma vez. É possível que Daniel, que era seu conselheiro, tenha
contribuído para retardar a destruição do reino de Judá. Que Daniel influiu na
personalidade daquele monarca é visto no livro do referido profeta. A providência
divina é graciosa e maravilhosa: durante todo o cativeiro babilônico, Deus
tinha um profeta na corte, que era, ao mesmo tempo, estadista. É também o caso
de José assistido por Deus no Egito, e Davi no deserto, ambos no dia da
adversidade.
• Evil-Merodaque (561-560).
• Neriglissar (559-556).
• Labás-Marduque (555-536).
O profeta Daniel
conviveu com todos estes imperadores, inclusive, é claro, Nabucodonosor (Dn
1.21).
Em 536 a.C, a Pérsia
subjugou Babilônia e dominou o mundo até a elevação dos gregos em 330. Antes
disso, a Pérsia vencera a Média, formando, desde então, um só domínio.
Ao terminar os 70 anos
de exílio, Ciro, o primeiro governante persa, proclamou o retorno dos judeus,
bem como a restauração do país de Israel, o qual durante o domínio persa
chamou-se "Província de Judá" (Ed 5.8). Nos documentos era também
mencionado como uma das terras de "Além do Rio" (Ne 2.7,9). A
restauração do país levou pouco mais de 100 anos: - 536-432 a\C Nesse período,
o templo foi reconstruído e o Antigo Testamento concluído. Esse segundo templo,
conforme Josefo - o historiador judeu, tinha apenas a metade do tamanho do de
Salomão, e não era rico em ouro nem prata, como aquele.
Nos anos da
reconstrução, aumentou também o ódio entre judeus e samaritanos, iniciado em 2
Reis 17.24ss.
Ocorreu então o cisma
definitivo entre judeus e samarita-nos.
Ester, uma formosa
judia, dentre os cativos de Israel, veio a ser rainha da Pérsia, em 478 a.C, ou
seja 58 anos após o retorno dos judeus. O livro de Ester situa-se entre os
capítulos 7 e 8 do livro de Esdras. Anotem isto os estudantes da Bíblia, pois
há outros casos similares através do texto sagrado.
Ninguém sabe o que teria
acontecido aos judeus se Ester - uma judia - não tivesse casado com o rei da
Pérsia. Aqui, como noutras partes da Bíblia, vemos que, em meio ao necessário
castigo, Deus prove alívio e auxílio para que o coração não desespere. É o que
diz Davi no Salmo 23.5: "Preparas uma mesa perante mim na presença dos
meus inimigos". Deus revela assim sua natureza de amor e ternura,
"pois não é de bom grado que Ele aflige os homens" (Lm 3.33). Essa
jovem judia, sem o saber, cooperou com sua parte para a vinda do Salvador. Seu
marido (Assuero) é o Xerxes da História. Teve uma Marinha de 4.000 navios com
que atacou os gregos.
Líderes judaicos
durante a restauração:
Religiosos: Josué e
Esdras.
Civis: Zorobabel e
Neemias. Ambos funcionaram como governadores nomeados pela Pérsia.
Profetas do período:
• Ageu e Zacarias, a
partir de 520 quando foi reiniciada a construção do templo, que estivera
paralisada desde seu início, em 535 a.C.
• Malaquias. Ministrou
ao findar o tempo de Esdras e Neemias. Em 433, Neemias voltou à Pérsia, a fim
de renovar sua licença e retornou a Jerusalém em 432 (Ne 13.6). É após esta
data que Malaquias entra em cena. Em seu livro, ele não menciona o nome de
Neemias. Certamente o governador já era outro quando este profeta escreveu o
seu livro. Apenas menciona o "governador". Outras evidências internas
do livro mostram que foi escrito após o tempo de Neemias. Malaquias foi o
último profeta literário do Antigo Testamento.
Assim como houve três
levas de cativos ao exílio, houve também três levas de repatriados.
Primeira. Em 536, sob Zorobabel e Josué; o
primeiro como governador e o segundo como sacerdote. Esta leva deu início à
construção do templo, no ano seguinte - 535.
Segunda. Em 457, sob Esdras. Este veio da
Pérsia com a missão principal de embelezar o templo, conforme se lê em Esdras
7. Foi ele o fundador do grêmio dos escribas. (Os escribas já funcionavam desde
tempos imemoriais). A partir de Esdras, os escribas se organizaram como um corpo
de copistas da Lei. Mais tarde tornaram-se intérpretes da Lei (Mt 23.2). O Talmude
começou a formar-se nesse tempo. Entre a 1? e 2? levas de
repatriados ocorrem os fatos do livro de Ester (478).
Terceira. Em 445, sob Neemias, homem piedoso e
patriota. Era copeiro do rei da Pérsia, que nesse tempo era Artaxerxes
Longímano (Ne 2.1). A função de copeiro naqueles tempos era de muita
confiança. Corresponde hoje à função de ministro. Ele reconstruiu os muros de
Jerusalém.
Os judeus regressaram
falando o aramaico, língua que era falada em toda a Mesopotâmia. Quando as
Escrituras eram lidas em hebraico, era preciso fazer a tradução para o
aramaico, como se vê em Neemias 8.8.
Entre os repatriados,
vieram muitos elementos do extinto Reino do Norte. Lembremo-nos de que parte
dos exilados daquele reino foi para as cidades da Média (2 Rs 17.6). Ora, a
Média e a Pérsia formavam agora um só reino, o que tornou praticável a volta
de elementos das tribos do Norte. A passagem de 1 Crônicas 9.3, alusiva aos
repatriados, declara que filhos de Efraim e Manasses (tribos de Norte)
habitaram em Jerusalém. Em Esdras 10.25, quando da solução do problema de
casamento de judeus com mulheres hetéias, o Reino do Norte é mencionado como
"Israel" também em Esdras 6.17; 8.35 e 10.5 é mencionado "todo o
Israel", querendo dizer povos dos dois reinos. Ana, no Novo Testamento,
era da tribo de Aser, do antigo Reino do Norte (Lc 2.36). Nos dias de Paulo e
Tiago existiam núcleos de todas as tribos (At 26.7; Tg 1.1). É importante saber
que mesmo antes da deportação de Judá para Babilônia, o reino do Sul já tinha
elementos de várias tribos do Norte. (Ver 2 Crônicas 15.9 e 30.11.) Certamente
os exilados de Judá, quando voltaram à pátria, passaram pelo alto Eufrates
(sendo esse o caminho habitual), onde estavam seus irmãos do Norte e conduziram
os que resolveram voltar à Palestina. O Senhor Jesus fez menção das 12 tribos
reunidas no futuro.
• Jeú (2 Cr 19.2).
• Joel
• Amos, com mensagem
também para o Reino do Norte.
• Isaías e Miquéias.
Foram contemporâneos. Ministraram logo após o cativeiro do Reino do Norte.
Isaías profetizou também para o Reino do Norte, pouco antes da deportação das
dez tribos.
• Sofonias, de família
real.
• Naum. Teve mensagens
também para Nínive.
• Habacuque e Obadias.
Este teve mensagens para Edom. Estes quatro últimos foram contemporâneos.
• Jeremias. Profetizou
antes e durante o cativeiro, em Jerusalém. Suas mensagens não têm ordem
cronológica. Foi contemporâneo do grupo de profetas que o precedem. Habacuque o
ajudava em Jerusalém.
O ministério dos
profetas durou uns quatrocentos anos: 800-400 a.C. Havia escolas de profetas em
Betei (1 Sm 10.5), em Rama (1 Sm 19.19,20), Jerico (2 Rs 2.5), Gilgal (2 Rs
4.38).
O cativeiro de Judá, em
parte, foi fruto da desobediência dos judeus quanto às palavras do Senhor em
Isaías 25.1-7, referentes ao Ano Sabático ou Ano de Descanso, quando a terra
descansava um ano. O ano sabático ocorria cada sete anos. Ora, durante os quase
500 anos que vão da monarquia ao cativeiro dos judeus, eles não cumpriram o
preceito do Senhor. Resultado: Deus mesmo fez a terra repousar, mantendo fora
seus maus "inquilinos" por 70 anos. Ora, 70 anos é o total de anos
sabáticos ocorridos no espaço de 490 anos (Lv 26.14,33-36,43; 2 Cr 36.21). Deus
sabe lidar muito bem com pessoas e nações que quebram suas leis, mesmo as civis,
como esta que acabamos de mencionar. As leis divinas quando obedecidas, trazem
bênçãos; quando quebradas, punição. Se esta não vem logo, é pela misericórdia
de Deus: "Suas misericórdias não têm fim" (Lm 3.22b).
Outras causas do
desterro já foram mencionadas em parágrafos precedentes: impiedade, idolatria,
desafio atrevido a Deus, etc. (2 Cr 7.19,20). Ninguém buscava a Deus entre
pequenos e grandes (Jr 5.1,4,5). Até os sacerdotes e levitas que deviam
verberar contra o pecado, afundavam também na iniqüidade (Jr 23.11; Lm 4.13; Ez
34 [todo]; Jl caps. 1 e 2; Oséias [todo.] O histórico do ponto de vista divino,
dos pecados de Israel, está em Jeremias 5; 7.30; Eze-quiel 20.
Reinava em Roma quando
Jerusalém foi destruída: Tarquínio Prisco.
8. Período do
Cativeiro e Restauração (Lc 22.30). Profecias de futura reunião das 12
tribos: Isaías 49.6; Jeremias 3.18; 50.4; Ezequiel 37.21,22; Oséias 1.11;
Zacarias 8.13.
Benefícios derivados
do cativeiro
• A idolatria foi
abolida de vez, como já dissemos.
• A lei de Moisés passou
a ser respeitada e levada a sério.
• O estudo da Lei foi
difundido e intensificado mediante as sinagogas surgidas.
• Renovação da Esperança
Messiânica pelo estudo da Palavra de Deus e avivamento espiritual.
• Projeção do sentimento
nacionalista. O cativeiro também os ensinou isto (Salmo 137).
Do exposto, Israel foi
criado no Egito, destruído pela Assíria e Babilônia, e restaurado pela Pérsia.
9. Período Interbíblico. Vai de Malaquias
ao advento de Cristo. Tempo: mais de 400 anos; de cerca de 430 ao início da
Era Cristã. Malaquias deve ter ministrado de 432 a 430, quando deve ter sido
encerrado o Antigo Testamento. Este período está profeticamente descrito em
Daniel 11 a 12.4.
O Período Interbíblico
inicia com Israel sob o domínio persa. "Interbíblico" quer dizer
"entre a Bíblia"; isto porque é um período em branco em que não
houve revelação divina escrita. Nenhum profeta se levantou nesse período. O
domínio persa prosseguiu por mais quase 100 anos. Os persas foram brandos e
tolerantes. Os judeus gozavam de considerável liberdade sob eles.
Durante o Período
Interbíblico, Israel esteve sempre sob o domínio estrangeiro, exceto entre
167-63 a.C, quando os irmãos Macabeus conseguiram uma heróica e sangrenta
independência. Continuou em formação o que mais tarde chamar-se-ia o Talmude.
Nesse período, surgiram também a Grande Sinagoga, a versão grega das Escrituras
hebraicas chamada Septuaginta, os livros apócrifos do Antigo Testamento e o
Sinédrio, que era o supremo tribunal civil e religioso dos judeus.
Durante o Período
Interbíblico vamos encontrar a Ju-déia sob três impérios mundiais - o Persa, o
Grego, e o Romano, além do intervalo de pouco mais de 100 anos em que ela
esteve independente.
a. A Palestina sob o Império Persa. Após
Neemias e Malaquias, toda a Palestina continuou sob os persas por mais quase
100 anos, até 330, quando a Grécia venceu a Pérsia. Judá esteve sob os persas
em 536-330 a.C. O centro do Império Persa ficava onde é hoje o Irã. Suas
capitais foram primeiramente Babilônia e logo depois Susa, construída por
Cambises, especialmente para esse fim. Susa é mencionada em Neemias 1.1; Ester
1.2; Daniel 8.2.
A Bíblia menciona o fim
do período persa em Neemias 12.22. O "Dario, o Persa" aí mencionado é
o Dario Codó-mano, da História: o último rei persa. Reinou em 336-330
a.C. Foi derrotado por Alexandre Magno, da Grécia, em 330, na famosa batalha de
Arbela, perto de Nínive. O "Já-dua" aí mencionado, foi o sumo
sacerdote que recebeu Alexandre em Jerusalém quando ele submeteu a Palestina,
em 332, na sua marcha de conquista do Oriente. Como império mundial, os persas
dominaram 200 anos.
Nessa ocasião já
assomava no horizonte a sombra ameaçadora do que mais tarde viria a ser o maior
império do mundo - Roma.
b. A Palestina sob o domínio grego. Tempo:
330-167 -mais de 150 anos. Em 330, Alexandre, o monarca grego, tinha o mundo
todo a seus pés, após seis anos de conquistas e doze de reinado. Em 332, como
já dissemos, na sua investida para o Oriente, ele submeteu a Palestina, sendo
tolerante e benevolente para com os judeus. Com a ampliação do domínio grego,
começa a espalhar-se e a predominar a língua grega com sua imensa cultura,
preparando, assim, o caminho para o surgimento da Bíblia em grego (a
Septua-ginta), e para a vinda do Salvador, o qual encontrou o grego
predominando em todos os contornos do Mediterrâneo e outras regiões. Tempos
após a morte de Alexandre, cada país, além de sua língua, conhecia também o
grego. Isso fazia parte do preparo para a vinda do Salvador.
Em 323 morre Alexandre, em
Babilônia, aos 33 anos de idade. O governo do Império ficara nas mãos de um só
homem por pouco tempo. Houve lutas entre os diversos pretendentes, e, com
elas, as divisões. Finalmente, o vasto império foi dividido entre quatro dos
famosos generais de Alexandre:
• SELEUCO I, NICÁTOR,
ficou com a Síria, Ásia Menor e Babilônia. Capital: Antioquia da Síria. A
dinastia de reis gregos, da qual foi fundador, teve 18 reis até o ano 65 a.C,
quando a Síria foi convertida em província romana.
• PTOLOMEU I, SÓTER I,
PTOLOMEU LAGOS (a-parece na História com esses nomes) ficou com o Egito.
Capital: Alexandria, que fora fundada por Alexandre, em 332. Fundou a dinastia
dos Ptolomeus, os reis gregos do Egito. Houve 15 Ptolomeus até o ano 30 a.C,
quando o Egito foi convertido em província romana. Cleópatra VII (famosa na
história), foi rainha co-regente, em 52-30 a.C.
• CASSANDRO ficou com a Macedônia e a
Grécia. Capitais: Pela e Atenas. Não teve dinastia, como os dois mencionados.
• LISÍMACO ficou
com a Trácia. Não teve dinastia.
Resumo Histórico da
Palestina sob o Domínio Grego
• Sob a Grécia
propriamente dita, isto é, sob Alexandre: 332-323 - 9 anos.
• Sob a Síria e Egito,
alternadamente: 323-301. Na divisão do império de Alexandre, a Palestina ficou
inicialmente sob a Síria (323-320). Em seguida sob o Egito (320-314). E assim
passou de uma a outra mão, por várias vezes até o ano 301 a.C, quando o Egito e
a Síria fizeram de seu território campo de batalha, onde mediam forças.
• Sob o Egito só:
301-198. Um dos reis deste período foi Ptolomeu II, Filadelfo que reinou de
285-247 a.C. Foi ele que providenciou a tradução em grego das Escrituras Sagradas.
Construiu também o célebre farol de Alexandria, uma das sete maravilhas do
Mundo Antigo, na Ilha de Fa-ros, de onde vem a palavra "farol". Esta
fase foi de progresso para os judeus, que tinham boa recepção no Egito. Os
apócrifos do Antigo Testamento começaram a surgir nesse tempo. Todos eles foram
escritos entre 270-50 a.C.
• Sob a Síria só:
198-167. Um dos reis deste período foi o monstro Antíoco Epifânio, que reinou
de 175-167 a.C. Este homem decidiu exterminar o povo judeu e sua religião. É
comparável a Herodes, Nero, Hitler e outros da mesma estirpe. Proibiu o culto a
Deus. Recorreu a todo tipo de tortura para forçar os judeus a renunciarem sua
crença em Deus. Isto deu lugar à revolta dos irmãos Maca-beus.
Durante a época dos
Ptolomeus e Selêucidas, a língua grega foi implantada na Palestina. O poder
civil passou a ser exercido pelo sumo sacerdote, que exercia também o poder
religioso. Sua divisão política nesse tempo constava de 5 províncias ou
distritos: JUDÉIA, GALILÉIA, TRACONITES, PERÉIA.
Surgiram também na fase
acima as seguintes seitas religiosas:
a) Os Fariseus. (Em hebreu:
"separados"). Inicialmente, primavam pela pureza religiosa. Seu
objetivo era conservar viva e ativa a fé em Jeová. Depois, tornaram-se secos,
ritualistas e hipócritas, como Jesus os classificou. Eram nacionalistas.
b) Os Saduceus. (Em hebreu:
"justos"). Eram os aristocratas da época, adeptos do que chamamos
hoje raciona-lismo (At 5.17; 23.8). Eram helenistas, isto é, partidários
dos gregos, dos seus sistemas, etc.
c) Os Essênios eram uma ordem monástica,
verdadeira irmandade. Praticavam o ascetismo. Viviam nas vizinhanças do mar
Morto. A raiz, da qual deriva a palavra "essê-nio", significa
"piedoso". Pareciam uma seita oriental com mistura de judaísmo. Até
hoje não está plenamente esclarecida a origem dos essênios.
c. A Palestina
independente sob os Macabeus: 167-63 a.C. O nome "Macabeu" vem de
Judas, que tinha este nome. Como declaramos acima, a partir de 198, a
Palestina passou ao controle da Síria. Os primeiros 30 anos foram toleráveis,
mas, em 175 a.C, subiu ao trono da Síria um homem excessivamente mau - Antíoco
Epifânio, também conhecido como Antíoco IV. Foi violentamente rancoroso para
com os judeus. Resolveu exterminar este povo e sua religião. Em 168 ele arrasou
Jerusalém, profanou o templo, erigiu nele um altar a Júpiter e imolou uma porca
no altar dos holocaustos. Decretou pena de morte para quem praticasse a
circuncisão e adorasse a Deus. Destruiu quantas cópias encontrou das
Escrituras. Quem fosse encontrado lendo a Bíblia era morto também. Cumpriram-se
as profecias de Daniel 8.13, mas, de modo parcial, pois o pleno cumprimento é
ainda futuro, conforme Mateus 24.15.
Antíoco recalcado pelos
insucessos contra o Egito, vinga-se nos judeus. No seu assalto a Jerusalém,
mata jovens, velhos, mulheres e crianças, chegando a 80.000 o número de mortos.
Levou 40 mil cativos e vendeu outro tanto como escravos. Os dois anos seguintes
foram de desolação e humilhação. Em seguida começaram novas atrocidades. Chega
da Síria um exército de mais de 20.000 homens, e, num sábado quando o povo em
obediência à Lei adorava a Deus, o exército de Antíoco, comandado por Apolônio,
lançou-se sobre os indefesos judeus e houve então um dos maiores massacres da
História, Jerusalém foi incendiada. Antíoco decretou como religião oficial dos
judeus o paganismo grego, obrigando-os a observá-la.
O início da revolta
dos Macabeus, 167
a.C.
Ardia no peito dos
judeus o sentimento de revolta. A perseguição religiosa atingia agora todo o
país. O sentimento patriótico toma conta do povo. Falta apenas um líder para
dar o grito de revolta. Todos estavam em torno de um mesmo ideal -
independência. O velho sacerdote Matatias, que vivia em Modim (entre Jope e
Jerusalém), foi o herói que deu o brado de guerra e desfraldou a bandeira da
revolta. Tinha ele cinco filhos, todos valorosos: JOÃO, SIMÃO, JUDAS, ELEAZAR,
JÔNATAS. Eram fariseus verdadeiros. O velho sacerdote dirigiu a luta com muita
bravura, obtendo sempre vitórias. Morreu no mesmo ano da revolta: 167.
Trataremos agora dos
cinco irmãos Macabeus, individualmente. A Palestina experimentou independência
sob eles por 100 anos.
• JUDAS. 166-161.
Ao falecer o velho pai, Judas assumiu a direção da luta. A vitória continuou
com os judeus. Ainda em 167, Judas retomou Jerusalém e começou a reparar o
templo. As batalhas continuaram. Os judeus saíam sempre vitoriosos. Em 25 do
mês de Quisleu (nosso dezembro) de 165 a.C, Judas rededicou o templo com uma
grande festa denominada "Festa da Dedicação", a qual continuou sendo
comemorada pelas gerações através dos tempos. O Senhor Jesus esteve presente a
uma dessas festas (Jo 10.22,23). Judas fez aliança com Roma, o que mais tarde
foi muito útil para os judeus. Antíoco morreu em 164, mas a Síria continuou
lutando. Judas prosseguiu dando combate aos sírios. Foi um guerreiro de
admirável gênio militar. Morreu em combate em 161.
• ELEAZAR. Morreu
em combate antes de 161 a.C.
• JÔNATAS. 161-142. Foi também guerreiro
notável, conduzindo o exército de vitória em vitória. Morreu numa traição
urdida por um pretenso amigo seu, um general sírio, em 142. Foi ele o primeiro
judeu a exercer as funções de rei e sacerdote a um só tempo.
• JOÃO. Morreu
antes de Jônatas.
• SIMÃO. 142-134.
É o último Macabeu sobrevivente. Morreu à traição em 134. Consolida a vitória e
é feito por seus compatriotas governador e sumo sacerdote. A Síria continuou atacando.
Agora, os governantes
que se seguem são também descendentes dos Macabeus.
• JOÃO HIRCANO. 134-104. Era filho de Simão. Hir-cano
cercou e destruiu a cidade de Samaria, arrasando o templo dos samaritanos,
construído sobre o monte Geri-zim, por permissão de Alexandre, o Grande, quando
imperador. Isso ocorreu no ano 128 a.C. Os idumeus, que habitavam ao sul da
Palestina, também atormentavam constantemente os judeus. Hircano os conquistou
e fê-los aceitar a religião judaica. Isto não os transformou em verdadeiros
judeus, como veremos mais adiante. No ano 109 é mencionado o Sinédrio. Hircano
morre em 104. Nesse tempo a divisão política da Palestina era: JUDÉIA, SAMARIA,
GALILEIA, IDUMÉIA, PERÉIA.
• ARISTÚBULO I. 104-103. Era filho de João Hircano I.
Morreu em 103. No seu breve governo, conquistou a Itu-réia e outras regiões a
leste do Jordão. Enfermidade foi a causa de sua morte. Ele usurpara o trono à
sua mãe, a quem Hircano deixara no governo.
• ALEXANDRE JANEU. 103-76.
Era irmão de Aristó-bulo I. Obteve várias conquistas visando alargar as
frontei-jas da Palestina. Cometeu vários desmandos. Houve tumultos internos,
verdadeira guerra civil, devido aos desmandos de Janeu.
• ALEXANDRA. 76-67. Fora esposa de Aristóbulo I.
Após a morte deste, casou com Alexandre Janeu. Morto Alexandre, ela ascendeu ao
trono. Seu reino foi pacífico e próspero.
• ARISTÚBULO II. 67-63 a.C. Foi o último rei do
período independente. Era filho de Alexandre Janeu. Tinha um irmão chamado
Hircano II, mais velho que ele. Alexandra, ao morrer, deixou a coroa a seu
filho mais velho: Hircano II. Todavia, Aristóbulo II, sendo mais novo, usurpou
o poder pelas armas. Hircano deixou o governo pacificamente.
À esta altura, entra em
cena o aventureiro ANTÍPA-TER, governador militar da Iduméia, constituído por
Alexandre Janeu. Antípater não era judeu, e sim idumeu. Lembremo-nos de que a
Iduméia fora subjugada por Hircano I. Antípater instigou Hircano II a
vingar-se de seu irmão Aristóbulo II. Resultado: Hircano foi a Nabatéia, na
Arábia, e junto ao rei Aretas obteve um exército para lutar contra Aristóbulo.
Irrompe a guerra civil. O exército romano encontra-se em operações em Damasco,
conquistando nações. Tanto Aristóbulo como Hircano enviam emissários ao
exército romano. Pompeu, o general romano, intervém. Corria o ano 63 a.C.
Captura a cidade de Jerusalém e entrega o poder a Hircano II. (Recordemo-nos
de que Judas Macabeu fizera aliança com Roma.) Mesmo assim, Antípater continuou
instigando e orientando Hircano II para o prosseguimento da luta.
Portanto, a partir de 63
a.C, a Palestina passa ao domínio romano, fazendo parte da província romana da
Síria, ficando a sede da província neste último país.
d. A Palestina sob o
domínio romano: 63 a.C, em diante
Como já vimos na letra
"c", Roma ocupou a Palestina em 63 a.C. Nesse ano Pompeu arrebatou o
poder das mãos de Aristóbulo II e entregou-o a Hircano II, que fora despojado
por Aristóbulo. Este e seus dois filhos (Alexandre I e Antígono II) foram
levados cativos a Roma. Tempos depois, pai e filho (Aristóbulo II e Alexandre
I) foram mortos em circunstâncias e ocasiões diferentes, sobrevivendo apenas
Antígono II. Alexandre I deixara dois filhos: Aristóbulo III e Mariana, a qual
mais tarde foi esposa da fera chamada Herodes o Grande, filho de Antípater, o
idumeu perturbador, de que estamos falando.
Veremos agora a lista
dos governantes da Palestim durante o período romano, partindo do ano 63 a.C.
até o início da Era Cristã.
• HIRCANO II. 63-40
a.C. Já falamos desse homem na letra "c". Hircano começou a governar
a Palestina por delegação de Pompeu, o general romano. Em 47 a.C, César nomeia
Hircano II etnarca da Judéia. Todavia, Hircano era um rei apenas titular; quem
de fato o dirigia em tudo era o idumeu Antípater. Ainda em 47 a.C, César nomeia
Antípater como Procurador Geral da Judéia, isto é, encarregado do fisco, como
reconhecimento aos seus serviços, pois Antípater auxiliara César na campanha
deste contra o Egito, fornecendo tropas a Pompeu, o general de César. César
nomeia também Herodes, filho de Antípater, Governador da Galiléia. Após a
morte de César, em 44 a.C, Antípater morre envenenado por um cortesão de
Hircano II.
Herodes governava a
Galiléia, mas se imiscuía em toda a vida do país, urdindo intrigas e perfídias
com a conivência do próprio pai que era Procurador Geral da Judéia. Vendo
Herodes o antagonismo dos judeus devido ao seu modo de proceder arbitrário,
abusivo e ditatorial, procura abrandá-los, noivando com Mariana, neta de
Hircano II. (Era filha de Alexandre I; irmã de Aristóbulo III). Herodes já era
casado com uma filha do rei Aretas, de Nabatéia. Ele, com isso, visava galgar a
todo custo o trono de toda a
• ANTÍGONO II. 40-37 a.C. Por volta do ano 40, a
Síria rebelou-se contra o domínio romano, auxiliada pelos poderosos partos. Em
seguida, partos e sírios atacaram e saquearam a Palestina. Antígono buscava
vingar a morte de seu pai Aristóbulo II e seu irmão Alexandre II, como já
descrevemos. Com a ajuda dos partos e sírios ele marcha sobre Jerusalém.
Herodes, governador da Galiléia, mas que se intrometia na vida de todo o país,
foge para Roma. Antígono apodera-se de Jerusalém, destrona Hircano II e governa
de 40-37 a.C. Hircano é levado cativo pelos partos. Tempos depois volta.
Herodes chega a Roma. Perante o Senado e os triúnviros consegue ser nomeado rei
da Judéia no mesmo ano - 40 a.C. O exército romano ataca os invasores de
Jerusalém, partos e sírios. Herodes regressa à Palestina, procura ganhar o
favor dos judeus e casa-se com Mariana, como já fizemos menção. Herodes,
auxiliado pelas tropas romanas que acabavam de vencer os partos, sitia
Jerusalém. Os soldados romanos tomam a cidade de assalto e fazem grande
matança. Antígono é destronado e enviado a Roma, onde é morto por instigação
de Herodes. Assim, Herodes apodera-se do trono da Palestina.
• HERODES O GRANDE. 37-4
a.C. Herodes, como já vimos, governava a Galiléia, mas sua ambição era o trono
do país todo, o que conseguiu mediante esperteza e astú-cia. Diz Watson mui
sabiamente: "Herodes era idumeu por nascimento, judeu por profissão,
romano por necessidade, e grego por cultura". Praticou
o paganismo grego. Uma vez no trono, mandou matar todos os partidários de
Antígono e os membros do Sinédrio. Em certos detalhes, foi um segundo Epifânio.
Do seu casamento com Mariana, nasceram dois filhos: Alexandre II e Aristóbulo
IV. Temendo conspiração do remanescente hasmoneano, Herodes, tendo já
ocasionado a morte de Antígono, mandou matar o sumo sacerdote Aristóbulo III,
irmão de Mariana. Matou também o velho Hircano II, tio de Mariana.
A esta altura, Herodes
ganha o favor de Otávio. (Otávio é o César mencionado em Lc 2.1, que reinou de
31 a.C. a 14 d.C.) Otávio dirigia-se para a campanha do Egito, quando Herodes
foi encontrá-lo em Ptolemaida, levando suprimentos para suas tropas. Otávio
derrotara Antônio em Ácio (31 a.C), e este fugira para o Egito com Cleópatra
VII, sua amante.
A Palestina estava agora
dividida em 6 distritos: JU-DÉIA, SAMARIA, IDUMÉIA, GALILÉIA, PERÉIA, ITU-REIA.
Herodes continuou a molestar os judeus. Dando ouvido a denúncias falsas, manda
matar sua esposa favorita, Mariana, em 20 a.C. Este foi um crime aterrador.
Teve ao todo 10 esposas. Também mandou matar a mãe de Mariana: Alexandra.
Matou certa vez 10 zelotes. Outra vez mandou matar 45 judeus porque quebraram
uma asa de uma á-guia de prata do seu palácio. Matou muitos outros. Foi grande
administrador. Reconstruiu Jerusalém, seus muros e edifícios. Construiu
palácios, inclusive o Forte Antônia, na área Noroeste do templo.
O ódio dos judeus aumentava
contra Herodes. Para evitar que os judeus apelassem para César, prometeu-lhes
um novo templo, o qual foi iniciado em 19 a.C. e concluído em 64 d.C. Foi o
templo conhecido pelo Senhor Jesus.
Toda a Palestina
beneficiou-se com a administração herodiana. Reconstruiu a cidade de Samaria
com o nome de Sebasta (palavra grega equivalente a augusta, em alusão a
César). Procurava ele assim relevar seus crimes. Temendo sempre conspiração
contra o trono, mantinha uma prisão de torturas. Era desconfiado de todos e
extremamente ciumento. Não se sabe quantos morreram naquela prisão. Seus dois
filhos - Alexandre II e Aristóbulo IV estudaram em Roma. Temendo conspiração
dos dois, mandou matá-los. Morreram assim, os últimos descendentes dos
Macabeus. Tinha Herodes, pela força, imposto a paz. Estava agora muito velho.
O remorso o persegue.
Chega o ano 5 a.C. - o
ano do nascimento do Senhor Jesus. Desde 10 anos antes, há paz na Palestina.
No mesmo ano 5 a.C. é descoberta uma conspiração por parte de seu irmão Féroras
e seu filho Antípater, filho de Dóris, outra esposa. Féroras é morto. Enquanto
corre o processo para a morte de Antípater, chegam a Jerusalém uns magos vindo
do Oriente, e perguntando: "Onde está aquele que é nascido rei dos
judeus?" (Mt 2.1,2). Herodes, que como já vimos, vivia atormentado pelo
fantasma da conspiração, sofreu grande perturbação (Mt 2.3). Fingidamente,
desejou adorar o recém-nascido, que era o Messias prometido nas profecias do
Antigo Testamento. Deus via o seu plano maligno e guiou os magos a regressarem
por outro caminho. Herodes, vendo seus planos desfeitos, ordena matança dos
inocentes de Belém. Matar já era coisa natural para ele. Deus então conduz
José, Maria e o menino ao Egito, cum-prindo-se, assim, as profecias (Os 11.1).
No ano seguinte - 4 a.C.
- morre Herodes de terrível enfermidade em Jerico. Determina grande massacre
para o dia da sua morte, para que haja muito pranto. Felizmente tal plano não
foi cumprido.
Apesar de suas
crueldades, Herodes contribuiu para o bem noutros sentidos. Todos o reconhecem
como grande administrador. Possuía muita tenacidade. Liquidou com o banditismo
no país, isso desde quando governou a Galiléia. Nesse particular, ele entrava
em choque com o Sinédrio, porque não dependia do processo formal daquela corte
para matar bandidos. Proscreveu os hasmoneus. Estes, após o último macabeu
(Simão), enveredaram pelo caminho das intrigas, vinganças, lutas políticas,
deixando em segundo plano o ideal de liberdade e independência do jugo
estrangeiro. Se tais coisas prevalecessem, seriam um estorvo à vinda e
ministério do Senhor Jesus Cristo.
Breve nota sobre o
Império Romano
A cidade-reino de Roma
foi fundada em 753 a.C, na região do Lácio, Itália, donde o vocábulo
"latim". Em 509 passou de reino a república, tendo assim nova forma
de governo, e, necessariamente, novos cargos e funções tais quais aparecem
através do Novo Testamento. Dois séculos antes de Jesus nascer, Roma iniciou
sua fase de supremacia sobre os diversos povos de então. Assim submeteu a
Itália (266 a.C), Espanha e Portugal (201 a.C), Mesopo-tâmia (195), Macedônia e
Grécia (168), Cartago, na África (146), Ásia Menor (133), Inglaterra (54,
invasão; 42, conquista) Síria (64, mas a penetração começou em 190 a.C). Norte
e Centro da Europa (58-50) etc.
Em 31 a.C, surge o
Império. Otávio é o primeiro imperador universal. Era sobrinho de Júlio César,
que fora um grande general, conquistador e por último ditador de 46-44 a.C. Em
44 foi Júlio assassinado em pleno Senado Romano, por seu filho adotivo Júnio
Bruto. Otávio reinou de 31 a.C. a 14 d.C. O Senhor Jesus nasceu quando ele
dominava o mundo todo. Ele podia de fato determinar que "todo o
mundo" fosse recenseado (Lc 2.1). Otávio aparece no texto bíblico como
"César Augusto". "César" era o nome de família.
"Augusto" foi-lhe conferido pelo Senado; eqüivale a
"sublime". Seu nome completo era CAIO JÚLIO CÉSAR OTÁVIO. Ele
concluiu as conquistas do Império. Pacificou o mundo pelas armas. Manteve
exércitos por toda parte.
O latim era a língua da
metrópole e das tropas romanas. O grego era falado nos meios culturais do
império. O aramaico era a língua materna da liturgia. O império abre grandes
estradas para uso de suas legiões e intercâmbio em geral. As estradas logo
depois seriam utilizadas pelos pre-goeiros do Evangelho. Dez anos antes de
Jesus nascer, as portas do templo de Jano são fechadas, indicando paz. Quando
Jesus nasceu, portanto, reinava paz em todo o mundo. Chegara a plenitude dos
tempos, conforme diz a Escritura em Gálatas 4.4. É a "Pax Romana" da
História.
Nas condições acima
descritas, estando tudo preparado por Deus, nasce em Belém o Messias prometido.
Breve Nota sobre os
judeus até os nossos dias
Após a morte de Herodes
o Grande, no ano 750 AUC ou 4 a.C, seu reino foi dividido entre três de seus
filhos, assim.
• HERODES ARQUELAU governou
a Judéia, a Sa-maria e a Iduméia. É citado em Mateus 2.22.
• HERODES ANTIPAS governou
a Peréia e a Gali-léia. A Peréia desse tempo não era todo o território a leste
do Jordão. É citado em Lucas 3.1. Mandou decapitar João Batista. Escarneceu de
Jesus na sua Paixão (Lc 23.6-12).
• HERODES FELIPE II governou
a Ituréia, que incluía os territórios de Traconites, Gaulanites e Auranites.
É citado em Lucas 3.1.
[Felipe I não teve reino. É citado em Mateus 14.3. Foi o primeiro marido de
Herodias, que o abandonou para casar com seu cunhado, Herodes Antipas (Mt
14.3).]
Arquelau foi deposto em
6 d.C. e daí até o ano 41 d.C. sua região (Judéia, Samaria e Iduméia) passou a
ser governada por oficiais romanos chamados procuradores, nomeados
diretamente pelo Imperador romano. Durante o ministério e Paixão do Senhor
Jesus, era procurador da região que fora governada por Arquelau, Pôncio
Pilatos, de 2 a 36 d.C.
Herodes Antipas governou
a Galiléia e a Peréia até o ano 39 d.C. Depois, seu território passou ao
governo de Herodes Agripa I, mencionado em Atos 12. Era neto de Herodes o
Grande.
Herodes Felipe II
governou a Ituréia até o ano 34. Depois, seu território passou para Herodes
Agripa I.
De 41-44 d.C. toda a
Palestina teve como rei Herodes Agripa I. Sua morte horrível aparece em Atos
12.
De 44-46, os distritos
da Judéia, Samaria e Iduméia passaram a ter novamente procuradores romanos.
A má administração destes e o espírito de revolta dos judeus, no-tadamente dos
zelotes, foram conduzindo a nação a uma revolta generalizada. Os outros
distritos foram governados por Herodes Agripa II, filho do anterior. Agripa II
é mencionado em Atos 25.
De 66-70 d.C. teve lugar
a revolta contra os romanos e a guerra que se seguiu. O César de então era
Nero, que escolheu seu mais hábil general para sufocar a rebelião. Em 66,
quando começou a insurreição, o legado romano da Síria -Céstio Galo - atacou
Jerusalém com 40.000 soldados, mas o ataque foi tão violentamente repelido que
Galo teve de retirar-se para Cesaréia, perdendo 6.000 homens.
No dia da Páscoa do ano
70 d.C, Tito surge com seu exército de 50.000 homens diante dos muros de
Jerusalém. Após cinco meses de assédio, os muros foram derribados, o templo
incendiado e a cidade assolada. Mais de 1.000.000 foram mortos, além de 95.000
levados cativos. Foi a queda final do judaísmo. O exército romano recolheu-se a
Cesaréia.
Em 132-135 d.C, houve
outra revolta dos judeus contra os romanos. Desta vez o Estado Judaico foi
destruído pela raiz. O líder da revolta foi Bar Cocheba. Foi homem de grande
coragem e capacidade militar. Na revolta, ele apoderou-se da cidade e tentou
reconstruir o templo. A revolta foi sufocada pelo exército romano. O número de
judeus mortos subiu a 580.000. O país ficou arrasado. Os judeus foram expulsos
da Palestina e proibidos de entrar em Jerusalém, sob pena de morte. A cidade
teve seu nome mudado. Erigiu-se um templo a Júpiter no local do antigo templo
dos judeus.
A rebelião sob o comando
de Bar Cocheba foi a última tentativa heróica dos judeus, até os tempos
modernos, para reconquistarem a independência nacional. Desde essa época (135
d.C.) até 1948, os judeus não tiveram pátria. Andaram errantes por toda parte
da terra. Todos podiam mandar na Palestina, menos os judeus. Em 14 de maio de
1948, renasceu o Estado de Israel, segundo as promessas das escrituras e pela
iminência da volta de Jesus, e o retorno dos judeus em escala sempre crescente
começou. Assim, o passado de Israel é assunto mui impressionante, mas seu futuro
é mais comovente ainda. As ruínas de Jerusalém não permanecerão para sempre.
Israel restaurado, com seu templo e sua cidade de Jerusalém, com suas roupagens
formosas (Is 52.1), deve ser a nossa meditação constante. O nosso maior
anelo deve ser o dia quando Cristo puser seus pés reluzentes sobre o monte das
Oliveiras (Zc 14.4), quando todo o Israel dirá "Bendito o que vem em nome
do Senhor!" (Mt 23.39).
É oportuno acrescentar
que três civilizações achavam-se na Palestina nos tempos do Novo Testamento: a)
A Grega, representando a cultura e o saber; b) A Romana, representando
a lei e o poder; c) A Judaica, representando a religião e a justiça.
III. A ÉPOCA DO
CRISTIANISMO
É a história da Igreja
propriamente dita. Constitui matéria à parte; por isso não é estudada aqui.
Citamo-la apenas como parte da estrutura do capítulo em estudo. A Época do
Cristianismo começa com o nascimento do Senhor Jesus, no ano 5 a.C.
(correspondente mais ou menos ao 749 AUC), e estende-se paralelamente ao texto
bíblico até os últimos dias de João o apóstolo. (Cerca de 100 d.C. e, fora dele
[do texto bíblico] até os tempos atuais.)
Nenhum crente deveria
ignorar os lances impressionantes e portentosos desta maravilhosa história. É
impossível entender as condições atuais de toda a cristanda-de sem conhecer a
história da Igreja.
A Época do Cristianismo
nos dias do Novo Testamento tem três períodos:
1. O Período da Vida de Cristo. (Visto nos
Evangelhos.)
2. O Período da Igreja em Jerusalém. (Visto em
Atos até o cap. 12.)
3. O Período da Igreja Missionária. (Visto em
Atos, cap. 13 em diante, e Epístolas.)
Após os dias do Novo
Testamento. A Época do Cristianismo pode ser estudada dentro dos quatro
períodos da história secular:
1. O Período Romano, até a queda de Roma (476 d.C.)
2. O Período Medieval, da queda de Roma, ao fim
do império Romano do Oriente (476-1453 d.C.)
3. O Período Moderno, do fim do Império Romano
do Oriente à Revolução Francesa (1453-1789 d.C.)
4. O Período Contemporâneo, de 1789 aos nossos
dias. Com seus títulos descritivos, veja abaixo os capítulos mais importantes
da História Bíblica do povo de Deus:
I. ÉPOCA
PRÊ-ABRAÂMICA
1. Período
Antediluuiano
Gn 1 A Criação em Geral
Gn 2 A Criação do Homem
2. Período do Dilúvio a Abraão
Gn 6-8 O Dilúvio
Gn 9 O Pacto com Noé
II. ÉPOCA DE ISRAEL 1.
Período Patriarcal
Gn 12 A Chamada de
Abraão e Fundação da Nação Israelita
Gn 19 A Destruição de
Sodoma e Gomorra
Gn 21 O Nascimento de
Isaque
Gn 29,30 O Nascimento
dos Doze Patriarcas
Gn 41 José - Vice-rei do
Egito
Gn 46 A Emigração de
Israel para o Egito
2. Período de Israel
no Egito
Êx 2 O Nascimento de
Moisés Êx 3 A Chamada de Moisés
3. Período de Israel
no Deserto
Êx 12 A Instituição da
Páscoa e o Início da Peregrinação
Êx 14 A Passagem Pelo
mar Vermelho
Êx 17 A Rocha Ferida
Êx 20 Os Dez Mandamentos
Êx 25 A Construção do
Tabernáculo
Êx 28 A Escolha de Arão
Lv 1-5 A Instituição dos
Cinco Grandes Sacrifícios
Lv 23 A Instituição das
Sete Festas Religiosas
Nm 3 A Escolha da Tribo
de Levi
Nm 11 O Reinicio da
Peregrinação
Nm 13,14 Espias e
Murmuradores
Nm 21 A Serpente de
Metal
Nm 33 Os Acampamentos de
Israel
Dt 31 Josué Sucede a
Moisés
Dt 34 A Morte de Moisés
4. Período da
Conquista de Canaã
Js 3 A Passagem do Rio
Jordão Js 6 Destruição de Jerico
Js 10 Sol e Lua Parados
Js 11 Josué Vence Vários
Reis
Js 12-21 Divisão de
Canaã Pelas Tribos
5. Período dos Juizes
Jz 1 Novas Conquistas
Pelas Tribos
Jz 13-16 A Atuação de
Sansão
Rt 1-4 O Casamento de
Boaz com
Rute 1 Sm 1 O Nascimento
de Samuel
6. Período da Monarquia
1 Sm 10 Saul - Primeiro
Rei de Israel
1 Sm 16 Davi Ungido Rei
1 Sm 17 Davi Mata o
Gigante
2 Sm 5 Davi Constituído
Rei de Todo Israel
2 Sm 8 A Expansão do
Reino de Israel
1 Cr 23-26 O Serviço dos
Levitas
1 Rs 2 Salomão Rei de
Israel
1 Rs 4 A Extensão do
Reino de Salomão
1 Rs 6-8 A Construção do
Templo
7. Período do Reino
Dividido
1 Rs 12 A Divisão do
Reino
1 Rs 17,18 O Ministério de Elias
2 Rs 2 O Ministério de Eliseu
2 Rs 18 O Avivamento sob
Ezequias
2 Rs 20 O Milagre do
Recuo do Tempo
2 Rs 22 O Avivamento sob
Josias
2 Cr 17-20 O Reinado de
Josafá
Zc 7.7 O Ministério dos
Profetas (Jl - Ml)
8. Período do
Cativeiro e Restauração
2 Rs 25; Jr 52
Destruição de Jerusalém
Ed 1 O Retorno dos
Judeus
Ed 3 A Reconstrução do
Templo
Ne 3 A Reconstrução dos
Muros de Jerusalém
Ne 8,9 O Avivamento sob
Esdras
Et 8,9 O Livramento dos
Judeus
Dn 2 Os Quatro Últimos
Impérios Mundiais
Dn 3 Os Três Jovens
Salvos na Fornalha
Dn 6 Daniel Na Cova dos
Leões
Dn 7-12 O Futuro da
Nação Israelita
9. Período Interbíblico
(Dn 8.11)
III. ÉPOCA DO
CRISTIANISMO
1. Período da Vida de
Cristo
Mt 1; Lc 2 O Nascimento
de Jesus
Mt 3 O Ministério de
João Batista
Mt 4.23; Lc 4.14-19; Jo
21.25; At 10.38 - Ministério de Jesus
Mt 27,28 A Morte e
Ressurreição de Jesus
Mt 28.18-20; Mc
16.15-18; At 1.8 - A Comissão de Jesus à Igreja
Lc 24.50,51; At 1.9-11 -
A Ascensão de Jesus
2. Período da Igreja
em Jerusalém
At 2.1-13 O Batismo com
o Espírito Santo
At 2.14-47 A Conversão
dos Judeus
At 8 A Conversão de
Samaritanos
At 10 A Conversão de
Gentios 3. Período da Igreja Missionária
At 13 Missões
At 15 O Primeiro
Concilio da Igreja
At 16 O Evangelho na
Europa
At 28 O Evangelho em
Roma
2 Pe 3.15 Epístolas
escritas
Rm 15.19,24,28 O
Evangelho no Mundo Conhecido
Ap 1.9,10; 4.1,2 - A Visão
do Futuro da Igreja
QUESTIONÁRIO
1. Em que ordem aparecem na Bíblia os 66 livros
do câ-non sagrado?
2. Qual a principal vantagem do estudo da
seqüência da História Bíblica?
3. As novas evidências arqueológicas afetarão
grande parte das datas até agora adotadas. Em que consistirá a alteração?
4. As datas impressas em certas edições da
Bíblia, vem de que ano?
5. Defina a chamada "Cronologia
Aceita"
6. Quais as duas naturezas de que Adão foi
dotado por Deus?
7. Como se comportava e agia Adão após sua
criação por Deus?
8. Dê os nomes bíblicos da região onde se situa
o Éden.
9. Que região da terra a Bíblia apresenta como
berço da raça humana?
10. Cite os 3 pontos descritivos sobre os
primitivos sacrifícios de animais inocentes, isto é, as três lições que ensinavam.
11. Dê as seis razões apresentadas da
extraordinária longevidade dos antediluvianos.
12. Em que região da terra deu-se a confusão das
línguas?
13. Que região do globo os semitas povoaram?
14. Que região do globo os camitas povoaram?
15. Que região do globo os jafetitas povoaram?
16. Que prediz a profecia de Noé (Gn 9.25-27)
quanto ao futuro das três raças-troncos oriundas dele?
17. Que capítulo na Bíblia apresenta um resumo da
distribuição das raças após o dilúvio?
18. Como Abraão pôde ter conhecimento de Deus em
meio a tanta idolatria?
19. Com que personagem começa a história de
Israel como povo eleito de Deus?
20. Qual foi o supremo propósito de Deus na
chamada de Abraão?
21. Socialmente, que homem foi Abraão?
22. Descreva o estado moral dos povos que
ocupavam Ca-naã quando Abraão ali chegou?
23. Quem eram os hicsos - dominantes no Egito
quando para ali imigraram os israelitas?
24. Quanto tempo durou a escravidão (e sua
conseqüente aflição) dos israelitas no Egito?
25. Descreva os três períodos, de 40 anos cada
um, da vida de Moisés.
26. Quais os faraós apontados pelos orientalistas
como os da opressão aos israelitas, no Egito?
27. Quais os faraós apontados como os do êxodo
dos israelitas?
28. Cite três fatos de alta relevância nacional e
espiritual quanto a Israel durante seu período no deserto.
29. Por que discorre a Lei sobre atos indecentes
e imorais?
30. Qual o principal pecado que fez Israel vagar
cerca de 40 anos no deserto?
31. Cite os líderes nacionais e espirituais
durante o período de Israel no deserto.
32. Quais os primeiros territórios conquistados e
ocupados pelos israelitas antes de cruzarem o Jordão?
33. Dê o nome da fase de operação durante a
conquista de Canaã.
34. Onde permaneceu o tabernáculo durante a
conquista de Canaã?
35. Por que os israelitas não conseguiram efetuar
a conquista total de Canaã?
36. Por que Deus ordenou
a destruição das nações circun-vizinhas de Israel?
37. O período dos Juizes levou quanto tempo?
38. Onde se estabeleceu o centro religioso
nacional de Israel no período dos Juizes?
39. Cite o principal líder espiritual do período
dos Juizes.
40. Quem definitivamente conquistou Jerusalém das
mãos dos jebuseus?
41. Dê a extensão da área geográfica da nação
israelita nos dias de Salomão.
42. O que de fato deu ongem à religião mista dos
samarita-nos? Cite referências bíblicas em 2 Reis.
43. Quanto tempo durou e quantos reis teve o
reino de Israel, isto é, o reino do Norte?
44. Idem, referente ao reino de Judá, isto é, o
reino do Sul?
45. Quanto ao cativeiro de Judá, cite as datas de
suas três levas de exilados.
46. Dê a duração e ocasião do ministério dos
profetas como um todo?
47. Dê o nome do profeta:
- Entre os exilados em Babilônia.
- Entre o ramanescente deixado na Palestina.
- Na corte do império babilônico durante o
exílio.
48. Dê o período e a ocasião da restauração do
país de Israel, após o cativeiro.
49. Quanto ao retorno do cativeiro, dê as datas
das três levas de repatriados.
50. Cite referências do Novo Testamento mostrando
que naqueles dias havia núcleos de todas as tribos de Israel.
51. Além do Sinédrio e dos livros apócrifos, cite
outros fatos relevantes ocorridos durante o Período Interbíblico.
52. Cite as seitas religiosas surgidas durante o
Período Interbíblico.
53. Que fato principal provocou a revolta dos
Macabeus contra a Síria?
54. Que evento da revolta dos Macabeus originou a
festa mencionada em João 10.22?
55. Em que ano o Império Romano apossou-se da
Palestina?
56. Como procedeu Herodes o Grande para ocupar o
trono da Palestina?
57. Dê a referência bíblica e o nome completo do
César que reinava em Roma quando o Salvador nasceu.
58. Considerando os tempos do Novo Testamento,
cite as três civilizações em curso, e o que representavam na Palestina.
Cristo nasceu quando
César Augusto dominava o mundo, inclusive a cidade de Jerusalém
7
Cronologia bíblica
Teremos neste capítulo
um resumo da cronologia dos períodos bíblicos, bem como dos livros da Bíblia.
Incluiremos alguns fatos relevantes da história universal contemporânea.
I. INTRODUÇÃO À
CRONOLOGIA BÍBLICA
A cronologia bíblica é
quase toda incerta; aliás, toda a cronologia antiga é incerta. As datas eram
contadas tomando-se por base eventos importantes, e isso dentro de cada povo.
Não havia, é óbvio, uma base geral.
Quanto à Bíblia, seus
escritores não tinham preocupação com datas; apenas registravam os fatos. As
datas, quando mencionadas, têm base, como acima ficou dito: em eventos
particulares.
As descobertas
arqueológicas e o estudo mourejante de dedicados eruditos no assunto vêm
melhorando e precisando a cronologia em geral, inclusive a bíblica.
As datas que aparecem
nas margens de certas edições da Bíblia não pertencem ao texto original. Foram
calculadas principalmente pelo arcebispo Ussher (1580-1656), em 1650. É
conhecida por "Cronologia Aceita". Essas datas foram inseridas na
Bíblia pela primeira vez em 1701. De certos tempos para cá a cronologia de
Ussher vem enfrentando severa crítica, Há divergências e opiniões contrárias a
muitas de suas datas, isso em face do progresso do estudo de assuntos orientais
através das pesquisas e descobertas arqueológicas.
É preciso considerar que
o registro de números, datas e tempos constantes das Escrituras foram inseridos
de acordo com as necessidades e a praxe de então. A Bíblia não é um tratado de
história, nem de geografia, nem de astronomia ou de outros ramos quaisquer da
ciência, apesar de haver nela alusões a tudo isso. Ela é, acima de tudo, a
revelação de Deus ao homem para que este possa ir a Deus.
II. DIFICULDADES NO
ESTUDO DA CRONOLOGIA BÍBLICA
1. Dificuldades nas fontes de dados
Tratando-se do texto
bíblico, temos dados para a cronologia de três diferentes fontes, mas todos
discrepantes: o Texto Mossorético, escrito em hebraico atual; a Septua-ginta,
escrita em grego, e o Pentateuco Samaritano, escrito em caracteres samaritanos.
2. Dificuldades nas eras
As eras atuais entraram
em uso há pouco tempo em comparação com a extensão da história bíblica. A Era
Assíria (O Cânon Epônimo) vem de 893 a.C; a Babilônica (Era de Nabopolassar),
747; a Grega, de 776 (data da primeira Olimpíada - jogos que eram realizados
cada quatro anos); a Romana, de 753 a.C. - data da fundação de Roma; a
Selêucida, de 312 a.C. - data da ocupação de Babilônia por Seleuco Nicátor; a
Maometana, de 622 d.C. - data em que Maomé fugiu de Meca. Essa pluralidade de
eras choca o leitor moderno que só tenha noções do nosso calendário.
3. Dificuldades no texto bíblico
Há, especialmente nos
períodos: dos juizes, do reino dividido, e dos profetas, muitos períodos
coincidentes em parte, reinos associados, intervalos de anarquia, frações de
anos tomadas por anos inteiros, partes tomadas pelo todo, e arredondamento de
números. Há vários casos quanto a este último item. Exemplos: Êxodo 12.37 com
Números
1.46 e 11.21; Gênesis
15.13 com Gálatas 3.17. Outro caso interessante é o do rei Jotão. Em 2 Reis
15.33 se diz que ele reinou 16 anos, entretanto, no versículo 30 é mencionado
seu 20y ano de reinado!
Quanto ao caso do rei
Jotão ter reinado 16 anos e ser mencionado seu 20? ano de reinado, ele pode ter
reinado com seu pai, que era leproso, talvez em seus últimos anos de vida. Esse
rei leproso - Azarias - (2 Rs 15.5,7), é também chamado Uzias (2 Cr 26.23).
III. CASOS A CONSIDERAR
NO ESTUDO DA CRONOLOGIA BÍBLICA
1. A relação entre séculos e anos
Aqui, muitos se enganam
no cálculo de anos. Por exemplo: no Século I de uma era estão os anos 1 a 100,
no Século II, 101 a 200, e não 100 a 200, como pode parecer à primeira vista.
Exemplo mais completo:
Século
I.....................................................anos 1 a 100
Século
II............................................... anos 101 a 200
Século
III.............................................. anos 201 a 300
Século
XX........................................ anos 1901 a 2000
2. A era antes de Cristo (Era a.C.)
A contagem do tempo
antes de Cristo é regressiva, isto é, parte de Cristo para a criação (4004
a.C), e não ao contrário. Partindo da criação para Cristo, os anos diminuem
até chegarmos ao ano 1 a.C, porém, partindo de Cristo para a criação adâmica,
os anos aumentam até chegarmos ao ano 4004, ano esse tido como a da criação, ou
melhor, da recriação.
3. O erro do nosso calendário - o calendário
atual
O uso do calendário é
tão antigo quanto a própria humanidade. Há calendários diversos. Nestas
concisas e incompletas notas reportamo-nos unicamente ao calendário cristão,
do qual, o calendário atual é continuação.
Em 526 a.C, o imperador
romano do Oriente, Justi-niano I, decidiu organizar um calendário original,
encarregando da tarefa o abade Dionysius Exiguus, o qual, em seus cálculos,
cometeu um erro, fixando o ano 1 d.C. com um atraso de 5 anos. Daí dizer-se que
Cristo nasceu 5 anos antes da Era Cristã, o que é um absurdo, se não houver explicação.
Nossos livros apenas declaram a existência do erro, mas não o explicam.
As datas atuais estão,
portanto, atrasadas de 5 anos. Para termos datas mais ou menos exatas é preciso
acrescentar-lhes 5 anos.
É também oportuno dizer
que o calendário atual chama-se Gregoriano, porque em 1582 o papa
Gregório XIII alterou o calendário de Dionysius, subtraindo 10 dias (determinou
que o dia 5 de outubro passasse a ser 15 do mesmo mês), a fim de corrigir a
diferença advinda do acúmulo de certos minutos a partir de 46 a.C., quando
César reformou o calendário de então.
4. O tempo e suas
divisões
a. O dia natural. Isto
é, o período em que há luz; entre os judeus e romanos era dividido em 12 horas
(Jo 11.9), isto nos dias do Novo Testamento. A Hora Primeira era às 6 da manhã;
a Hora Sexta às 12 horas de hoje. (Algumas referências: Mt 20.6; Jo 4.6; At
10.3,9). A Terceira, a Sexta e a Nona Hora eram dedicadas a oração e adoração
(At 3.1; 10.3,9). Antes da Hora Terceira, os judeus não comiam nem bebiam (At
2.15). Nos tempos do Antigo Testamento o dia era simplesmente dividido em 3
períodos: manhã, das 6 às 10; o calor do dia, das 10 às 14 horas,
e o frescor do dia, das 14 às 18 horas. O dia civil era contado de um
pôr-do-sol a outro (Lv 23.32). Entre os romanos, o dia ia de uma meia-noite a
outra, isto é, o dia civil.
João, em seu Evangelho,
emprega o calendário romano; os demais evangelistas usam o judaico. João
escreveu de Éfeso, que, sendo território romano, empregava o citado calendário.
Por isso ele cita as horas de modo diferente. Por exemplo, Marcos, usando o
calendário judaico, declara (Mc 15.33) que, estando Jesus na cruz, vieram
trevas sobre a terra, na Hora Sexta (meio-dia). João, por sua vez, afirma que
o julgamento de Jesus terminou na Hora Sexta, (Jo 19.14) o que é uma
discrepância! Porém, no calendário romano, usado por João, a Hora Primeira do
dia era à meia-noite, sendo 6 da manhã a Hora Sexta, a hora em que terminou o
julgamento de Jesus:
A noite, nos tempos do
Antigo Testamento, estava dividida em três vigílias, de 4 horas cada uma. A
primeira, das 6 às 10; a da meia-noite, das 10 às 2 da manhã; a da manhã,
das 2 às 6 da manhã (Êx 14.24; Jz 7.19; Lm 2.19). No NT, a noite tinha 4
vigílias de 3 horas cada uma, conforme o sistema dos romanos. A primeira
chamava-se tarde e ia das 6 às 9; a segunda, meia-noite, das 9 às 12; a
terceira, cantar do galo, das 12 às 3 da madrugada; a quarta, manhã,
das 3 às 6 da manhã (Mc 6.48; 13.35; Lc 12.38).
Nosso sistema
sexagesimal (horas divididas em 60 minutos, e estes em 60 segundos) vem dos
sumários. Não era seguido entre os israelitas.
b. A semana. Em hebraico o termo
traduzido "semana" significa simplesmente sete, sem indicar dias ou
anos. Nossa palavra semana vem do latim "septimana" que literalmente
significa setenário, isto é, que contém sete. Os dias da semana
entre os hebreus não tinham nomes e sim números, exceto o sexto que se chamava parasceue
(Lc 23.54), e o sétimo que se chamava sábado (em heb.
"shab-bath", cessação, descanso).
c. Os meses. Eram lunares, devido à
observação das fases da lua. Tinham 29 a 30 dias, alternadamente. Antes do
cativeiro babilônico, os meses eram designados por números, exceto o primeiro
que se chamava Abibe (espiga de trigo). Após o retorno do exílio, passou a
chamar-se Nisã, palavra assíria para princípio, abertura (Êx
12.2; 13.4). Após o cativeiro, todos os meses passaram a ter nomes de origem
babilônica e cananéia:
MÊS
|
NOME
|
APROXIMAÇÃO ATUAL
|
1º
|
Abibe ou Nisã
|
Abril
|
2º
|
Zife ou Liar
|
Maio
|
3º
|
Sivã
|
Junho
|
4º
|
Tamuz
|
Julho
|
5º
|
Abe
|
Agosto
|
6º
|
Elul
|
Setembro
|
7º
|
Etanim ou Tísri
|
Outubro
|
8º
|
Bul ou Marquesvã
|
Novembro
|
9º
|
Quisleu
|
Dezembro
|
10º
|
Tebete
|
Janeiro
|
11º
|
Sebate
|
Fevereiro
|
12º
|
Adar
|
Março
|
Sendo o ano lunar,
retrocedia em dias, causando desencontro das estações agrícolas, uma vez que
estas são ocasionadas pelo ciclo solar. Para harmonizar isto, cada três anos
intercalava-se um mês adicional chamado Veadar (isto é, segundo Adar), ficando
esse ano com 13 meses. Isto forçou os israelitas a adotarem o ano do ciclo
solar.
d. Os anos. Tinham
12 meses de 29 e 30 dias, alternada-mente, perfazendo 354 dias. Os judeus
tinham dois diferentes anos: o sagrado e o civil. O sagrado iniciava-se no mês
de Abibe, que corresponde ao fim de março ou princípio de abril, na lua cheia,
após o equinócio da primavera. O ano civil iniciava-se no sétimo mês do ano
sagrado (Tisri ou Etanim), correspondendo ao final de setembro ou princípio de
outubro. O início do ano civil era comemorado com a Festa das Trombetas (Lv
23.24,25). Havia também o Ano Sabático cada 7 anos, para descanso do solo; e o
Ano do Jubileu, cada 49 anos, para libertação humana em geral. Assim, Deus
proveu o controle das riquezas e da escravidão.
IV. CRONOLOGIA DOS
PERÍODOS HISTÓRICOS DA BÍBLIA E HISTÓRIA UNIVERSAL CONTEMPORÂNEA
(Períodos, aqui, têm aplicação diferente da do
Cap. VI.) 1. Período Antediluuiano: 1656 anos (Gn caps. 2-6) Tempo: de
Adão (4004 a.C.) ao Dilúvio (2348 a.C.) Adão criado em 4004 a.C. O Dilúvio
ocorreu em 2348 a.C. Nesse período, Babilônia - berço da raça humana - atinge
elevado grau de civilização. Primeira dinastia de Ur: 2800-2400 a.C. Ur era
cidade-reino predominante na época, no mundo então conhecido. Era a cidade de
Abraão. Foi depois eclipsada pela cidade de Babilônia. Reinos do Alto e Baixo
Egito. Me-nes unifica o Egito: 2900 a.C. Cidades-estados su-merianas.
2. Período do Dilúvio
d Dispersão das Raças: 100 anos (Gn caps. 7-11).
Tempo: 2348-2248 a.C.
Nascimento de Abraão:
1996 a.C.
De Adão a Abraão: 2008
anos
Sem (filho de Noé) viveu
98 anos até o Dilúvio, e mais 502 após. Foi um traço de união entre as gerações
posteriores ao Dilúvio.
3. Período dos
Patriarcas: 430 anos (Gn cap. 12 a Êx cap. 12)
Tempo: da chamada de
Abraão ao Êxodo (1921-1491 a.C.)
Chamada de Abraão: 1921
a.C.
Do Dilúvio à chamada de
Abraão: 427 anos (2348-1921 a.C.)
As provações de Jó:
cerca de 1845 a.C. Nascimento de José: 1800 a.C.
Imigração de Jacó e sua
família para o Egito: cerca de 1706 a.C.
Nascimento de Moisés:
1571 a.C. Permanência de Israel no Egito: cerca de 400 anos. Período da
escravidão no Egito: cerca de 100 anos. Egito - 1? império mundial: 1600-1200
(18? e 19? dinastias).
Êxodo dos Israelitas:
1491 a.C. Outro cômputo dá 1450 a.C.
4. Período da Jornada
no Deserto e Conquista de Canaã: 46 anos (Êx cap. 13 a Js cap. 24).
Tempo: do Êxodo à
conquista de Canaã (1491-1445 a.C.)
Peregrinação no deserto:
40 anos (Nm 10.11 com Dt 2.14).
Passagem do Jordão: 1451
a.C.
Conquista de Canaã: 6
anos (1451-1445 a.C.)
Apogeu do Império
Hitita: 1400 a.C.
Projeção dos gregos e
colonização da Ásia Menor por eles.
5. Período da
Teocracia: 345 anos (Jz cap. 1 a 1 Sm cap. 10) (Ver Juizes 11.26.)
Tempo: época dos Juizes
até Samuel (1445-1100 a.C.)
Ministério de Samuel:
1100-1053 a.C. - cerca de 47 anos.
Egito: centro de cultura
geral.
Projeção da Grécia.
Destruição de Tróia: 1184 a.C.
Os navegantes
exploradores fenícios chegam a Gibraltar: 1100 a.C.
Até aqui, a cronologia é
por demais incerta. A época dos
Juizes é uma das piores.
(A partir do período seguinte, a
História já fornece
dados mais seguros para cálculos).
6. Período do Reino
Unido ou Monarquia: 120 anos (1 Sm cap. 11 a 2 Cr cap. 9).
Tempo: de Saul (1053) a
Salomão (933 a.C.)
Saul: 1053-1013, reinado
de 40 anos (At 13.21).
Davi: 1013-973, reinado
de 40 anos (2 Sm 5.4).
Salomão: 973-933,
reinado de 40 anos (1 Rs 11.42).
Assíria - império
mundial: 900-607 a.C.
7. Período do Reino
Dividido: 347 anos (1 Rs 12 a 2 Cr 36)
Tempo: de Roboão (933) a
Zedequias (586 a.C.)
Reino do Norte (Israel)
durou mais de 200 anos (933-721 a.C.)
Reino do Sul (Judá)
durou mais de 300 anos (933-586 a.C.)
Início do cativeiro do
Reino do Norte (Galiléia): 734 a.C.
Cativeiro total do Reino
do Norte: 721 a.C.
Início do cativeiro de
Judá: 606 a.C. 1ª leva de cativos, inclusive Daniel. (Ver 2 Crônicas 36.6,7 com
Daniel 1.1-3.)
Templo saqueado.
Jeoaquim subjugado.
Segunda leva de cativos
de Judá: 597 a.C. Nesta leva foi o profeta Ezequiel, o rei Jeoaquim e 10.000
homens escolhidos (2 Rs 24.14-16). Mais tesouros do templo foram levados.
Terceira leva de
cativos: 586 a.C. Desta vez Nabucodo-nosor destruiu Jerusalém e incendiou o
templo, levando entre os cativos o rei Zedequias (2 Rs 25.8-12; Jr 52.28-30).
Roma é fundada em 753 a.C.
Os fenícios dão volta à
África em 600 a.C.
Faraó Neco II tenta
construir um canal ligando o mar Vermelho ao Mediterrâneo utilizando 120.000
homens.
(Fato concretizado no
Canal de Suez, no século passado.)
A Pérsia esmaga o Egito:
525 a.C.
Projeção dos estados
gregos - Atenas e Esparta.
8. Período do
Cativeiro e Restauração: 174 anos (2 Cr 36 a Ne 13).
Tempo: da primeira leva
de cativos de Judá por Babilônia (606 a.C.), ao final do registro da história
bíblica (cerca de 430 a.C.)
Cativeiro: 70 anos.
Restauração: 104 anos.
Decreto de Ciro para a
volta dos judeus do cativeiro: 536 a.C.
Reconstrução do templo:
536-516 a.C. (20 anos)
Deposição de Vasti: 482
a.C.
Ester, rainha da Pérsia:
478 a.C.
Ageu e Zacarias -
profetas da restauração: 520 a.C. em diante
Esdras chega à província
de Judá como sacerdote: 457 a.C.
Neemias nomeado
governador: 445 a.C. Reedifica os muros e a cidade de Jerusalém, em 444. Volta
à Pérsia em 434. Retorna a Jerusalém em 432 a.C. (Ne 13.6).
9. Período
Interbíblico: cerca de 400 anos (De Neemias ao início da Era Cristã).
Impérios dominantes: o
Persa: 536-330; o Grego: 330-146; O Romano: 146 a.C. a 476 d.C.
Resumo geral da
cronologia do Antigo Testamento
4004-2400 a.C Mundo antediluviano................................cerca
de 1600 anos
2400-2000 a.C Do Dilúvio
a Abraão 400
anos
2000-1800 a.C
Patriarcas: Abraão, Isaque e Jacó........... 200
anos
1800-1400 a.C Israel no
Egito......... 400
anos
1400-1100 a.C Período
dos Juizes... 300
anos
1053-933 a.C A Monarquia
Israelita (Saul, Davi e Salomão) ... 120
anos
933-586 a.C O Reino Dividido..... 350
anos
606-536 a.C O Cativeiro..............
70 anos
536-432 a.C Restauração da na
ção israelita............. 100
anos
10. Período do Novo
Testamento
Nascimento de Jesus: Ano
5 antes do início da atual
Era Cristã.
Tibério associado com
Augusto no governo do Império Romano: 11-14 d.C.
Tibério, imperador: 14
d.C.
Ministério de João
Batista: 26 ou 27 d.C. Evidências disso:
a) Em Lucas 3.1,o 15º
ano de Tibério é contado a partir de seu governo associado com Augusto em 11
d.C. Logo 11 + 15 = 26 d.C.
b) Em João 2.20, se diz que o templo fora
construído em 46 anos. De acordo com a História, a construção teve início em 19
a.C.
Logo: 19 a.C + 27 d.C. =
46 anos.
Batismo de Jesus: 26 ou
27 d.C. (Corrigindo-se o calendário: 30-31 d.C.)
Ministério de Jesus:
26-29 d.C. Sua idade 29 d.C + 4 (devido ao erro do calendário) = 33 anos e
meses. Fundação da Igreja: 29 d.C. ( + 4 anos devido ao erro do calendário = 33
d.C.)
Conversão de Saul: 32 ou
35 d.C.
Fundação da igreja
gentílica de Antioquia: 42 d.C. (At 11.19-26).
Antioquia era a terceira
cidade do império, sendo as outras, Roma e Alexandria.
Primeira viagem
missionária de Paulo: 47 d.C. (At 13.4-15.4).
Concilio de Jerusalém:
50 d.C. (At 15).
Segunda viagem
missionária de Paulo: 50 d.C. (At 15.36-18.22).
Terceira viagem
missionária de Paulo: 54-47 d.C. (At 18.23-21.20).
Fundação das igrejas da
Ásia Menor e Europa por Paulo: 50-63 d.C.
Fim do livro de Atos: 62
d.C.
Viagem de Paulo a Roma,
preso: 60 d.C.
Incêndio de Roma,
atribuído aos cristãos, por Nero: 64 d.C.
Começa a grande
perseguição aos cristãos. Acaba a construção do templo: 64 d.C.
Morte de Pedro: 64/65
d.C.
Início da revolta dos
judeus contra os romanos: 66 d.C.
Morte de Paulo: 67 d.C,
por Nero.
Destruição de Jerusalém
e seu templo pelos romanos: 70 d.C.
Destruição de Pompéia e
Herculano 79 d.C. por uma erupção do Vesúvio.
Perseguições contínuas
aos cristãos e progresso do Evangelho, esvaziando os templos pagãos do
Império Romano: 80 d.C. até o fim do Século I.
V. CRONOLOGIAS DIVERSAS
1. Cronologia dos
livros da Bíblia
Conforme os mais
abalizados mestres no assunto em questão, é a seguinte a ordem cronológica dos
livros da Bíblia. Quanto aos profetas, o ano mencionado é o do início do
ministério de cada um:
ANTIGO
TESTAMENTO
-Jó......................................................................... 1521 a.C.
-Gênesis........................................................
1521-1500 a. C.
-Êxodo.................................................................. 1490a.C.
-Levítico................................................................. 1489a.C.
-Números............................................................... 1451 a.C.
-Deuteronômio...................................................... 1451 a.C.
-Josué.................................................................... 1424 a.C.
-Juizes................................................................... 1126 a.C.
-Rute...................................................................... 1050 a.C.
-1 Samuel............................................................... 1050 a.C.
-2 Samuel............................................................... 1018 a.C.
-1 e 2 Reis.............................................................. 1015 a.C.
-Salmos............................................................. 1050-975
a.C.
-Cantares.............................................................. 1013a.C.
-1 e 2 Crônicas...................................................... 1004a.C.
-Provérbios........................................................... 1000 a.C.
- Eclesiastes.......................................................... 975 a.C.
-Joel...................................................................... 840 a.C.
-Jonas................................................................... 790 a.C.
-Amos.................................................................... 780 a.C.
-Oséias.................................................................. 760 a.C.
-Isaías.................................................................... 745 a.C.
- Miquéias.............................................................. 740 a.C.
- Sofonias............................................................... 639a.C.
-Naum.................................................................... 630 a.C.
- Jeremias.............................................................. 626a.C.
- Lamentações........................................................ 626 a.C.
- Habacuque.......................................................... 606 a.C.
- Daniel.................................................................. 606 a. C.
-Ezequiel................................................................ 592 a.C.
- Obadias.............................................................. 586a.C.
-Ageu..................................................................... 520 a.C.
- Zacarias............................................................ 520 a.C.
-Ester.................................................................... 509 a.C.
- Esdras................................................................. 457a.C.
- Neemias.............................................................. 434 a.C.
- Malaquias............................................................ 432a.C.
NOVO
TESTAMENTO
-1 Tessalonicenses................................................. 51 d.C.
-2 Tessalonicenses................................................. 52 d.C.
-1 Coríntios............................................................ 56d.C.
-2 Coríntios............................................................ 57d.C.
-Gálatas................................................................. 57d.C.
-Romanos............................................................... 58 d.C.
-Mateus.................................................................. 60 d.C.
- Efésios.................................................................. 61 d.C.
-Tiago..................................................................... 61 d.C.
- Filipenses.............................................................. 62 d.C.
-Colossenses........................................................... 62 d.C.
- Filemom............................................................... 62 d.C.
-Lucas.................................................................... 63 d.C.
- Hebreus................................................................ 63 d.C.
-Atos dos apóstolos............................................... 63 d.C.
- 1 Timóteo............................................................. 64 d.C.
- 1 Pedro................................................................. 64 d.C.
- Tito....................................................................... 65 d.C.
- Marcos.................................................................. 65 d.C.
-2 Pedro.............................................................. 64/5 d.C.
-2 Timóteo............................................................. 67d.C.
-Judas.................................................................... 70 d.C.
-João (Evangelho)................................................. 85 d.C.
-1 João................................................................... 90d.C.
-2 João................................................................... 90 d.C.
-3 João................................................................... 90 d.C.
-Apocalipse............................................................ 96d.C.
2. Patriarcas
Os principais já foram
mencionados nos períodos estudados. Os cabeças das 12 tribos estão entre os
patriarcas (At 7.9). José morreu no Egito. Não houve tribo com esse nome. Seus
dois filhos Efraim e Manasses deram nomes a duas tribos e ocuparam os
territórios que seriam de Levi (que não teve território, mas, cidades) e José.
3. Sacerdotes
Ver a lista em 1
Crônicas 6.1-15 e Neemias 12.11,22.
4. Reis
Os três principais reis
de Israel já foram mencionados. O reino do Sul (Judá), teve 19 reis. O primeiro
foi Roboão (933-911 a.C), e o último Zedequias (597-586 a.C).
5. Profetas
Devemos banir do nosso
pensamento a idéia popular de que o principal serviço do profeta era
predizer. No original, profeta não significa "aquele que
prediz", mas "aquele que fala em lugar de outro, por outro".
Infelizmente, a ordem dos profetas em nossas Bíblias, não é a cronológica em
que eles ministraram, o que origina não pouca confusão, mas, por certo, isto
também tem sua vantagem.
Profetas literários
em ordem cronológica, quanto ao cativeiro e pós-cativeiro dos judeus. (Profetas literários são os que
escreveram suas profecias.)
Profetas antes do
cativeiro
Reino de Israel
- Jonas (enviado à Assíria)
- Oséias
- Amos (natural de Judá)
Reino de Judá
- Miquéias (natural de
Judá)
- Joel
- Isaías
- Miquéias (ministrou aos
dois reinos)
- Sofonias
- Naum (profetizou
contra a Assíria)
- Jeremias (parte do seu
ministério)
- Habacuque
- Obadias (profetizou
contra Edom) Profetas durante o cativeiro de Judá
- Jeremias, na Palestina, entre o
remanescente deixado.
- Ezequiel, em
Babilônia, entre os cativos, no campo.
- Daniel, em Babilônia,
no palácio real. Profetas do pós-catiueiro
- Ageu
- Zacarias
- Malaquias
6. Cronologia dos
impérios mundiais
Houve até hoje 6
impérios de âmbito mundial. Damos abaixo o resumo de cada um deles.
1º) Egito: 1600-1200 a.C. Este império mundial
ia da Etiópia ao Eufrates. Nas dinastias XVIII e XIX, Israel estava no Egito.
Canaã era província egípcia. O Egito foi fundado por Mizraim, filho de Cão,
logo após o Dilúvio (Gn 10.6,13). Houve 31 dinastias de reis egípcios, de 3500
a 332 a.C, quando o país foi conquistado por Alexandre. De 332 a 30 a.C, o
Egito foi governado pelos reis Ptolomeus (I a XIV), sendo seu último governante
a rainha Cleópatra VII (ano 30 a.C.) Daí em diante ele foi província romana até
640 d.C
Algumas dinastias
egípcias de maior interesse para o estudante da Bíblia:
IV Dinastia - Construção
das famosas pirâmides em Gizé. (2900 - 2750 a.C.)
XII Dinastia - Abraão
vai ao Egito (Gn cap. 12) (cerca de 2000 a.C.)
XV-XVII Dinastia - Os Hicsos
dominam. José pertence a XVI dinastia.
XVIII-XIX Dinastia - O
Egito como império mundial. O nascimento de Moisés deu-se na XVIII. O êxodo dos
judeus deu-se na XIX (1600 - 1200 a.C.)
XXI Dinastia - Época de
Davi (1100-950 a.C.)
XXVII-XXXI Dinastia -
São as chamadas dinastias pérsicas (525 - 332 a.C.)
2º) Assíria: 900-607
a.C. Levado o Reino do Norte (Israel) em cativeiro (734-721 a.C). Os assírios
eram muito cruéis. Não poupavam a ninguém. Nínive era a capital. O nome deriva
de Nina, um dos nomes da deusa lua de Ur. (Seu nome mais comum era
Istar.) A Assíria fez-se à custa de pirataria. Para inspirar terror aos povos
vizinhos, eles constumavam fazer montes de caveiras dos seus prisioneiros. Foi
fundada por Assur (Gn 10). Teve reis famosos como Tiglate-Pileser I (1120-1100
a.C), mais ou menos contemporâneo de Samuel. Como império mundial, a Assíria
tem mais relação com o Reino do Norte (Israel). Alguns reis desse império
mundial:
- Salmaneser II (885-860
a.C.) Foi o primeiro rei assírio a hostilizar Israel. Acabe fez-lhe frente. Jeú
pagou-lhe pesado tributo.
- Tiglate-Pileser III (747-727 a.C.)
Também chamado Pul, na Bíblia. Levou para o cativeiro habitantes do
Norte de Israel, em 734.
- Salmaneser IV (727-722 a.C.) Sitiou
Samaria, morrendo no sítio (2 Rs 17.5).
- Sargão II (722-705
a.C.) Consumou o cativeiro do Reino de Israel (2 Rs 17.6).
- Senaqueribe (705-681
a.C.) O mais famoso rei assírio. Invadiu Judá, sendo derrotado por um anjo
diante de Jerusalém (2 Rs 19.35).
- Em 607 a.C, assediado
pelos citas, medos e babilôni-cos, o feroz e brutal império caiu!
- Jonas, profeta do reino de Israel, foi
enviado como missionário a Nínive, capital da Assíria (!), provavelmente
durante o reinado de Adade-Ninari (808-783 a.C.)
3?) Babilônia: (606-536
a.C.) Destruiu Jerusalém e o templo de Salomão. Levou Judá em cativeiro. Foi
império mundial durante o tempo em que Israel esteve cativo: 70 anos!
Babilônia foi o berço da
raça humana. Aí ficava o É-den. Adão, Noé e Abraão viveram em seu território.
Cerca de 2000 a.C. Babilônia foi potência dominadora mundial. Houve em seguida
um longo período de declínio, ficando a supremacia com os assírios. Depois de
quase dois mil anos, Babilônia ressurgiu como império mundial (606-536 a.C.)
Nesta condição, teve 6 reis. Nabucodonosor - o 2? rei - foi o maior deles.
Esse rei levou os judeus
ao cativeiro. Daniel foi um dos cativos. A ele afeiçoou-se o rei e fê-lo um dos
seus conselheiros. A influência de Daniel sobre esse rei, sem dúvida, minorou
a condição dos cativos judeus. O último rei de Babilônia foi Belsazar. Ele
iniciou o seu reinado associado ao pai, Nabonido. Em Daniel 8.1, o
"terceiro ano do reinado de Belsazar" é a partir de seu reino
associado com seu pai. Em 5.7,29, assim se compreende o "terceiro no
reino": l9 Nabonido; 2? Belsazar; 3? Daniel. Em 5.2,11,
Belsazar é chamado "filho de Nabucodonosor", porém, no sentido de descendente
(Jr 27.7). (Ver também Romanos 9.10 e 2 Reis 14.3, onde "pai"
está no sentido de ancestral.) Daniel serviu no palácio com todos os reis
babilônicos, a partir de Nabucodonosor. Foi uma testemunha fiel de Deus no palácio
do império que dominou o mundo: Daniel viveu em Babilônia da elevação à queda
do império.
4º) Pérsia: 536-331
a.C. Em 536, Ciro o Grande, venceu Babilônia e decretou a volta dos judeus, os
quais novamente se organizaram como nação. Lista dos reis persas, dos quais,
vários estão mencionados nos livros de Esdras, Nee-mias e Ester:
• Ciro. 538-529 a.C. (Ed 1.1; Is 45.1; Dn
1.21). Deus chamou-o pelo nome 150 anos antes de seu nascimento (Is 45.1). Só
Deus pode fazer isto! Ciro conquistou Babilônia em 536 a.C.
• Dario o Medo. Também
chamado Dario I, e Dario filho de Assuero (Dn 5.31; 6.1,28; 9.1). Esse
monarca, foi, por Ciro, constituído rei, interinamente, sobre a Caldéia,
enquanto Ciro completava suas conquistas (Dn 9.1). Ciro, ao terminar suas
conquistas, ocupou o trono do império (Dn 6.28). O Assuero, pai deste
Dario, não é o mesmo mencionado em Ester 1.1.
• Assuero. 529-522 a.C. (Ed 4.6). É chamado na
História por Cambises II, filho de Ciro. É ainda conhecido por Xerxes I.
• Artaxerxes I. 522-521 a.C. (Ed 4.7-11). Determinou
a suspensão das obras do templo, conforme Esdras 4.21-24. A História chama-o
Smeredis.
• Dario II. 521-485 a.C. (Ed 4.5; 5.6; 6.1). É
filho de Smeredis. Conhecido na História por Histaspes. É o Dario da Pedra de
Behistum, perto de Hamadã. Ordenou a conclusão do templo. É o famoso Dario da
Batalha de Maratona, Grécia, onde ele foi vencido pelos gregos (490 a.C.) É o
pai de Assuero, marido de Ester (Et 1.1).
• Assuero. 485-465 a.C. (Et 1.1). Foi esposo de
Ester. A História chama-o Xerxes II. Foi derrotado pela esquadra grega, em
Salamina, Chipre, em 480 a.C. "Assuero" corresponde à palavra grega
"Xerxes". Não confundir este com o Assuero de Esdras 4.6. Foi o mais
poderoso e o mais rico rei persa.
• Artaxerxes II. 465-424
a.C. (Ed 7.1; Ne 2.1; 13.6). Filho do rei anterior. A História chama-o Longímano.
Foi enteado da rainha Ester. Isto explica sua magnanimidade para com os
judeus. Certamente a rainha influiu muito na formação de seu caráter. Autorizou
seu ministro Neemias a reedificar Jerusalém.
• Dario III, o Notus.
424-404 a.C. Não é mencionado na Bíblia.
• Artaxerxes III, o
Mnémon. 404-359 a.C.
Não é mencionado na Bíblia.
• Artaxerxes IV, o
Ocus. 359-338 a.C. Não é mencionado na Bíblia.
• Arses. 338-335
a.C. Não é mencionado na Bíblia.
• Dario IV. 335-331 a.C. Mencionado na Bíblia em
Neemias 12.22. A história chama-o Codómano. Vencido por Alexandre o
Grande, na batalha de Arbela, Assíria, em 331 a.C. Caiu então o grande império persa.
5?) Grécia: 331-146
a.C. Em 330 Alexandre o Grande, tinha o mundo a seus pés, após seis anos de
conquista. Em 332 invadiu a Palestina. Foi tolerante e benevolente para com os
judeus. Levou a cultura grega a toda parte. Morreu, em Babilônia, em 323, aos
33 anos de idade. Seu vasto império foi pouco depois dividido entre 4 de seus
generais. A Grécia foi o centro da Filosofia, da Literatura, das Ciências e da
Arte. Era lugar de encontro das classes cultas do mundo. Quanto à religião, os
gregos eram idolatras por excelência.
6º) Roma: 146
a.C. - 476 d.C. Em 146 a.C, Roma venceu a Grécia na Batalha de Leucópetra, no
istmo de Corin-to. A cidade-reino de Roma foi fundada em 753 a.C, na região do
Lácio, e, após conquistar toda a Itália, veio a ser senhora do mundo. Passou a
república em 509 a.C. Tornou-se império em 31 a.C. Jesus nasceu quando esse
poderoso império dominava o mundo conhecido. A Palestina foi por ele
conquistada em 63 a.C. Em seus dias, também a Igreja foi fundada. É de grande
valor para o estudante da Bíblia o conhecimento da história do Império Romano
sob vários aspectos. Nos dias do NT, Roma, a capital, tinha 1.500.000
habitantes, sendo a metade constituída de escravos. Os limites do império
compreendiam 4.800km de leste a oeste, e 3.200km de norte a sul. População
total: 120.000.000 de habitantes. Ia do Atlântico ao Eufrates, e, do mar do
Norte ao Deserto Africano.
Dentre os imperadores
romanos, mencionaremos apenas os 12 Césares. O nome césar significa senhor.
É o mesmo que Kurios (grego); Kaiser (alemão); Czar (russo).
O nome César foi herdado do grande general Caio Júlio César. Este,
integrou o primeiro triunvirato romano em 59 a.C. com Pompeu e Crasso. Depois,
César governou sozinho como ditador. Foi assassinado em 44 a.C. por Bruto, seu
filho adotivo.
OS DOZE CÉSARES
1. Augusto (Caio
Júlio César Otávio Augusto). 31 a.C. a 14 d.C. (Lc 2.1). "Augusto"
foi título conferido pelo Senado em 27 a.C, e significa sublime, venerando.
No seu reinado Jesus nasceu.
2. Tibério (Tibério Cláudio Nero). 14-37
d.C. (Lc 3.1). O ministério de Jesus e o começo da Igreja ocorreram em seu
reinado. Reinou com Augusto de 11 a 14 d.C. Seu "ano 15" de Lc 3.1 é
contado a partir de 11 d.C.
3. Calígula (Caio Júlio César Germânico
Calígula). 37-41 d.C. Não é mencionado na Bíblia. Cometeu os maiores
desvarios.
4. Cláudio (Tibério Cláudio Druso Nero).
41-54 d.C. (At 11.28). Venceu os britânicos em 4 d.C.
5. Nero(Nero Cláudio César Augusto
Germânico). 54-68 d.C. (At 25.11; 26.32; Fp 4.22; 2 Tm 4.17; 1 Pe 2.17). Incendiou
Roma em 64 d.C, lançando a culpa sobre os cristãos. Milhares deles foram
queimados vivos ou jogados na arena para serem comidos por animais famintos.
Foi um dos maiores monstros da História. Seu prazer era assistir a agonia de
morte de suas vítimas. Executou o apóstolo Paulo, em 67 d.C.
6. Galba (Sérvio Sulpício Galba). 68-69
d.C. Não é citado na Bíblia.
7. Oto (Marcos Sálvio Oto). 69 d.C. Não é
mencionado na Bíblia.
8. Vitélio (Aulo Vitélio). 69 d.C. Não é
mencionado na Bíblia. (Os anos 68 e 69 foram de grandes rebeliões internas.)
9. Vespasiano (Tito Flávio Vespasiano).
69-79 d.C. Não é citado na Bíblia. No seu reinado, Jerusalém foi destruída no
ano 70 d.C, por Tito, seu filho, que então comandava os exércitos romanos no
Oriente.
10. Tito (Tito Flávio Sabino Vespasiano).
79-81. Filho de Vespasiano. Não é mencionado na Bíblia.
11. Domiciano (Tito Flávio Domiciano).
81-96 d.C Filho de Vespasiano. Tremendo perseguidor dos cristãos. No seu
reinado, o apóstolo João foi banido para Patmos.
12. Nerva (Marcos Cócio Nerva). 96-98 d.C
QUESTIONÁRIO
1. Quais os pontos de partida para a contagem do
tempo entre os escritores da Bíblia?
2. Que ramo da ciência vem melhorando e
precisando a cronologia bíblica?
3. Quem calculou as datas que aparecem nas
margens de certas edições da Bíblia? Em que ano foram essas datas inseridas na
Bíblia?
4. Cite as três fontes bíblicas de dados
cronológicos.
5. Dê o título e ano inicial das principais eras
históricas.
6. Como resolver as dificuldades cronológicas do
próprio texto bíblico, como por exemplo: Êxodo 12.37 com Números 1.46?
7. Explique a relação entre séculos e anos
quanto ao cálculo de anos.
8. A cronologia conta o tempo "a.C."
partindo inicialmente de onde e indo para onde?
9. O calendário atual tem um erro de quase 5
anos; a mais ou a menos?
10. Entre os judeus, que hora era a Hora Sexta,
como se vê em João 4.6?
11. Cite o início e o término do dia civil
judaico e romano, nos dias de Jesus?
12. Donde vem o nosso sistema sexagesimal (horas
divididas em 60 minutos e estes divididos em 60 segundos)?
13. Quando os meses hebraicos passaram a ter
nomes?
14. Qual a duração em dias do ano hebraico?
15. Cite os meses em que se iniciavam os anos
civil e religioso em Israel.
16. Localize e cite os
seguintes períodos ou datas da cronologia bíblica:
- Chamada de
Abraão..................................................
- Êxodo dos
israelitas...................................................
- Ministério de Samuel.................................................
- Reinado de
Davi.........................................................
-Cativeiro do Reino do
Norte.....................................
- Consumação do
cativeiro do Reino do Sul...............
- Fundação de
Roma....................................................
-Nascimento do Senhor
Jesus.....................................
-Ministério do Senhor
Jesus.......................................
- Fundação da
Igreja....................................................
-Morte do apóstolo
Paulo............................................
- Destruição de
Jerusalém............................................
17. Dos 12 filhos de
Jacó, cite os 2 que não herdaram território, e quem os sucedeu?
18 Cite pela ordem os 6
impérios mundiais da História. 164
8
Geografia bíblica
O presente capítulo
cuidará do estudo de pontos e aspectos salientes de Geografia Bíblica. Somente
pontos capitais serão focalizados. Parte do assunto já foi apresentada nos
capítulos VI e VII que acabamos de estudar.
1. Importância da
Geografia Bíblica
a. É o palco terreno e
humano da revelação divina.
b. Ela dá cor, localiza,
situa, fixa e documenta os relatos sagrados. Torna os acontecimentos
históricos mais vividos e as profecias mais expressivas. O ensino torna-se
mais objetivo quando podemos situar os locais onde os fatos se desenrolaram.
c. Sob qualquer aspecto,
a geografia das nações circun-vizinhas da Palestina fornece muitos esclarecimentos
a respeito das Santas Escrituras e suas doutrinas. Geografia, História e
Arqueologia Bíblica são assuntos interligados. Sua compreensão muito auxilia o
estudante.
d. As nações vêm de
Deus, logo o estudo do assunto à luz da Bíblia é profícuo sob todos os pontos
de vista (Dt 32.8; At 17.26). Quando Cristo aqui reinar, as nações continuarão,
mas muitas serão destruídas. Porém, o certo é que Cristo reinará sobre nações
(SI 2.8; 72.11; 138.4; Dn 7.14; Mq 4.3, etc.)
2. Fontes da matéria (Geografia Bíblica)
a. A Bíblia
A Bíblia faz menção de
inúmeros lugares, acidentes geográficos, povos, nações, cidades. É evidente que
isto merece um cuidadoso estudo. Há capítulos da Bíblia ocupados quase
inteiramente com o assunto (Gn cap. 10; Js caps. 15 e 21; Nm cap. 33; Ez caps.
45-47; Ap caps. 21 e 22 etc.) Somente de cidades da Palestina há menção de
cerca de 600.
b. A História Geral é
uma grande fonte, quando de boa procedência.
c. A Arqueologia. A
Arqueologia bíblica teve seu começo em 1811, com o inglês Claude James Rich.
d. A Cartografia. É
ciência antiguíssima. (Ver Ezequiel 4.1.)
3. O mundo bíblico
O mundo bíblico situa-se
no atual Oriente Médio e terras do contorno do mar Mediterrâneo. O berço da
raça humana é a Mesopotâmia, isto é, as planícies entre os rios Tigre e
Eufrates. Daí partiram as primitivas civilizações. Após a dispersão das raças
(Gn caps. 10 e 11), Sem povoou o sudoeste da Ásia; Cão povoou a
África, e Canaã, a península arábica; Jafé, a Europa e parte da Ásia. A
divisão da Terra em continentes estaria mencionada em Gênesis 10.25b. Limites
do Mundo Bíblico
1) Norte: Da Espanha ao mar Cáspio
2) Leste: Do mar
Cáspio ao mar Arábico (Oceano Indico)
3) Sul: Do mar Arábico à Líbia
4) Oeste: Da Líbia à Espanha Regiões,
áreas e países do mundo bíblico
Citaremos apenas 17
países
1) Mesopotâmia. Berço
da humanidade. Éden adâmico
• Babilônia (país e
capital) Caldéia, Sinear, Súmer. É o Sul da Mesopotâmia.
• Assíria. É o
Norte da Mesopotâmia. Capital: Níni-ve.
2) Arábia. Capital:
Petra. Vai da foz do Nilo ao golfo Pérsico. Peregrinação de Israel. Ofir, a
terra do ouro.
3) Pérsia. (Hoje
Irã). Capitais: Susa, Persépolis, Parsá-gada, Ecbátana. 0 livro de Ester. Parte
do livro de Daniel.
4) Elam. (Hoje incorporado ao Irã).
Capital: Susã (Gn cap. 14.1; At 2.9).
5) Média. Norte
do Elam. Capital: Hamadã (entre os gregos Ecbátana).
6) Armênia ou Arará
7) Síria ou Arã. Capital: Damasco. Seu
território não é o mesmo da Síria moderna (At 11.26).
8) Fenícia (Hoje
Líbano, em parte). Cidades: Tiro e Si-dom. Navegantes famosos. Primitivos
exploradores. Fundaram Cartago no Norte da África.
9) Egito, é o país mais citado da Bíblia,
depois da Palestina. Seu nome é em hebraico Mizraim (Gn 10.6). Teve
várias capitais nos tempos bíblicos. Seu futuro está predito na profecia
bíblica, como por exemplo: Ezequiel 29.15. Situa-se no Norte da África.
10) Etiópia. Ao
sul do Egito. Conforme Gênesis 2.13, havia outra Etiópia na região norte da
Mesopotâmia, a chamada "terra de Cush" (heb). A profecia a respeito
da Etiópia no Salmo 68.31 teve cumprimento a partir de Atos 8.26-39. É um país
de base cristã até hoje. A Etiópia da Bíblia compreende modernamente a
Abissínia e a Somália.
11) Líbia. Extensa
região da África do Norte. Simão, que ajudou Jesus a levar a cruz, era natural
de Cire-ne - cidade da Líbia (Mt 27.32). Igualmente, no Dia de Pentecoste havia
cireneus em Jerusalém (At 2.10).
12) Ásia (At 6.9; 27.2;
1 Pe 1.1; Ap 1.4,11). Não era o que hoje conhecemos como o continente asiático.
Era uma província romana situada na parte ocidental da Ásia Menor, tendo Éfeso
como sua capital. Toda a região da Ásia e Ásia Menor compreende hoje o território
da Turquia.
13) Grécia ou Hélade (At 20.2). A
Grécia antiga era conhecida pelo nome de Acaia (At 18.12), nome derivado dos Aqueus
- povo primitivo que a habitou.
14) Macedônia (At
19.21). Fica ao norte da Grécia. A antiga Macedônia é hoje parte do território
de vários países, a saber: Norte da Grécia, Sul da Bulgária, Iugoslávia, e
parte da Turquia. O ministério do apóstolo Paulo ocorreu na Ásia Menor, Grécia
e Macedônia, principalmente. A capital da então Macedônia chamava-se Pella.
15) Ilírico (Rm
15.19). Região européia onde Paulo ministrou a Palavra de Deus. É hoje a
Albânia e parte da Iugoslávia. A Iugoslávia mesma é a antiga Dal-mácia de 2
Timóteo 4.10
16) Itália (At 27.1;
Hb 13.24). País banhado pelo Mediterrâneo, situado ao sul da Europa. Em Roma
sua capital, foi fundado um diminuto reino em 753 a.C., que mais tarde viria a
ser senhor absoluto do mundo. Para a Itália, Paulo viajou e pregou o Evangelho,
mesmo como prisioneiro.
17) Espanha (Rm 15.24,28). Paulo
manifestou o propósito de viajar à Espanha. Segundo os estudiosos da Bíblia, a
cidade de Tarsis, mencionada em Jonas 1.3; 4.2, ficava ao sul da Espanha. Era,
no tempo de Jonas, o extremo do mundo conhecido do povo comum. Foi a Espanha
grande perseguidora dos cristãos durante a Idade Média, especialmente através
dos tribunais da sinistra Inquisição.
Mares do mundo
Bíblico
Citaremos por ora apenas
cinco deles. Outros serão tratados quando abordarmos a Palestina
1) Mar Vermelho (Êx
10.19; 15.4; SI 136.15). Mar originado no Oceano Indico ou mar Arábico. Em sua
parte Norte, fica o golfo de Acaba, à direita; e o de Suez, à esquerda. Neste
último ocorreu o estupendo milagre da passagem dos israelitas após saírem do Egito,
quando o mar fendeu-se (Êx 14.22).
2) Mar Adriático (At
27.27). Parte do mar Mediterrâneo entre a Itália e a Dalmácia. O nome deriva da
cidade italiana de Ádria ao norte do referido país. No tempo de Paulo, o
referido mar compreendia área maior que a atual, conforme o relato de Atos
capítulo 27.
3) Mar Negro. É
conhecido na História por Ponto Euxi-no. Situado no Norte da Ásia Menor.
Não é citado na Bíblia. (Ponto em grego é mar.)
4) Mar Cáspio. Conhecido
como mar Hircano. Situado ao norte da Pérsia. Não é citado na Bíblia.
5) Mar Egeu. Entre
a Província da Ásia (na Ásia Menor) e Grécia e Macedônia. Aí ficava a pequena
Ilha de Patmos, onde o apóstolo João foi exilado (Ap 1.9).
Montanhas do mundo
Bíblico
1) Arará. É uma cordilheira (Gn 8.4). Fica na
Armênia. Altitude: 5.000 metros. Nessa cordilheira nascem os rios Tigre e
Eufrates.
2) Sinai. O mesmo
que Fforebe. No Sul da península do Sinai (Êx 19.2ss; SI 106.19). No monte
Sinai, Israel recebeu a Lei e teve lugar o pacto entre Deus e seu povo. Ali
Deus falara antes com Moisés (Êx 3.1ss).
3) Os Líbanos. São duas cordilheiras ao
norte da Palestina, não mencionados na Bíblia, mas a denominação vem dos
tempos dos gregos, e persiste até o presente. Tem o sentido norte-sul. A do
oeste é chamada Líbano; a do Leste: Antelíbano. Nas encostas
desses montes, cresciam os famosos "cedros do Líbano" (1 Rs 5.6; SI
92.12). Esses montes são várias vezes citados nas Escrituras.
4) Hermom. Fica
no Sul dos montes Antelíbano, sendo o limite norte da Palestina. Tem
outros nomes na Bíblia. Atinge mais de 3.000 metros de altitude. Está sempre
coberto de gelo e neve. Pode ser avistado de muito longe devido à sua
imponência e alvura (Dt 3.8,9; SI 42.6; 133.3).
5) Seir. Região
montanhosa de Edom, ao sul do mar Morto (Gn 14.6; 32.3; 36.8; Js 24.4).
6) Nebo. O mais
elevado pico do Monte Pisga, nas montanhas de Abarim (Nm 33.47). Fica a leste
da foz do Jordão, na terra de Moabe. Do monte Nebo Moisés avistou a Terra
Prometida (Dt 34.1). São dois pontos da mesma serra.
Rios
1) Nilo (Gn 41.1). Foi no seu delta (terra de
Gósen) que o povo israelita permaneceu no Egito (Gn 47.6). Foi nas águas deste
rio que o pequenino Moisés flutuou (Êx 2.3). É portanto um rio ligado à
história do povo escolhido.
2) Tigre (Hb. "Hidéquel").
Corre no Oriente da Mesopo-tâmia. Às suas margens ficava a grande cidade de
Nínive. Foi às margens deste rio que um anjo apareceu a Daniel (Dn 10.4).
Banhava a Assíria.
3) Eufrates (Gn 2.14; Ap 16.12). É, às
vezes, citado simplesmente como "o grande rio". Banhava a cidade de
Babilônia. O Tigre e o Eufrates se unem no final de seus cursos. O trecho assim
percorrido é chamado Chat-el-Arab. Em tempos remotos, desembocavam separados no
Golfo Pérsico (Gn 2.14).
Outros três grandes rios
ligados aos povos bíblicos mas não mencionados na Bíblia são o Leontes e o
Orontes, na Síria, o Tibre na Itália, banhando a cidade de Roma.
(Outros rios serão
mencionados quando tratarmos da Palestina.) Cidades
1)Ur. Na Caldéia ou Sinar (Gn 11.28). Terra
de Abraão. Cidade-reino importantíssima. Elevada civilização. Cultura anterior
à do Egito.
2) Nínive. (Gn 10.11; Jn 3.1ss). Capital da
Assíria, às margens do Tigre. Grande biblioteca do rei Assurba-nipal.
3) Damasco. (Gn
15.2; At 9.1ss; Gl 1.17). Capital da Síria. É a mais antiga cidade do mundo
continuamente habitada.
4) Mênfis. Mesmo
que Nofe (Os 9.6). Capital do Antigo Império do Egito. Época das
pirâmides. Tempo de Abraão. 15 km ao sul do Cairo. Para aí fugiram parte dos
judeus remanescentes, após a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor (Jr
44.1).
5) Babilônia. O
mesmo que Babel (Gn 10.10). Capital do império do mesmo nome. Seus jardins
suspensos eram uma das sete maravilhas do mundo antigo. Cidade ímpia, vaidosa,
orgulhosa. Foi no império babi-lônico que os judeus estiveram exilados por 70
anos (Jr 25.11).
6) Harã. (Gn
11.31). Importante cidade ao norte da Mesopotâmia. Ficava no extremo Norte do
reino de Mari. Aí habitou Abraão até a morte de Terá, seu pai, quando, então,
reiniciou a jornada para Canaã (At 7.4).
7) Tiro. (2 Sm 6.11; Mt 15.21; At 21.3).
Grande porto marítimo da antiga Fenícia. Jesus pregou nessa região (Mc 7.24).
Hoje chama-se Sar e pertence ao Líbano. Os tírios foram navegantes e
comerciantes famosos.
8) Sidom (Js
19.28; 1 Rs 17.9; Lc 6.17; At 27.3). É modernamente a cidade de Saída, Era
também importante cidade da Fenícia. Paulo tinha amigos aí e visitou-os
quando na viagem para Roma (At 27.3). Pertence hoje ao Líbano.
9) Atenas (At
17.15; 1 Ts 3.1). Era a capital da Ática -uma das províncias da Grécia. Foi
célebre centro de ciência, literatura e artes do mundo antigo. Era no-tadamente
idolatra (At 17.16-23).
10) Êfeso (At
18.19; Ef 1.1; Ap 2.1). Era a capital da província da Ásia, na Ásia Menor. Era
uma das maiores cidades do Império Romano. Paulo realizou aí um grande trabalho
missionário (At 19.8-10).
11) Roma. Cidade da Itália, capital do
Império Romano (At 19.21; Rm 1.7; 2 Tm 1.17). Edificada à margem esquerda do
rio Tibre. Foi capital política e cultural do mundo por muitos séculos. Aí
escreveu Paulo várias de suas epístolas, quando preso.
A Palestina ou Canaã
Agora nos deteremos para
estudar com detalhes o país mais importante da Bíblia: a Palestina ou Canaã,
modernamente chamado Israel (se bem que o território do moderno Israel não é
exatamente o mesmo dos tempos bíblicos). Fatos sobre a Palestina
• Prometida por Deus aos
hebreus (Gn 15.18; Êx 23.31 e refs.)
• Centro geográfico do
mundo, sob o ponto de vista divino (Ez 5.5).
• Melhor terra do mundo
(Ez 20.6).
• Os judeus seriam um
povo separado das demais nações (Lv 20.24; Nm 23.9; Dt 33.28; Jr 49.31; Mq
7.14).
• Por que Deus elegeu e
chamou a nação israelita? (Gn 3.15; Êx 19.6; Dt 7.6; Rm 3.2; 9.4,5)
Nomes pelos quais é
conhecida a Palestina
• Canaã (Gn 13.12)
• Terra dos Amorreus (Js
24.8)
• Terra dos Hebreus (Gn
40.15)
• Terra de Israel (1 Sm
13.19; Mt 2.20)
• Terra de Judá, Judéia
(Ne 5.14; Is 26.1; Jr 40.12; Jo 3.22)
• Terra do Senhor (Os
9.3)
• Terra da Promessa (Hb
11.9)
• Palestina (Êx 15.14)
• Terra Santa (Zc 2.12)
• Terra Formosa (Dn 8.9)
• Israel (modernamente) Limites
da Palestina
• Sul: Arábia
(Cades-Barnéia e Ribeiro El-Arish (o "rio do Egito" em Gênesis
15.18).
• Norte: Síria e
Fenícia.
• Oeste: mar
Mediterrâneo. Na Bíblia: mar Grande
• Leste: Síria e Arábia.
Superfície comparada:
Menor que a do nosso
Estado de Alagoas. Alagoas tem 27.731 km2 ao passo que Israel atual
tem 20.770 km2. No Antigo Testamento seu comprimento era de 250 km
(de Dã a Berseba). Largura: cerca de 88 km. Capital. Teve várias
capitais, a saber:
• Gilgal (no
tempo de Josué)
• Silo (no tempo
dos Juizes)
• Gibeá (no tempo
de Saul)
• Jerusalém (da
época de Davi em diante). Seu primeiro nome foi Salém, depois Jebus, mais tarde
Jerusalém.
• Mispd (durante
o cativeiro babilônico e por pouco tempo) (Jr 40.8)
• Cesaréia (Durante
o domínio romano).
• Tiberíades. Após
a revolta de Bar-Cocheba, em 135 d.C. Detalhes indispensáveis sobre
Jerusalém
• Jerusalém foi fundada
pelos hititas (Nm 13.29; Ez 16.3). A cidade fica a 21 km a oeste do mar Morto,
e 51 km a leste do mar Mediterrâneo. Está edificada sobre um promontório, a 800
m de altitude. A leste da cidade fica o monte das Oliveiras. A oeste e ao sul
fica o vale de Hinon (em gr. Gee-na). A cidade nos tempos bíblicos
dividia-se em 5 zonas ou bairros.
• Ofel, a sudeste.
• Moriá, a leste.
• Bezeta, ao norte.
• Acra, a noroeste.
• Sião, a sudoeste.
Um vale interno chamado
Tiropeon, corre de norte a sul. Muitas de suas portas são mencionadas na
Bíblia, mormente no livro de Neemias. Outras são citadas no NT, como em João
5.2 e Atos 3.2.
Na distribuição da terra
de Canaã, Jerusalém ficou situada no território de Benjamim (Js 18.28). Foi
conquistada em parte por Judá, mas pertencia de fato a Benjamim (Jz 1.8,21).
Sua população tinha povo de Judá e Benjamim (Js 15.63). Não ficava, pois, no
território de Judá (Js 15.8).
Saindo do jugo romano,
caiu em poder dos árabes em 637 d.C. e, salvo uns 100 anos, durante as
Cruzadas, foi sempre cidade muçulmana. Em 1518 os turcos conquistaram-na. Em
1917, os britânicos assumiram o controle quando a Palestina ficou sob o seu
mandato por decisão da Liga das Nações. A partir de 1948, passou a ser cidade
soberana (o setor novo), porém, na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel a
reconquistou das mãos dos árabes, os quais dela tinham se apossado na guerra
de 1948. Jerusalém será metrópole mundial durante o Milênio, quando estará
vestida do seu prometido esplendor (SI 102.16; Is 2.3; Zc 8.22).
Nesse tempo, Israel
estará à testa das nações (Dt 28.1,13; 15.6), e desempenhará afinal o papel que
Deus lhe reservou, conforme lemos em Êxodo 19.6. Divisão política da
Palestina
• No Antigo Testamento,
foi a Palestina repartida entre as 12 tribos de Israel.
• No NT, a divisão
política já foi apresentada no Cap. VI desta matéria.
Mares da Palestina
• Mar Mediterrâneo. É
na Bíblia chamado mar Grande, e mar Ocidental.
• Mar Morto. Aparece
sob vários nomes no Antigo Testamento, como: mar Salgado, (Gn 14.3); mar de
Arabá (Dt 3.17), etc.
• Mar da Galiléia. Outros
nomes: mar de Quinerete (Nm 34.11), mar de Genesaré (Lc 5.1), e, mar de
Tiberíades (Jo 21.1).
Rios da Palestina
• Jordão, que
corre no sentido norte sul. Nasce no monte Hermon e deságua no mar Morto.
• Querite. Desemboca no Jordão, margem
ocidental. É um "uádi."
• Cedrom. Banha
Jerusalém, lado leste. É também um "uádi", isto é, rio temporário.
• Jaboque (Gn 32.22; Js 12.2). É afluente do
Jordão, margem oriental.
• Iarmuque. Afluente
do Jordão, margem oriental. Não é citado na Bíblia. Deságua ao sul do mar da
Galiléia.
• Arnom (Nm
21.13; Js 12.1). Deságua no mar Morto, margem oriental. Era o limite sul da
Palestina, frente oriental.
• Quisom (1 Rs
18.40). Deságua no mar Mediterrâneo, perto do monte Carmelo.
Montes da Palestina
• Tabor, na
Galiléia. Altitude: 615 metros. (Jz 4.6). A transfiguração de Jesus (Mt 17.1,2)
crê-se tenha ocorrido aí.
• Gilboa, em
Samaria (1 Sm 31.8; 2 Sm 21.12). Altitude: 543 metros.
• Carmelo, em
Samaria (1 Rs 18.20). Seu ponto mais alto é 575 metros. Fica no promontório que
forma a baía de Acre, onde se localiza a moderna cidade de Haifa.
• Ebal e Gerizim
(dois montes), em Samaria (Dt 11.29; 27.1-13).
• Moriá, em
Jerusalém. Ali, Abraão ia sacrificar Isaque (Gn 22.2), e, Salomão construiu o
templo de Deus (2 Cr 3.1).
• Sido, em
Jerusalém, a sudoeste. Altitude: cerca de 800 metros. O local e o termo
"Sião" são usados de modo diverso na Bíblia. Na poesia bíblica, por
exemplo, significa toda a cidade de Jerusalém, como no Salmo 133.3. O termo é
também aplicado em alusão ao Céu (Hb 12.22; Ap 14.1).
• Monte das
Oliveiras, em Jerusalém (Zc 14.4; Mt 24.3; At 1.12). Aí Jesus orou sob
grande agonia, na noite em que foi traído (Lc 22.39,44).
• Monte Calvário. (Lc
23.33). Local onde Jesus foi crucificado, e próximo do qual foi sepultado;
fica fora dos muros da cidade de Jerusalém na sua parte norte. Era uma elevação
à beira de uma estrada. Próximo ao local da crucifica-ção deu-se a ressurreição
(Jo 19.41). Aí, em 1885, o General Gordon descobriu um túmulo, cujas pesquisas
revelaram nunca ter sido ocupado. Passou à ser tido como o de Cristo.
Clima da Palestina
O tipo de relevo do solo
da Palestina resulta numa superfície muito variada, com muitas regiões
elevadas e muitas baixas, originando toda espécie de climas, desde o tropical,
no Jordão, até o de intenso frio, no Hermom, a 2.815 metros de altitude. A
faixa litorânea tem uma temperatura média de 2 graus. No vale do Jordão, a
temperatura sobe a 40 graus centígrados. A temperatura média de Jerusalém é de
22 graus. Em janeiro chega a 4. É devido a essa variedade de climas que a
Palestina presta-se a toda espécie de cultura. Resumo Histórico da
Palestina até o Tempo Presente
1) Conquistada pelos
israelitas sob Josué em 1451-1445 a.C.
2) Governada por juizes: 1445-1100 a.C.
3) Monarquia: 1053-933
a.C.
4) Reinos divididos de Judá e Israel: 933-606 a.C.
5) Sob os babilônios: 606-536 a.C.
6) Sob os persas: 536-331 a.C.
7) Sob os gregos: 331-167 a.C.
8) Independente, sob os Macabeus: 167-63 a.C.
9) Sob os romanos: 63 a.C. - 634 d.C.
10) Sob os árabes:
634-1517 d.C. Período das Cruzadas: 1095-1187. (As Cruzadas foram tentativas do
cristianismo, para libertar a Palestina das mãos dos muçulmanos árabes.)
11) Sob os turcos, como Império Otomano:
1517-1914 d.C. Os turcos também são muçulmanos, apenas têm mais influência
oriental.
12) Sob os ingleses (protetorado), por delegação
da Liga das Nações: 1922-1948.
13). Em 14.5.1948, foi
proclamado o ESTADO DE ISRAEL, com a estrutura de república democrática. O
primeiro governo autônomo judaico em mais de 2.000 anos! De agora em diante
cumprir-se-á Amos 9.14,15! Os sete povos cananeus, primitivos habitantes da
Palestina (Êx 33.2; Dt 7.1; 20.17).
1) Heteus ou Hititas.
Um dos três mais poderosos povos do Oriente Médio. Os outros dois foram os
egípcios e os mesopotâmios. O núcleo central ficava na Ásia Menor, perto de
Ancara. Eram camitas (Gn 10.16).
2) Girgaseus. Eram camitas (Gn 10.16)
3) Amorreus ou Amoritas.
Eram camitas (Gn 10.16). Seu reino ficava em Mari, próximo a Mitâni, região
de Ha-rã.
4) Cananeus. Eram camitas (Gn 10.16).
5) Pereseus ou Fereseus.
(Gn 13.7). Não se sabe a origem. Nada têm com os fariseus do Novo
Testamento, que eram um grupo religioso.
6) Heveus ou Horeus
(Gn 14.6; Dt 2.12,22). São os humanos da História. Eram camitas (Gn
10.17).
7) Jebuseus. Eram
camitas (Gn 10.16).
Neles cumpriu-se a
profecia de Noé em Gênesis 9.25. A localização das doze tribos de Israel na
Palestina
Tribos a leste do
Jordão: 3 - Manasses (parte), Gade, Rúben.
Tribos litorâneas: 5 -
Aser, Manasses, Efraim, Dã (parte), Judá.
Tribos centrais: 4 -
Naftali, Zebulom, Issacar, Benjamim.
Tribos dos limites
Norte, e Sul: 2 - Dã (parte), Simeão.
(Norte e Sul,
respectivamente). Outros aspectos da Geografia Bíblica
O estudante da Bíblia
pode por si só estudar inúmeros outros pontos e aspectos da geografia bíblica,
tanto no Antigo como no Novo Testamento, uma vez que o assunto não requer
maiores investigações no próprio texto bíblico. Exemplos de assuntos:
1. As cidades
visitadas por Jesus. Estão mencionadas nos quatro evangelhos.
2. As viagens
missionárias do apóstolo Paulo. Através do relato bíblico podemos
acompanhar o apóstolo nessas viagens, vendo as cidades onde o grande
missionário trabalhou e estacionou. (At caps. 13 a 28).
3. As sete igrejas da
Ásia (província) mencionadas no Apocalipse. (Caps. 2 e 3 de Apocalipse). O
estudante pode facilmente localizar essas cidades num bom mapa bíblico do Mundo
Bíblico do Novo Testamento.
Há quatro mapas
indispensáveis para um estudante de Geografia Bíblica. Esses 4 mapas o
estudante deve, não somente saber interpretá-los, mas também reproduzir seus
perfis e generalidades, à mão livre. Esses mapas são:
• O mundo Bíblico do
Antigo Testamento.
• O mundo Bíblico do
Novo Testamento.
• A Palestina do Antigo
Testamento.
• A Palestina do Novo
Testamento,
QUESTIONÁRIO
1. Cite alguns dados mostrando a importância do
estudo da Geografia Bíblica.
2. Cite algumas fontes de estudo da Geografia
Bíblica.
3. Dê os limites do
chamado Mundo Bíblico. Mostre isso num mapa.
4. Localize num mapa os
seguintes países e regiões do Mundo Bíblico: Mesopotâmia, Armênia, Fenícia,
Assíria, Síria, Egito, Ásia (província), Macedônia, Acaia, Ilírico, Espanha,
Itália.
5. Localize num mapa (ou mapas), as seguintes
cidades: Jerusalém, Nazaré, Jerico, Belém, Cafarnaum, Ur, Mênfis, Damasco,
Babilônia, Nínive, Harã, Atenas, Roma, Éfeso, Gaza, Antioquia, Cesaréia, Tiro,
Cartago.
6. Localize os montes:
Arará, Hermon, Calvário, Nebo, Sinai, Seir.
7. Localize os rios: Tigre, Nilo, Jordão, Tibre,
Leontes, Ja-boque, Quisom.
8. Localize os mares: Mediterrâneo, Vermelho,
Galiléia, Morto, Egeu, Adriático, Arábico, Negro, Cáspio, Golfo Pérsico.
9
Vida e costumes dos povos bíblicos
A vida, com seus usos,
leis e costumes, difere de povo para povo, isso modernamente. Imagine-se como
não estão distantes os costumes antigos orientais tão citados na Bíblia! Esses
fatos, quando não compreendidos hoje, são tidos como aberrações. A Bíblia cita
inúmeras leis, preceitos, coisas e costumes do modo de viver oriental, que se
o estudante desconhecer suas causas, razões, e modo de ser, não compreenderá
muita coisa da revelação divina, já que tais fatos estão entretecidos no corpo
do relato bíblico. Quem quer que se ocupe da leitura e estudo do Santo Livro
estará sempre se deparando com essa dificuldade.
Vamos destacar alguns
casos dos acima mencionados, e estudá-los resumidamente, já que um elementar
curso de Introdução Bíblica não comporta o exame demorado da matéria em
questão.
1. Gênesis 24.2; 47.29-31
O juramento com a mão
sob a coxa. Significava então submissão, obediência irrestrita. Por isso
Deus tocou a coxa de Jacó! (Gn 32.24-32). Realmente, dali para a frente Jacó
tornou-se um homem de Deus. Até seu nome foi mudado!
2. Gênesis 37.34 - Rasgar as vestes
Era demonstração de
luto, lamento, tristeza. Há 28 casos na Bíblia. Os sacerdotes não podiam fazer
isso (Lv 10.6), mas, o de Mateus 26.5 o fez, sem razão. Esse ato de rasgar as
vestes obedecia a uma série de regras.
3. Juizes 5.10 - O
cavalgar sobre jumentas brancas Era então costume exclusivo dos reis,
juizes e fidalgos. Isso explica a passagem em apreço.
4. Juizes 9.45 -
Semeadura de sal
Esse ato significava
desolação perpétua sobre o local. Castigo perene.
5. Rute 3.9 - Pôr a aba da capa sobre alguém Significa
a proteção. Aqui tratava-se da lei do levirato, conforme Deuteronômio 25.5-10,
portanto nenhuma indecência havia aqui, como muitos o querem.
6. Salmo 119.83 - Um odre na fumaça
Odres são vasilhas
feitas de peles para o transporte de líquidos. Eram postas sobre a fumaça para
ficarem endurecidas pelo calor e fumaça. Isso também fazia aumentar de
resistência a espessura do couro, através do encolhimento. Fala do estado de
alma de Davi.
7. Mateus 1.18 -
Maria desposada com José
Na linguagem do Antigo
Testamento, o termo significa noivos, conforme vemos em Deuteronômio 20.7;
22.23,24. Naqueles tempos, em Israel, o noivado era ato seriíssimo. E de fato o
é. Os noivos tinham responsabilidade como se fossem casados! Em suma: Em
Israel, o noivado era o primeiro ato do casamento. Nessa ocasião, o noivo
entregava à noiva o contrato de casamento, ou uma moeda inscrita:
"Consagrada a mim."
8. Mateus 25.1-13 -
Um casamento oriental
As núpcias duravam 7 ou
mais dias. A união definitiva do casal somente tinha lugar no último dia. Nesse
dia, o noivo dirigia-se à casa da noiva, à noite, e a conduzia para sua casa.
Às vezes, o ato ocorria também de dia. A lua-de-mel durava um ano! (Dt 24.C).
9. Mateus 27.48 - O
vinho oferecido a Jesus na cruz Tal praxe era usada então para tornar as
vítimas insensíveis antes da morte. Jesus recusou. Sofreu a morte em estado de
plena consciência.
10. Lucas 5.19- ü
teto (eirado) da casa, aberto com tanta facilidade
As casas da Palestina
não tinham telhado, e sim eirado. Isto é, uma espécie de lage, feita de vigas
de madeira, recobertas de pedra e barro. O eirado recebia tratamento
especial, a fim de recolher águas pluviais, dada a carência de água potável na
citada região. Num teto assim, era fácil preparar uma abertura.
11. Lc 10.4 - A
ordem de Jesus: "A ninguém saudeis pelo caminho"
Não se tratava de
indelicadeza. O tempo que restava para Jesus era pouco, muito pouco, e as
saudações orientais tomavam muito tempo, não somente devido à troca de
expressões formais, mas também por causa das poses que o corpo assumia. Se os
enviados por Jesus cumprimentassem o povo segundo a maneira daquela época,
Ele não cumpriria sua missão redentora no devido tempo. Ele sempre se referia
ao "meu tem-po".
12. Atos 1.12 - O
caminho de um sábado
Isto é, o caminho
permitido no dia de sábado. Era a distância que ia da extremidade do arraial
das tribos, ao tabernáculo, quando no deserto. Essa distância era de 2.000
cúbitos, equivalente a 1.200 metros (Js 3.4).
13. Romanos 12.20 -
Brasas sobre a cabeça do inimigo (Pv 25.21,22)
O fato refere-se às leis
levíticas de Levítico 16.12, quando o sumo sacerdote fazia expiação pelo povo,
incluindo o incensário cheio de brasas. A expiação satisfazia à justiça de
Deus, promovendo a reconciliação do homem com Ele.
Os poucos casos aqui
citados servem para dar uma idéia do valor que há na compreensão da vida, das
leis, e dos usos e costumes antigos, orientais, conforme vemos na Bíblia. Há
inúmeros casos. Citamos aqui apenas alguns como exemplo. Eles estão na
revelação divina, elucidando muitos de seus aspectos.
10
Dificuldades da Bíblia
I. CONSIDERAÇÕES
PRELIMINARES
1. As dificuldades da
Bíblia situam-se no campo da Hermenêutica Sagrada.
2. Hermenêutica é
o estudo das leis e princípios de interpretação das Sagradas Escrituras, para
se chegar ao sentido do texto bíblico.
3. O termo "hermenêutica" significa
literalmente "interpretar" e deriva do vocábulo grego
"Hermes", um dos chamados deuses da antiga mitologia grega, porta-voz
dos deuses e protetor dos viajantes. Era o deus do comércio e dos
comerciantes.
4. O termo grego
"Hermes", corresponde ao latino "Mercúrio", palavra esta
derivada de "merx", mercado, comércio, e aparece em Atos
14.12, ligado ao evento ocorrido em Listra, na Ásia Menor, quando os
habitantes dessa cidade, vendo um milagre operado por meio de Paulo, julgaram-no
um deus, chamando-o de Mercúrio.
5. No paganismo romano,
Mercúrio era filho de Júpiter, também mencionado em Atos 14.12. Júpiter
era chefe dos deuses no Panteão Romano. (Júpiter, corresponde ao falso
deus grego, Zeus).
6. Passagens históricas da Bíblia, como Atos
14.12, precisam ser encaradas no contexto histórico da sua época.
7. A Bíblia foi tecida no tear da História, e
não pode ser realmente compreendida se o leitor ignorar os acontecimentos e as
circunstâncias que a cercam, como por exemplo, a igreja primitiva e seu lugar
no mundo gre-co-romano.
II. REQUISITOS PARA O
PROGRESSO NO CONHECIMENTO DAS SAGRADAS ESCRITURAS
Antes de abordarmos o
campo das dificuldades bíblicas, vejamos alguns assuntos prioritários que
devem preceder à abordagem de dificuldades bíblicas. Um deles é o dos
requisitos para o progresso no conhecimento das Sagradas Escrituras.
O plano de Deus para o
cristão é que uma vez salvo prossiga até o pleno conhecimento da verdade (1 Tm
2.4 ARA). A tragédia é que milhões de cristãos estacionam após o primeiro passo
na vida cristã, o que infalivelmente resulta no seu nanismo espiritual. Alguns
requisitos ou fatores de progresso no conhecimento da Palavra de Deus, são os
que passamos a considerar. 1.^4 espiritualidade do cristão (1 Co 2.15) É
o cultivo da vida espiritual profunda. Essa
espiritualidade fundamenta-se
num profundo amor à Palavra de
Deus (Dt 6.6b). Considerar, aí, o termo afetivo "coração".
2. A operação do
Espírito Santo no cristão (Jo 14.26; 16.13)
3. A oração constante
do cristão (Tg 1.5)
4. O ministério de ensino de mestres cristãos
(Ef 4.11) Deus tem na sua Igreja pessoas com o dom e o ministério de
ensinar a sua Palavra.
5. Livros apropriados
(2 Tm 4.13) Livros de cultura bíblica e secular.
6. Domínio da língua
materna
- Como poderá o leitor
entender o sentido bíblico do texto, se não entender antes, o que diz
o texto na su? língua materna?
7. Conhecimento das línguas originais da
Bíblia.
8. Conhecimento de Hermenêutica Sagrada.
III. REGRAS PARA
ELIMINAÇÃO DE DIFICULDADES BÍBLICAS
Este é outro assunto
prioritário em relação a dificuldades da Bíblia. Seguem-se algumas regras
simples, postas em prática pelo autor, no estudo da Bíblia, anos a fio.
1. Leitura simples,
mas contínua da Bíblia toda
A leitura seguida e
completa de toda a Bíblia é a única maneira de conhecermos toda a verdade sobre
um assunto que se quer conhecer.
- Por que é preciso ler
toda a Bíblia, nesse caso? - Porque a revelação divina através da Bíblia é
progressiva. Isto é, nada é dito de uma vez, nem uma vez por todas. Um assunto
inicia em Gênesis e termina no Apocalipse, por exemplo.
2. 0 contexto bíblico. Deve-se considerar
sempre o contexto do que se estiver lendo. Destacar textos bíblicos,
isolar idéias, enquadrar num tema geral ensinos de uma só parte da Bíblia, é
cair em grave erro.
1) 0 contexto geral da Bíblia. Isto é, a
analogia geral da Bíblia é um fato. Noutras palavras: nela não há contradições.
2) 0 contexto imediato da Bíblia. Este
pode ser anterior ou posterior ao texto que se lê ou estuda.
3) 0 contexto remoto da Bíblia é o que
fica a longa distância do texto em consideração, mas que com ele faz liame.
3. Comparar Escritura com Escritura (2 Pe
1.20)
Aqui o estudante precisa
ter um prévio e geral conhecimento geral da Bíblia e dispor, pelo menos, de
uma concordância bíblica completa. Isto é, deixar a Bíblia falar por si mesma!
4. Qualificações intelectuais do estudante
5. Qualificações espirituais do estudante Especialmente
humildade e piedade.
6. Os sentidos da Escritura
O estudante da Palavra
de Deus deve ter sempre em mente durante o estudo, os dois grandes sentidos do
texto bíblico:
• O sentido literal do
texto.
• O sentido figurado do
texto.
IV. O PERIGO DO INTELECTUALISMO
1. O nosso século é caracterizado pela busca
incessante do saber por parte de todos, e também pela oferta do saber,
considerada a multiplicação e a modernização dos meios de comunicação de massa
e instituições de ensino. Essa busca e oferta podem ser do saber legítimo ou
do falso (1 Tm 6.20).
2. Na área da Bíblia há uma tendência atual do
estudante de depender primeiramente do seu intelecto, de cursos, de saber
acumulado, de livros de consulta, sem depender primeiramente dos meios
divinos, caindo, assim, infalivelmente, no modernismo teológico, no
ra-cionalismo e no humanismo, no liberalismo teológico.
3. Os livros, escolas e cursos podem ser bons,
mas jamais serão substitutos da Bíblia mesma.
4. Devemos, sim, examinar livros, mas não para
sermos um mero eco ou reflexo deles. Há divergência entre autores de livros,
mas na Bíblia, jamais!
Não devemos levar mais
tempo com os livros, do que com a própria Bíblia!
V. DIFICULDADES DA BÍBLIA
• Referências a
considerar, ao se estudar este assunto (Dt 29.29; SI 145.3; Ez 14.23; Rm
11.33,34; 1 Co 13.12; 2 Pe 3.16).
• Há, é certo,
dificuldades na Bíblia, mas não contradições.
Não há nela contradições
históricas, nem científicas, nem doutrinárias.
• As dificuldades da
Bíblia são todas do lado humano, como: tradução mal feita, estudo superficial,
má compreensão, incapacidade humana, idéias preconcebidas, falsa aplicação do
texto, falhas de editoração, interpretação forçada.
• Os inimigos da Bíblia,
ou aqueles que a encaram apenas como literatura comum, sustentam haver erros
nela, mas é claro que um espírito ceticista, farisaico, precon-ceituoso e
orgulhoso, sempre achará falhas na Bíblia, porque dela se aproxima querendo
"importar" suas falsas idéias, quando a atitude correta, devia ser
"exportar" as idéias dela.
• Se alguma falha for
encontrada na Bíblia, será sempre do lado humano.
Portanto, ao
encontrarmos na Bíblia um trecho discre-pante, não pensemos logo que é erro!
Saibamos refletir como Agostinho, que disse: "Num caso desses, deve haver
erro do copista, ou tradução mal feita do original, ou então sou eu mesmo que
não consigo entender!" Passemos agora a considerar as dificuldades da
Bíblia
1. DIFICULDADES
LINGÜÍSTICAS
a. Línguas originais
antigas
Línguas essas que
evoluíram tremendamente. As duas principais línguas originais são o hebraico
e o grego.
Uma dessas línguas é
semítica: o hebraico; outra é helênica: o grego.
b. Linguagem figurada
em abundância Isto é um fato comum na Bíblia.
c. Diferentes gêneros
literários
Isto, por serem muitos
os escritores, como por exemplo:
Epístola Biografia
Poesia História Drama Tragédia
d. Má tradução das
línguas originais Isto constitui séria dificuldade.
e. Língua materna do
falante
(Alguns exemplos na
Bíblia, de dificuldades lingüísticas. 1) Gênesis 10.25
"E a Éber nasceram
dois filhos: o nome dum foi Pele-que, porquanto em seus dias se repartiu a
terra..." Aqui, se trata de repartir no sentido de fissura, separação,
divisão.
Há muitos verbos
hebraicos que significam dividir, repartir, havendo pequena diferença
entre eles. Dois desses verbos têm significado bem diferente:
"cha-lak", dividir, aquinhoar, partilhar. O outro verbo é
"palag", dividir fazendo pressão ou força sobre o objeto a ser
dividido. É este o verbo usado em Gênesis 10.25.
Trata-se, pois, aqui, na
terra sendo dividida em continentes.
Em Gênesis 1.9, temos a
terra formando um só bloco. No mesmo livro, 10.25, temos a terra sendo dividida
em continentes. Ainda hoje os continentes continuam se separando, conforme
afirma e comprova a ciência.
2) Esdras 4.6
"E sob o reino de
Assuero, no princípio do seu reinado, escreveram uma acusação contra os
habitantes de Ju-dá e de Jerusalém".
Esse "Assuero"
é o mesmo "Xerxes" da História secular.
"Assuero" é
vocábulo hebraico; "Xerxes" é vocábulo grego.
3) Isaías 45.1
"Assim diz o Senhor
ao seu ungido, a Ciro." Ciro, chamado por Deus de "meu ungido",
sendo ele um homem não-crente.
O termo
"ungido", em hebraico é "messias". Este termo não se
refere apenas a Jesus. Nalgumas passagens, refere-se a reis, profetas, e
sacerdotes de Israel. No caso de Ciro, refere-se à sua designação por Deus,
para uma missão especial. O termo, nesse caso, nada tem a ver com a
santificação ou caráter de Ciro.
4) Isaías 45.7
"Eu formo a luz, e
crio as trevas; eu faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor faço todas essas
coisas". "Mal" aqui, não é mal no sentido moral, mas no
sentido de contratempos.
5) Mateus 12.40-ARC
"Pois, como Jonas
esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do
homem três dias e três noites no seio da terra".
"Baleia" na
ARC, é má tradução. No grego é "ketos", peixe. No hebraico é
"daggadol", peixe grande. Ora, todos sabem que baleia não é
peixe! A versão ARA traduziu corretamente: "peixe".
6) Mateus 23.35 + 2 Crônicas 24.20
Mateus 23.35 diz que o
homem morto no templo foi Zacarias, filho de Baraquias.
2 Crônicas 24.20,21
afirma que o homem morto no templo foi Zacarias, filho de Jeoiada. É que
o termo hebraico Jeoiada corresponde ao grego Baraquias. 2.
DIFICULDADES GEOGRÁFICAS
a. A Bíblia foi escrita
em lugares de três continentes (Europa, Ásia e África), contendo portanto
expressões, imagens mentais e pensamentos bem diferentes entre si.
b. A Bíblia cita lugares com mais de um nome
cada um, como veremos no exemplário adiante.
c. A Bíblia dá um mesmo nome a diversos lugares.
d. A Bíblia trata de lugares que há muito
trocaram de nome: (países, cidades, rios, montanhas, mares, etc).
e. Exemplos de dificuldades bíblicas
geográficas
1) Diferentes lugares com um mesmo nome: Cesaréia
de Filipo, no Norte da Galiléia, cidade inte-riorana.
Cesaréia, porto marítimo, capital política da
Palestina, nos dias de Jesus, na província da Judéia (Mt 16.13; At 8.40). Antioquia
da Síria (At 13.1) Antioquia da Pisídia (At 13.14)
2) Um mesmo lugar com mais de um nome:
Mar da Galiléia
Mar de Genezaré
Mar de Tiberíades
3) Lugares que trocaram de nome:
Pérsia (Irã)
Babilônia (Iraque)
Ilírico (Iugoslávia)
Sevene (Ez 29.10)
corresponde à moderna Assuam, no
Egito.
3. DIFICULDADES
ANTROPOLÓGICAS
a. Toda dificuldade
bíblica é basicamente antropológica.
b. Incapacidade de compreensão da revelação
divina.
c. Incompetência do
leitor.
d. Ignorância de fatos
que esclarecem o assunto.
e. Nanismo espiritual.
f. Exame superficial do texto bíblico.
g. Culturas orientais
dos tempos bíblicos, totalmente diferentes das nossas ocidentais atuais. São
usos e costumes que já não existem, nem mesmo lá no Oriente, quanto mais aqui.
h. Desqualificação do
estudante, por incompetência de cultura geral, cultura bíblica, e crítica
textual científica (Hermenêutica).
i. Diferentes
personagens com o mesmo nome.
j. Nomes diferentes
dados a uma mesma pessoa.
1. Exemplário de
dificuldades antropológicas
1) Herodes. Há sete deles na Bíblia. Como
diferençá-los.
2) César, o imperador. Há três
mencionados no NT. É preciso determinar qual deles é o do texto em tratamento.
3) Diferentes nomes para uma pessoa:
Jetro, o sogro de Moisés aparece na Bíblia
com quatro antropônimos:
• Jetro (Êx 3.1)
• Reuel (Êx 2.18)
• Raguel (Nm
10.29) (FIG)
• Hobabe (Jz 4.11)
(Não confundir com
Hobabe, filho do próprio Jetro, Nm 10.29).
O rei Jeoiaquim, de
Judá, aparece com três nomes:
• Jeoiaquim (2 Rs 23.36 ARC) (Jeoaquim, ARA)
• Jeconias (1 Cr 3.16,17)
• Conias (Jr
22.24 ARC)
4) Dificuldades de compreensão.
Êxodo 29.37 - "...e o altar será santíssimo:
tudo o que tocar o altar será santo".
O sentido é que tudo o
que tocar o altar deverá santifi-car-se antes disso. Mateus 18.18; 16.19
"Tudo o que ligares
na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado
nos céus". O sentido, é que, aquilo que a Igreja desligar ou ligar aqui na
terra, deverá ser o que já foi desligado ou ligado nos céus. Os modismos do
grego, em tais casos, são de difícil tradução para as línguas neolatinas. Outro
caso: 1 João 3.9. Temos aí o presente infinitivo ativo, no grego, de difícil
precisão em português a não ser que se adote paráfrase.
5) Contexto histórico:
Por exemplo: Filipenses
3.20: "a nossa cidade está nos céus".
"Nossa cidade"
significa nossa cidadania. O leitor precisa conhecer o sentido especial
de "cidade" entre os romanos, naquela parte do mundo, e conhecer a
história de Filipos, para entender de fato esses versículos.
4. DIFICULDADES
CRONOLÓGICAS
a. A Bíblia, quando menciona datas, fá-lo com
base em eventos importantes, mas particulares. Os escritores da Bíblia não
dispunham de um sistema de datas, como os temos no mundo ocidental. Daí, toda
cronologia bíblica ser incerta.
b. Dificuldades nas
eras. As eras atuais entraram em uso há pouco tempo, em comparação com a
extensão da história bíblica. A Era Grega vem de 776 a.C. (data da primeira
Olimpíada); a Era Romana vem de 753 a.C. (data da fundação de Roma); a Era
Maometana vem de 662 d.C. (data em que Maomé fugiu de Meca); a Era Cristã vem
de 5 a.C. (data do nascimento de Cristo), etc.
Essa pluralidade de eras
choca o leitor comum ou leigo, que só tem noções do nosso calendário...
c. Dificuldades no
texto bíblico. Há, especialmente no período dos juizes de Israel, no
período do reino dividido, e no dos profetas, muitos períodos coincidentes em
parte, reinados associados, intervalos de anarquia política, frações de anos
tomadas por anos inteiros, parte tomada pelo todo, e arredondamento de números.
d. O erro do nosso calendário. O nosso
próprio calendário (chamado Calendário Gregoriano) está atrasado em quase 5
anos devido a um erro de cálculo de Dioní-sio, o monge que o organizou.
É ainda digno de nota
que, em 1582 d.C, o Papa Gre-gório XIII alterou o calendário cristão,
aumentando-lhe 10 dias, para corrigir uma diferença de minutos que se vinha
acumulando desde o ano 46 a.C, quando César reformou o calendário de então.
e. O dia civil. Entre os judeus era
contado de um pôr-do-sol a outro. Entre os romanos ia de uma meia-noite a
outra. O evangelista João emprega o calendário romano, de modo que parece
haver choque de horário nos eventos da paixão de Cristo, entre ele e os demais
evangelistas, mas não há.
f. O ano. O ano judeu era lunar, causando
desencontro entre ele e as estações agrícolas. Para corrigir isto, os judeus tinham,
cada três anos, um ano com 13 meses. Isto forçou os israelitas a adotarem o ano
do ciclo solar, mais tarde.
g. A Bíblia foi escrita num extenso período de
16 séculos. Isto implica uma evidente dificuldade cronológica.
h. Exemplos de
dificuldades cronológicas da Bíblia 1) Gênesis 15.13 e Êxodo 12.40
Gênesis 15.13 afirma que
a peregrinação de Israel seria de 400 anos em terra estranha. Êxodo 12.40 e Gálatas
3.17 falam de 430 anos. Gênesis 15.13 trata, sem dúvida, de arredondamento de
números, porque o somatório dos dados fornecidos pelo livro de Gênesis perfaz
430 anos, a saber: • 75? ano de Abraão (Gn 12.14), o nascimento de Isa-que,
quando Abraão tinha 100 anos (Gn 21.5) 25 anos
• Do nascimento de
Isaque (Gn 21.5) ao nascimento de Jacó (Gn 25.26)... 60 anos
• Do nascimento de Jacó
(Gn 25.26), à sua morte (Gn 47.28)...
147 anos
• Da morte de Jacó (Gn
47.28) à morte de José (Gn 37.2 + Gn 41.46 + Gn 47.28 + Gn 50.22)... 54 anos
• Da morte de José (Gn
50.22) ao Êxodo dos israelitas
(Êxodo
12.17)............................................... 144 anos
2) Gênesis 2.2,3 - .......................................430
anos
Os seis dias da criação
adâmica, foram ou não dias de 24 horas?
Foram dias de 24 horas.
É somente comparar Gênesis 2.2,3 com Êxodo 20.11 e 31.17, com o devido cuidado,
e isenção de preconceitos.
5. DIFICULDADES
IMAGINÁRIAS E PRECONCEITUOSAS
Essas dificuldades advêm
do nosso modo humano de pensar, de julgar, e de ver as coisas, e, nessa
situação, queremos interpretar a revelação divina, a. Exemplos de
dificuldades imaginárias e preconceituo-sas
1) Gênesis 6.2
"Viram os filhos de
Deus que as filhas dos homens eram formosas, e tomaram para si mulheres de
todas as que escolheram".
Um estudo acurado dos
textos bíblicos pertinentes mostrará que "filhos de Deus" eram os
descendentes da linhagem piedosa de Sete, e que as "filhas dos homens"
eram as descendentes da linhagem ímpia cai-nita. (Ver Deuteronômio 14.1; Mateus
22.30.) Os "filhos de Deus" não poderiam jamais ser anjos decaídos,
porque estando eles decaídos, jamais poderiam ser chamados "filhos de
Deus". Por outro lado, anjos não se casam, porque pertencem a outra esfera
de vida, posição e trabalho. (Ver Mateus 22.30.)
2) João 20.12 e Marcos 16.5
João 20.12 fala de dois
anjos na manhã da ressurreição de Jesus. Marcos 16.5 fala de um anjo. Não há
aqui qualquer dificuldade, porque onde há dois, há um.
3) Atos 20.35 -
Aqui há menção de palavras de Jesus, que não são encontradas nos Evangelhos.
Não há qualquer dificuldade aqui. Muitas palavras que Jesus falou não foram
registradas. Com inúmeros milagres, ocorreu a mesma coisa (Jo 21.25).
4) Romanos 4.3 com Tiago 2.21: Abraão
justificado pela fé e pelas obras ao mesmo tempo. - Como? Pela fé, diante de
Deus, porque Deus vê fé, e não obras, para a salvação. Pelas obras, diante dos
homens, porque o homem vê obras, mudança de vida, e não fé.
6. APARENTES
CONTRADIÇÕES São aparentes contradições, apenas. Exemplos:
a. Gênesis 46.27 e Atos 7.14
Gênesis 46.27 afirma que
todos os descendentes de Ja-có que foram ao Egito, somaram 70 pessoas. Atos
7.14 afirma que eram 75 pessoas. A casa de Jacó era de 70 pessoas (Êx 1.5). A
esse número precisamos somar 5 netos de José (que já estavam no Egito).
Dois eram filhos de
Manasses: Maquir e Gileade (Nm 26.29).
Três eram filhos de
Efraim: Sutela, Bequer, Taã (Nm 26.35).
b. Números 25.9 e 1
Coríntios 10.8
Aqui se trata de um
juízo divino que ceifou milhares de israelitas.
1 Coríntios 10.8 afirma
que morreram 23.000 pessoas. Números 25.9 fala de todos os que morreram
daquela praga - 24.000
c. 1 Reis 8.12 versus 1 João 1.5
1 Reis 8.12 declara:
"O Senhor disse que habitaria nas trevas".
1 João 1.5 declara que
"Deus é luz, e não há nele treva nenhuma".
1 Reis 8.12 fala de trevas
no sentido de inescrutabilidade, mistério, infinitude.
1 João 1.5 fala de
trevas no sentido moral.
d. 1 João 2.15 e João 3.16
1 João 2.15. (gr "kosmos") Aqui a Bíblia
adverte: "Não ameis o mundo nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo
o amor do Pai não está nele". João 3.16. (gr "kosmos")
Aqui a Bíblia afirma que "Deus amou o mundo".
1 João 2.15 fala de
"mundo" como um sistema de vida, sob a influência diabólica.
João 3.16 fala do
"mundo" no sentido de "humanidade".
e. Ezequiel 20.25
Aqui se nos diz que Deus
deu a Israel estatutos que não eram bons.
O sentido é que Deus
permitiu que os captores de Israel, durante o cativeiro baixassem leis para
Israel que não eram boas para eles. Essas leis não eram a lei de Jeová, como a
vemos na Bíblia.
f. Mateus 27.9
Aqui está escrito: "Então
se realizou o que vaticinara o profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de
prata, preço do que foi avaliado, preço que certos filhos de Israel
avaliaram".
Ocorre que a profecia
acima, encontra-se em Zacarias 11.12,13 e não em Jeremias.
Certamente Jeremias
profetizou, e Zacarias escreveu. Ou então Zacarias recebeu profecia idêntica.
7. DIFICULDADES REAIS
DA PRÓPRIA ESCRITURA
a. Lucas 16.9. Esta
é de fato uma dificuldade bíblica, que, pelo menos o autor não sabe explicar. A
leitura em grego leva para a forma interrogativa. Tsso pode ajudar a resolver a
dificuldade.
b. 2 Tessalonicenses
2.6-8. - Quem, nesta passagem, é o elemento inibidor, repressor, quanto à
manifestação aberta do Anticristo aqui no mundo?
- Se consultarmos
Gênesis 19, concluiremos que esse elemento é a Igreja do Deus vivo, habitada
pelo Espírito Santo.
Os anjos executores do
juízo sobre as cidades da campina nada puderam fazer enquanto Ló, o justo, não
saiu de Sodoma.
De igual modo, o juízo
do Dilúvio só ocorreu após Enoque ter saído deste mundo. O mesmo acontece
agora, enquanto a Igreja do Deus vivo, habitada pelo Espírito Santo, permanecer
na terra.
c. 1 Pedro 3.18,19
Texto realmente difícil!
'"Pregou", no
v.18, é "kerusso", proclamar, anunciar (como em Ef 2.17).
A passagem, sem dúvida
está ligada a Atos 2.31 e Efésios 4.8,9.
8. DIFICULDADES CIENTÍFICAS DA BÍBLIA
A Bíblia não é um manual
de ciência, mas o manual da salvação.
Quando ela aborda fatos
científicos, fá-lo não na linguagem técnica, especializada da ciência, mas na linguagem
do povo comum. Isto, tem se constituído numa das dificuldades da Bíblia.
a. A esfericidade da Terra (Is 40.22)
b. As estrelas são incontáveis (Jr 33.22)
c. O movimento sistemático do sol (SI
19.5)
d. O Universo envelhecendo (SI 102.25-27)
e. Fogo na crosta interior da terra (Jó
28.5)
f. O frio vem do Norte (Jó 37.9)
g. A luz tem "caminho", não
"morada"permanente (Jó 38.19).
h. A terra suspensa no espaço (Jó 26.7)
i. O ar tem peso (Jó 28.25)
j. Os elementos físicos do Cosmos são mais antigos
do que os biológicos (Gn 1.1,24) 1. O vento vem do Sul (Ec 1.6)
9. DECLARAÇÕES E ENSINOS SOBRE DEUS, EXPRESSOS
EM LINGUAGEM HUMANA
São os antropomorfismos
e os antropopatismos, tão comuns na Escritura.
Um caso de
antropopatismo: 1 Samuel 15.11 versus 1 Samuel 15.29 - (Deus
"arrepender-se").
10. DECLARAÇÕES E
ENSINOS DA BÍBLIA, SOBRE O CÉU E A VIDA FUTURA, EXPRESSOS EM LINGUAGEM HUMANA
É o caso das visões das
coisas celestiais de Ezequiel, como temos no capítulo 1 do seu livro (os
desconhecidos seres viventes).
É também o caso das
visões de João, o apóstolo, descritas no livro de Apocalipse, quando João
procura comparar as coisas celestiais com as terrenas, para poder expressar-se
sobre o que viu no Céu.
11. DECLARAÇÕES E
ENSINOS CALCADOS NO MUNDO FÍSICO, PORÉM, EM REFERÊNCIA AO MUNDO ESPIRITUAL Tanto
o Antigo, como o Novo Testamento se enquadram aqui.
12. FATOS ABORDADOS E
TRATADOS PELA BÍBLIA, QUE SÓ SERÃO CONHECIDOS NO FUTURO
E evidente que isto
constitui uma dificuldade.
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