A Existência e a Pessoa do
Espírito Santo
O Espírito Santo é um Ser real que age e vive entre
nós
Severino Pedro da Silva
Digitalização: SusanaCap
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Capa: Jayme de Paula Prado
231.3 - Deus o Espírito Santo Silva, Severino Pedro
A Existência e a Pessoa do Espírito Santo.../Severino Pedro
da Silva
1ª ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de
Deus, 1996
p. 152. cm. 14x21
ISBN 85-263-0073-3
1. Deus o Espírito Santo 2. Teologia
Deus o Espírito Santo
Casa Publicadora das Assembléias de Deus
Caixa Postal 331
20001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
1ª Edição/1996
Índice
Contracapa
Seria o Espírito Santo uma influência, ao
invés de um Ser
dotado de personalidade e atributos divinos? Muitas seitas lhe têm negado a condição de Pessoa divina; outras até questionam sua existência.
Mas o pastor Severino Pedro, pela Bíblia, faz desmoronar estes dois
posicionamentos: o Espírito Santo existe, e é uma Pessoa
– a terceira da
Santíssima Trindade.
Passo a passo, e através das Sagradas Escrituras, com abundantes referências que revelam nomes, títulos, figuras e a obra do
Consolador, você será conduzido a esta realidade.
O autor discorre ainda sobre outros temas relacionados a este Ser sublime:
O batismo com o Espírito Santo
Os dons
espirituais
O fruto do Espírito
A blasfêmia contra o Espírito Santo
Ministro do
Evangelho, é autor dos livros Daniel, Versículo por Versículo;
Apocalipse, Versículo por Versículo; Os Anjos, Sua Natureza e Ofício, entre
outros.
Apresentação
A pessoa do Espírito
Santo é contestada por muitas seitas. Algumas até defendem sua existência, mas
rejeitam a idéia de que Ele seja uma Pessoa distinta na Santíssima Trindade.
No entanto, as
Sagradas Escrituras apontam claramente para um Ser dotado de personalidade - o
Consolador, que vive e age no seio da Igreja de Cristo. Portanto, nós, evangélicos,
cremos no Espírito Santo como Pessoa, conforme demonstra o pastor Severino
Pedro da Silva nesta obra.
O autor, pelas
Sagradas Escrituras, relaciona nomes, títulos, figuras, símbolos e até pronomes
usados para descrever o Espírito Santo, tornando bem visíveis os contornos de
sua sublime personalidade.
A descrição da Pessoa,
segue-se-lhe a obra: sua missão junto à Igreja, os dons espirituais e o fruto
na vida daqueles que lhe servem de templo.
Portanto, A
Existência e a Pessoa do Espírito Santo lhe servirá não somente de estímulo
à fé como irá ajudá-lo a conhecer melhor este divino Ser e a aproximar-se ainda
mais de Deus.
Ronaldo Rodrigues de
Souza
Diretor Executivo da
CPAD
O sucesso da Igreja de
nosso Senhor Jesus Cristo, aqui neste mundo, tem sido a presença do Espírito
Santo entre os cristãos; ainda que muitos procurem (sem sucesso) negar esta
realidade. Algumas pessoas têm ignorado a existência do Espírito Santo, levadas
por um ceticismo mais teórico que prático. O ceticismo, segundo Sócrates,
prejudica a busca pelo conhecimento e enfraquece a moralidade.
Mais tarde, Agostinho
descreve o ceticismo como uma escuridão espiritual que destrói a fé e não deixa
os homens encontrarem a verdade. A fé, contrariamente, prepara o solo para o
cultivo da verdade. Neste livro, o autor mostra a importância de crermos
firmemente no princípio básico da existência do Espírito de Deus, de sua atuação
na Igreja como Substituto legal de Jesus Cristo. Revela também não haver
limites para o que o Espírito Santo possa fazer na vida do crente, dependendo
das circunstâncias e da obediência pessoal de quem Ele inspira.
Paulo encontrou em
Éfeso "alguns discípulos" que lhe disseram: "Nós nem ainda
ouvimos que haja Espírito Santo..." (At 19.2), e em Corinto, pessoas que
eram "ignorantes acerca dos dons espirituais" (1 Co 12.1). Portanto,
não é de admirar que haja também em nossos dias pessoas que, por falta de
informações objetivas, "desconheçam" certas manifestações do
Espírito Santo na igreja e em suas próprias vidas. Por esta razão, e por
outras, recomendamos a leitura deste livro - com meditação e amor.
Pr. José Wellington
Bezerra da Costa
Presidente da
Convenção Geral das Assembléias de
Deus no Brasil
Pneumatologia
é a ciência que estuda a existência do Espírito Santo, sua natureza divina,
seus atributos e manifestações, seu relacionamento com Deus e com Cristo, bem
como sua atuação em relação ao universo físico e espiritual, os seres e as
coisas. Apesar dos esforços que muitos têm empreendido para negar sua
existência e poder, o Espírito Santo é um ser dotado de personalidade. Um ser
moral, pessoal e divino.
A
revelação plenária das Escrituras mostra claramente seus atributos naturais e
morais; e, de igual modo, sua presença e manifestação em ambos os Testamentos.
As luzes da fé e da razão natural inferem que o aceitemos como um Ser supremo,
divino, que faz parte da Santíssima Trindade. Negar esta realidade, baseado
apenas em conceitos humanos, implica em rejeitar também a existência de Deus
Pai e de Deus Filho, que é Jesus Cristo, nosso Senhor (1 Jo 5.6-8).
I - Quem É o Espírito Santo
O Espírito Santo é a
terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Ele aparece pela primeira vez nas
Escrituras em Gênesis 1.2, e daí em diante sua presença é proeminente em ambos
os Testamentos. O vocábulo que dá sentido ao seu nome é o grego pneuma, vindo
da raiz hebraica ruach. Ambos os termos, quando aplicados para dar
significação divina e sem igual, denotam o infinito Espírito de Deus.
A atuação deste
supremo Ser é marcante nas Escrituras como o Substituto legal do Filho de
Deus, desde o Pentecoste até o arrebatamento da Igreja (Jo 16.7), e continuando
depois com ela para sempre (Jo 14.16). Ele veio ao mundo como o "Agente da
Comunicação Divina". Sua origem não se encontra nas tábuas genealógicas,
pois, sendo Ele um dos membros da Divindade, é a origem de si mesmo e a causa
de sua própria substância.
II - Sua Preexistência
A natureza e os
atributos do Espírito Santo caracterizam-no como o "Espírito
eterno", não conhecendo princípio de dias nem fim de existência (Hb 9.14).
Ele aparece ao lado de Deus, quando havia unicamente o Deus trino e uno. O
tempo, que marca extensão, é percebido através da relação entre
"antes" e "depois". Uma vez que o Espírito Santo tem a
mesma natureza de Deus, o tempo não se aplica a Ele - já que existe pela
própria necessidade de sua existência. Ele é um Ser vivo, dotado de personalidade,
não sendo meramente uma influência ou emanação de Deus. Antes, é uma Pessoa
claramente divina, que faz parte da Trindade.
Não um ser criado,
como nós ou as demais criaturas que, por um ato de Deus, passamos a existir num
certo tempo e lugar.
1. No Antigo Testamento
O período do Antigo
Testamento foi de preparação e espera a este Ser eterno, cuja ação plena
concretizou-se no Novo. Mas antes, como sabemos, o Eterno Espírito de Deus já
operava.
Em suas várias manifestações
e demonstrações de poder, tanto no universo físico como no espiritual, sua
presença é sentida e revelada (Gn 1.2; 6.3; Êx 8.19; Jo 33.4 etc.) Entretanto,
eram apenas manifestações objetivas e tópicas, pois até então o Espírito Santo
não havia sido "derramado" e sim "manifestado" (cf. Jl
2.28; Jo 7.39). O Espírito Santo se revelava de três maneiras, visto no
contexto geral.
a. Como
Espírito criador do cosmo. Por cujo poder o Universo e todos os seres foram criados.
b. Como
Espírito dinâmico ou doador de poder. Revelado como o Agente de Deus em relação aos homens; entretanto,
não era outorgado como dádiva permanente. Em sentido tópico, tal sucedia até
mesmo no caso dos profetas, embora seja seguro pensar que homens mais profundamente
espirituais possuíam o dom do Espírito por tempo mais dilatado que o comum (cf.
Sl 51.11- Ml 2.15).
c. Como Espírito
regenerador. Pelo
qual a natureza humana é transformada "de glória em glória na mesma
imagem, como pelo Espírito do Senhor" (2 Co 3.18). Encontramos sua
presença no Antigo Testamento, em várias manifestações de poder, num total de
88 vezes: 13 no Pentateuco; sete em Juizes; sete em 1 Samuel; cinco nos Salmos;
14 em Isaías; 12 em Ezequiel; e trinta outras, por inferência.
Dos 39 livros do
Antigo testamento, apenas 16 não fazem referência específica a Ele - mas em
essência. ([1])
Algumas referências
marcam sua presença nesse período, descrevendo-o como membro ativo da
Divindade e participante de decisões somente a ela inerentes. Vejamos algumas:
• Na criação do Universo: "E o
Espírito de Deus se movia sobre a face das águas" (Gn 1.2).
• Na criação do homem: "E disse
Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança..."
(Gn 1.26).
• No juízo sobre o pecado:
"Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós..." (Gn
3.22).
• No julgamento sobre o dilúvio: "Então
disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem..."
(Gn 6.3).
• Sobre a construção da torre de
Babel: "Eia, desçamos, e confundamos ali a sua língua..." (Gn
11.7).
O Espírito Santo é
também retratado, em relação aos homens, como aquEle que ilumina (Jo 33.8), dá
forças especiais (Jz 14.6,19), concede sabedoria (Êx 31.1-6; Dt 34.8), outorga
revelações (Nm 11.25; 2 Sm 23.2), instrui sobre a vontade de
Deus (Is 11.2),
administra graça (Zc 12.10) e, finalmente, enche as vidas com sua presença (Ef
5.18).
2. No Novo Testamento
O Espírito Santo entra
em cena logo nas primeiras páginas do Novo Testamento. O anjo Gabriel informa a
Zacarias, um velho sacerdote da ordem de Abias, que seu futuro filho, João
Batista, seria cheio do Espírito Santo desde o ventre materno (Lc 1.15). O
mesmo mensageiro celestial diz a Maria que o Espírito Santo desceria sobre ela
(Lc 1.35). Mais adiante encontramos o justo Simeão, e "o Espírito Santo
estava sobre ele" (Lc 2.25). Durante a vida terrena de nosso Senhor Jesus,
a atuação do Espírito Santo acompanhava seus passos, palavras e obras. Ou seja,
Jesus era "cheio do Espírito Santo" (Lc 4.1). E podia exclamar:
"O Espírito do Senhor é sobre mim" (Lc 4.18).
III - Sua Existência Pós-pentecostal
Vinte e cinco livros
dos 27 que compõem o Novo Testamento descrevem o Espírito Santo como um Ser
real. Apenas dois, Filemom e 3 João, falam dEle apenas em essência.
Há duas citações sobre
a existência do Pai e do Filho que não mencionam sua existência:
"E a vida eterna
é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem envias-te" (Jo 17.3).
"E mostrou-me o
rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus
e do Cordeiro..." (Ap22.1).
No entanto, a ausência
do Espírito Santo nestas duas citações não lhe nega a existência como Pessoa
real! Pelo contrário, prova sua humildade e grandeza.
De acordo com a Lei
mosaica, o testemunho de dois homens era verdadeiro para se firmar qualquer
palavra ou sentença.
Dois grandes
personagens, João Batista e Jesus Cristo, afirmaram ter visto o
Espírito Santo em forma corpórea.
"E João
testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como uma pomba, e
repousar sobre ele. E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com
água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre
ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo" (Jo 1.32,33).
"E, sendo Jesus
batizado, saiu logo da água, e viu o Espírito de Deus descendo como
pomba e vindo sobre ele" (Mt 3.16).
IV - Sua Natureza
A terceira Pessoa da
Trindade é Espírito por natureza! Ou seja, tal qual Ele é, tanto o seu
Ser como o seu caráter, assim são também o Pai e o Filho: iguais em aspecto,
poder e glória. O fato de o Espírito Santo ser Deus fica provado não somente
por sua identificação com o Pai e o Filho, nas fórmulas do batismo e da bênção
apostólica, mas também pelos atributos divinos que possui. Em outros aspectos,
o Espírito Santo é co-participante dos atos de Deus, especialmente pela sua
maneira tríplice de agir, como por exemplo:
1. Na bênção das tribos
"O Senhor Deus
te abençoe e te guarde: o Senhor [Jesus] faça resplandecer o seu
rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti. O Senhor [Espírito Santo] sobre
ti levante o seu rosto, e te dê a paz" (Nm 6.24-26).
2.
Na bênção apostólica
"A graça do
Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito
Santo seja com vós todos" (2 Co 13.13).
3.
No perdão
"Ó
Senhor [Deus], ouve; ó Senhor [Jesus], perdoa: Ó Senhor [Espírito
Santo], atende-nos e opera sem tardar" (Dn 9.19).
4.
No louvor
"E
clamavam uns para com os outros, dizendo: Santo [Deus], Santo [Jesus],
Santo [Espírito Santo] é o Senhor dos Exércitos: toda a terra está
cheia da sua glória" (Is 6.3).
5.
No batismo
"Portanto
ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho,
e do Espírito Santo..." (Mt 28.19).
6.
Nos dons
"Ora
há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de
ministérios, mas o Senhor [Jesus] é o mesmo. E há diversidade de operações,
mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos" (1 Co 12.4-6).
7.
Na unidade da fé
"Há
um só... Espírito... um só Senhor [Jesus]... um só Deus e
Pai de todos..." (Ef 4.4,6).
8.
No testemunho
"Porque
três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito
Santo; e estes três são um" (1 Jo 5.7).
Evidentemente,
a presença do Espírito Santo é vista por toda a extensão das Escrituras, sempre
agindo de comum acordo com o Pai e o Filho.
De Deus se declara:
"Desde a antigüidade fundaste a terra: e os céus são obra das tuas
mãos" (Sl 102.25).
De Cristo se declara:
"Porque nele foram criadas todas as coisas, visíveis e invisíveis, sejam
tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades: tudo foi criado
por ele e para ele" (Cl 1.16).
Do Espírito Santo se
declara: "Pelo seu Espírito ornou os céus" (Jo 26.13). Os atos da
criação - em separado, ainda que completos - da parte de cada Pessoa reúnem-se
na afirmação do nome de Deus [Eloim], e daí por diante. ([2])
Ele é, portanto, o
Espírito eterno (Hb 9.14). É onipresente (Sl 139.7-10), onipotente (Lc 1.37) e
onisciente (1 Co 2.10). A Ele se atribuem obras divinas: tomou parte na
criação (Gn 1.2); produz novas criaturas para Jesus (Jo 3.5); ressuscitou a
Jesus Cristo dentre os mortos (Rm 1.4; 8.11).
O sentido que lhe dá a
palavra grega - herdada do original hebraico - é sem igual. Pneuma, como
termo psicológico, representa a sede da percepção, do sentido, da vontade, do
estado da mente, ou pode ser equivalente ao ego da pessoa humana (Mc
2.8; Lc 1.47; Jo 11.33; 13.21 etc). Porém, o termo pneuma, ou vocábulo
grego correspondente, aparece 220 vezes no Novo Testamento. Nada menos de 91
dessas ocorrências, em essência especial, com ou sem qualificativo quanto ao
caráter ou a origem, indicam o Espírito Santo.
São usados pronomes
masculinos, como na indicação do Pai e do Filho, dominando, portanto, toda
construção gramatical neste sentido. Isto é importante!
V - Seu Relacionamento
A atuação do Espírito
Santo pode ser vista tanto em relação ao universo físico como ao espiritual.
Sua ação pode ser presenciada em ambos os Testamentos. Entretanto, com maior
impacto, o Espírito foi prometido para uma dispensação futura, a tal ponto
que, nos tempos do Messias, Ele seria "derramado sobre toda a carne".
([3])
1. Com o Universo
"E a terra era
sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de
Deus se movia sobre a face das águas" (Gn 1.2).
Observe-se que a
palavra "Deus" está no plural, e o verbo, no singular (no hebraico,
há três números: singular, dual e plural). Assim, a natureza de Deus é revelada
na primeiras palavras de Gênesis, como de igual modo o Filho e o Espírito
Santo: uma Trindade, porém um só Deus.
O Filho aparece na
"segunda" palavra da Bíblia - Ele é o princípio (Ap 3.14).
O Pai aparece na
"quarta" palavra.
O Espírito Santo
aparece na "trigésima-terceira" palavra, e daí por diante sua
presença contínua e suas manifestações tópicas nas obras de Deus são
presenciadas em cada acontecimento. Dessa maneira, podemos aceitar que, na
criação do Universo, o Pai a propôs e o Filho agiu pela energia do Espírito
Santo. Subentende-se, portanto, que o Espírito Santo, como Divindade
inseparável em toda a criação, manifesta sua presença em todos os elementos da
natureza criada. Todas as forças da natureza são apenas evidências da presença
e operação do Espírito de Deus. Toda a criação, e todo ser criado, deve sua
existência e continuação às "mãos de Deus": Cristo ("Nele foram
criadas todas as coisas", Cl 1.16) e ao Espírito Santo ("Ele criou e
ornamentou a todas as coisas"; cf. Jo 26.13; 33.4; Sl 104.30).
2. Com Cristo
O Espírito Santo
desceu sobre Maria, produzindo a concepção virginal do Filho de Deus (Mt 1.20;
Lc 1.23), e é visto como aquEle que "ungiu" Jesus de
Nazaré, capacitando-o para sua missão evangelizadora (Lc 4.18,19) e seu
ministério miraculoso. Pedro afirma que Deus "ungiu a Jesus de Nazaré com
o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os
oprimidos do diabo, porque Deus era com ele" (At 10.38). Ele veio
substituir o Filho na missão de conduzir os homens a Deus, como sua Testemunha
poderosa (Jo 15.26). É a força restauradora por meio da qual Cristo opera (Rm
8.11). Finalmente, Ele é o "Amigo Fiel" de Cristo, glorificando-o por
ter realizado tão sublime redenção em favor de quem não a merecia (Jo 16.14).
3. Com a Igreja
O Espírito Santo é o
único que pode regenerar a alma, mediante seu toque transformador. Sua presença
entre os salvos deve ser contínua e perpétua, pois assim produz no crente
fruto semelhante a natureza moral positiva de Deus (Gl 5.22,23).
O objetivo principal
do fruto do Espírito no crente, bem como de todas as suas operações na alma, é
transformá-lo segundo a imagem de Cristo, nos termos mais literais possíveis (2
Co 3.18). A promessa de Jesus a seus discípulos foi a presença constante do
Espírito em suas vidas. Ele disse: "... para que [o Espírito Santo] fique
convosco para sempre... porque habita convosco, e estará em vós" (Jo
14.16,17).
a.
Após a ressurreição de Cristo. Depois de ressurreto, Jesus entrou numa casa para participar com seus
discípulos da primeira reunião de seu ministério celestial. As portas daquele
santuário improvisado estavam "cerradas... onde os discípulos, com medo
dos judeus, se tinham ajuntado".
Após tê-los saudado
("Paz seja convosco!"), o segundo ato do Senhor foi
"soprar" sobre eles, dizendo: "Recebei o Espírito Santo"
(Jo 20.19,22).
Todo salvo, segundo as
Escrituras, tem o Espírito Santo como selo da ressurreição de Cristo. Porque
"se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele" (Rm
8.9). E esta é a confirmação divina: "Se o Espírito daquele que dos mortos
ressuscitou a Jesus habita em vós", então, sem nenhuma dúvida, "somos
filhos de Deus" (Rm 8.11,16).
Ora, o grande sucesso,
tanto da igreja como do crente em particular, tem sido a presença
gloriosa do Espírito Santo.
Paulo revela aos
crentes de Corinto: "Não sabeis vós que sois o templo de Deus, e que o
Espírito de Deus habita em vós?" (1 Co 3.16).
b. A
habitação do Espírito. Depois do processo de regeneração no pecador, o Espírito Santo passa a
habitar nele, e aí permanece como Agente divino da comunicação com o Pai e o
Filho. A habitação do Espírito é uma fase posterior à obra da conversão, e
possibilita o crescimento da nova vida iniciada naquele que foi chamado das
trevas para viver na luz.
"Precisamos
reconhecer sua presença permanente no templo de nossos corpos. Esse
reconhecimento deve tornar-se sagrado e levar-nos, sem interrupção alguma, a
uma vida imaculada, livre de pecado. É o segredo da experiência de seu poder,
que permanentemente atua naquele que é fiel e obediente a Cristo".([4])
A comunhão com o
Espírito Santo leva o crente a aspirar pela sua presença, no dizer de Paulo:
"Não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do
Espírito" (Ef 5.18).
c. A companhia do Espírito. R. M. Riggs observa que desde o seu advento, no dia de Pentecoste, em
Jerusalém, e através de outras visitações nas congregações de Samaria (At 8),
Cesaréia (At 10), Antioquia da Síria (At 13.2,4), Antioquia da Pisídia (At
13.14), Éfeso (At 19.1-7), Corinto (1 Co 12.13) e Galácia (Gl 3.2), o Espírito Santo
continua habitando pessoalmente nos crentes em Jesus - algo que Cristo não
poderia fazer quando andava visivelmente na terra em carne humana, isto é, de
habitar o corpo dos outros, mas o Espírito Santo o faz agora.
d. Dirigindo nossos passos. A partir do Pentecoste, o Espírito Santo passou a dirigir os passos da Igreja. A nova dispensação, inaugurada pela glorificação de Cristo, é chamada tanto de era do Espírito Santo como era da Igreja.
O Espírito e a Igreja
em tudo agem de comum acordo. A Igreja sem o Espírito seria um corpo sem vida;
e o Espírito sem a Igreja, uma força sem meio de ação. Por esta razão o
Espírito e a Igreja são inseparáveis e sempre dirigidos um para o outro.
Ambos são anunciados e
prometidos por Jesus durante o seu ministério terreno (Mt 16.18; Jo 7.39).
Depois da ressurreição de nosso Senhor, os dois aparecem juntos no plano da
salvação. Finalmente, o Espírito e a Igreja estão unidos na mesma espera: o
advento de Jesus Cristo (Ap 22.17).
e. No livro de Atos dos Apóstolos. O Espírito Santo rouba a cena neste livro que é padrão para a Igreja, tanto
no sentido evangelístico como no administrativo e social. Assim como nos
evangelhos a presença do Filho de Deus revelando e exaltando o Pai é o fato
principal, também a presença do Espírito Santo, exaltando e revêlando o Filho
de Deus, preenche o campo inteiro de nossa visão em Atos - até nossos dias.
Cumprem-se assim as
palavras de Jesus aos discípulos: "Ele [o Espírito Santo] habita
convosco, e estará em vós" (Jo 14.17).
4. Com o
Mundo
Nosso Senhor
sintetizou a missão do Espírito: "E, quando ele vier, convencerá o mundo
do pecado, da justiça, e do juízo" (Jo 16.8).
a. "Do pecado, porque não crêem em mim" (Jo 16.9). Existem várias interpretações
sobre o poder de convencimento do Espírito Santo, sendo que as opiniões seguem
mais ou menos assim: "As palavras de Jesus no versículo 9 apontam
principalmente o tremendo pecado da rejeição ao Messias, do qual é
antes de todos acusada a incrédula comunidade judaica" (At 3.18-20; 7.7,45;15.22).
Está em foco o pecado
de rejeição, porquanto a Luz veio ao mundo, mas os homens a rejeitaram. Jesus
"veio para o que era seu [os judeus], e os seus não o receberam" (Jo
1.11). Com a vinda gloriosa do Espírito Santo, todos foram convencidos deste
pecado "contra" Cristo.
Uma segunda
interpretação diz respeito à poderosa atuação do Espírito na conversão do homem.
O Espírito Santo opera diretamente no coração do homem, e este se convence de
que é um pecador de fato a vagar sem rumo nesta vida. O Espírito, então,
mostra-lhe a cruz de Cristo (Ap 22.17).
b. "Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais" (Jo 16.10). Temos aqui um avanço em relação
a idéia anterior, pois o Espírito Santo agora não somente revela aos homens de
que consiste o pecado, convencendo-os dessa realidade, mas também de que consiste
a justiça. Em outras palavras, o Espírito de Deus convence os homens da justiça
de Cristo.
c.
"E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado" (Jo 16.11). O senso moral correto exige que
os homens sejam recompensados ou punidos. Essa prova moral baseia-se na justiça
de Deus, que exige recebam a virtude e o vício as sanções que lhes são devidas:
recompensa ou punição.
Aqui no mundo, as
sanções da virtude e do vício são evidentemente insuficientes: muitas vezes o
vício triunfa, enquanto a virtude é humilhada. A justiça deseja que cada um seja
tratado segundo as suas obras, e isto não pode ser feito senão por meio de
Cristo. O Espírito Santo, portanto, convence o mundo deste juízo por Cristo
(At 17.30,31). Em síntese, o Espírito Santo convence o mundo:
• Do pecado: contra o Cristo -
crucificado.
• Da justiça: de Cristo -
glorificado.
• Do juízo: por Cristo - diante do
Trono Branco.
Por três vezes Jesus
referiu-se ao Espírito Santo como o "Espírito de verdade" (Jo 14.17;
15.26; 16.13). Significa que o Espírito Santo é o Agente que conduz os homens
a Cristo, que é a Verdade, convence os homens de que tudo o que Cristo falou
era verdade, bem como da realidade do Juízo Final, diante do Trono Branco,
efetuado por Cristo ao lado do Pai.
I - Seus Nomes e Títulos
Vários nomes e títulos
são dados ao Espírito Santo nas Escrituras, que descrevem a natureza profunda
do seu Ser. O nome traduz a natureza do ser que o carrega. O título expressa
sua fama e reputação.
Além dos nomes e
títulos conferidos ao Espírito Santo são também usados pronomes pessoais, para
que a imaginação humana possa concebê-lo como realmente é.
Os escritores do
Antigo e do Novo Testamento e milhões de outras testemunhas afirmam a
existência real do Espírito Santo, como sendo de fato uma Pessoa.
É impossível que
milhões de pessoas tenham combinado mentir por uma extensão de séculos. Todas
elas, desde os mais remotos tempos, têm afirmado a mesma coisa: o Espírito
Santo existe, e é uma Pessoa real. Com efeito, fosse Ele uma simples
influência, sopro ou vento, os milhões de depoimentos se teriam desfeito em
contradições.
Ele é, como já vimos,
a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Em toda a extensão do Novo
Testamento, que marca exatamente a era do Espírito em sua plenitude, faz-se
alusão a Ele em termos coloquiais, como "esse" (e não isso) e
"aquele" (e não aquilo).
Os pronomes e
apelativos são largamente usados para descrever sua existência e personalidade:
EU - "E, pensando
Pedro naquela visão, disse-lhe o Espírito Santo: Eis que três varões te buscam.
Levanta-te pois, e desce, e vai com ele, não duvidando; porque eu os
enviei" (At 10.19,20).
ELE - "E, quando
ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo" (Jo
16.8).
AQUELE - "Mas
aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos
ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho
dito" (Jo 14.26).
OUTRO - "E eu
rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para
sempre" (Jo 14.16).
ESSE - "O
Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as
coisas" (Jo 14.26).
Cada nome ou título do
Espírito Santo descreve a natureza de sua existência e caráter.
Alguns destes nomes e
títulos descrevem a sua natureza propriamente dita; outros, a sua obra; outros
ainda, sua manifestação.
O ESPÍRITO
(simplesmente) - "Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o
Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus" (1 Co
2.10).
O ESPÍRITO DE DEUS -
"E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e
o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas" (Gn 1.2).
O ESPÍRITO DO DEUS
VIVO - "Porque já é manifestado que vós sois a carta de Cristo,
ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus Vivo,
não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração" (2 Co 3.3).
O ESPÍRITO DO SENHOR
DEUS - "O Espírito do Senhor Deus está sobre mim; porque o Senhor me
ungiu, para pregar boas novas aos mansos: enviou-me a restaurar os contritos
de coração, a proclamar liberdade aos cativos e a abertura de prisão aos
presos" (Is 61.1).
O ESPÍRITO
DO SENHOR - "E,
quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não viu mais
o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho" (At 8.39).
O ESPÍRITO DE VOSSO
PAI - "Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é quem
fala em vós" (Mt 10.20).
O ESPÍRITO
DE CRISTO -
"Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que
estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo
haviam de vir e a glória que se lhes havia de seguir" (1 Pe 1.11).
O ESPÍRITO
DE JESUS CRISTO -
"Porque sei que disto me resultará salvação, pela vossa oração e pelo
socorro do Espírito de Jesus Cristo, segundo a minha intensa expectação e
esperança..." (Fl 1.19,20).
O ESPÍRITO
DE JESUS - "E,
quando chegaram a Mísia, intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus
não lho permitiu" (At 16.7).
O ESPÍRITO
DE SEU FILHO -
"E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu
Filho, que clama: Aba, Pai" (Gl 4.6).
O ESPÍRITO
DE ARDOR -
"Quando o Senhor lavar a imundícia das filhas de Sião, e limpar o sangue
de Jerusalém do meio dela, com... o Espírito de ardor... e haverá um
tabernáculo para sombra contra o calor do dia" (Is 4.4,5).
O ESPIRITO DE SÚPLICAS - "E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito... de súplicas..." (Zc 12.10).
O ESPÍRITO
DE ADOÇÃO -
"Porque não recebestes o espírito de escravidão para outra vez estardes em
temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba,
Pai" (Rm 8.15).
O ESPÍRITO
DA PROMESSA - "Em
quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho
da vossa salvação; e, tendo nele também crido, foste selado com o Espírito da
promessa; o qual é o penhor da vossa herança..." (Ef 1.13,14).
O ESPÍRITO
DE VIDA - "Porque
a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da
morte" (Rm 8.2).
O ESPÍRITO
DE VERDADE -
"Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar,
aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim"
(Jo 15.26).
O ESPÍRITO
DA GRAÇA - "De
quanto maior castigo cuidais vos será julgado merecedor aquele que pisar o
Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do testamento, como foi
santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?" (Hb 10.29).
O ESPÍRITO
DA GLÓRIA - "Se
pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós
repousa o Espírito da glória de Deus" (1 Pe 4.14).
O ESPÍRITO
DE REVELAÇÃO -
"Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em
seu conhecimento o Espírito... de revelação; tendo iluminados os olhos do
vosso entendimento..." (Ef 1.17,18).
O ESPÍRITO
ETERNO - "Quanto
mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo
imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para
servirdes ao Deus vivo" (Hb 9.14).
O ESPÍRITO
DE SANTIFICAÇÃO -
"Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação,
pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo Nosso Senhor" (Rm 1.4).
O ESPÍRITO SANTO - "Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito" (Jo 14.26).
Em Lucas 11.20, o
Espírito Santo é chamado de O DEDO DE DEUS; em Atos 5.4, de DEUS; em Apocalipse
19.10, de ESPÍRITO DE PROFECIA. Em Isaías 11.2, Ele é apresentado em sua
plenitude, septiforme:
O ESPÍRITO DO SENHOR
O ESPÍRITO DE
SABEDORIA
O ESPÍRITO DE
INTELIGÊNCIA
O ESPÍRITO DE CONSELHO
O ESPÍRITO DE
FORTALEZA
O ESPÍRITO DE
CONHECIMENTO
O ESPÍRITO DE TEMOR DO
SENHOR
Se o Espírito Santo
não fosse de fato uma pessoa, como se dariam tantos nomes a Ele? A razão natural
e as luzes da fé afirmam que Ele existe!
II - Nomes que o Identificam com a Trindade
Já observamos que o
nome é dado para denotar a natureza profunda do ser que o carrega. Assim, a
criatura somente era conhecida depois que se lhe dava o nome (Gn 2.19). No caso
do Espírito Santo, encontramos vários nomes, como acabamos de expor.
Entretanto, há três nomes principais que o identificam diretamente com a
Santíssima Trindade e as dimensões universais da existência:
ESPIRITO DE DEUS ESPÍRITO DE CRISTO ESPÍRITO
SANTO
1.
O Espírito de Deus
Encontramos este nome
divino no início da Bíblia, associado diretamente à obra da criação, onde nos é
dito que "o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas" (Gn
1.2). Ele aparece como co-participante, a "pairar" sobre o caos das
águas do oceano primevo, quando tudo ainda estava mergulhado em escuridão e
total desordem.
Em outras passagens
das Escrituras, aparece também este nome, ligado diretamente à criação, à
renovação da terra e à regeneração da pessoa humana (Gn 6.3; 41.38; Jo 33.4; Ez
11.24; Rm 8.9; 1 Co 3.16 etc). Em Jo 33.4, Eliú, um sábio oriental, associa-o à
criação do homem: "O Espírito de Deus me fez; e a inspiração do
Todo-poderoso me deu vida". Em Salmos 104.30, liga-se à criação inteira: "Envias
o teu Espírito, e são criados, e assim renovas a face da terra". No
tocante à regeneração da pessoa humana, Ele é citado em vários elementos
doutrinários das Escrituras, sempre produzindo uma "nova criatura"
para Cristo e seu Reino (Rm 8.2). A vida do próprio Jesus, no ventre da virgem,
foi um ato miraculoso de seu poder (Mt 1.20; Lc 1.35).
2.
O Espírito de Cristo
Este nome está
relacionado à obra da redenção, que Cristo realizou por amor de nós. Desde os
tempos mais remotos, o Espírito Santo vinha "testificando os sofrimentos
que a Cristo haviam de vir e a glória que se lhes havia de seguir" (1 Pe
1.11). Esta é uma das razões por que Ele é chamado O ESPÍRITO DE CRISTO. Ele
acompanhou todos os passos, atos e palavras de Cristo em sua missão divina a
favor dos homens.
3. O
Espírito Santo
Este nome está
diretamente relacionado à santificação das coisas e dos seres. Tudo se
santifica ou é santificado pela atuação gloriosa do Espírito Santo. Até a
evidência central da ressurreição de Cristo aconteceu "segundo o Espírito de
santificação" (Rm 1.4). Esta é, portanto, a natureza do seu Ser e a
extensão de sua obra santificadora.
Ao abrirmos o Novo
Testamento, encontramos o Espírito Santo imediatamente com este nome, e daí
por diante em cada seção tópica ou celestial.
a. Como Espírito de Deus. Representando a onipotência de Deus, que tudo criou e tudo pode fazer.
b. Como Espírito de Cristo. Representando a onisciência de Deus que, com antecedência de séculos,
planejou toda a obra da redenção.
c. Como Espírito Santo. Representando a onipresença do Deus Santo, que faz da santidade a condição
moral necessária presente em todo o Universo.
III - Títulos do Espírito Santo
Já falamos sobre os
nomes do Espírito Santo; agora, veremos alguns de seus títulos associados,
evidentemente, à sua fama e reputação.
1. O Consolador
"E eu rogarei ao
Pai, e ele vos dará outro Consolador..." (Jo 14.16). Há um testemunho
gramatical que deve ser mencionado aqui: o uso do substantivo masculino
"paracleto", empregado por Cristo ao referir-se ao Espírito Santo.
O próprio Jesus,
durante sua vida terrena, era o Consolador dos seus discípulos, e os consolou
quando estaca prestes a deixá-los, prometendo-lhes "outro Consolador"
(paracleto). Tudo o que Jesus fora para os discípulos, o outro Consolador haveria
de ser. Portanto, o Espírito Santo seria uma Pessoa substituindo outra.
A palavra parakletos
é antiga, usada no grego clássico, como nos escritos de Demóstenes, onde
aparece com o sentido de "advogado" - alguém que pleiteia a causa de
outrem -, sentido este que passou para o grego helenista, nos escritos de
Josefo, historiador judaico do primeiro século de nossa era, e de Filo e
igualmente aos papiros dos tempos dos apóstolos.
O termo deriva dos
vocábulos gregos para ("para o lado de") e kaleo ("chamar",
"convocar"), dando o sentido geral de "alguém chamado para
ajudar ao lado de outrem".
Afirma-se que, nos
tribunais romanos e gregos, os advogados que assistiam os amigos o faziam não
pela recompensa ou remuneração, mas por amor e consideração, ajudando com
sábios conselhos.
A palavra traduzida
por "ajuda" é extremamente significativa. É formada por três
palavras gregas - duas preposições e uma raiz verbal. Uma das preposições
significa "com"; a outra, "do outro lado"; e a raiz verbal
quer dizer "segurar". Assim, temos: "segurar do outro lado
com".
"Em alguns
momentos de provações, podemos ver alguém ao 'nosso lado' e até pensamos, mesmo
por uma questão de temor e respeito, que este 'alguém' seja o Pai ou o Filho,
ou até mesmo um anjo da corte celestial, sem lembrarmos que é o Espírito Santo,
ajudando-nos em nossas fraquezas". ([5])
2. O Guia espiritual
Este título é também
conferido a nosso Senhor Jesus Cristo (Mq 5.2; Mt 2.6). Aplicado ao Espírito
Santo, porém, está relacionado diretamente com sua missão orientadora em todos
os sentidos da vida, especialmente quanto as verdades espirituais, nas quais a
alma humana está fundamentada.
As pessoas, precisam
de pontos de referência para sua orientação. Numa cidade, por exemplo, são
pontos de referência praças, igrejas, edifícios, torres de comunicações etc.
Também são pontos de referência paradas de ônibus, nomes das estações de trem e
metrô e de lugares.
Todos esses meios
indicam direções seguras e exatas, em qualquer lugar da Terra ou mesmo do
Universo, especialmente naquelas dimensões que o homem pode atingir. Para
isso foram criados os pontos universais de referência - os pontos cardeais,
determinados com base no movimento do Sol (Igor).
Para Deus, entretanto,
o conceito de orientação é bem mais amplo e valioso. E Ele, em sua infinita
sabedoria, entregou esta grande missão a seu Filho, Jesus Cristo. Porém, com
seu regresso ao Pai, confiou-se a tarefa ao Espírito Santo. Este título, mesmo
sendo uma derivação de "Consolador", possui algumas significações
especiais. Está ligado diretamente a uma promessa de Jesus a seus discípulos:
"Ele [o Espírito] vos guiará em toda a verdade..."
A promessa foi
confirmada logo após a ressurreição de nosso Senhor. O Espírito acompanhava a
Igreja passo a passo. Paulo diz que os cristãos são guiados pelo Espírito:
"Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos
de Deus" (Rm 8.14); em Gaiatas 5.18, o apóstolo acrescenta: "Se sois
guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei". Ora, sem dúvida isto
significa que quem é "guiado pelo espírito de Deus" sabe de onde
veio, onde se encontra e para onde está caminhando. Porque o Espírito Santo o
"guiará em toda a verdade".
3. O dedo de Deus
Este título surgiu
como uma expressão idiomática dos magos egípcios, talvez Janes e Jambres (2 Tm
3.8). Eles disseram a Faraó, quando fracassaram na reprodução da praga dos
piolhos: "Isto é o dedo de Deus..." (Êx 8.19). No entanto, a
expressão alcançou significado especial quando o Senhor argumentava com os
escribas e fariseus sobre a atuação poderosa do Espírito de Deus em sua vida.
Jesus demonstrou claramente a fonte do seu poder: "Mas, se eu expulso os
demônios pelo Espírito de Deus, é conseguintemente chegado a vós o reino de
Deus". Na passagem paralela de Lucas 11.20, Jesus diz literalmente:
"Mas, se eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente a vós é
chegado o reino de Deus".
Jesus utiliza-se nesta
última passagem de uma expressão lucana, usada no Antigo Testamento para
demonstrar uma intervenção direta e poderosa do Espírito de Deus (cf. Êx 8.19;
Dt9.10).
4.
Outro
Este título,
mencionado em João 14.16, significa "outro da mesma espécie".
Segundo Dods, o termo grego aqui traduzido por "outro" é allon, e
não heteron, e significa que o Espírito Santo é outro ajudador, separado
e distinto de Cristo, embora da mesma "espécie", e não distinta ou
separada de "ajudador". Ele é a continuidade do Senhor Jesus em nós,
igual em poder e glória, embora sob manifestação diferente.
Jesus procura consolar
os discípulos, mostrando-lhes que, apesar da separação que ocorreria em breve,
Ele haveria de permanecer com eles para todo o sempre, porque o seu
Representante legal desceria do Céu para estar no meio deles e com eles.([6])
A palavra
"paracleto" indica muito mais do que uma pessoa compassiva. Um
verdadeiro paracleto acompanha intimamente em todos os momentos o que consola.
Na qualidade de Paracleto, o Espírito Santo está sempre disposto infundir
poder, coragem, sabedoria e graça ao coração de cada salvo.
Alcançamos essa graça
através da nossa comunhão com Ele. Razão pela qual o apóstolo Paulo a recomenda
a todos os santos: "A comunhão do Espírito Santo seja com vós todos"
(2 Co 13.13).
I - Figuras e Símbolos
É importante estarmos familiarizados
com a linguagem gramatical das Escrituras, tendo em vista a significação
correta das palavras, a forma das frases e as particularidades idiomáticas da
língua empregada.
De igual modo devemos
conhecer o que cada figura representa, à luz do contexto lógico. A. linguagem
figuía-da e certos símbolos empregados na Bíblia, quando bem apresentados, nos
dão maior segurança, intensidade e beleza na interpretação.
As figuras de
linguagem, também chamadas figuras de estilo, são recursos especiais de que se
vale quem fala ou escreve, para comunicar-se com mais força, colorido,
evidência e beleza. ([7])
Deus também permitiu
que certas figuras e símbolos fossem inseridos no cânon sagrado, para melhor
compreensão de determinadas verdades espirituais. O Espírito Santo é
representado na Bíblia por muitas figuras e símbolos, conforme veremos a
seguir.
II - Figuras e Símbolos do Espírito Santo
Estas são as figuras e
símbolos do Espírito Santo nas Escrituras: ÁGUA CHUVA RIO
ORVALHO VENTO ÓLEO
UNÇÃO FOGO COLUNA PENHOR SELO VINHO POMBA
Evidentemente há
outras, detectadas por inferência. Entretanto, estas são as mais usadas e
conhecidas dos estudiosos da Bíblia.
1. Água
"Porque
derramarei água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca; derramarei o meu
Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre os teus
descendentes" (Is 44.3).
A água encontra-se em
três regiões do Universo:
• na expansão dos céus (Gn 1.6-10);
• sobre a face da terra (Gn 7.11);
• debaixo da terra (Jo 38.30).
Esta é uma figura real
do Espírito Santo - Ele opera nas três dimensões da constituição humana,
produzindo a regeneração do espírito, da alma e do corpo (cf. 1 Ts 5.23). A
operação miraculosa do Espírito no homem produz um tipo de "lavagem da
regeneração e da renovação do Espírito Santo" (Tt 3.5). Certamente era
este o sentido das palavras do apóstolo Paulo, ao ensinar a igreja de Corinto
sobre a atuação poderosa do Espírito: "Todos temos bebido de um
Espírito" (1 Co 12.13). Uma outra figura, utilizada por Jesus, compara o
Espírito Santo a "rios de água viva". Em seu imortal discurso em
Jerusalém, no último dia da festa, o Mestre convida: "Se alguém tem
sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água
viva correrão do seu ventre. E isso disse ele do Espírito, que haviam de receber
os que nele cressem..." (Jo 7.37-39).
O ato de beber do
Espírito Santo fala evidentemente de algo que mata a nossa sede espiritual.
Alguns têm fome e sede de justiça (Mt 5.6); outros têm fome e sede de
evangelizar os perdidos (Rm 15.19,20); outros ainda têm fome e sede de uma
comunhão perfeita e permanente com o Espírito (Gl 5.25). O Espírito, como fonte
perene, calma e cristalina, satisfaz toda e qualquer necessidade espiritual ou
reverte o estado de sequidão em nossa vida. Ele é realmente a Água da vida, que
"refrigera a nossa alma" nos desertos cálidos deste mundo injusto e
cruel.
O cálice, neste caso,
fala da comunhão entre o Espírito Santo e o crente que se dispõe a seguir sua
orientação. Pão e água são os dois elementos essenciais à sobrevivência
humana. No campo espiritual isso é ainda mais evidente: Cristo, o Pão da vida,
satisfaz a nossa fome espiritual (Jo 6.35); o Espírito Santo, a Água da vida,
satisfaz a nossa sede espiritual (Ap 22.17).
2. Chuva
"E a elas [as
ovelhas], e aos lugares ao redor do meu outeiro, eu porei por bênção; e farei
descer a chuva a seu tempo: chuvas de bênção serão" (Ez 34.26). Tiago, o
irmão do Senhor Jesus e autor da epístola que leva o seu nome, menciona
"as primeiras chuvas e últimas chuvas", como sendo a "chuva
têmpora e serôdia", baseado na metáfora agrícola (Tg 5.7). O apóstolo
sabia muito bem dessas chuvas, por experiência pessoal. Os lavradores palestinos
esperavam o "precioso fruto da terra", aguardando as chuvas
oportunas, tanto as primeiras (no hebraico, yoreh ou moreh) como
as últimas (no hebraico, malhos).
Na Palestina, a
estação chuvosa normalmente começa nos primeiros dias de outubro e muitas vezes
se prolonga até janeiro, quando se transforma em neve. As primeiras chuvas
provêem umidade à semente recém-plantada, para que possa germinar. Portanto, é
sinal para a semeadura.
As últimas chuvas
ocorrem em abril e maio, e são necessárias para que a semente amadureça. Este
simbolismo, aplicado ao Espírito Santo, fala da beneficência que Ele traz à
Igreja como um todo e ao crente em particular. A chuva sempre foi retratada
como sendo uma "bênção de Deus", que traz alegria aos corações (At
14.17).
Na metáfora de Tiago,
o simbolismo é perfeito: o Espírito Santo desceu no dia de Pentecoste, preparando
assim a terra para a grande semeadura da Palavra de Deus. Depois, no decorrer
dos séculos, as últimas chuvas, ou seja, suas manifestações contínuas neste
mundo, especialmente onde a vontade de Deus é aceita, têm produzido o
amadurecimento e garantido uma safra de almas abundante (cf. Jo 4.35-38).
No final, aparece o
"precioso fruto da terra" como o resultado satisfatório da chuva, da
semeadura e da colheita.
• O "precioso fruto da
terra" é a Igreja;
• O "lavrador" é Deus.
Assim interpretou Jesus: "Eu sou a videira verdadeira, meu Pai é o
lavrador" (Jo 15.1);
• a "chuva têmpora" é a
descida do Espírito Santo no dia de Pentecoste (At 2.1-4);
• a "chuva
serôdia" refere-se a outras manifestações do Espírito: batizando os
crentes e concedendo-lhes dons (At 8.15-17; 9.17; 10.44-46; 19.1-6; 1 Co 1.7;
12.1-11). E, na Igreja que se seguiu, a chuva do Espírito Santo tem continuado
e continuará até o dia do arrebatamento da Igreja por Jesus Cristo (Mc 16.17
etc).
3. Rio
"Quem crê em mim,
como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre" (Jo 7.38).
Logo no versículo
seguinte, encontramos o significado destas palavras de Jesus: "Isto disse
ele do Espírito, que haviam de receber os que nele cressem".
Este deve ser também o
sentido de Salmos 46.4: "Há um rio [o Espírito] cujas correntes [os dons
espirituais] alegram a cidade [Igreja] de Deus, o santuário [coração] das
moradas do Altíssimo".
Um rio pode surgir de
uma fonte, de um lago ou do derramamento de geleiras. O lugar onde ele nasce é
chamado de nascente ou cabeceira. A partir daí, o rio corre em direção a outro
rio, a um lago ou mar, onde lança suas águas. O lugar onde o rio lança suas
águas chama-se foz.
Chamamos curso ao
caminho percorrido por um rio entre sua cabeceira e sua foz; o terreno sobre o
qual as águas correm é denominado leito. As terras de um e outro lado do rio
são as margens.
De acordo com
historiadores judaicos, o último dia da festa dos Tabernáculos era denominado
"Dia do Grande Hosana", porque se fazia um circuito, por sete vezes,
em torno do altar, ao mesmo tempo que todos clamavam: "Hosana!" ([8])
Antes do dia final, um
sacerdote trazia, em um vaso de ouro, água tirada do tanque de Siloé, e então,
acompanhado por um cortejo jubiloso, seguia até o Templo. Despejava a água
sobre o altar, juntamente com vinho, cerimônia esta acompanhada pelo cântico do
Halel (Sl 113-118). Simbolicamente, segundo os rabinos, esta água mitigava a
sede espiritual do povo.
Jesus, entretanto,
mostrou àquela gente que sua missão era outorgar uma água eterna, que é o
"derramar do Espírito Santo em cada coração". A água anunciada por
Cristo não será tirada do Siloé nem levada ao Templo, porque cada crente será
um templo do Espírito Santo e uma fonte de vida; não meramente um único rio,
mas rios, o que expressa, no pensamento geral da Bíblia, um derramamento do
Espírito Santo em sua plenitude (Jl 2.28; At 2.17,18; 10.45; Tt 3.5,6).
4. Orvalho
"Assim pois te dê
Deus do orvalho dos céus, e das gorduras da terra, e abundância de trigo e de
mosto" (Gn 27.28).
Encontramos, no Antigo
Testamento, cerca de 34 referências sobre o orvalho, como sendo um refrigério
adicional à escassez das chuvas têmpora e serôdia. Era necessário durante o
período de estiagem, para revigoramento da erva e da relva (Dt 32.2). Tornou-se
assim, um símbolo do Espírito Santo, por cair gradualmente e, algumas vezes,
de maneira imperceptível nos corações humanos. Onde cai o orvalho, ali Deus
ordena a bênção e a vida para sempre (Sl 133.3), trazendo prosperidade à alma
sob a influência do Espírito Santo, como gotas copiosas.
5.
Vento
"O vento assopra
onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim
é todo aquele que é nascido do Espírito (Jo 3.8). Os ventos sempre trazem
consigo as características dos lugares de onde vêm. Assim podemos descobrir,
através de nosso sistema sensível, os ventos quentes e os frios, os úmidos e os
secos. Para sabermos se estamos caminhando em direção a terra ou em direção ao
mar, basta parar um pouco ao cair da noite e analisar a direção do vento.
Os ventos mais
importantes para esse tipo de orientação são os alísios. Os ventos alísios são
carregados de umidade, pois vêm dos oceanos. Pela madrugada, as brisas
continentais (ventos que sopram da terra para o mar) tornam-se mais essenciais para
orientação. Assim, é fácil saber se as brisas estão soprando para o mar ou para
a terra.
A pressão depende da
temperatura, e os ventos, dos diferentes níveis de pressão. Assim, de madrugada
a terra está mais "fria" que a água, o que significa maior pressão
atmosférica sobre a terra. Por isso, o vento sopra do continente para a água. À
tarde, ou ao cair da noite, a água está menos quente que a terra, o que quer
dizer maior pressão do ar sobre a água.
Assim o diz a ciência,
e assim acontece com o soprar do Espírito Santo em nossas vidas.
Se Ele sopra
"suave", está indicando a direção traçada por Deus a favor de seus
filhos, numa rota onde a calma e a tranqüilidade nos esperam (cf. Gn 8.1).
Se Ele sopra
"veemente e impetuoso", como no dia de Pentecoste, é sinal evidente
de sua presença com manifestações de poder (At 2.1-4; Hb 2.4).
Se Ele sopra apenas
com "gemidos inexprimíveis", está nos alertando de perigos iminentes
(cf. Rm 8.26; Hb 3.7,8).
Esses movimentos do
Espírito Santo são completamente desconhecidos para o pecador. Por isso Jesus
instruiu Nicodemos, um mestre do primeiro século de nossa era, acerca do
"movimento" produzido pelo Espírito Santo neste mundo.
Então o Mestre disse:
"O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes [Nicodemos é
que não sabia] donde vem, nem para onde vai". Assim, Nicodemos não sabia
também do movimento operado pelo Espírito Santo, que produz a regeneração do
homem, porque isso se "discerne espiritualmente" (Jo 3.8; 1 Co 2.14).
6. Óleo
"Amaste a justiça
e aborreceste a iniqüidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de
alegria, mais do que a teus companheiros" (Hb 1.9).
Na Bíblia, o azeite da
unção era usado somente para consagração de pessoas de grande poder, tais como
reis (1 Sm 10.1; 16.13), sacerdotes (Lv 8.30) e profetas (1 Rs 19.16; Is 61.1).
Também eram ungidos com óleo os escudos dos ilustres guerreiros, numa
demonstração de honra (2 Sm 1.21; Is 21.5).
O tabernáculo e seus
móveis foram também ungidos (Êx 30.22-33), e os enfermos eram muitas vezes
ungidos com azeite, para que sua fé aumentasse e seus pecados fossem perdoados
(Mc 6.13; Tg 5.14,15). Mas parece que o óleo usado na unção dos enfermos não
era o mesmo da "santa unção" (cf. Êx 30.31,32). Neste caso, a unção
de homens e coisas não podia ser feita com qualquer tipo de óleo, e sim com um
óleo especial chamado "azeite da santa unção" (Êx 30.31).
Metaforicamente, é
chamado "óleo fresco" (Sl 92.10), "óleo precioso" (Sl
133.2), "excelente óleo" (Am 6.6), "óleo de alegria" (Sl
45.7). O óleo, portanto, tomado neste sentido simboliza o Espírito Santo como
"unção especial" para os salvos em Cristo - que quer dizer também
"ungido". Em Atos 10.38, o Espírito Santo é retratado como aquEle
que consagrou a Cristo com este tipo de unção especial: "Como Deus ungiu a
Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo o
bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele". E,
em 1 Coríntios 1.21, Paulo afirma que quem nos capacitou para o desempenho de
nossa missão foi Deus. "O que nos ungiu é Deus", disse o apóstolo. O
Espírito Santo, de fato, é a unção de Deus em nossas vidas, tanto para aprender
como para ensinar (Lc 4.18,19; 1 Jo 2.20,27). Sempre que alguém era ungido com
óleo, as pessoas ao redor mantinham respeito e reverência. Era expressamente
proibido por Deus tocar em alguém que tivesse recebido a unção com óleo (2 Sm
1.21). O Espírito Santo, portanto, torna-se nosso protetor, a garantia de que
as forças do mal não nos tocarão.
7. Unção
"E vós tendes a unção
do Santo, e sabeis tudo... e a unção que vós recebestes dele, fica em
vós..." (1 Jo 2.20,27).
Já tivemos a
oportunidade de analisar o óleo como símbolo do Espírito Santo. Agora,
estudaremos este outro símbolo, que, evidentemente, alude à operação e influência
do Espírito Santo na vida dos crentes, ensinando as verdades mais profundas da
Bíblia, ao mesmo tempo que dá a interpretação e significação de cada palavra
nela inserida.
A unção desempenha
grande papel na vida física das raças orientais, tal como o orvalho faz reviver
a verdura das colinas. Assim também a influência curadora e suavizante do
Espírito Santo soprada sobre os filhos de Deus, nos "guiando em toda a
verdade" e ensinando "todas as coisas" concernentes a Deus e sua
Palavra".
8. Fogo
"E eu, em
verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após
mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos
batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3.11). O fogo é sinal da
presença de Deus.
As manifestações de
Deus algumas vezes faziam-se acompanhar pelo fogo (Êx 3.2; 13.21,22; 19.18; Dt
4.11), que tanto representa sua presença como sua glória (Ez 1.4,13), sua
proteção (2 Rs 6.17), sua santidade (Dt4.24), seus juízos (Zc 13.9), sua ira
(Is 66.15,16) e, finalmente, o Espírito Santo (Mt 3.11; At 2.3; Ap 4.5).
No Antigo Testamento,
a ordem divina era conservar o fogo aceso diuturnamente: "O fogo arderá
continuamente sobre o altar; não se apagará" (Lv 6.13) - sinal evidente
da presença de Deus no meio do seu povo.
No Novo Testamento, a
ordem divina é a mesma: "Não extingais o Espírito" (1 Ts 5.19). Numa
outra tradução: "Não apagueis o Espírito". Em outras palavras, Paulo
quer dizer que a chama do Pentecoste "deve arder em nossos corações todos
os dias, até a consumação dos séculos".
9. Coluna
"E o Senhor ia
diante deles, de dia numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho, e de
noite numa coluna de fogo, para os alumiar, para que caminhassem de dia e de
noite. Nunca tirou de diante da face do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a
coluna de fogo, de noite" (Êx 13.21,22).
A coluna, seja como
símbolo religioso, marco ou monumento, traz sempre a idéia de firmeza. Paulo,
por exemplo, valeu-se dessa figura para representar a Igreja: "Escrevo-te
estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa; mas, se tardar, para que
saibais como convém andar na casa de Deus, que é a igreja de Deus vivo, a
coluna e a firmeza da verdade" (1 Tm 3.14,15).
Como símbolo do
Espírito Santo, a coluna fala da força espiritual mediante a qual a alma será
eternamente abençoada, e, sendo de natureza divina como aquela que acompanhou o
povo de Deus no deserto, serve de proteção, iluminação e orientação. O
Espírito Santo é tudo isso e muito mais, com relação à Igreja. Ele foi posto por
Deus no edifício espiritual de Cristo, que é sua Igreja, para segurança,
ornamentação e beleza. A nuvem da glória de Deus, em dado momento, quando
Israel estava em extremo perigo, "se retirou de diante deles, e se pôs
atrás deles... e a nuvem era escuridade para aqueles, e para estes esclarecia a
noite: de maneira que em toda a noite não chegou um ao outro" (Êx
14.19,20). Podemos observar nesta passagem a ação imediata de Deus, mudando de
posição a coluna que guiava o seu povo, retirando a nuvem de "diante"
deles e pondo-a "atrás" deles.
A manobra divina deu
versatilidade à nuvem: "... era escuridade para aqueles [os egípcios], e
para estes [os israelitas] esclarecia a noite". O Espírito Santo também
assumiu a posição de "divisor" da santidade que separa a Igreja
do mundo, de tal maneira que durante toda a trajetória da Igreja nesta Terra,
"não chegou um ao outro".
A coluna de nuvem
acompanhou Israel através do deserto e um dia desapareceu na fronteira de
Canaã, ao atingirem a margem oriental do Jordão. O povo foi, então, orientado
a espalhar-se em volta da arca da aliança, num raio de 914 metros, para
contemplar mais facilmente o símbolo guia da glória de Deus flutuando nos ombros
dos sacerdotes. Agora, o povo não seguia mais a coluna de nuvem (ela havia
desaparecido!), e sim a arca da aliança do Senhor. Assim também acontecerá com
o Espírito Santo, no dia do arrebatamento da Igreja. Ele terá cumprido sua
missão, entregando a Noiva nos braços de Cristo - a Arca divina. Cristo, então,
a conduzirá à sala do banquete nupcial (Ct 2.4; Mt 25.6,10).
10. Penhor
"Ora, quem para
isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor do
Espírito" (2 Co 5.5).
O vocábulo
"penhor", do grego arrabon, significa "primeira
prestação", "depósito", "garantia". Indica o pagamento
de parte do preço total da compra. Esta "primeira prestação" recebida
é a regeneração. O valor total será complementado com os pagamentos
intermediários - a santificação - e o pagamento final - a redenção do nosso
corpo (cf. Rm 1.4; 8.23; Tt 3.5). O Espírito Santo que, mediante a Palavra de
Deus e por todos os meios da graça, nos capacita a atingir a glória eterna,
transformando-nos "de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito
do Senhor" (2 Co 3.18), é evidentemente a nossa garantia.
11. Selo
"O qual também
nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações" (2 Co 1.22).
O uso mais comum do
selo, na antigüidade, era na autenticação de documentos, cartas, títulos de
propriedade e recibos de mercadoria ou dinheiro.
Após deixar a mensagem
em escrita cuneiforme, o escriba pedia que o remetente e as testemunhas removessem
de seus pescoços os próprios selos cilíndricos, que eram rolados sobre a argila
ainda mole, servindo de assinatura. As leis romanas, por exemplo, somente
aceitavam um testemunho se estivesse selado com "sete selos" e
confirmado por "sete testemunhas". ([9])
Nas Escrituras, o selo
traduz vários significados e aplicações:
GARANTIA (Gn 38.18)
JURAMENTO (Jr 22.24)
CONFIRMAÇÃO (Jo 6.27)
JUSTIÇA E FÉ (Rm 4.11)
AUTENTICIDADE (1 Co
9.2)
FUNDAMENTO (2 Tm 2.19)
SEGURANÇA (Mt 27.66;
Ap 20.3)
IRREVOGABILIDADE (Et
8.8; Dn 6.17)
PROMESSA (Ef 1.13)
REDENÇÃO (Ef 4.30)
MISTÉRIO (Ap5.1)
VIDA (Ap 7.2)
PRESERVAÇÃO (Ap 9.4)
O selo, como figura do
Espírito, traduz para a Igreja todas as vantagens mencionadas acima e muito
mais. O Espírito Santo sela a Igreja (Ct 4.12), a lei do Senhor (Is 8.16), o
coração (Ct 8.6), a visão e a profecia (Dn 9.24) e os crentes para o dia da
redenção (2 Co 1.22; Ef 1.13; 4.30; 2 Tm 2.19). Fomos selados com o selo da
promessa, que nos dá a garantia de pertencermos somente a Deus.
12. Vinho
"E o vinho que
alegra o coração do homem, e faz reluzir o seu rosto como o azeite, e o pão
que fortalece o seu coração" (Sl 104.15).
Esta figura do
Espírito Santo é pouco usada pelos escritores. Entretanto, sem dúvida alguma,
também se reveste de significação especial.
Para o povo hebreu, o
vinho e a vinha são usados para representar a prosperidade e a bênção. Possuir
uma vinha próspera era sinal evidente do favor divino. Também era considerada
uma dádiva de Deus ao homem: "E lhe darei as suas vinhas dali, e o vale de
Açor, por porta de esperança: e ali cantará como no dia da mocidade, e como no
dia em que subiu da terra do Egito" (Os 2.15).
Jesus afirmou ser
"a videira verdadeira", e comparou o Pai, Senhor dos homens e Deus do
Universo, a um proprietário de vinha (Jo 15.1). O fruto da vide, que é o vinho,
ilustra a alegria que existe entre os salvos; o cálice fala da comunhão que
temos, promovida pelo Espírito Santo "derramado em nossos corações".
Paulo cita-a como "a comunhão do Espírito Santo" (2 Co 13.13).
No dia de Pentecoste,
em Jerusalém, as pessoas de fora acharam que os discípulos estavam "cheios
de vinho" (At 2.13). Pedro, então, explicou-lhes que aquilo era alegria
do Espírito Santo. Em outras palavras, eles não estavam embriagados com vinho,
mas cheios do Espírito Santo!
13. Pomba
"E o Espírito
Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e ouviu-se uma voz do
céu que dizia: Tu és meu filho amado, em ti me tenho comprazido" (Lc
3.22).
Dificilmente tal
simbolismo seria associado a João Batista. Ele era um profeta de grande poder.
Sua mensagem produzia sempre o choro, e não o riso. Era mesmo uma mensagem de
arrependimento. Suas palavras, de fato, faziam doer: víboras, pedras, machado,
pá, fogo, deserto, ira, fuga etc.
De outro lado, porém,
João Batista era meigo e cheio de compaixão. Era "cheio do Espírito Santo,
já desde o ventre de sua mãe" (Lc 1.15); entretanto, sobre ele repousava
a unção divina em sua plenitude.
João Batista viu o
Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre Jesus (Jo 1.32). Manso, terno,
puro e inofensivo como uma pomba: assim Ele é. Como pomba, o Espírito Santo
pode ser assustado ou entristecido (Ef 4.30). E, como a pomba é o símbolo
universal da paz, também o Espírito Santo promove a paz nos corações dos
homens.
Dizem os naturalistas
que a pomba não tem fel. Assim também o Espírito Santo - nEle não existe
amargura!
Alguns intérpretes
opinam que o Espírito foi representado na forma "corpórea" de uma
pomba pelos seguintes motivos:
a. Sua ternura e apego ao homem. Que mostra como Deus encaminha pacientemente os homens à realização de sua
potencialidade espiritual.
b. Sua gentileza. Deus trata
conosco de modo positivo e completo, embora com grande gentileza.
c. Seu vôo gentil e a ternura para com os filhotes. O Espírito Santo é benigno -
sempre.
d. Pelas virtudes singulares que representa. Por exemplo, a pureza e a
inocência. Nos escritos judaicos, quan do o Espírito Santo aparece
"pairando" sobre a face das águas é expressamente comparado a uma
pomba. Simboliza a natureza calorosa e revivificadora da terceira Pessoa da
Santíssima Trindade (Gn 1.2).
I - O que É o Batismo com o Espírito Santo
"Mas vós sereis
batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias" (At 1.5).
O batismo com o
Espírito Santo não é uma bênção exclusiva de grupos pentecostais ou
carismáticos, como alguns têm defendido e ensinado, "porque a promessa vos
diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos
quantos Deus, nosso Senhor, chamar" (At 2.39). A universalidade da
promessa do batismo com o Espírito Santo é aqui reiterada, enriquecida e
aprofundada para outras pessoas que ainda "estavam lon-ge".
A promessa do Pai,
feita a Jesus, cobriria o tempo e o espaço. Ela "diz respeito a vós, a
vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso
Senhor, chamar". Estas palavras, proferidas pelo apóstolo Pedro no dia de
Pentecoste, mostram a abrangência da promessa:
• O batismo com o
Espírito Santo seria para a geração dos primórdios da Igreja ("... a
vós").
• O batismo com o Espírito Santo
seria também para a geração de crentes e pregadores que viria depois ("...
a vossos filhos").
• O batismo com o Espírito Santo
seria também outorgado aos que estavam distantes, geográfica e cronologicamente
("... a todos os que estão longe").
• O batismo com o Espírito Santo
poderia ser desfrutado por todos os que cressem e obuscassem ("... a
tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar").
Idêntica promessa faz
Jesus, em Marcos 16.17, quando se despede dos discípulos: "Este sinais
seguirão aos que crerem... falarão novas línguas". Esta gloriosa promessa
foi imediatamente cumprida no dia de Pentecoste (At 2.1-4) e pelos séculos que
se seguiram. Até hoje, homens e mulheres de todas as nacionalidades têm experimentado
e testemunhado a mesma coisa.
Jesus continua
batizando com o Espírito Santo em todas as partes do mundo onde sua vontade é
aceita. Ele "é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente" (Hb 13.8); e, de
igual modo, "o Espírito é o mesmo" (1 Co 12.4,8,9,11).
II - A Finalidade do Batismo com o Espírito
Santo
O glorioso
revestimento de poder pelo batismo com o Espírito Santo tem várias finalidades
e aplicações:
• Traz ao crente um revestimento de
poder sobrenatural. Jesus prometeu: "Ficai, porém, na cidade de Jerusalém,
até que do alto sejais revestidos de poder" (Lc 24.49).
• Faz do crente uma testemunha
poderosa do Evangelho: "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que
há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda
a Judéia e Samaria e até aos confins da terra" (At 1.8).
• Traz aos crentes uma espécie de
"unção universal" entre os filhos de Deus, unindo-os em um só corpo.
Paulo afirma: "Há um só corpo e um só Espírito" (Ef 4.4). A operação
miraculosa do Espírito Santo na vida da Igreja derruba todas as barreiras e
preconceitos nacionalistas.
Em Romanos 6.2-4,
Paulo revela que todos nós fomos batizados na morte de Cristo e sepultados
com ele pelo batismo na morte, e que através de sua ressurreição andamos
em "novidade de vida". E reafirma, em 1 Coríntios 12.13: "Pois
todos nós fomos batizados em um mesmo Espírito, formando um
corpo..."
Este batismo é uma
ação poderosa que produz a união entre todos os homens, formando assim "um
só corpo", quer sejam judeus, gregos, servos ou livres. Antes desta
operação gloriosa do Espírito, os homens eram classificados por raças e
categorias: bárbaros, pecadores, publicanos, meretrizes, judeus, gregos,
romanos, saduceus, fariseus, herodianos, citas, samaritanos, da circuncisão,
incircuncisos, escravos, livres etc.
O Espírito Santo,
através desta "imersão" purificadora, torna o Cristianismo superior a
qualquer filosofia ou religião que separe as pessoas por nacionalismo ou tradição
secular.
III - A Promessa do Pai
Promessa é uma espécie
de encontro com o futuro, e usualmente envolve um "doador"e um
"receptor". Neste sentido, encontramos promessas por toda a
Escritura.
1. Jesus lembra a promessa do Pai
"E eis que sobre
vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que
do alto sejais revestidos de poder" (Lc 24.49).
O livro de Atos mostra
a vinda do Consolador como "a promessa do Pai": "Determinou-lhes
que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que
(disse ele) de mim ouvistes" (1.4).
A promessa, portanto,
seria o derramamento do Espírito Santo, no dia de Pentecoste. Mais adiante, no
mesmo livro, Pedro revela que a promessa do Espírito Santo seguiria por
gerações futuras (2.39).
Certamente o maior
desejo de Jesus, ao chegar junto do Pai, nos Céus, era ver a gloriosa
manifestação do Espírito na vida de seus seguidores aqui na Terra. Pois Ele
prometera: Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador" (Jo 14.16).
Cremos que foi esta a
primeira oração do Filho ao assentar-se à destra do Pai, depois de cumprida sua
missão na Terra.
2. O cumprimento da promessa
A promessa do batismo
com o Espírito Santo é afirmada sete vezes no Novo Testamento (Mt 3.11,12; Mc
1.7,8; Lc 3.16,17; Jo 1.33; At 1.5; 11.16; cf. Jo 16.7,8,13). Destas, quatro
saíram dos lábios de João Batista, sempre com as palavras: "Ele [Jesus]
vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3.11).
E eis aqui o seu
cumprimento: "Cumprindo-se o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos no
mesmo lugar; e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e
impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por
eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um
deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras
línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem" (At
2.1-4).
Encontramos, no Novo
Testamento, quatro vezes os cristãos reunidos no domingo (Jo 20.19,26; At 2.1;
20.7). Na terceira vez, cinqüenta dias depois do sábado da Páscoa, deu-se a
prometida descida do Espírito Santo. Os discípulos eram já cristãos, mas agora
são constituídos em "um corpo" (1 Co 12.13) - a Igreja cristã em sua
forma exata.
IV - Três Formas de Batismo
Há pelo menos três
maneiras de o Espírito Santo batizar os crentes, embora o batismo seja um só e
em cada uma dessas manifestações tenha ocorrido a evidência das línguas
estranhas.
Encontramos a primeira
em Atos 2.2-4, onde o Espírito irrompe do Céu "de repente" como
"um vento veemente e impetuoso", e, sem nenhuma intervenção humana
ou dramatização para estimular a fé, batiza a todos os que estão assentados.
A segunda, em Atos
8.15-18; 9.17,18 e 19.6, onde o batismo se dá através da imposição de mãos, em
Samaria, Damasco e Éfeso.
A terceira, em Atos
10.44, na casa do centurião Cornélio: "E, dizendo Pedro ainda estas
palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra".
No primeiro caso, o
batismo aconteceu automaticamente; no segundo, pela imposição das mãos e no
terceiro, pelo supremo poder da Palavra.
V - A Aceitação Universal
Todos os cristãos de
todas as denominações, especialmente as verdadeiramente evangélicas, aceitam
sem restrições a doutrina do batismo com o Espírito Santo. Concordam também
sobre o fato de ser o Espírito Santo uma pessoa real, e não uma simples
influência.
As dificuldades surgem
no tocante à maneira como Jesus batiza com o Espírito Santo e aos sinais
evidentes deste batismo.
Alguns o confundem com
a regeneração ou o novo nascimento. Outros, como sendo o "batismo da alma
com vista ao mundo dos mortos". Jesus falou de "um certo
batismo" (Lc 12.50), e alguém entende que seja este.
Outros ainda acham que
no momento da salvação a pessoa recebe automaticamente o batismo com o Espírito
Santo. Talvez baseado nas palavras de Paulo, em 1 Coríntios 12.13: "Todos
nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo".
Há inúmeras outras
explicações que não se coadunam com o argumento principal das Escrituras, razão
por que não as mencionamos aqui.
O batismo com o
Espírito Santo é um poder especial que vem de Deus e enche todo o nosso ser. A
esta ação divina, segue-se o que chamamos "transbordamento", quando a
nossa língua é totalmente dominada pelo poder de Deus e começamos a falar
"noutras línguas, conforme o Espírito Santo" autoriza que falemos.
Não um idioma nosso - a não ser que Deus, diante de necessidades prementes,
assim o queira - mas sim uma língua totalmente espiritual. É glorioso!
VI - Frases Usadas na Bíblia e pelos Crentes
Na Bíblia,
especialmente no Novo Testamento, várias frases e expressões descrevem o
batismo com o Espírito Santo. Alguns escritores opinam ser a expressão mais
exata "batismo no [ou em o] Espírito Santo", o que
daria a idéia de alguém ser "mergulhado" nEle (o Espírito Santo é às
vezes representado por um rio, ou rios; cf. Sl 46.4; Jo 7.37-39; 1 Co 12.13).
Porém, entendo ser
mais adequada a expressão "batismo com o Espírito Santo".
Somente podemos mergulhar em algo que se encontre abaixo de nós. No batismo com
o Espírito Santo, é Ele que vem sobre o crente, e não o contrário. Além do
mais, é o que aparece em nossas traduções. Em muitas ocasiões, mesmo no Antigo
Testamento, o Espírito de Deus vinha sobre alguém (Jz 3.10; 11.29; 14.6,19;
15.14; 1 Sm 10.10; 16.13 etc). No Novo Testamento, continuou descendo sobre os
santos (cf. Lc 1.35ss). Muitas outras expressões descrevem batismo com o
Espírito Santo:
• "... derramarei o meu Espírito
sobre toda a carne" (Jl 2.28);
• "... derramarei o Espírito de
graça e de súplicas" (Zc 12.10);
• "... ele vos batizará com o
Espírito Santo e com fogo" (Mt 3.11);
• "... falarão novas
línguas" (Mc 16.17);
• "... revestidos de poder"
(Lc 24.49);
• "... o Consolador... virá a
vós" (Jo 16.7);
• "... a promessa do Pai"
(At 1.4);
• "... recebereis a virtude do
Espírito Santo" (At 1.8);
• "... todos foram cheios do
Espírito Santo" (At 2.4);
• "... o Espírito Santo, que
Deus deu àqueles que lhe obedecem" (At 5.32);
• "... era dado o Espírito
Santo" (At 8.18);
• "... caiu o Espírito
Santo" (At 10.44);
• "Recebestes vós já o Espírito
Santo..." (At 19.2).
Outras expressões são usadas pelo povo de Deus:
Outras expressões são usadas pelo povo de Deus:
• "O Espírito Santo veio sobre
ele(a)" (Mt 3.16);
• "O Espírito Santo repousou
sobre ele(a) (Jo 1.33);
• "Foi selado com o selo da
promessa" (Jo 6.27; 2 Co 1.22; Ef 1.13; 4.30);
• "Foi ungido com o Espírito
Santo" (At 10.38; 1 Jo 2.27);
• "Caiu o Espírito Santo sobre
todos" (At 10.44);
• "Deus lhes deu o mesmo dom que
a nós" (At 11.17);
• "Houve um derramamento"
(At 2.33).
VII - Cinco Manifestações Distintas
Alguém já denominou o
livro de Atos como "Atos do Espírito Santo", porque a presença do
Espírito é marcante e gloriosa, batizando, operando milagres e orientando
pregadores e crentes em geral.
Encontramos nesse
livro cinco manifestações do batismo com o Espírito Santo. Ele é citado
textualmente nas seguintes passagens: 1.2,5,8,16; 2.2,4,17,18,33,38; 4.8,31;
5.3,9; 6.3,5; 7.51,55; 8.15,17,18,19,29,39; 9.17,31; 10.19,38,44,45,47;
11.12,15,24; 13.2,4,9,52; 15.8; 16.6,7; 19.2,6; 20.23,28; 21.4,11; 28.25. Em 11
capítulos, seu nome está ausente (capítulos 3,12,14,17,18,22,23,24, 25,26,27);
entretanto sua presença é sentida em cada um deles, pelos milagres realizados.
Das cinco
manifestações de batismo, pelo menos quatro aconteceram em cidades
consideradas gentias pelos judeus: Samaria, Damasco, Cesaréia e Éfeso.
1. Em Jerusalém
"E, de
repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu
toda a casa em que estavam assentados. E todos foram cheios do Espírito Santo
e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia
que falassem" (At 2.2,4).
2. Em Samaria
"Os apóstolos,
pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a Palavra de Deus,
enviaram para lá Pedro e João, os quais, tendo descido, oraram por eles para
que recebessem o Espírito Santo. (Porque sobre nenhum deles tinha ainda
descido, mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus.) Então, lhes
impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo" (At 8.14-18).
"E Ananias foi, e
entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que
te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e
sejas cheio do Espírito Santo" (At 9.17).
4. Em Cesaréia
"E, dizendo Pedro
ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a
palavra" (At 10.44).
5. Em Éfeso
"Disse-lhes
[Paulo]: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles
disseram-lhes: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo. E, impondo-lhes
Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e falavam línguas e
profetizavam" (At 19.2,6).
Não devemos pensar que
depois dessas manifestações o Espírito Santo parou de batizar os cristãos. Pelo
contrário, Ele continuou (e continua) batizando.
A bênção do batismo é
distinta do novo nascimento (Jo 3.3,5,6,8). Todo crente fiel tem o Espírito
Santo, mas nem todos são batizados com o Espírito Santo. Os discípulos de
Cristo já tinham o Espírito Santo antes do Pentecoste (Jo 20.22). Entretanto,
somente depois do Pentecoste é que foram batizados.
Jesus quer batizar a
todos! Basta que pecamos e confiemos na promessa do Pai: "Porque qualquer
que pede recebe. Pois, se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos
filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo aqueles que lho
pedirem?" (Lc 11.10,13). Jamais devemos nos aproximar de Deus pensando que
somos merecedores de tão grande bênção. Deus não nos abençoa por aquilo que
merecemos, e sim pelo que precisamos. Todos somos carentes de Deus, que
"segundo as suas riquezas, suprirá" as nossas necessidades (Fp 4.19),
inclusive a do batismo com o Espírito Santo.
Em cada uma das
ocasiões mencionadas acima, houve sinais externos da manifestação do Espírito.
Em Jerusalém, ouviu-se um "som como de um vento veemente e impetuoso"
e as "línguas repartidas como que de fogo" acompanharam a descida
oficial do Espírito Santo.
O fenômeno foi tão
intenso que os discípulos ali reunidos não somente ouviram e sentiram, mas
chegaram a ver as próprias línguas (v. 3).
"O vento e o fogo
precederam a plenitude dos discípulos; o dom de línguas, entretanto, veio como
resultado da plenitude. O vento e o fogo jamais se repartiram em outras
ocasiões, mas o dom de línguas sempre estava presente em cada ocasião".
O segundo episódio
marcou a presença de Pedro e João na cidade de Samaria, e a evidência externa
foi o dom de línguas. O mago Simão percebeu e até desejou reproduzir os efeitos
extraordinários da imposição de mãos dos apóstolos. Schaff declara: "Os
dons do Espírito Santo eram claramente visíveis. A imposição das mãos dos
apóstolos conferia alguma coisa mais do que a graça espiritual interior; os
dons milagrosos externos de uma outra espécie eram claramente concedidos".
([10])
Os samaritanos haviam
sido convertidos a Cristo pela poderosa mensagem de Filipe, o evangelista, mas
ainda lhes faltava o dom do Espírito Santo. Agora, porém, com a presença de
Pedro e de João, o batismo fez-se acompanhar de efeitos externos. Os
samaritanos provaram o dom celestial.
Em Damasco, na casa de
Judas, após a conversão de Saulo, chega um discípulo chamado Ananias, o qual entrando
na casa disse: "Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho
por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito
Santo".
A missão deste
discípulo até então oculto, mas cheio de poder, era realizar três coisas que
seriam de extrema importância na vida de Saulo:
• impor-lhe as mãos para curá-lo;
• num ato semelhante, fazer com que o
Espírito Santo o batizasse;
• torná-lo membro do corpo visível de
Cristo, que é a sua Igreja, pelo batismo nas águas.
No quarto episódio, na
cidade de Cesaréia, Pedro se encontrava na casa de "um certo Simão,
curtidor" (At 10.6), quando foi divinamente orientado a ir à casa de
Cornélio, a fim de que este, através da pregação do apóstolo, fosse salvo.
Deus agiu assim para quebrar uma tradição separatista entre judeus e gentios.
Os judeus da
circuncisão, mesmo convertidos ao Cristianismo, não aceitavam a salvação dos
gentios. Há séculos os judeus repetem um provérbio: "O Espírito Santo
jamais repousa sobre um pagão". Era tal a discordância entre os judeus a
respeito deste ponto, que foi necessário um concilio, em Jerusalém, para
resolver a questão (At 11.1-3; 15.1-29).
Quantos, em nossos
dias, incorrem no mesmo equívoco daqueles irmãos primitivos que recusavam ou
punham ressalvas à admissão dos gentios na igreja! Entre aqueles estava Pedro.
Os saduceus entraram
em choque com Cristo porque sua doutrina contrariava em muito os ensinos
deles, que eram céticos quanto ao mundo superior. Não aceitavam as
personalidades do mundo espiritual. Para eles, "não há ressurreição, nem
anjo, nem espírito" (At 23.8). Jesus discerniu muito bem a situação do
grupo: "Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus"
(Mt 22.29).
Em nossos dias, vemos
pessoas bem intencionadas contestando certas operações do Espírito Santo.
Interpretam a Bíblia unicamente pela lógica, deixando de lado a operação
divina mediante a fé consumada por nosso Senhor Jesus Cristo.
A lógica sempre
questiona; a fé sempre aceita. Não estamos negando o valor da lógica. Nossa
vontade orienta-se por si mesma, em virtude de uma espécie de lógica imanente,
na direção do Bem absoluto e do Ser necessário. Em outras palavras, em direção
a Deus, fim último, no qual nosso coração pode encontrar a paz desejada e a
alegria perfeita. Entretanto, pelo caminho da lógica o processo é lento,
enquanto que os passos da fé são rápidos. Num momento, através de uma operação
sobrenatural do Espírito, pode-se atingir o mais elevado grau de santidade e
aquela perfeição ensinada por Cristo e aspirada por nossas almas.
Cremos que essa
repentina manifestação do Espírito Santo sobre os gentios incircuncisos era
necessária, para convencer a Pedro e aos seus irmãos da circuncisão de que Deus
abriria largamente a porta para os gentios. Serviu como prova da chegada de um
Pentecoste gentílico, e Pedro se utilizou eficazmente do fato, em sua defesa,
em Jerusalém. ([11])
Gentios, convertidos
da casa de Cornélio, adquiriram novos corações e novas línguas; e, tendo crido
de todo o coração na justiça de Deus, suas línguas confessavam a salvação; e
Deus foi glorificado na misericórdia que demonstrou.
No quinto e último
episódio, o Espírito Santo batizou discípulos de Cristo na cidade de Éfeso. O
apóstolo Paulo, após uma longa caminhada pelas "regiões superiores",
chegou à capital da província romana da Ásia Menor (hoje parte da Turquia
Asiática), uma das três maiores cidades do litoral leste do mar Mediterrâneo
(as outras eram Antioquia da Síria e Alexandria). Após o grande mestre ter
orado ali com um grupo de 12 homens, eles "falavam línguas e
profetizavam" (At 19.6).
O Dr. D. D. Whedom
declara: "Temos em Samaria, como em Cesaréia e em Éfeso, um Pentecoste em
miniatura, no qual parece ter lugar uma nova inauguração, pela repetição da
mesma efusão carismática". Para nós, porém, isso não somente significa
uma "nova inauguração", mas uma "continuação" da promessa
de Deus a seu Filho.
Em cinco casos de
batismo com o Espírito Santo, quatro (isto é, em Jerusalém, Samaria, Cesaréia e
Éfeso) tiveram como resultado imediato e evidência externa o falar em línguas
(At 2.3,4; 8.17,18; 10.44-46; 19.6).
Alguém escreveu:
"A despeito de frenéticos esforços de alguns para provar o contrário, a
declaração clara e evidente da palavra é que todos receberam o dom de
línguas do Espírito Santo". E: "O registro do recebimento do batismo
com o Espírito Santo pelos samaritanos indica fortemente a presença das
línguas, que todo estudioso da Bíblia sem preconceito está certo de que elas
foram manifestadas lá também".
O sinal evidente do
batismo com o Espírito Santo é o falar em línguas. Quando assim não acontece,
passa a existir a dúvida - o que não é bom.
I - Os Dons do Espírito Santo
A discussão acerca dos
dons espirituais, na igreja em Corinto, girava em torno de pelo menos quatro
questões, para aqueles crentes ainda desconhecidas - pelo menos em parte:
• o que eram os dons espirituais;
• os nomes dos dons - tecnicamente
relacionados;
• a finalidade dos dons na igreja;
• o uso correto dos dons, para que a igreja
fosse edificada.
Parece que não faltava
aos coríntios "dons ministeriais" e "dons auxiliares". O
grande apóstolo faz uma ligeira introdução, lembrando aos coríntios que eles
eram gentios levados aos ídolos mudos. E, no versículo seguinte, mostra-lhes a
Trindade (1 Co 12.2,3).
Em seguida, descreve
os dons espirituais, mostrando sua finalidade e uso correto. Os coríntios
haviam atingido um elevado grau de saber. Era o tempo em que se falava:
"Os gregos buscam sabedoria" (1 Co 1.22). Entretanto, Paulo os
adverte de sua ignorância no tocante às manifestações espirituais: "Acerca
dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes" (1 Co 12.1).
Em Roma, por exemplo,
havia profunda carência de dons, a ponto de o apóstolo expressar preocupação:
"Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual a fim de
que sejais confortados" (Rm 1.11).
O apóstolo explica que
os dons são "faculdades divinas operando na pessoa humana",
capacitando homens e mulheres a servirem melhor a Deus no crescimento e
edificação da igreja: "Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um,
para o que for útil" (1 Co 12.7).
II - Classificação dos Dons
De acordo com o ensino
geral da Bíblia, os dons podem ser classificados em três grupos distintos:
1. Dons ministeriais
APÓSTOLOS
PROFETAS
EVANGELISTAS
PASTORES
MESTRES
2.
Dons auxiliares
GOVERNOS
EXORTAÇÃO
REPARTIR
PRESIDIR
EXORTAÇÃO
REPARTIR
PRESIDIR
EXERCITAR MISERICÓRDIA
SOCORROS
3.
Dons espirituais
DOM DE SABEDORIA
DOM DA CIÊNCIA
DOM DE SABEDORIA
DOM DA CIÊNCIA
DOM DA FÉ
DONS DE CURAR
DOM DE OPERAÇÃO DE MARAVILHAS
DOM DE PROFECIA
DOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS
DOM DE LÍNGUAS
DOM DE INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS
Esta é uma lista
técnica, conforme os dons encontram-se relacionados. Estudaremos cada um deles
mais à frente (com exceção dos dons ministeriais), por sua ordem e em cada
grupo.
Alguns desses dons são
citados em outros textos relacionados ao mesmo assunto:
• ministério (ou governos),
relacionado aos apóstolos e pastores (Rm 12.7; 1 Co 12.28; Ef 4.11);
• presidência, relacionado ao
ministério pastoral e administrativo da igreja (Rm 12.8; Ef 4.11; 1 Tm 5.17);
• ensino, relacionado aos mestres (Rm
12.7; 1 Co 12.28; Ef 4.11; 1 Tm 3.2);
• exortação, relacionado ao
ministério profético e ao dom da profecia (Rm 12.8; 1 Co 12.10,28; Ef 4.11);
• dom de repartir, relacionado à
profecia e à interpretação de línguas, no sentido espiritual, e ao exercício
da misericórdia e socorros no seio da comunidade, no sentido social (Rm 12.8;
1 Co 12.10,11; 2 Co 9.11-13);
• misericórdia, relacionado aos
socorros (Rm 12.8; 1 Co 12.28);
• milagres, relacionado à operação de
maravilhas (1 Co 12.10,28).
Os dons ministeriais e
os auxiliares, ainda que um pouco diferentes dos dons espirituais, são,
contudo, manifestações diversificadas do Espírito Santo.
Em Romanos 12.6-8, os
dons ministeriais e auxiliares encontram-se interligados com os dons
espirituais.
Em 1 Coríntios
12.1-10, os dons espirituais são distintos, mas a partir do versículo 28 são
novamente relacionados aos dons ministeriais e auxiliares.
Em Efésios 4.7-11, os
dons ministeriais são distintos dos dons espirituais.
Na relação de Paulo em
Romanos 12.6-8, o dom da profecia aparece em primeiro lugar, depois fé,
ministério e os dons de ensinar, exortar, repartir e presidir.
Na relação de 1
Coríntios 12.8-10, o dom da palavra da sabedoria vem em primeiro lugar; depois
são citados mais oito dons. Nos versículos 28-31, são mencionados os dons
ministeriais e auxiliares, vindo em primeiro lugar "apóstolos". Em
seguida são relacionados também oito dons.
Efésios 4.11 cita
"apóstolos" em primeiro lugar, seguido de mais quatro dons.
III - Os Dons São Faculdades da Trindade
Divina
Os dons, quer
ministeriais, auxiliares ou espirituais, são distribuídos diretamente pela
Trindade Divina.
Diz Paulo que o Pai, o
Filho e o Espírito Santo operam conjuntamente no exercício desses dons.
• O Espírito Santo - "Ora há
diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo" (1 Co 12.4);
• Jesus Cristo - "E há
diversidade de ministérios, mas o Senhor [Jesus] é o mesmo" (1 Co 12.5);
• Deus, o Pai - "E há
diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos" (1
Co 12.6).
Devemos observar a
vital importância do Espírito Santo no exercício dos dons espirituais. Ele
recebeu de Deus plena liberdade para exercer seu ministério divino! Somente no
capítulo referido nesta seção, o Espírito é mencionado 11 vezes (vv.
3,4,7,8,9,11,13).
IV - Os Coríntios Desconheciam Algumas
Manifestações
O Dr. F. W. Grant
opina que havia na igreja em Corinto manifestações que não eram do Espírito
Santo, embora semelhantes. Alguns dos crentes coríntios provinham de diversas
ramificações idolatras, em cujos cultos havia manifestações de espíritos maus.
Agora, com as manifestações do Espírito de Deus no meio deles, era necessária a
distinção. Paulo explica, no versículo 3, que qualquer manifestação espiritual
que não exalte Jesus como Senhor não é do Espírito Santo.
A expressão do
apóstolo, no versículo 1 ("Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos,
que sejais ignorantes"), subentende que, na Igreja Primitiva, os dons
espirituais eram bastante freqüentes. Cinco passagens do Novo Testamento
ensinam claramente que todo crente fiel está capacitado a receber algum dom
espiritual (Rm 12.6; 1 Co 7.7; 12.4-7; Ef 4.7; 1 Pe 4.10). Em alguns cristãos,
este dom encontra-se adormecido! Entretanto, a recomendação divina é que
"despertes o dom de Deus, que existe em ti" (2 Tm 1.6).
V - Os Dons Espirituais Propriamente Ditos
Os dons mencionados em
1 Coríntios 12.8-10 são tecnicamente chamados "os nove dons
espirituais", como costumeiramente usamos as expressões "os doze
patriarcas dos filhos de Israel" e "os doze apóstolos do
Cordeiro".
No entanto, as listas
de dons apresentadas perfazem um número mais elevado. Os patriarcas, filhos de
Jacó, são "doze" (At 7.8). Foram adicionados, entretanto, outros
dois a este número: Manasses e Efraim, embora não
ostentassem o título
(Gn 48.5). Abraão e Davi também são chamados literalmente de patriarcas (At
2.29; Hb 7.4). No caso dos "doze" apóstolos, o mesmo título foi
conferido também a Barnabé e a Paulo (At 14.4,14) e depois, num sentido
distante, a Tiago, irmão do Senhor (Gl 1.19).
O texto menciona
"dons" de curar, no plural. No entanto, para facilitar o estudo,
manteremos nos capítulos seguintes (6, 7 e 8) "os nove dons
espirituais", como é geralmente aceito pelo povo de Deus.
Pela ordem de citação,
os dons espirituais estão assim relacionados:
DOM DA PALAVRA DA
SABEDORIA
DOM DA PALAVRA DA
CIÊNCIA
DOM DA FÉ
DONS DE CURAR
DOM DE OPERAÇÃO DE
MARAVILHAS
DOM DE PROFECIA
DOM DE DISCERNIR OS
ESPÍRITOS
DOM DE VARIEDADES DE
LÍNGUAS
DOM DE INTERPRETAÇÃO
DAS LÍNGUAS
Estes dons são
classificados de acordo com a sua natureza.
1.
Dons de saber
Também chamados "dons de
revelação".
DOM DA PALAVRA DA SABEDORIA
DOM DA PALAVRA DA CIÊNCIA
DOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS
2.
Dons de poder
Também chamados
"dons de operação sobrenatural".
DOM DA FÉ
DONS DE CURAR
DOM DE OPERAÇÃO DE
MARAVILHAS
3. Dons
de expressão
Também chamados
"dons orais".
DOM DE PROFECIA
DOM DE VARIEDADES DE
LÍNGUAS
DOM DE INTERPRETAÇÃO
DAS LÍNGUAS
VI - "Dom" e "Dons"
O "dom"
(singular) deve ser diferenciado de "dons" (plural). O dom
propriamente dito é o batismo com o Espírito Santo, conforme defende Pedro no
dia de Pente-coste e em outras ocasiões, quando se referia ao derramamento do
Espírito: "E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja
batizado era nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados, e recebereis o dom
do Espírito Santo" (At 2.38). E, mais adiante, na cidade de Samaria, ao
mago Simão: "O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que
o dom de Deus se alcança por dinheiro" (At 8.20). Finalmente, na casa de
Cornélio, o centurião romano: "E os fiéis que eram da circuncisão...
maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os
gentios" (At 10.45). Claro está que o termo "dom" usado nestes
textos refere-se ao batismo com o Espírito Santo, que os 120 discípulos receberam
no cenáculo, evidenciado pelo falar em outras línguas.
No episódio de Atos
8.14-20, novamente o termo "dom" é repetido pelo apóstolo Pedro, como
sendo o batismo com o Espírito Santo. Assim também na casa do centurião (At
10.44-47) e no concilio realizado em Jerusalém, onde Pedro se defende por ter
entrado na casa de um gentio (At 15.8).
As passagens de 2
Coríntios 9.15, Hebreus 6.4 e Tiago 1.17 podem indicar a mesma coisa. É
importante observar que a palavra grega charismata, traduzida em português
por "carismático", aparece por 17 vezes no Novo Testamento (Rm 1.11;
5.15,16; 6.23; 11.29; 12.6; 1 Co 1.7; 7.7; 12.4,9,28,30,31; 2 Co 1.11; 1 Tm
4.14; 2 Tm 1.6; 1 Pe 4.10). Relaciona-se com o verbo charizomai, que
significa "eu dou como um favor".([12])
O A expressão se completa com o substantivo charismata, que quer dizer
"dons gratuitos de Deus".
Aplica-se no Novo
Testamento em três sentidos diferentes:
• a salvação do pecado (Rm 5.15-17);
• a libertação de perigo físico (2 Co
1.10,11);
• a capacidade de Deus na pessoa
humana, para o bem-estar e o crescimento da comunidade cristã (Rm 12.3-8; 1 Co
12.14; Ef 4.7; 1 Pe 4.10,11).
VII - Um Dom Específico em cada Grupo
Note-se que em cada
grupo de dons espirituais há um dom de maior magnitude.
No primeiro grupo -
dons de saber - destaca-se o dom da palavra da sabedoria.
No segundo grupo -
dons de poder - destaca-se o dom da fé. No terceiro grupo - dons de expressão -
destaca-se o dom de profecia.
Com efeito, a
sabedoria é retratada na Bíblia como sendo o próprio Cristo: "Ele foi
feito por Deus sabedoria" (1 Co 1.30). E também é o primeiro dom
relacionado entre os nove (cf. Pv 4.7; 1 Co 12.8).
No caso da fé
especial, torna-se evidente que ela é necessária para que alguém cure e opere
maravilhas. Sem fé é impossível operar tais milagres (Mt 21.21; Hb 11.6).
Finalmente, a profecia
é autônoma no grupo de expressão, pois não depende de interpretação, como no
caso da variedade de línguas. A profecia também representa, na atual
dispensação, "o testemunho de Jesus Cristo" (Ap 19.10).
Os charismata, por
conseguinte, podem ser chamados com exatidão de "dons graciosos". A
forma singular é encontrada em passagens como: Romanos 1.11; 5.15,16; 6.23; 1
Coríntios 1.7; 7.7; 2 Coríntios 1.11; 1 Timóteo 4.14; 2 Timóteo 1.6; 1 Pedro
4.10.
Temos a forma plural
em Romanos 11.29 e 12.6; 1 Coríntios 12.4,9,28,31 etc.
Há outros textos que
mencionam a pluralidade dos dons, em sentido geral (cf. Sl 68.18; 1 Co 14.1; Ef
4.8; Hb 2.4 etc).
VIII - A Difusão dos Dons
Os dons do Espírito
Santo assinalam uma nova dispensação, a da Graça, e foram preditos com
antecedência de séculos pelos profetas do Senhor (cf. Jl 2.28; Ag 2.9; Zc
12.10).
São confirmados pelas
promessas de Cristo aos seus discípulos no Novo Testamento (Mc 16.17; Jo 14.12;
At 1.8). Observemos no entanto que Pedro, no dia de Pente-coste, salienta que a
profecia de Joel não expirava ali: "Isto é o que foi dito pelo
profeta Joel" (At 2.16). Pedro não diz: "Cumpriu-se o que foi
dito". O cumprimento desta grande profecia tem acompanhado a Igreja
através dos séculos, e mesmo numa outra dispensação, a do Milênio, continuará.
Posteriormente,
numerosos dons espirituais são mencionados por Lucas, em Atos dos Apóstolos
(3.6ss; 5.12ss; 8.13,18; 9.33ss; 12.6-8; cf. 1 Co 12-14), e por Pedro (1
Pe4.10).
Paulo, além de usar
expressões técnicas para descrever os dons espirituais, chama-os também de
"estas coisas", "coisas espirituais" e "as coisas do
Espírito de Deus" (1 Co 2.13,14; 12.11). Expressões de idêntico significado
são encontradas em outras passagens, tais como:
O DOM DO
ESPÍRITO SANTO (At 2.38) O DOM DE DEUS (At 8.20) DOM INEFÁVEL (2
Co 9.15) O DOM CELESTIAL (Hb 6.4)
Todas estas
expressões, direta ou indiretamente, apontam operações do Espírito Santo. ([13])
IX - A Diversidade de Dons
Além dos dons
mencionados em 1 Coríntios 12.8-10, há outros distribuídos pelo Espírito Santo.
Paulo afirma: "Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo" (1
Co 12.4). Em passagens como Romanos 12.7,8 e 1 Coríntios 12.28, além dos dons
propriamente ministeriais, aparecem outros: governos (ministérios), exortação,
repartir, presidir, exercitar misericórdia, socorros.
1.
Governos
Este dom é chamado
"ministério" em Romanos 12.7, e "governos", em 1 Coríntios
12.28. Está relacionado diretamente com os "dons eclesiásticos",
especialmente com os apóstolos e pastores - e, por extensão, aos anciãos da
igreja. Nos dias da Igreja Primitiva, havia, pois, necessidade de pessoas
dotadas de habilidades especiais para a administração e a ordem social.
Na dispensação da Lei,
já havia um ministério assim denominado. Os levitas eram consagrados aos trinta
anos para esta função, e nela permaneciam até aos cinqüenta: "Da idade de
trinta anos para cima, até aos cinqüenta, todo aquele que entrava a executar o
ministério da administração..." (Nm 4.47). Era dividido em duas funções
distintas: uma espiritual e uma social.
Paulo informa aos
romanos que iria a Jerusalém "para ministrar" aos santos, numa
passagem que fala de bens materiais e espirituais, respectivamente (Rm
15.25-27). Ele até orou neste sentido: "Para que... esta minha administração,
que em Jerusalém faço, seja bem aceita pelos santos" (Rm 15.31).
Há, em nossos dias, um
grande número de pessoas com extraordinária capacidade administrativa. Mas
trata-se apenas de habilidade humana, técnica. A administração bíblica, porém,
é uma aptidão concedida ao homem ou à mulher pelo Espírito Santo, para que
administrem os bens terrenos e espirituais pertencentes à igreja ou à
comunidade.
2. Exortação
Encontramos este dom
em Romanos 12.8 e 1 Coríntios 14.3, sendo nesta última passagem ligado ao dom
de profecia, mas deve também estar relacionado a "mestres". Não é de
duvidar que profetas e mestres, o primeiro através da profecia e o segundo pelo
ministério da palavra, exercessem esse dom. O propósito da exortação é levar os
crentes a uma vida cristã mais elevada, a uma íntima transformação segundo a
imagem de Cristo. Trata-se de uma conclamação do Espírito de Deus ao
arrependimento e à santidade. As palavras de exortação são ensinadas pelo
Espírito Santo (Rml2.8; 1 Co 2.13; 14.1-3).
3.
Repartir
O dom de repartir é
citado em Romanos 12.8. Do ponto de vista divino, este dom do Espírito está
ligado diretamente aos dons de profecia e interpretação; e, no sentido social,
à misericórdia e socorros. Jesus ensinou seus discípulos a "repartir o
pão" (Jo 6.11). E, de igual modo, "o pão da ceia do Senhor", que
representa seu corpo, e o "cálice", que simboliza o seu sangue (Lc
22.17-20).
O primeiro ato do
Senhor - o repartir o pão - fala da multiplicação que sucedeu a este gesto.
O segundo ato fala da
comunhão, que é representada pela ceia do Senhor. O verdadeiro cristão tanto
reparte com os demais os bens temporários quanto os espirituais.
A Igreja Primitiva era
sem dúvida possuidora deste dom maravilhoso, pois "não havia pois entre
eles necessitado algum" (At 4.34). O segredo deste sucesso era que
"repartia-se por cada um, segundo a necessidade que cada um tinha".
Do ponto de vista divino, a Igreja cumpriu sua missão, enchendo Jerusalém e
depois o mundo inteiro com a palavra de Deus.
4.
Presidir
Este dom também é
citado em Romanos 12.8. Associa-se com o ministério pastoral. No original, o
termo "presidir" fala de funções administrativas na igreja, envolvendo
os responsáveis pelo bom funcionamento de alguns de seus segmentos e do
ministério.
No entanto, trata-se
primeiramente de um dom, e somente depois envolve o ofício. Está presente nas
"sete colunas de sabedoria", que são: apóstolos, profetas, evangelistas,
pastores, mestres, presbíteros e diáconos.
5.
Misericórdia
Também citado em
Romanos 12.8, este dom envolve tanto ajuda material quanto espiritual. Paulo
lembra aos anciãos da igreja de Efeso que não esqueçam da misericórdia:
"Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar
os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais
bem-aventurada coisa é dar do que receber" (At 20.35).
Em 1 Coríntios,
falando expressamente dos dons espirituais, o apóstolo menciona um dom
"maior" que os demais - o amor (13.13). E é o amor o pai da misericórdia!
Deus é amor, e também
se chama "Pai das misericórdias" (2 Co 1.3). O dom da misericórdia é
uma "compaixão demonstrada" àqueles que sofrem! É a tristeza de não
fazer e a alegria de realizar! O Filho de Deus, em seus dias na Terra, ensinou
a todos o valor deste dom: "Misericórdia quero, e não sacrifício" (Mt
9.13). E, a respeito dos que possuem este dom tão maravilhoso, disse:
"Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão
misericórdia" (Mt 5.7).
Há quem exercite a
misericórdia do dever, a primeira milha. Entretanto, só poderá caminhar a
segunda milha quem possuir a misericórdia como dom.
6.
Socorros
Este dom é citado em 1
Coríntios 12.28. A exemplo do exercício de misericórdia, tem abrangência
material e espiritual. É citado no plural em função das inúmeras necessidades
no seio da igreja, que são de ordem espiritual, moral e social.
Nas horas difíceis,
pessoas capacitadas pelo Espírito Santo com o dom de socorros estão prontas
para ajudar. São impelidas pelo Espírito Santo a um interesse especial e intuitivo
pelos necessitados, e descobrem meios para resolver essas necessidades. Mesmo
quando todas as vozes se calam em defesa da igreja ou do cristão individualmente,
"socorro e livramento doutra parte virá" (Et 4.14); porque "Deus
é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia" (Sl
46.1). Em qualquer tempo ou lugar, contamos sempre com o "socorro do
Espírito de Jesus Cristo" (Fp 1.19).
X - Deus É quem Opera Tudo em Todos
Deus está em foco na
operação miraculosa de cada dom. Ele é e sempre será o operador: cada dom é
conferido e posto em funcionamento por Ele.
Apesar de haver
"diversidade de dons., de ministérios... de operações... é o mesmo Deus
que opera tudo em todos" (1 Co 12.4-6). Isto faz com que haja unidade na
diversidade.
"Assim é que
temos o Pai, a primeira fonte e a origem de toda a influência espiritual em
todos; temos também Deus Filho, aquEle que põe em ordem, em sua Igreja, todos
os ministérios, mediante o quê essa influência pode ser legitimamente trazida
para edificação de seu corpo; e temos Deus Espírito Santo, que habita e opera
no seio da Igreja, efetuando em cada indivíduo a medida de seus dons que Ele
assim quiser fazer".
Toda e qualquer
manifestação espiritual deve estar de acordo e em perfeita harmonia com o
ensinamento geral da Bíblia. Se há manifestação ou operação diferente, seja
rejeitada como fonte espúria. Jamais o Espírito Santo operará em desacordo com
o Pai e o Filho.
6. Os Dons de
Revelação
I - O Dom da Palavra da Sabedoria
"E a um pelo
mesmo Espírito é dada a palavra da sabedoria" (1 Co 12.8).
De acordo com Riggs, é
fácil determinar a ordem dos dons neste grupo, já que a sabedoria pressupõe a
ciência e é uma aplicação discreta do conhecimento. A sabedoria é maior que a
ciência, embora sejam sempre citadas em conexão nas Escrituras (Pv 4.7; 8.12;
9.10 etc).
O discernimento de
espíritos é apenas parte do conhecimento e, portanto, uma extensão da
sabedoria e ciência divinas.
Examinemos em detalhes
os dons de revelação:
DOM DA PALAVRA DA
SABEDORIA DOM DA PALAVRA DA CIÊNCIA DOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS
Estes dons se
manifestam na esfera mental. Por meio da palavra da sabedoria, Deus capacita a
mente humana para entender todos os fatos e circunstâncias, leis e princípios,
tendências, influências e possibilidades.
A sabedoria encerra
tudo: matéria-prima (celestial, humana e natural), poder e perícia.([14])
A sabedoria como dom é
completamente sobrenatural: uma operação divina - através do Espírito Santo
-que dilata a mente e o coração do homem (cf. Êx 31.1-6; Dt 34.9; 1 Rs 4.29; Dn
1.17-20; At 6.10). É, portanto, uma operação desvinculada de qualquer técnica
ou método humano, que se manifesta conforme a circunstância ou para atender a
uma necessidade premente (Lc 12.11,12; 21.15; Tg 1.5).
1. No Antigo Testamento
Encontramos no Antigo
Testamento pessoas capacitadas por Deus com o dom da palavra da sabedoria.
José. "E disse Faraó a seus servos:
Acharíamos um varão como este, em quem haja o Espírito de Deus? Depois disse
Faraó a José: Pois que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e
sábio como tu" (Gn 41.38,39).
Moisés e Arão. "Vai, pois, agora, e eu serei
com a tua boca, e te ensinarei o que hás de falar... e eu serei com a tua boca
e com a sua boca, ensinando-vos o que haveis de fazer" (Êx 4.12,15).
Bezalel e Aoliabe. "Eis que eu tenho chamado por
nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o enchi do
espírito de Deus, de sabedoria... E eis que eu tenho posto com ele a Aoliabe,
filho de Aisamaque, da tribo de Dã, e tenho dado sabedoria ao coração de todo
aquele que é sábio de coração..." (Êx 31.2,3,6).
Josué. "E Josué, filho de Num, foi
cheio do espírito de sabedoria..." (Dt 34.9).
Salomão. "E todo o Israel ouviu a
sentença que dera o rei e temeu ao rei, porque viram que havia nele a sabedoria
de Deus... E deu Deus a Salomão sabedoria, e muitíssimo entendimento, e
largueza de coração, como a areia que está na praia do mar. E era a sabedoria
de Salomão maior do que a sabedoria de todos os do Oriente e do que toda a
sabedoria dos egípcios" (1 Rs 3.28; 4.29,30).
Eliú. "Se não, escuta-me tu;
cala-te, e ensinar-te-ei a sabedoria" (Jo 33.33).
Isaías. "O Senhor Jeová me deu uma
língua erudita, para que saiba dizer, a seu tempo, uma boa palavra ao que
está cansado" (Is 50.4).
Jeremias. "E estendeu o Senhor a sua
mão, tocou-me na boca e disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na
tua boca" (Jr 1.9).
Daniel e seus
companheiros. "Ora,
a esses quatro mancebos Deus deu o conhecimento e a inteligência em todas as
letras, e sabedoria..." (Dn 1.17).
Cristo, mesmo antes de
se humanizar, foi retratado no Antigo Testamento como sendo a própria sabedoria
(Pv 8.22-36). E no Novo Testamento "foi feito por Deus sabedoria" (1
Co 1.30). O Espírito Santo ungiu a Jesus Cristo para ser a sua sabedoria. Isto
é detalhado em Isaías 11.2, onde "repousará sobre ele o Espírito do
Senhor":
Espírito de
sabedoria. Habilidade
para compreender a essência e o propósito das coisas e descobrir os meios
certos de realizar o propósito de Deus em cada vida.
Espírito de
inteligência. Habilidade
para discernir circunstâncias, relacionamentos e pessoas.
Espírito de
conselho. Habilidade
de tomar decisões acertadas, informar e guiar outras pessoas.
Espírito de
conhecimento. Habilidade
para ajudar a descobrir a "boa, agradável, e perfeita vontade de
Deus", e também quem é Ele, e o que Ele faz. ([15])
2. No
Novo Testamento
A sabedoria divina é
retratada no Novo Testamento como algo sublime e especial. Durante seu
ministério terreno, Jesus antecipou aos seus seguidores que iriam enfrentar
momentos difíceis diante de homens poderosos e de saber elevado e que, sem uma
intervenção miraculosa do Espírito Santo, através do dom da palavra da sabedoria,
eles jamais seriam vitoriosos.
Vaticinando a
perseguição que sobre eles viria, prometeu-lhes: "E, quando vos
conduzirem às sinagogas, aos magistrados e potestades, não estejais solícitos
de como ou do que haveis de responder, nem do que haveis de dizer. Porque na
mesma hora vos ensinará o Espírito Santo o que vos convenha falar" (Lc
12.11,12). Numa outra ocasião quando ensinava a seus discípulos, o Mestre
reafirmou a promessa: "Proponde, pois, em vossos corações não premeditar
como haveis de responder, porque eu vos darei boca e sabedoria a que não
poderão resistir, nem contradizer todos quantos se vos opuserem" (Lc
21.14,15).
O dom da palavra da
sabedoria foi concedido aos discípulos no dia de Pentecoste. Pedro era até
então um discípulo ousado, mas sem poder de persuasão (Mt 16.22,23; Jo
18.17,25,26,27). Entretanto, após o Pentecoste, este quadro reverteu! Pedro
tornou-se um homem "eloqüente e poderoso" e, em apenas uns oito
minutos, convenceu a multidão do extraordinário acontecimento ali presenciado
(At 2.14-40).
Depois desse dia, o
dom da palavra de sabedoria acompanhou passo a passo a Igreja Primitiva. Logo
no capítulo 4 de Atos, podemos ver novamente Pedro e João deixando atônitos
as autoridades eclesiásticas de Israel: "Então, eles, vendo a ousadia de
Pedro e de João e informados de que eram homens sem letras e indoutos, se maravilharam;
e tinham conhecimento de que eles haviam estado com Jesus" (At 4.13).
Logo depois,
encontramos Estevão, um dos sete escolhidos para "servir às mesas",
sendo usado poderosamente com este dom, conforme lemos em Atos 6.9,10: "E
levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos Libertos, e dos cireneus,
e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estevão.
E não podiam resistir à sabedoria, e ao espírito com que falava".
O apóstolo Paulo,
quando pregava ou ensinava, valia-se sempre deste dom maravilhoso, conforme ele
mesmo descreve em 1 Coríntios 2.13: "As quais também falamos, não com
palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina,
comparando as coisas espirituais com as espirituais".
Devemos ter era mente
que o dom da palavra da sabedoria não é restrito à expressão vocal. É usado
por Deus para outros fins e funções especiais, tais como:
• governo (Gn 41.33-39);
• criatividade e invenção (Êx
31.1-6);
• comando (Dt 34.9);
• julgamento (1 Rs 3.16-28);
• esclarecimento de dúvidas (Jo
33.33);
• conquista de almas para Deus (Pv
11.30);
• elucidação de enigmas difíceis (Dn
1.17);
• edificação da igreja (1 Co 14.12).
Este dom maravilhoso
faz brilhar o rosto do salvo! (Pv 17.24; Ec 8.1; Dn 1.15-20; 12.3; At 6.15).
II. O Dom da Palavra da Ciência
"E a outro, pelo
mesmo Espírito, a palavra da ciência" (1 Co 12.8).
O dom da palavra da
ciência é a revelação sobrenatural de algum fato que existe na mente de Deus,
mas que o homem, devido às suas limitações, não pode conhecer, a não ser pela
poderosa intervenção do Espírito Santo. Este dom é o segundo mencionado, pela
ordem do grupo.
Encontramos a palavra
da sabedoria e a palavra da ciência associadas em várias passagens das
Escrituras (Êx31.3; 1 Rs 7.14; Pv 1.7; 9.10; Dn 1.4; 1 Co 12.8 etc).
Em 1 Coríntios 12, os
dons são relacionados em ordem, embora fazendo parte de uma
"diversidade" (no grego, diairesis). "Diversidade"
vem de uma raiz hebraica que expressa a idéia de divisão. O substantivo
poderia, então, significar "distribuição", "partilha".
Deus não nos concede a
faculdade da onisciência, que é exclusivamente divina, mas por meio do Espírito
Santo nos concede a palavra do conhecimento, sempre visando a um fim proveitoso
e glorioso na edificação espiritual de seus filhos. ([16])
Há uma distinção entre
a sabedoria e a ciência. A sabedoria é a ciência sabiamente aplicada. A ciência
é um requisito para a sabedoria e para o ensino. O ensino é a comunicação do
conhecimento. Ninguém pode ensinar sem primeiro saber, mas nem todos os que
sabem podem ensinar.
A ciência como algo
sobrenatural é um dom, e não meramente conhecimento adquirido através de
estudos e pesquisas dirigidas ou sistematizadas. Relaciona-se com algo
"prescrutador": ao invés de discorrer, como a sabedoria, investiga.
Nesta sua ação
primitiva, a ciência divina, com base em seu infinito conhecimento de
determinadas causas e efeitos e dos meios de produzir determinados fins na
edificação do corpo de Cristo, que é a Igreja, inicia certos processos ao mesmo
tempo que impede outros.
A sabedoria dedica-se
mais à dissertação, ao ensino e à comunicação; a ciência, por sua vez, se ocupa
com a pesquisa e a descoberta. Como dom, ocupa-se com os segredos mais
profundos da vida espiritual. Foi o que Paulo descobriu quando Deus o usou com
este dom. Ele exclamou: "Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria,
como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão
inescrutáveis os seus caminhos" (Rm 11.33).
Já que o Espírito
Santo é Deus, e Deus sabe todas as coisas, o que Ele transmite a seus filhos
através do dom da palavra da ciência é um reflexo da mente divina.
A Bíblia recomenda que
busquemos este dom através da oração. Foi o que Paulo escreveu aos crentes de Éfeso:
"Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas
orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê
em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação" (Ef 1.16,17).
O dom da palavra da
ciência é muito importante na vida do salvo, especialmente para quem trabalha
na obra do Mestre. Ele ajuda a encontrar novos métodos para a obra de Deus.
Paulo falou desta atuação gloriosa do Espírito Santo em sua vida: "O
Espírito Santo, de cidade em cidade, me revela..." (At 20.23).
Existem os "tesouros
das escuridades e as riquezas encobertas" (Is 45.3). De igual modo,
habitam em Cristo "todos os tesouros da sabedoria e da ciência" (Cl
2.3). E, dia a dia, através da operação gloriosa do Espírito Santo em nossas
vidas, vamos descobrindo as riquezas insondáveis do mundo superior -
espiritual. Isto é glorioso!
III - O Dom de Discernir os Espíritos
"E a outro, o dom
de discernir os espíritos" (1 Co 12.10).
Em algumas passagens
da Bíblia, especialmente no Antigo Testamento, o dom de discernir os espíritos
está associado aos dons da palavra da sabedoria e da palavra da ciência, como
por exemplo:
"E o enchi do
espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência..." (Êx
31.3).
"E deu Deus a
Salomão sabedoria, e muitíssimo entendimento, e largueza de coração..."
(1 Rs 4.29).
"Ora, a estes
quatro mancebos Deus deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras e
sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda a visão e sonhos" (Dn
1.17).
O dom de discernir os
espíritos não é técnica, perícia ou psicologia humana, mas sim uma atuação
direta do Espírito Santo na mente do homem, capacitando-o com uma espécie de
"psicologia divina" que lhe permite distinguir as manifestações
vindas de Deus das procedentes de espíritos demoníacos.
Há muitos indivíduos
dotados de poderes espirituais e psíquicos que não pertencem ao Reino de Deus.
Manifestações estranhas foram presenciadas pelo povo de Deus em toda a Bíblia.
De igual modo, do lado do bem, sempre houve homens capacitados por Deus com o
dom de discernimento, para advertir e combater tais heresias. O dom de
discernir os espíritos é realmente o poder de distinguir as operações do
Espírito Santo das de espíritos malignos e enganadores. Podemos observar que
Deus, através dos tempos, distribuiu este dom a muitos de seus servos, tanto
na antiga quanto na atual dispensação. O inimigo de Deus e dos homens muitas
vezes "se transfigura em anjo de luz", e passa a enviar seus
espíritos enganadores para introduzir "encobertamente heresias de perdição".
Alguns desses espíritos até operam maravilhas semelhantes às de Deus. Torna-se
necessária, então a intervenção do Espírito de Deus, capacitando homens e
mulheres para discernir certas manifestações duvidosas e estranhas.
Por toda a Escritura
encontramos pessoas atuando pelo espírito do erro. Entretanto, do lado do bem,
encontramos um número mais elevado de instrumentos defensores da verdade,
pureza e santidade de Deus e de tudo que a Ele se relaciona.
1. No
Antigo Testamento
Aqui, encontramos
várias pessoas capacitadas em discernir:
José. "E disse-lhes José: Que é isto
que fizestes? Não sabeis vós que tal homem como eu bem adivinha?" (Gn
44.15).
Moisés. "E, ouvindo Josué a voz do
povo que jubilava, disse a Moisés: Alarido de guerra há no arraial. Porém ele
disse: não é alarido dos vitoriosos, nem alarido dos vencidos, mas o alarido
dos que cantam eu ouço" (Êx 32.17,18).
Samuel. "Então disse Samuel: Que
balido, pois, de ovelhas é este nos meus ouvidos, e o mugido de vacas que
ouço?" (1 Sm 15.14).
Aías. "Naquele tempo adoeceu Abias,
filhos de Jeroboão. E disse Jeroboão à sua mulher: Levanta-te agora, e
disfarça-te, para que não conheçam que és mulher de Jeroboão, e vai a Silo.
Eis que lá está o profeta Aías o qual falou de mim, que eu seria rei sobre este
povo... E a mulher de Jeroboão assim fez, e se levantou, e foi a Silo, e entrou
na casa de Aías: e já Aías não podia ver, porque os seus olhos estavam já
escurecidos por causa da sua velhice... E sucedeu que, ouvindo Aías o ruído de
seus pés, entrando ela pela porta, disse ele: Entra, mulher de Jeroboão! Por
que te disfarças assim?" (1 Rs 14.1,2,4,6).
Josafá. "Então o rei de Israel ajuntou
os profetas até quase quatrocentos homens e disse-lhes: Irei à peleja contra
Ramote-Gileade ou deixarei de ir? E eles disseram: Sobe, porque o Senhor a
entregará na mão do rei. Disse, porém, Josafá: Não há aqui ainda algum profeta
do Senhor, ao qual possamos consultar?" (1 Rs 22.6,7).
Eliseu. "Porém ele lhe disse:
Porventura, não foi contigo o meu coração, quando aquele homem voltou de sobre
seu carro, a encontrar-te?... E disse um dos seus servos: Não, ó rei, meu
senhor; mas o profeta Eliseu, que está em Israel, faz saber ao rei de Israel as
palavras que tu falas na tua câmara de dormir" (2 Rs 5.26; 6.12).
Neemias. "E conheci que eis que não era
Deus quem o enviara; mas essa profecia falou contra mim, porquanto Tobias e
Sambalate o subornaram" (Ne 6.12).
2. No
Novo Testamento
O Senhor Jesus
exemplifica de maneira plena a pessoa capacitada com o dom de discernir os
espíritos.
Encontramos nos
evangelhos o Mestre discernindo os espíritos enganadores que atuavam nos
escribas, fariseus, saduceus e herodianos. Certa vez, os fariseus enviaram uma
comissão composta de seus seguidores e alguns herodianos, para o surpreenderem
"nalguma palavra". Eles então disseram a Jesus: "Mestre, bem
sabemos que és verdadeiro e ensinas o caminho de Deus, segundo a verdade, sem
te importares com quem quer que seja, porque não olhas à aparência dos homens.
Dize-nos, pois, que te parece: é lícito pagar o tributo a César, ou não? Jesus,
porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais,
hipócritas?" (Mt 22.16-18).
Em uma outra
oportunidade, os escribas e fariseus começaram a murmurar de Jesus em seus
corações. Jesus acabara de perdoar os pecados de um homem paralítico; e eles
disseram em seus corações: "Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode
perdoar pecados, senão Deus? Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos,
respondeu e disse-lhes: Que arrazoais em vosso coração?" (Lc 5.21,22).
No evangelho de João,
encontramos novamente o Mestre discernindo pensamentos contrários, até mesmo de
alguns que tinham crido no seu nome: "Muitos, vendo os sinais que fazia,
creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos
conhecia e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem
sabia o que havia no homem" (Jo 2.23-25).
Cremos que todos os
apóstolos de Cristo eram capazes de discernir os espíritos malignos. Mesmo
vivendo no primeiro século de nossa era, já se defrontavam com um mundo
infestado de espíritos enganadores e de "homens maus e enganadores...
enganando e sendo enganados" (2 Tra 3.13). Então, fazia-se necessária uma
atuação direta e poderosa do Espírito de Deus neste sentido, para preservar a
Igreja ainda tenra.
Na ocasião em que
Ananias e Safira mentiram, quando podiam ter falado a verdade, houve
discernimento do Espírito Santo, por parte de Pedro, e o casal morreu aos pés
do apóstolo (At 5.1-10).
Quando Paulo e Barnabé
ministravam o Evangelho na ilha de Chipre, opôs-se a eles um mágico chamado
Elimas. Paulo, naquele momento, foi capacitado pelo Espírito Santo, discernindo
que o mágico era filho do diabo, e, com uma palavra de autoridade, invoca
contra ele o julgamento de Deus sob forma de cegueira temporária (At 13.6-12).
Em Filipos, uma jovem possessa de espírito adivinhador seguia a Paulo e a
Silas, dizendo: "Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são
servos do Deus Altíssimo".
Paulo, porém,
discerniu que aquilo não era elogio, e sim uma denúncia. E, voltando-se,
"disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na
mesma hora saiu" (At 16.17,18). Paulo exortou os crentes de Corinto,
dizendo: "Segui a caridade, e procurai com zelo os dons espirituais"
(1 Co 14.1). Se o Espírito Santo nos anima a procurar com zelo os dons
espirituais, devemos, especialmente os obreiros, pedir a Deus o dom de
discernir os espíritos.
Vivemos dias perigosos
em que o diabo tem feito do engano uma arma sombria, para usá-la no campo da
destruição. Há uma nuvem negra de espíritos enganadores que procuram destruir
a obra do Senhor. Os escritores sagrados, especialmente os do Novo Testamento,
advertem contra os espíritos deste mundo tenebroso.
O próprio Jesus
Cristo, nos evangelhos sinóticos, adverte-nos quanto a este perigo.
Mateus. "E Jesus, respondendo,
disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane, porque muitos virão em meu
nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos" (Mt 24.4,5).
Marcos. "E Jesus, respondendo-lhes,
começou a dizer: Olhai que ninguém vos engane" (Mt 13.5).
Lucas. "Disse, então, ele: Vede não
vos enganem, porque virão muitos em meu nome, dizendo: Sou eu, e o tempo está
próximo; não vades, portanto, após eles" (Lc 21.8).
Paulo também observa:
"Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão
alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de
demônios" (1 Tm4.1). Pedro acrescenta: "E também houve entre o povo
falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que
introduzirão encobertamente heresias de perdição" (2 Pe 2.1).
João também adverte
contra esses espíritos enganadores: "Amados, não creiais a todo o
espírito, mas provai se os espíritos são de Deus" (1 Jo 4.1).
E Judas contribui,
dizendo: "Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos
para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de
Deus" (Jd 4).
O dom de discernir os
espíritos deve ser desenvolvido no seio da igreja - mas especialmente na esfera
ministerial. Ele funciona como uma espécie de "olhos espirituais",
vigiando o rebanho de Jesus Cristo, o Bom Pastor, contra estes espíritos maus.
Para alguns estudiosos
da Bíblia, este maravilhoso dom está ligado também à interpretação de sonhos.
Os sonhos que trazem em si instruções espirituais precisam, sem dúvida, de um
discernimento comparativo, isto é, uma distinção entre a ficção e o verdadeiro.
Isto somente é possível através de uma operação do Espírito na mente do
intérprete. Neste caso, aumenta a lista de pessoas agraciadas por Deus com este
dom:
• Abimeleque (Gn 20.1-3);
• Jacó (Gn 31.10-12; 37.9,10);
• Labão (Gn 31.24);
• José (Gn 40.5-22; 41.1-39);
• Gideão (Jz 7.13-15);
• Daniel (Dn 1.17);
• José, marido de Maria (Mt 1.20,24;
2.13,19,22);
• os magos do Oriente (Mt 2.12);
•
a mulher de Pilatos (Mt 27.19 etc).
José, por exemplo
falou aos oficiais de Faraó e também ao monarca que "as
interpretações" de sonhos são de Deus (Gn 40.8; 41.16,25,28,39).
O mesmo aconteceu com
Daniel, na corte babilônica (Dn 2.19-23).
A nós não é concedido
o atributo divino da onisciência, por ser exclusivo de Deus Pai, Deus Filho e
Deus Espírito Santo.
Entretanto, Deus pode,
quando se fizer necessário, conceder-nos uma gotinha do imenso oceano da onisciência
divina e capacitar-nos para discernir entre o bem e o mal - o que vem de Deus e
o que vem de uma fonte estranha.
7. Os Dons de Poder
I - O Dom da Fé
"E a outro, pelo
mesmo Espírito, a fé" (1 Co 12.9).
Os dons de poder,
conforme já vimos em outras notas expositivas, são:
DOM DA FÉ
DONS DE CURAR
DOM DE OPERAR
MARAVILHAS
Os dons da palavra da
sabedoria, da palavra da ciência e de discernir os espíritos atuam na mente. Já
os dons de poder, que estudaremos nesta seção, atuam na área física. E os do
terceiro grupo - profecia, variedade de línguas e interpretação das línguas -
atuam na esfera espiritual.
Em cada grupo de dons
espirituais existe um de maior magnitude, como já ficou demonstrado. No grupo
que ora estudamos, por exemplo, o dom da fé é proeminente.
1.
Definição
Biblicamente,
define-se a fé da seguinte forma: "Ora, a fé é o firme fundamento das
coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem" (Hb 11.1). Teologicamente,
há vários conceitos.
Com efeito, no seu uso
mais amplo, a palavra "fé", do substantivo grego pistis e o
verbo pisteuo, ocorre por 244 vezes, enquanto que o adjetivo pistos ocorre
77 vezes, trazendo algumas definições:
a. Fé
salvadora. Atitude
mediante a qual o homem abandona toda confiança em seus próprios esforços para obter
a salvação e passa a confiar inteiramente em Cristo, a respeito de tudo que
envolve a salvação.
Este conceito de fé
vem a ser a confiança insuflada nas promessas e provisões de Deus, no tocante
ao Salvador e a todo o plano da redenção. Não é propriamente "o dom da
fé" relacionado em 1 Coríntios 12.9, mas trata-se também de um "dom
de Deus" (Ef 2.8).
b. Fé servidora. Contempla como autêntico o fato dos dons divinamente conferidos
e todos os detalhes concernentes às determinações divinas para o serviço. A fé
vista por este prisma é especial, e também um dos dons de poder.
c. Fé santificadora. Ou sustentadora, apega-se ao poder
de Deus na vida diária. Trata-se da vida vivida na dependência de Deus,
operando um novo princípio de vida (Rm 6.4; 2 Co 5.7; Hb 10.38).
d. Fé intelectual. Pode vir ao homem através do testemunho do universo
visível e do estudo das Escrituras (cf. At 17.28; Tg 2.19). Ela afirma a
existência de Deus, mas em si mesma não descobre o plano da redenção (cf. Sl 19.1-4;
At 17.11; Rm 10.17).
2. A fé
como dom de poder
Esta é a fé mencionada
em 1 Coríntios 12.9, uma operação completamente sobrenatural do Espírito Santo,
capacitando a mente humana para uma confiança sem igual no poder de Deus, a de
que Ele pode realizar qualquer coisa que lhe apraz. O Espírito Santo opera no
mais profundo do coração humano, produzindo uma reação imediata da alma e
levando-a à certeza e à evidência. A certeza é o estado do espírito que
consiste na firme adesão a uma verdade conhecida, sem o temor do engano. A
evidência é o que fundamenta a certeza.
Definimo-la como a
clareza plena com que adere ao poder de Deus. Diante de tal operação do
Espírito Santo, toda e qualquer dúvida é aniquilada!
A fé especial, mesmo
sendo um dom do Espírito Santo, pode ser dividida em graus menores e maiores,
da seguinte maneira:
• "Ainda não tendes fé?"
(Mc 4.40);
• "... pouca fé" (Mt
17.20);
• "... tanta fé" (Mt 8.10);
• "... grande fé" (Mt
15.28);
• "... toda a fé" (1 Co
13.2).
Para que haja um
desempenho amplo da fé, torna-se necessário aniquilar toda dúvida produzida no
coração. Jesus disse: "Se tiverdes fé e não duvidardes..." (Mt
21.21).
Foi este o poder, a fé
especial, pelo qual Jesus transformou água em vinho, multiplicou os pães e os
peixes, acalmou a tempestade, expulsou demônios, curou enfermos e ressuscitou
mortos.
II - Os Dons de Curar
"E a outro, pelo
mesmo Espírito, os dons de curar" (1 Co 12.9).
No conceito de alguns
expositores, são dons ativos que produzem sinais e maravilhas. De fato, isso
fica bem demonstrado em algumas passagens das Escrituras. A cura de qualquer enfermidade
é sempre um milagre, e um milagre é sempre uma maravilha, e uma maravilha é sempre
um prodígio: "Enquanto estendes a tua mão para curar, e para que se façam
sinais e prodígios pelo nome do teu santo Filho Jesus" (At 4.30).
Na Epístola aos Hebreus,
o escritor sagrado confirma este argumento: "Testificando também Deus com
eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas, e dons do Espírito Santo,
distribuídos por sua vontade" (Hb 2.4).
1.
Pluralidade
O leitor deve observar
que o versículo chave desta seção menciona "dons de curar", no
plural, expressão que se repete no versículo 28 do mesmo capítulo. Entretanto,
no versículo 30, encontramos a forma singular. "Têm todos o dom de
curar?" pergunta o apóstolo Paulo. A pluralidade deste dom provavelmente
indica que cada diferente cura deve ser considerada uma atuação de um dom
específico ou uma diversificada operação do Espírito. Isto significa que os
dons de curar operam de maneira multiforme.
Curas miraculosas,
efetuadas por intervenção divina no Antigo Testamento, mostram esta realidade.
Também aquelas realizadas por Jesus e seus discípulos, no Novo Testamento, a
confirmam. Qualquer operação do Espírito Santo, até mesmo as realizadas ainda
no período da Lei, trazia em si instruções didáticas e métodos pedagógicos.
Jesus curava através:
• da "orla" de seu vestido
(Mc 5.30);
• da "saliva" (Mc 8.23);
• do "lodo" (Jo 9.6,7);
• de "suas mãos" (Mc 6.5);
• do supremo "poder" da
palavra (Mt 8.8; Jo 4.50-53).
Isso acontecia freqüentemente, porque sobre Ele repousava algo especial, isto é, "a virtude do Senhor estava com ele para curar" (Lc 5.17).
2. Curas específicas operadas por Jesus
Durante seu ministério
terreno, nosso Senhor efetuou diferentes maravilhas no campo da cura.
Entretanto, 18 delas se encontram relacionadas nos evangelhos, com significação
especial (Mt 8.2-4; 9.2-8; 14-17; 27-31; Mc 5.25-34; 7.31-37; 8.22-26; Lc
6.6-11; 7.1-10; 13.10-19; 14.1-6; 17.11-19; Jo 4.45-54; 5.1-19; 9.1-41;
18.1-11).
Parece que Jesus curou
um homem cego na entrada de Jericó (Lc 18.35-43) e, ao sair da cidade, curou
Bartimeu (Mc 10.46-52).
Evidentemente Jesus
curou milhares de outras pessoas, pois por onde passava Ele ia "curando a
todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele" (At 10.38).
3. A promessa de Jesus com respeito a cura
Antes de ser assunto
aos Céus, Jesus prometeu a seus discípulos poder sobre toda enfermidade e
moléstia. A ordem do divino Mestre foi esta: "Curai os enfermos, limpai os
leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios..." (Mt 10.8). E,
após sua ressurreição, nosso Senhor reafirmou, em Marcos 16.17,18, a promessa
feita no início de seu ministério: "E estes sinais seguirão aos que
crerem: em meu nome... imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão".
No ministério de Pedro
e Paulo, os dons de curar eram tão presentes que, em alguns casos, se dispensava
até a presença física desses dois obreiros do Senhor.
a. Pedro.
"De sorte que
transportavam os enfermos para as ruas e os punham em leitos e em camilhas,
para que ao menos a sombra de Pedro, quando este passasse, cobrisse alguns
deles... os quais todos eram curados" (At 5.15,16).
b. Paulo.
"E Deus pelas
mãos de Paulo faziam maravilhas extraordinárias, de sorte que até os lenços e
aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam
deles" (At 19.11,12). Isto é maravilhoso!
III - O Dom de Operar Maravilhas
"E a outro, a
operação de maravilhas" (1 Co 12.10).
No grego, encontramos
a palavra dynameis ("poderes"), para indicar a operação
realizada pelo Espírito Santo, tem acompanhado toda a história do povo de Deus
em ambos os Pactos. As dez pragas enviadas ao Egito foram reputadas como sendo
maravilhas da parte de Deus (Êx 3.2Oss). Maravilha é um milagre, portanto.
Milagre é uma intervenção ordenada na operação regular da natureza: uma
suspensão sobrenatural de lei natural. Tanto no Antigo quanto no Novo
Testamento, as maravilhas eram sempre operadas em resposta às necessidades mais
prementes da vida. Vejamos essas maravilhas operadas por Deus no Antigo
Testamento. Depois, veremos as manifestações deste dom em Jesus e seus
discípulos, no Novo Testamento. Apresentaremos apenas um esboço com a
respectiva citação bíblica.
1.
Antigo Testamento
• Trasladação de Enoque (Gn 5.24);
• o dilúvio (Gn 6-8);
• confusão das línguas (Gn 11.9);
• espalham-se as famílias (Gn 11.9);
• sodomitas são feridos de cegueira
(Gn 19.11);
• destruição de Sodoma e Gomorra (Gn
19,24);
• a mulher de Ló convertida numa
estátua de sal (Gn 19.26);
• curada a esterilidade de Sara (Gn
11.30; 21.1,2);
• curada a esterilidade de Rebeca (Gn
25.21);
• curada a esterilidade de Raquel (Gn
29.31; 30.22);
• a sarça ardente (Êx 3.2);
• a mão de Moisés feita leprosa (Êx
4.6);
• a vara de Arão torna-se em serpente
(Êx 7.10);
• as águas tornam-se em sangue (Êx
7.20);
• rãs (Êx 8.6);
• piolhos (Êx 8.17);
• moscas (Êx 8.24);
• peste nos animais (Êx 9.26);
• úlceras (Êx 9.10);
• saraiva (Êx 9.23);
• gafanhotos (Êx 10.13);
• trevas (Êx 10.22);
• morte dos primogênitos (Êx 12.29);
• coluna de nuvem de dia, e de fogo
durante a noite (Êx 13.21);
• o mar Vermelho se divide e retorna
ao seu leito (Êx 14.21);
• as águas de Mara se tornam doces
(Êx 15.15);
• envio de codornizes e maná (Êx
16.13,14);
• água tirada da rocha (Êx 17.6);
• vitória sobre os amalequitas, pelo
levantar das mãos de Moisés (Êx 17.11-13);
• holocausto consumido por fogo do
céu (Lv 9.24);
• dois sacerdotes são consumidos pelo
fogo (Nm 10.1,2);
• fogo arde entre os israelitas (Nm
11.1);
• Miriã é ferida e curada da lepra
(Nm 12.10, 13-15);
• destruição de Coré e seu grupo (Nm
16.32);
• praga mata 14.700 pessoas (Nm
16.47-49);
• a vara de Arão brota, floresce e
produz amêndoas (Nm 17.8);
• água sai da rocha em Meribá (Nm
20.11);
• serpentes abrasadoras (Nm 21.6);
• a jumenta de Balaão fala com voz
humana (Nm 22.28,30);
• a roupa dos israelitas não
envelhece (Dt 8.4);
• os pés dos israelitas não incham
(Nm 9.21);
• os israelitas caminham sem tropeçar
(Is 63.13);
• as muralhas de Jericó demolidas (Js
6.20);
• o Sol e a Lua se detêm (Js 10.13);
• o velo de lã de Gideão (Jz
6.37-40);
• fogo consome o sacrifício de Gideão
(Jz 6.21);
• curada a esterilidade da mulher de
Manoá (Jz 13.2,5,24);
• o sacrifício de Manoá é consumido
(Jz 13.19);
• as proezas de Sansão (Jz 13-16);
• curada a
esterilidade de Ana (1 Sm 1.2,20);
• filisteus feridos e queda de Dagom
(1 Sm 5.3-12);
• feridos os bete-semitas (1 Sm
6.19);
• trovões e chuvas no tempo da
colheita (1 Sm 12.6);
• morte de Uzá diante da Arca de Deus
(2 Sm 6.7);
• seca-se a mão de Jeroboão; o altar
se fende; derrama-se a cinza e novamente é restituída a saúde da mão do rei (1
Rs 13.6);
• corvos alimentam Elias (1 Rs 17.6);
• a farinha e o azeite da viúva se
multiplicam (1 Rs 17.16);
• a comida especial de Elias (1 Rs
19.8);
• cessam as chuvas por três anos e
meio (Tg 5.17);
• Elias ressuscita o filho da viúva
(1 Rs 17.22);
• Elias faz descer fogo do céu no
monte Carmelo (1 Rs 18.38);
• Elias faz chover novamente (1 Rs
18.45);
• a carreira sobrenatural de Elias (1
Rs 18.46);
• Elias faz descer fogo do céu sobre
dois capitães e cem soldados (2 Rs 1.9-14);
• Elias divide as águas do Jordão (2
Rs 2.8);
• carro e cavalos de fogo separam
Elias de Eliseu, e Elias é levado ao Céu num redemoinho (2 Rs 2.11);
• Eliseu divide as águas do Jordão (2
Rs 2.14);
• as águas de Jericó são saradas (2
Rs 2.22);
• duas ursas despedaçam 42 rapazes (2
Rs 2.24);
• Eliseu supre de água um exército (2
Rs 3.20);
• multiplica-se o azeite da viúva (2
Rs 4.6);
• curada a esterilidade da sunamita
(2 Rs 4.16,17);
• Eliseu ressuscita o filho da
sunamita (2 Rs 4.35);
• cozido venenoso é purificado (2 Rs
4.41);
• cem homens são alimentados (2 Rs
4.43);
• Naamã é curado da lepra (2 Rs
5.10-14);
• Geazi fica leproso (2 Rs 5.24-27);
• um machado flutua (2 Rs 6.6);
• tropas sírias feridas de cegueira
(2 Rs 6.18);
• exército sírio é posto em fuga (2
Rs 7.6,7);
• homem ressuscita ao tocar os ossos
de Eliseu (2 Rs 13.21);
• destruição do exército de
Senaqueribe (2 Rs 19.35);
• o Sol retrocede dez graus (2 Rs
20.11);
• holocausto de Davi é consumido por
fogo (1 Cr 21.26);
• holocausto de Salomão é consumido
(2 Cr 7.1);
• Uzias é atacado da lepra (2 Cr
26.20);
• morte da mulher de Ezequiel (Ez
24.16-18);
• três hebreus na fornalha são conservados
vivos (Dn 3.26);
• Daniel é livre das garras dos leões
(Dn 6.22);
• Jonas no ventre do peixe (Jn
2.10).
2. Novo Testamento
a.
Ressurreição de mortos
• O filho da viúva de Naim (Lc
7.11-16);
• a filha de Jairo (Mc 5.21-43);
• Lázaro de Betânia (Jo 11.32-44);
• mortos ressuscitam por ocasião da
morte de Jesus
(Mt 27.52,53);
• a ressurreição de Jesus (Jo
2.19-21);
• Tabita (At 9.36-41);
• Êutico
(At 20.9-12).
b. Expulsão de demônios
• Um homem com um espírito imundo (Mc
1.23-26);
• um endemoninhado, cego e mudo (Mt
12.22);
• dois homens possuídos de legião (Mt
8.28-34);
• um mudo endemoninhado (Mt 9.32-35);
• a filha da siro-fenícia (Mc
7.24-30);
• um jovem lunático (Mt 17.14-21);
• um jovem possesso de um espírito
mudo (Mc 9.14-26);
• os espíritos imundos de alguns
samaritanos (At 8.7);
• cura de uma jovem adivinhadora (At
16.18).
•
c.
Curas físicas
• A febre do filho de um oficial do
rei (Jo 4.46-54);
• a sogra de Pedro (Mc 1.29,30);
• um leproso (Mt 8.2-4);
• um paralítico (Mc 2.3-12);
• o paralítico do tanque de Betesda
(Jo 5.1-16);
• o homem da mão mirrada (Lc 6.6-10);
• o servo de um centurião (Mt
8.5-13);
• a mulher do fluxo de sangue (Mc
5.25-34);
• dois cegos (Mt 9.27-31);
• um surdo e gago (Mc 7.32-37);
• um homem cego (Mc 8.22-26);
• um cego de nascença (Jo 9.1-41);
• uma mulher encurvada (Lc 13.11-17);
• um hidrópico (Lc 14.1-6);
• dez homens leprosos (Lc 17.11-19);
• um mendigo cego (Lc 18.35-43);
• Bartimeu (Mc 10.46-52);
• a orelha de Malco (Jo 18.10);
• o coxo da porta formosa (At 3.1-8);
• Enéias (At 9.34);
• um coxo, em Listra (At 14.10);
• a disenteria do pai de Públio, em
Malta (At 28.8);
•
os demais enfermos da Ilha de Malta (At 28.9).
d. Sobre as forças da natureza
• Água transformada em vinho (Jo
2.1-11);
• a rede de Pedro se enche de peixes
(Lc 5.1-11);
• alimentação de cinco mil homens,
fora mulheres e crianças (Mt 14.15-21);
• alimentação de quatro mil homens,
fora mulheres e crianças (Mt 15.32-39);
• um peixe traz dinheiro na boca (Mt
17.27);
• uma grande pesca (Jo 21.6-14);
• Jesus passa invisível por entre os
inimigos (Lc 4.30);
• sinais durante a festa da Páscoa
(Jo 2.23);
• seca-se a figueira sem fruto (Mt
21.19);
• porcos afogam-se no mar (Mt 8.32);
• Jesus acalma uma tempestade (Mt
8.26);
• Jesus acalma outra tempestade (Mc
6.45-51);
• Jesus anda sobre águas (Mt 14.25);
• Pedro também anda sobre as águas
(Mt 14.28-31);
• a pedra do túmulo de Jesus é
removida (Mt 28.2);
• abrem-se as portas da prisão para
os apóstolos (At 5.19);
• Pedro é livre da prisão (At
12.7-10);
•
as portas do cárcere se abrem em Filipos (At 16.26).
e. Outras maravilhas
• Uma estrela guia os magos a Belém
(Mt 2.1-12);
• curada a esterilidade de Isabel (Lc
1.7,13);
• Zacarias fica mudo e depois é
curado (Lc 1.22,64);
• sinais no momento do batismo de
Jesus (Mt 3.16,17);
• sinais na transfiguração de Jesus
(Mt 17.1-14);
• resposta através de uma voz
sobrenatural (Jo 12.28-30);
• por ocasião da prisão de Cristo (Jo
18.4-6);
• por ocasião da morte de Cristo (Mt
27.45-53);
• por ocasião da ressurreição de
Cristo (Mt 28.2);
• por ocasião da ascensão de Cristo
(Mc 16.19; Lc 24.50,51; At 1.6-12);
• palavra confirmada por sinais (Mc
16.20);
• sinais no dia de Pentecoste (At
2.1-8);
• muitas maravilhas e sinais pelos
apóstolos (At 2.43);
• morte de Ananias e Safira (At
5.1-10);
• sinais e prodígios entre o povo (At
5.12);
• Estêvão (At 6.8);
• Filipe (At 8.6);
• Elimas é ferido de cegueira (At
13.11);
• Sinais e prodígios em Icônio (At
14.3);
• Barnabé e Paulo (At 15.12);
• maravilhas extraordinárias pelas
mãos de Paulo (At19.11);
• o Evangelho acompanhado por grandes
milagres e maravilhas operados pelo poder de Deus (Rm 15.19; 1 Co 12.10,28; 2
Co 12.12; Gl 3.5; Hb 2.4; Ap 11.3-6 etc);
• e outras maravilhas que ficaram
ocultas aos olhos humanos.([17])
O termo grego semeon
era a palavra comumente usada para descrever "sinal" ou
"maravilha". Trazia algumas vezes o sentido de "marca
distintiva" ou seu equivalente na raiz hebraica õth, ou mõpheth,
que significa "algo espantoso" ou "marca distintiva". ([18])
Nos evangelhos e em
Atos dos Apóstolos, é freqüente o uso do termo semeon para indicar um
"milagre didático em forma expressiva" ou "uma maravilha",
cuja finalidade é convencer os homens acerca de uma intervenção divina. A
expressão ocorre 77 vezes no Novo Testamento, sendo que aparece 48 vezes nos
evangelhos, 13 em Atos, oito nas epístolas de Paulo, sete no Apocalipse de João
e uma em Hebreus. No Evangelho de João, aparece com o significado de
"sinal milagroso" (Jo 2.11,18,23). ([19])
Mas o sentido geral é
de uma operação completamente divina, cujo teor compõe-se não somente de um
"sinal" ou "marca distintiva", mas de algo que causa
espanto e admiração aos circunstantes. As grandes maravilhas relacionadas neste
capítulo são apenas uma demonstração técnica do grande poder de Deus.
Em todos os
acontecimentos, e em todas as guerras de que participou o povo de Deus, tanto a
nação de Israel como a Igreja de Jesus Cristo, houve participação divina em
cada detalhe, até a vitória.
Em alguns casos, Deus
intervinha diretamente com manifestações do seu poder. Ou usava homens e mulheres
dotados de dons espirituais, especialmente o de operar maravilhas (Hb 2.4
etc).
Deus é sempre lembrado
por suas maravilhas! Jo declara que Ele faz "maravilhas tais que se não
podem contar" (Jo 9.10).
Os Salmos exortam-nos
a louvá-lo por suas maravilhas: "Para publicar com voz de louvor e contar
todas as tuas maravilhas" (26.7); "Anunciai entre as nações a sua
glória; entre os povos as suas maravilhas" (Sl 96.3); "Cantai ao
Senhor um cântico novo, porque ele fez maravilhas..." (Sl 98.1). O
profeta Joel fala do "derramamento do Espírito Santo", e a voz de
Deus conclui: "Mostrarei maravilhas no céu e na terra" (Jl 2.30).
Cremos que o dom de
operar maravilhas não cessou. Ele continua em evidência na Igreja através dos
séculos e na atualidade.
O segredo para vermos
maravilhas em nós e nos outros começa com a santificação:
"Santificai-vos, porque amanhã fará o Senhor maravilhas no meio de
vós" (Js 3.5). Foi o que fez Moisés quando "levou o povo fora do
arraial ao encontro de Deus". Ele "santificou o povo... E disse ao
povo: Estai prontos ao terceiro dia... E aconteceu ao terceiro dia, ao
amanhecer, que houve trovões e relâmpagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e
um sonido de buzina mui forte, de maneira que estremeceu todo o povo que estava
no arraial... E o sonido da buzina ia crescendo em grande maneira; Moisés
falava, e Deus respondia em voz alta" (Êx 19.14-19).
Um acontecimento de
primeira magnitude! Agora, com a presença de Deus na montanha, tudo muda de
aspecto. A montanha inteira parece pulsar de vida. Deus, então, levanta suas
mãos até a altura das estrelas. Ele responde a Moisés em voz alta, e as regiões
do firmamento ecoam com timbres poderosos assim como ressoa o rugir do leão no
deserto à meia-noite. A artilharia do céu é descarregada como sinal; um troar
de trovões seguidos de raios que partem de lugares ocultos espalham o alarme
por todo o monte, preparando o povo para receber suas ordens.
Deus, então, começa a
operar maravilhas aos olhos do povo: "E todo o povo viu os trovões, e os
relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte fumegando" (Êx 20.18).
Assim são as
maravilhas de Deus, e o Espírito Santo, hoje, deseja capacitar cada um dos
filhos de Deus que estão a servir a vontade divina e as necessidades humanas,
para honra e glória do nome do Senhor. Busquemos, pois, tão maravilhoso dom!
8. Os Dons de Expressão
I - O Dom de Profecia
"E a outro, a
profecia" (1 Co 12.10).
O substantivo grego propheteia
("profecia") aparece 19 vezes no Novo Testamento (Mt 13.14; Rm
12.6; 1 Co 12.10; 13.2,8; 14.6,22; 1 Ts 5.20; 1 Tm 1.18; 4.14; 2 Pe 1.20,21; Ap
1.3; 11.6; 19.10; 22.7,10,18,19). Deriva-se do grego pro ("antes",
"em favor de") e de phemi ("falar"). Ou seja,
"alguém que fala por outrem" e, por extensão,
"intérprete", especialmente da vontade de Deus. ([20])
Em sentido geral, a
palavra "profecia", quando derivada de pro ("aquilo que
jaz adiante"), traz a idéia de vaticínio divino de primeira grandeza.
No presente texto, a
palavra "profecia" tem um sentido especial. Trata-se de "um dos
dons do Espírito Santo", significando "uma predição momentânea e
sobrenatural". Neste terceiro grupo de dons espirituais, a profecia
assume o primeiro lugar em magnitude. São dons que operam na esfera espiritual.
Os dons de revelação
expressam os pensamentos de Deus.
Os dons de poder
manifestam sua onipotência e grandeza, preenchendo o campo inteiro de nossa
visão.
Os dons de expressão
comunicam os sentimentos do coração de Deus.
1.
A origem da profecia
Há pelo menos três
fontes, das quais podem surgir uma mensagem profética:
a. Divina.
Isto é, a
inspiração que parte diretamente do coração de Deus, fonte de todo bem (Jr
23.28,29; Tg 1.17; 1 Pe4.11).
b. Humana.
Neste caso a
mensagem parte do coração do próprio profeta, que fala sem autorização do
Senhor (2 Sm 7.2-17; Jr 23.16).
c. Demoníaca.
A falsa profecia
parte diretamente de "um espírito enganador", ou mesmo de "um
demônio" (1 Tm 4.1-3; Ap 16.13,14).
2. O valor da profecia
A palavra de Deus ou
"palavra profética", foi sempre de "muita valia" para o
povo de Deus em geral (1 Sm 3.1). Talvez por isso Moisés tenha exclamado:
"Tomara que todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o
seu espírito!" (Nm 11.29).
O profeta Joel, ao
vaticinar o grande derramamento do Espírito sobre toda a carne, fala de uma
efusão profética: "Vossos filhos e vossas filhas profetizarão" (Jl
2.28).
Finalmente, Paulo
manifesta o mesmo sentimento, aconselhando os coríntios a procurar "com
zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar" (1 Co 14.1).
Nos versículos seguintes, o apóstolo reafirma sua admoestação em outros termos,
como por exemplo:
"E eu quero que
todos vós faleis línguas estranhas; mas muito mais que profetizeis, porque o
que profetiza é maior do que o que fala línguas estranhas" (v. 5);
"Portanto, irmãos, procurai, com zelo, profetizar" (v. 39).
Segundo alguns
escritores neotestamentários, parece que na igreja de Corinto ensinadores
usavam "palavras persuasivas de sabedoria humana", tornando-se quase
impossível aos "indoutos" alcançar o pensamento desses requintados
pregadores (cf. 1 Co 2.1-13). Diante de tal circunstância o Espírito de Deus
supria esta lacuna, usando alguém com o dom de profecia. Daí o comentário do
apóstolo: "Mas se todos profetizarem, e algum indouto ou infiel entrar [no
templo], de todos é convencido, de todos é julgado. Os segredos [as dúvidas] do
seu coração ficarão manifestos [respondidos], e assim, lançando-se sobre o seu
rosto, adorará a Deus, publicando que Deus está verdadeiramente entre vós"
(1 Co 14.24,25).
3. A
finalidade da profecia
O dom de profecia
tornara-se o mais desejado da igreja em Corinto, provavelmente, como observa
Faucett, pelas seguintes razões:
• A profecia visa a edificação da
igreja, tema quase que central do capítulo 14 de 1 Coríntios, e não apenas a edificação
do crente individual, como é o caso das línguas quando não interpretadas.
• A profecia serve para exortação.
• A profecia serve também para
consolar.
• A profecia é um meio de transmitir
revelações e doutrinas, quando vazadas na revelação plenária.
• A profecia faz soar o
"toque" da mensagem cristã que leva o crente a preparar-se
para a batalha espiritual.
• A profecia é uma voz clara num
mundo de vozes confusas e desassociadas.
• A profecia é um canal de bênção,
principalmente de ação de graças, do qual a comunidade inteira pode participar.
Por conseguinte, assemelha-se às línguas e até lhes é superior, porque
beneficia a todos, e não somente ao que fala.
• A
profecia é um dom espiritual que abençoa os crentes em qualquer lugar onde Deus
assim o queira.
• A profecia é uma maneira de ensinar
os sentimentos espirituais à alma sincera e anelante pela presença de Deus.
• A profecia deve ser ministrada
segundo a medida da fé. Em outras palavras, deve ser transmitida de acordo com
as regras e padrões estabelecidos na Palavra de Deus.
• A profecia deve ser transmitida sob
os cuidados da direção ministerial (1 Cr 25.2).
• A profecia é um alerta contra o
pecado: "Não havendo profecia, o povo se corrompe" (Pv 29.18).
Note que a profecia
citada neste capítulo não é o ministério profético que o mesmo Paulo menciona
em Efésios 4.11, evidentemente também chamado "dom". Mas é um
"dom de governo", ligado diretamente à área ministerial. Enquanto que
a profecia, ainda que ligada também ao ministério profético, é um "dom do
Espírito Santo" outorgado à igreja para "edificação, exortação e
consolação". Os profetas mencionados no Antigo Testamento eram pessoas revestidas
do "ministério profético", e geralmente iniciavam a mensagem
profética, dizendo: "Assim diz o Senhor" ou: "Veio a mim a
palavra do Senhor".
No caso do dom de
profecia, a mensagem parte sempre diretamente de Deus e é transmitida como se
o próprio Deus estivesse falando. No exercício do ministério profético
propriamente dito, dificilmente profetizavam dois ou mais profetas ao mesmo
tempo e em um só lugar, como acontece com o dom de profecia. Paulo orienta:
"Falem dois ou três pessoas, e os outros julguem. Mas se a outro
[profeta], que estiver assentado, for revelado alguma coisa, cale-se o
primeiro. Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros... E os
espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas" (1 Co 14.29-32).
O ministério profético
e o dom de profecia encontram-se associados em ambos os Testamentos. Em Números
11.25,26, o Espírito de Deus repousou sobre setenta anciãos de Israel,
concedendo-lhes uma espécie de dom de profecia. Eles profetizaram ali, e
depois, nunca mais. Entretanto, "no arraial ficaram dois homens; o nome de
um era Eldade, e o nome do outro, Medade; e repousou sobre eles o Espírito
(porquanto estavam entre os inscritos, ainda que não saíram à tenda), e
profetizavam". Eldade e Medade receberam o ministério profético, enquanto
os setenta anciãos receberam apenas uma porção deste ministério, ou seja, o dom
de profecia. A palavra hebraica para "profeta" é nabil, e foi
usada pela primeira vez em Gênesis 20.7; depois, aparece mais de trezentas
vezes no Antigo Testamento. No Novo Testamento, a palavra prophetes aparece
149 vezes. Sete dessas ocorrências, nas Escrituras, são aplicadas a figuras
femininas, ou "profetisas": Miriã, Débora, Hulda, Noadias, a mulher
do profeta Isaías, Ana e Jezabel (Êx 15.20; Jz 4.4; 2 Rs 22.12; Ne 6.14; Is
8.3; Lc 2.36; Ap 2.20).
Atos 20.8,9 também
revela que Filipe, o evangelista, era pai de "quatro filhas donzelas que
profetizavam".
Toda e qualquer
profecia, seja plenária (2 Pe 1.19-21) ou uma revelação momentânea operada
através do dom, diante de qualquer necessidade da igreja deve trazer em seu
conteúdo "o testemunho de Jesus", que é o "espírito de
profecia" (Ap 19.10).
II - O Dom de Variedade de Línguas
"E a outro, a
variedade de línguas" (1 Co 12.10).
Este dom é até certo
ponto menor que o de profecia, conforme declara Paulo ao discorrer sobre os
dons espirituais na igreja em Corinto: "E eu quero que todos vós faleis
línguas estranhas; mas muito mais que profetizeis, porque o que profetiza é
maior do que o que fala línguas..." (1 Co 14.5). Entretanto, o apóstolo
ressalva: "... a não ser que também interprete".
Devemos ter em mente
que está em foco a variedade, e não meramente o dom de línguas, comumente
desfrutado pelos cristãos batizados com o Espírito Santo.
1. No
dia de Pentecoste
Alguns estudiosos
explicam as línguas faladas no dia de Pentecoste como o resultado da memória
sobrenatural vivificada, reproduzindo nos judeus e prosélitos frases e orações
ouvidas por eles e guardadas no inconsciente, as quais precisavam usar sob circunstâncias
normais. ([21])
O escritor sagrado diz
que o fenômeno sobrenatural deixou todos pasmados, a ponto de dizerem:
"Pois quê! Não são galileus todos esses homens que estão falando? Como
pois os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascido?"
(At 2.7,8).
O fenômeno contribuiu
para destacar a universalidade da mensagem cristã, em contraste com a expressão
nacional do judaísmo. Além disso, o Espírito Santo dava cumprimento a mais um
vaticínio das Escrituras, que dizia: "Pelo que por lábios estranhos e por
outra língua, falará a este povo" (Is 28.11). Qualquer pessoa ficaria
impressionada ao ouvir de um estrangeiro algo em sua língua nativa, sem erros
gramaticais e sem sotaque, e de modo eloqüente. Uma vez assim impressionada,
passaria a dar maior atenção à mensagem. Depois veio o resultado:
"Naquele dia, agregaram-se quase três mil almas".
2.
Depois do dia de Pentecoste
O dom de variedades de
línguas ocorre em pelo menos três lugares, no Novo Testamento. Apesar de não
estarem essas ocorrências vinculadas a grandes concentrações de visitantes de
outras terras, o Espírito Santo operou eficazmente, com demonstração de poder.
Estes lugares foram:
a. Cesaréia.
"E, dizendo
Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a
palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com
Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também
sobre os gentios. Porque os ouviam falar línguas e magnificar a Deus" (At
10.44-46).
b. Éfeso.
"E,
impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas
e profetizavam" (At 19.6).
c. Corinto.
"E a outro, a
variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas..." (1 Co
12.10).
É possível que Paulo,
ao falar sobre "línguas dos homens e dos anjos", em 1 Coríntios 13.1,
estivesse aludindo ao dom de variedade de línguas - exatamente como aconteceu
no dia de Pentecoste, onde "foram vistas por eles línguas repartidas, como
que de fogo".
O dom de variedade de
línguas possibilita a expressão, por meios sobrenaturais, de línguas
estrangeiras, naturais e humanas, e também de algum idioma celestial. Depende
da necessidade e vontade do Espírito Santo (At 2.4).
O dom de variedade de
línguas tem sido comumente chamado pelos teólogos de "glossolalia", e
particularmente de "línguas estranhas" pelos cristãos em geral. Inúmeras
vezes Deus, através deste dom e de sua interpretação, tem edificado, exortado
e consolado milhares de pessoas na igreja e até fora dela.
A igreja em Corinto
foi agraciada por Deus com todos os dons já manifestos pelo Espírito Santo, a
ponto de o apóstolo Paulo comentar: "Porque em tudo fostes enriquecidos
nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento (como foi mesmo o testemunho
de Cristo confirmado entre vós). De maneira que nenhum dom vos falta..."
(1 Co 1.5-7).
Deus se manifestava e
falava de diversas maneiras. Falava por "meio da revelação, ou da ciência,
ou da profecia, ou da doutrina". Em outras ocasiões, Deus também falava
por meio de "salmos... de línguas e sua interpretação". Outros dons
do Espírito Santo eram também manifestos para exaltar o nome de Jesus como
Senhor.
O apóstolo mostra a
harmoniosa sintonia entre os dons, cooperando cada um em determinada área da
igreja, de acordo com a distribuição feita pelo Espírito Santo: como o corpo,
sendo um mas composto de muitos membros com funções diferentes (1 Co
12.12-27). Nenhum membro deve ser desprezado ou considerado "mais fraco"
ou "menos honroso" - todos são necessários.
3.
Diferença entre variedade de línguas e línguas estranhas
Lendo 1 Coríntios
14.27,28, à primeira vista achamos que o apóstolo Paulo está proibindo os
crentes de falar em línguas estranhas durante o culto. Mas não é este, com
certeza, o pensamento do grande mestre da Palavra de Deus. No mesmo capítulo,
ele afirma:
• "O que fala língua estranha
edifica-se a si mesmo" (v. 4);
• "E eu quero que todos vós
faleis línguas estranhas..." (v. 5);
•
"Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do
que vós todos" (v. 18);
•
"Não proibais falar línguas" (v. 39).
Entendo
que Paulo esteja aqui instruindo sobre o uso correto do dom de variedade de
línguas, pois explica que precisa de interpretação: "E, se alguém falar
línguas estranhas [variedade de línguas], faça-se isso por dois ou, quando muito,
três, 6 por sua vez, e haja intérprete. Mas, se não houver intérprete, esteja
calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus" (1 Co 14.27,28).
Procurava
o apóstolo pôr termo a uma dificuldade: se todos os crentes batizados com o
Espírito Santo presentes numa reunião falassem várias línguas aos mesmo tempo,
seria humanamente impossível o trabalho dos intérpretes. Mesmo usados por
Deus, precisavam interpretar cada língua por sua vez.
Talvez
por isso Paulo tenha prescrito: "E, se alguém falar língua estranha,
faça-se isso por dois ou, quando muito, três..." "Por sua vez"
significa um após outro - pois somente assim o intérprete poderia transmitir a
mensagem divina à igreja. E assim, tudo seria feito "decentemente e com
ordem" (1 Co 14.40).
Entendemos
que se alguém falar em línguas, mesmo as entendidas pelos homens, como
aconteceu no dia de Pentecoste, esta pessoa está sendo usada pelo Espírito
Santo em variedade de línguas. E se de alguma maneira não as entendermos,
neste caso o que fala "não fala aos homens, senão a Deus" (1 Co
14.2).
Podemos,
portanto, chamar as línguas estranhas não interpretadas de "mistério"
ou "sinal"; enquanto que as que as interpretadas compreendem a
"variedade de línguas" (1 Co 12.10; 13.1; 14.2,26,27,28).
III - O Dom de Interpretação das Línguas
"E a outro, a
interpretação das línguas" (1 Co 12.10).
A palavra
"interpretação" nada tem a ver com a "tradução", no
sentido em que a conhecemos. Não se refere ao processo intelectual pelo qual se
dá o sentido prosaico e literal de palavras faladas ou escritas. A
"interpretação" em foco é totalmente milagrosa. Trata-se de um dom
do Espírito Santo que capacita a pessoa a traduzir simultaneamente o que está
sendo falado através do dom de variedade de línguas.
Assim, o que fala em
línguas não deve procurar decifrá-las, mas pode receber a interpretação da
mesma fonte divina de onde surgiram. A não ser que Deus queira fazer como no
dia de Pentecoste, quando o Espírito Santo desceu repentinamente, conforme
descrito em Atos 2.2-4: "E, de repente, veio do céu um som, como de um
vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E
foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram
sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar
noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem".
Nessa operação
miraculosa do Espírito de Deus, as "línguas" foram repartidas
conforme em cerca de 15 regiões diferentes, a saber: "Partos e medas,
elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, e Ponto, e
Ásia, e Frígia, e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e
forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitos), e cretenses, e
árabes..." (At 2.9-11). A lista do escritor sagrado não é propriamente
lingüística, e sim geográfica, cujo propósito é ilustrar a grande variedade de
povos, isto é, pessoas de "todas as nações que estão debaixo dos
céus".
Besser salienta que a
"linguagem dos judeus era por demais débil para descrever ao mesmo tempo e
para o mundo inteiro essas maravilhosas 'grandezas de Deus'; seriam necessários
todos os idiomas do mundo para publicar e glorificar as obras do Senhor do
Universo". Entretanto, com um único toque do Espírito Santo tudo ficou
resolvido.
O mesmo acontecerá na
continuidade da pregação do Evangelho do Reino, principiada por João Batista e
Cristo mas interrompido pela rejeição do Rei. Porém este voltará em glória, no
final da Grande Tribulação, preparando assim as nações para o reino milenial
do Filho de Deus. O que não pode ser visto com nitidez, por causa da sombra
humana, será revelado por um anjo em apenas um instante: "E vi outro anjo
voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que
habitam sobre a terra, e a toda nação, e tribo, e língua, e povo" (Ap
14.6). ([22])
Esta mensagem é
universal, como o foi, sem dúvida, a mensagem dada pelo Espírito Santo através
do dom de variedade de línguas, no dia de Pentecoste! O resultado certamente
foi o descrito por Paulo em 1 Coríntios 14.22: "De sorte que as línguas
são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis".
No dia de Pentecoste,
duas coisas importantes com relação a interpretação da variedade de línguas
podem ter acontecido:
• as línguas faladas eram o idioma
materno de cada pessoa ali presente (At 2.8);
• a linguagem era espiritual, e Deus
capacitou cada um dos presentes a compreender o significado das palavras (1 Co
14.21).
Seja como for, o
resultado foi glorioso: Deus falou através do seu Espírito, e falou muito bem!
(Hb 1.1; 2.4).
9. A Blasfêmia contra o Espírito Santo
I - O que é Blasfêmia contra o Espírito
Santo
No conceito de Platão,
blasfêmia, do grego blasphemo, quer dizer "falar para
danificar".
Nas Escrituras, porém,
o conceito de blasfêmia tem um alcance mais vasto e tenebroso. No Antigo Testamento,
especialmente no grego da Septuaginta, palavras como blasphemia e blasfemeos
trazem, com poucas exceções, o sentido de atos contrários à majestade de
Deus. Quando ligadas ao mundo religioso, considera-se "blasfêmia"
várias atitudes contra Deus e o que é santo.
• Fazer uso do nome santo de Deus em
vão em algo contrário a sua vontade. Por exemplo, o terceiro mandamento traz em
si este princípio, embora não seja estabelecida a pena, como em outros casos
registrados na Bíblia. Entretanto, existe a proibição: "Não tomaras o nome
do Senhor, teu Deus, em vão: porque o Senhor não
terá por inocente o que tomar o seu nome em vão" (Êx20.7).
terá por inocente o que tomar o seu nome em vão" (Êx20.7).
• Falar contra o nome santo de Deus,
amaldiçoando-o (Lv 24.10-11).
• Julgar-se igual a Deus. Por causa
desta concepção os judeus acusaram Jesus: "Não te apedrejamos por alguma obra
boa, mas pela blasfêmia, porque sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo"
(Jo 10.33).
• Falar contra o Templo e contra a
Lei também era considerado blasfêmia pelos judeus (At 8.13).
• Falar contra o Céu e contra aqueles
que nele habitam (Ap 13.6).
Outros atos abusivos
eram considerados blasfemos, tais como:
• falar contra Moisés (At 8.11);
• contradizer a verdade de Deus (At
13.45);
• falar contra a palavra de Deus (Tt
2.5);
• proferir mentiras blasfemas (Ap
2.9).
Jesus mostrou que a
blasfêmia contra o Espírito Santo ultrapassa os limites da redenção:
"Portanto, eu vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens,
mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada aos homens. E, se
qualquer disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado,
mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste
século nem no futuro" (Mt 12.31,32).
O texto não alude a um
pecado em particular, mas a um ato ou atos definidos que determinam um estado
pecaminoso, uma oposição determinada e voluntária contra a força e obra do
Espírito Santo. Neste caso, o pecado consiste de duas maneiras:
• resistir deliberadamente toda e
qualquer operação do Espírito Santo;
• atribuir às forças do mal aquilo
que está sendo realizado pelo Espírito de Deus.
II - Duas Maneiras de Cometer este Pecado
De acordo com os
ensinamentos de Jesus e de seus discípulos, há duas maneiras de os homens
resistirem ao Espírito Santo. O perigo de se chegar a tal atitude reside,
segundo J. Cranne, no exercício do livre-arbítrio. Muitos se aproveitam desse
direito e optam por um caminho completamente errado e irreversível, como
fizeram - ou estavam a ponto de fazer - as autoridades religiosas nos dias de
Jesus.
1.
Resistir ao Espírito Santo
Estevão, cheio do
Espírito Santo, acusa os que se lhe opunham: "Homens de dura cerviz, e
incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo;
assim, vós sois como vossos pais" (At 7.51).
O pecado mais comum
que uma pessoa sem Deus pode cometer contra o Espírito Santo é resisti-lo.
Trata-se, portanto, de um pecado praticado apenas pelo não-convertido. Pode
assumir a forma de desdém (At 26.28); de adiamento (At 17.32; 24.25); de
ridicularização (At 17.32); ou de oposição agressiva (At 5.33-40).
Essa conduta
pecaminosa não reconhece a atuação do Espírito Santo. Jesus havia demonstrado a
seus opositores que tanto a razão quanto a instrução religiosa que haviam
recebido não deixavam dúvidas de que o Espírito Santo operava através dEle.
Mas, em seu ódio contra Jesus, os fariseus optaram por não aceitar a evidência
dada por Deus. Abriram a boca contra o Senhor e contra seu Ungido, dizendo:
"Este não expulsa demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios"
(Mt 12.24).
Claro está que a
aceitação ou rejeição da pessoa de Jesus Cristo contribuiu para determinar a
atitude dos fariseus. Mas é a rejeição a base para o pecado imperdoável, que
consiste em atribuir a Satanás a obra do Espírito Santo. ([23])
2. A
blasfêmia
No grego,
"blasfêmia" significa "dizer coisas abusivas", e indica
algo declarado contra o que pertence a Deus. Às vezes significa
"difamação" e "calúnia".
No presente texto,
"blasfêmia" reveste-se de um sentido sombrio, tenebroso. Isto é, atribuir
ao príncipe dos demônios as operações miraculosas que Jesus realizava pelo
poder do Espírito Santo.
III - Um Pecado que Ultrapassa os Limites da Redenção
Quem disser coisas
abusivas contra o Supremo Ser "nunca obterá perdão, mas será réu do eterno
juízo" (Mc 3.29).
Em Hebreus 10.29,
encontramos um exemplo deste pecado imperdoável. O escritor sagrado adverte
sobre os que vivem pecando "voluntariamente": "De quanto maior
castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de
Deus, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi santificado, e
fizer agravo ao Espírito da graça?"
A passagem subentende
que a impossibilidade do perdão pela blasfêmia contra o Espírito Santo pode
estender-se à vida além-túmulo. O Dr. F. W. Grant observa que esta blasfêmia
representa mais que um fruto da ignorância, sendo uma aberta oposição a Deus e
a tudo que é divino. Uma palavra falada contra o Filho do Homem podia ser
perdoada: a condição humilde que Ele assumira ocultava a sua glória aos olhos carnais.
Mas havia o que precisava ser reconhecido e não era possível ocultar.
O ódio manifesto por
pessoas esclarecidas não podia ser perdoado. O pecado eterno é a atitude de
quem, propositadamente e em desafio à luz e ao conhecimento, rejeita e
persevera em rejeitar os esforços do Espírito Santo e a graça oferecida pelo
Evangelho. Tal estado, para quem nele persevera sem arrependimento, exclui o
perdão, porque é o pecado para a morte referido em 1 João 5.16: "Há pecado
para morte, e por esse não digo que ore". Persistir nesse erro é
perecer sem misericórdia, ainda que o Deus de toda a graça faça tudo para
evitar tal desenlace. ([24])
IV - Pecado contra o Espírito Santo: a
Criatura sem Intercessor
Vários aspectos, e
todos eles com justificativas convincentes, demonstram ser a blasfêmia contra
o Espírito Santo um pecado imperdoável:
• Pecando o homem contra Deus, Jesus
intercederá por ele junto ao Pai: "Ele é a propiciação pelos nossos pecados,
e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo" (1 Jo 2.2).
Na posição de Sumo Sacerdote, Jesus intercede perante Deus pelos
"transgressores" e pelos "santos" (Is 53.12; Hb 7.25).
• Pecando o homem contra Jesus, o
Espírito Santo intercederá por ele junto ao Filho de Deus (cf. Jo 16.8; Rm
8.26).
• Pecando o homem contra o Espírito
Santo, quem intercederá por ele? Ninguém! Eis aí a razão por que tal criatura
se torna ré de juízo eterno .
Era esta, sem dúvida,
a advertência de Jesus a seus inimigos. Entretanto, aquelas autoridades
religiosas não entenderam. O "deus deste século" cegara os entendimentos
daquela gente, e eles não puderam ver "a luz do evangelho da glória de
Cristo, que é a imagem de Deus" (2 Cr 4.4).
Parece que tal conduta
resulta de um processo de rebeldia contra Deus. Não se pode imaginar alguém agir
assim sem conhecer os princípios que mostram se algo procede de Deus ou do
príncipe das trevas: "Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se
manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde
a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se
entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles
fiquem inescusáveis" (Rm 1.19,20).
V - Pode um Cristão Blasfemar contra o Espírito Santo?
De acordo com o
ensinamento geral da Bíblia, entendemos que jamais uma pessoa cristã cometeu
tal pecado, especialmente aqueles que pensam que o fizeram. Quem blasfema
contra o Espírito Santo jamais terá consciência de que o fez.
O Dr. Geo Goodman
oferece uma explicação animadora para aqueles cristãos que imaginam ter
cometido tal pecado. Como muitos cristãos têm sido perturbados e mesmo
alarmados com esta possibilidade, pensemos a respeito:
• Não é ela para perturbar a
consciência impressionável, pois ter uma consciência sensível é estar na
condição espiritual diametralmente oposta. O blasfemo aqui referido é uma
pessoa cuja consciência está cauterizada como que por um ferro em brasa.
• Não se refere a alguém cair em
tentação, a um pecado ou pecados; é mais uma atitude de espírito do que mesmo
um ato.
• Não significa uma simples palavra
irrefletida ou descuidada, embora blasfema, porque blasfêmias e pecados
semelhantes podem ser perdoados.
• Não significa
meramente atribuir a obra de Cristo ao poder das trevas, como no caso citado -
embora isso já seja um sintoma muito perigoso. Contudo, ainda não é o próprio
crime. Foi por terem os fariseus e escribas feito isso que Cristo apontou o
perigo em que estavam caindo.
O Senhor Jesus
advertiu os escribas e fariseus sobre o tenebroso perigo da rejeição de suas almas
com vistas ao mundo vindouro. Eles, em suas interpretações, atribuíram ao
reino das trevas a redenção que Jesus trouxe.
A expulsão dos
demônios pelo poder divino era sinal de que o Reino de Deus havia chegado no
mundo com todo o seu peso de poder e glória.
Do outro lado, as
acusações que os mestres judaicos dirigiram contra Jesus importam em negação do
poder e da grandeza do Espírito Santo de Deus como Ser Supremo.
E, ao atribuírem
origem demoníaca à atuação do Senhor, revelaram perversidade de espírito que,
desafiando a verdade, prefere chamar de trevas a própria Luz. Nesse contexto, a
blasfêmia contra o Espírito Santo denota rejeição consciente e deliberada do
poder e da graça salvadora de Deus, demonstrados e concretizados mediante as
palavras e atos de Jesus. No pensamento de W. L. Lanne, a blasfêmia é,
portanto, algo muito mais sério do que tomar em vão o nome divino.
VI - A Blasfêmia Perdoada
Jesus afirma, em
Mateus 12.31, que "todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens";
e, em Marcos 3.28, acrescenta: "... toda sorte de blasfêmias, com que
blasfemarem" - inclusive a blasfêmia contra o Filho do homem!
Imperdoável, aqui e na
eternidade, somente a blasfêmia contra o Espírito Santo. Quanto a blasfêmia
contra Deus, o Pai, não se diz explicitamente que pode ser perdoada. Alguns
acreditam que sim. Outros opinam que não.
No Antigo Testamento,
era punido com a morte quem blasfemasse contra o nome santo de Deus. Antes
mesmo de Israel ter entrado na Terra Prometida, o filho de uma mulher israelita
com um egípcio foi preso e depois apedrejado por ter praticado tal ato:
"E disse Moisés aos filhos de Israel que levassem o que tinha blasfemado
para fora do arraial e o apedrejassem com pedras; e fizeram os filhos de Israel
como o Senhor ordenara a Moisés" (Lv 24.23).
A blasfêmia dirigida
contra Jesus podia ser perdoada, em razão de sua encarnação, pois Ele
"aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante
aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente
até à morte e morte de cruz" (Fp 2.7,8). Não é o caso de Deus Pai. Assim,
cabe bendizer o seu nome santo, e glorificá-lo!
Não sabemos, porque
isto ultrapassa a compreensão humana, se alguém que tenha blasfemado contra o
Espírito Santo pode ser perdoado por Deus, mediante um pedido de clemência do
próprio Espírito Santo em favor de tal criatura. "Para Deus nada é
impossível" (Lc 1.37).
Com efeito, este é um
campo que pertence somente a Deus! Não nos cabe especular.
Apocalipse 13.6 diz
que a Besta que "subiu do mar... abriu a boca em blasfêmias contra Deus,
para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no
céu". Esta figura sombria blasfemará dos "poderes do mundo
superior", ridicularizando sua própria existência. Quando Antíoco Epifânio
IV conquistou o poder, seu alvo principal foi blasfemar o tabernáculo de
Jerusalém.
Durante sua vida
terrena, o Senhor Jesus foi alvo constante das grandes blasfêmias dos
obstinados fariseus.
O Espírito Santo
também será objeto das blasfêmias do Anticristo. Seu objetivo será vilipendiar
o nome santo de Deus e de seu Filho, Jesus Cristo - o que atinge,
conseqüentemente, a dignidade do Espírito Santo, conforme implícito na frase
"... e dos que habitam no céu".
A palavra
"igreja" - ou "igrejas" - aparece 19 vezes nos três
primeiros capítulos de Apocalipse, mas depois só reaparece em Apocalipse 22.16.
As duas últimas citações, em 3.22 e 22.16 (cf. v. 17), estão associadas ao
Espírito Santo.
Este vínculo indica que
o Espírito Santo subirá com a Igreja, por ocasião do arrebatamento. Diz
Apocalipse 14.13 que uma "voz" partiu "do céu", anunciando
a segunda bem-aventurança das sete que o livro contém, identificada como a do
Espírito Santo. Isto prova que, no período da "angústia de Jacó", o
Espírito Santo fará parte daqueles "que habitam no céu". O dragão,
que ora incita os homens a dirigir palavras blasfemas contra o Espírito de
Deus, o fará novamente naquele tempo, por meio da "besta que subiu do
mar".
O destino final da
Besta e de seu consorte, o falso profeta, será o "lago de fogo" (Ap
19.20; 20.10).
Assim Deus punirá
"todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra ele"
(Jd 15), "principalmente aqueles que segundo a carne andam em
concupiscências de imundícia, e desprezam as dominações... não receiam
blasfemar das autoridades" (2 Pe 2.10).
Apesar de tudo, Deus
ama essas pessoas. Porque Deus ama a todos! E, "não querendo que alguns se
percam, senão que todos venham a arrepender-se" (2 Pe 3.9), conclama "a
todos os homens, em todo o lugar, que se arrependam" (At 17.30).
I - O Fruto do Espírito Santo
"Mas o fruto do
Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé,
mansidão, temperança" (Gl 5.22).
O "fruto" e
os "frutos" mencionados nas Escrituras, especialmente no Novo
Testamento, são qualidades morais e espirituais cultivadas pelo Espírito de
Deus na personalidade cristã.
O primeiro vem citado
no singular, embora composto de "nove qualidades" diferentes,
formando uma diversidade de operações. Contudo, é o "mesmo Espírito"
que "opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como
quer" (cf. 1 Co 12.11). Significa que o fruto, mesmo sendo composto de
nove qualidades, contém um só sabor que abre caminho para a perfeição até
transformar o cristão "de glória em glória, na mesma imagem, como pelo
Espírito do Senhor" (2 Co 3.18).
O fruto do Espírito é
o resultado na vida dos que participam da natureza divina, ou seja, dos
que estão ligados a Cristo, a "videira verdadeira" (Jo 15.1-5).
Assim, passamos a obter uma nova natureza, porque fomos "gerados, não de
semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que
permanece para sempre" (1 Pe 1.23).
Os frutos do Espírito
Santo mencionados em outras passagens das Escrituras referem-se a outras
operações do Espírito de Deus na vida do cristão, produzindo outras virtudes na
alma, que depois examinaremos à luz do contexto.
1.
Amor (caridade)
Este atributo do
Espírito de Deus é evidentemente o mais sublime de todos. Ele é o fundamento
sobre o qual os demais dons e virtudes do Espírito Santo estão edificados.
O amor é o solo onde
são cultivadas as demais virtudes da existência, seja terrena ou celestial.
O amor é a base onde
todos os dons espirituais são implantados.
O amor é a fonte de
onde fluirão as demais fontes de tudo que é divino: "A caridade [amor]
nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas,
cessarão; havendo ciência, desaparecerá. Agora, pois, permanecem a fé, a
esperança e a caridade, estas três, mas a maior destas é a caridade" (1 Co
13.8,13).
O Filho de Deus nos
ensinou a caminhar as "duas milhas" (Mt 5.41): a primeira é a
"milha do dever", a segunda, a "milha do amor".
Quem trabalha para
Deus apenas para cumprir seu dever cristão, reconhece-o apenas como Senhor. Mas
quem trabalha por amor e gratidão pelo que Ele fez e continua fazendo em sua
vida reconhece-o como Pai.
A observância dos
mandamentos de Deus e dos ensinamentos de Cristo requer amor no coração. Jesus
disse: "Se me amardes, guardareis os meus mandamentos" (Jo 14.15); "de
sorte que o cumprimento da lei é o amor" (Rm 13.10), "porque toda a
lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo" (Gl 5.14).
Há alguns anos,
circulou nos Estados Unidos um informe mostrando "três maneiras de
amar": por causa de, por causa de si mesmo e apesar de.
a. Amor
por causa de. O
amor desenvolvido nesta esfera aponta para um tipo interesseiro, que visa
recompensa imediata para si e para aquele que é amado. Em outras palavras,
ama-se porque existe um motivo que leva a amar.
b. Amor
por causa de si mesmo. Esta maneira de amar indica alguém que estabelece determinadas normas para
ser amado. É um amor subjetivo, que ama mas ameaça. É como ouvimos dizer:
"Eu te amo! Mas se fizeres isto ou aquilo, não te amo mais!" Esse
gênero de amor é condicional, e não voluntário.
c. Amor
apesar de. Este
amor é descrito como sendo o amor de Deus. Sua dimensão é infinita, e seu
alcance, muito vasto!
O termo agapao aparece
142 vezes no Novo Testamento; e agape, 116 vezes. Ambos vêm da raiz
hebraica aheb, que passou para o grego da Septuaginta com o sentido de
"supremo sacrifício".
João 3.16, o
"texto áureo" da Bíblia, mostra-nos a natureza deste amor, que
induziu Deus a entregar o seu próprio Filho unigênito a morrer pelo mundo. Tal
amor não pode jamais ser descrito. Isto só foi possível porque "Deus é
amor" (1 Jo 4.8).
Em Romanos 5.8, lemos:
"Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós,
sendo nós ainda pecadores". Não nos foi revelado, por certo em razão de
nossa mente limitada, o que motivou Deus a nos amar assim. Mas esse é o amor
que ama sem ser amado e não visa nada em troca. Neste sentido, o amor pode ser
traduzido por "caridade" e até por "ardente caridade", que
é o amor aplicado (2 Pe 1.7).
2. Gozo
(alegria)
Algumas versões da
Bíblia traduzem "gozo" por "alegria", sendo esta a
felicidade que o crente desfruta no Espírito Santo.
O termo grego aqui é chara.
O termo charis, traduzido em português por "graça", vem
da mesma raiz. Charis, a partir de Homero, passou a significar
"aquilo que promove bem-estar entre os homens".
a. Definição. O
substantivo charma traz a idéia de "encanto", de onde provém
"charme" - aquilo que é formoso ou atraente. Como atributo do
Espírito Santo, a alegria é uma qualidade implantada na alma que teve um encontro
com o "Deus de toda graça", e visa uma vida de rogozijo e de
agradecimento no Senhor. Paulo recomenda aos cristãos filipenses que sejam
agradecidos e cheios de regozijo: "Regozijai-vos sempre no Senhor; outra
vez digo: regozijai-vos" (Fp 4.4).
b. Alegria, fruto do louvor. "Está alguém contente? Cante louvores" (Tg 5.13). "A
alegria envolve pensa mentos suaves sobre Cristo, hinos e salmos melodiosos, louvores
e ação de graças, com que os cristãos se instruem, inspiram e refrigeram a si
mesmos. Deus não aprecia a dúvida e o desânimo. Também abomina as palavras que ferem,
ou pensamentos melancólicos e tristonhos".([25])
O desejo de
Deus é ver seus filhos cantando "com graça no coração" (cf. Cl 3.16).
Nas Escrituras, a alegria trazia força e até saúde ao povo de Deus: "Ide,
e comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada
preparado para si; porque esse dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não
vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força" (Ne 8.10);
"O coração alegre serve de bom remédio, mas o espírito abatido virá a
secar os ossos" (Pv 17.22).
O anjo do Senhor
bradou dos céus: "Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande
alegria, que será para todo o povo" (Lc 2.10). A alegria cristã, portanto,
não é uma emoção artificial. Antes, é uma ação do Espírito Santo no coração
humano, para que este venha a conhecer que o Senhor Deus está no seu trono, e
que tudo neste mundo submete-se ao seu controle, até mesmo onde a experiência
pessoal está envolvida.
Esta ação poderosa do
Espírito Santo em nossas vidas é inspiradora, dando-nos esperança e confiança e
enchendo-nos de coragem para avançar na direção em que formos enviados. Este
foi, sem dúvida, o grande sucesso da Igreja Primitiva. Os cristãos estavam
cheios de alegria, e por este motivo "em todos eles havia abundante
graça" (At 2.46; 4.33).
c.
Alegria, fruto da glorificação. A alegria faz parte da esfera central do Reino de Deus que "não é
comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Porque quem
nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens" (Rm
14.17,18). A tristeza somente é benéfica quando vem de Deus para produzir
arrependimento e, depois, edificação: "Porque a tristeza segundo Deus
opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende..." (2
Co 7.10).
Portanto o gozo, como
fruto do Espírito, é a alegria implantada pelo Senhor Jesus no coração e na
expressão de nossa vida para com nós mesmos e nossos semelhantes. Ele disse:
"A vossa alegria, ninguém vo-la tirará" (Jo 16.22).
3. Paz
Várias passagens das
Escrituras apresentam o Senhor como "varão de guerra" (cf. Êx 15.3; Sl
24.8), mas Ele é também chamado "o Deus de paz" (Rm 15.33; 2 Co
13.11).
A guerra tira a paz.
No campo espiritual, entretanto, esta é função do pecado. Ele tira a paz do
coração - para com Deus, os outros homens, o próprio ser e a própria
consciência. Porém, com o perdão dos pecados, esta virtude é implantada no
coração.
O fruto
"paz" foi criado por Cristo, e é implantado no salvo pelo Espírito
Santo.
• Cristo é a nossa paz (Ef 2.14).
• Cristo evangelizou a paz (Ef 2.17).
• Em Cristo, Deus e o homem se
encontram em paz (Ef 2.15).
• Em Cristo, o crente desfruta a paz
(Jo 14.17; 16.33).
A paz envolve muito
mais do que a tranqüilidade íntima que prevalece a despeito das tempestades
externas. Trata-se de uma qualidade produzida em nosso espírito. A verdadeira
paz tende à tranqüilidade de consciência. A paz opõe-se ao ódio, à desavença,
à contenda, à inveja, à chantagem psicológica, aos excessos e coisas
semelhantes.
Este fruto do Espírito
guarda a alma do desespero, a aflição e da desconfiança, conforme escreve
Paulo: "E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os
vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus" (Fp 4.7). Cristo,
é, portanto, o Rei de Salém - que é rei de paz, à semelhança de Melquisedeque,
que "primeiramente é, por interpretação, rei de justiça e depois também
rei de Salém, que é rei de paz" (Hb 7.2).
4.
Longanimidade
O termo grego para
"longanimidade" é makrothumia, que traz a idéia de
"paciência" em sua forma adjetiva, o que indica a qualidade de alguém
que é tolerante por natureza.
No conceito rabínico,
muitas vezes a palavra "longanimidade" era tomada para indicar
"extensão" - especialmente quando se referia à misericórdia de Deus
para com o seu povo: "Jeová, o Senhor, Deus misericordioso e piedoso,
tardio em iras e grande em beneficência e verdade" (Êx 34.6).
Para Adam Clarke, a
longanimidade consiste em "suportar as fragilidades e provocações
alheias, com base na consideração de que Deus se tem mostrado extremamente
paciente conosco; pois, se Deus não tivesse agido assim, teríamos sido
imediatamente consumidos: suportando igualmente todas as tribulações e
rebeldias; submetendo-nos alegremente a cada dispensão da providência de Deus,
e assim derivando benefícios de cada ocorrência". ([26])
Deus é o exemplo
supremo que devemos seguir. Sua misericórdia abarca a todos os seres humanos, e
ninguém é tido por merecedor dela. Assim "as misericórdias do Senhor são a
causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim"
(Lm 3.22).
A misericórdia sempre
mitiga e condiciona a justiça, assim como a caridade abranda o furor do direito
legal. Não existe tal coisa como a justiça crua, despida de misericórdia. Esta
a razão de Cristo ter declarado: "Bem-aventurados os misericordiosos,
porque eles alcançarão misericórdia" (Mt 5.7).
5.
Benignidade
O termo
"benignidade" (no grego, chrestotes) traz a idéia de
"gentileza", "bondade" etc.
Sobre este fruto do
Espírito escreve Martinho Lutero: "Os seguidores do Evangelho não devem
ser inflexíveis e amargos, mas antes, gentis, suaves, corteses e de fala mansa,
ainda que com poder e autoridade, o que deveria encorajar outros a buscarem
sua. companhia... A gentileza pode dar-se bem até mesmo com pessoas ousadas e
difíceis... Nosso Salvador Jesus Cristo, era uma pessoa imensamente gentil...
Acerca de Pedro, ficou registrado que ele chorava sempre que se lembrava da
suave gentileza de Cristo em seus contatos diários com as pessoas... e depois,
quando apenas "olhou para ele"... concedendo-lhe o perdão por ter
negado seu Mestre três vezes".
Deus é o exemplo
originário da benignidade, e Cristo, o exemplo iéesl, passando a ser o nosso
modelo (2 Co 10.1).
Salmos 119.64 exalta a
benignidade de Deus: "A terra, ó Senhor, está cheia da tua
benignidade..." Esta qualidade faz do crente uma pessoa compassiva, cheia
de ternura e, sobretudo, contemplativa para com os menos privilegiados.
6.
Bondade
Quando Jesus falou
para o jovem rico: "Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é
Deus" (Lc 18.19), Ele queria dizer, ern outras palavras:
"Ninguém é infalivelmente bom, a não ser Deus". Os homens podem ser
bons; entretanto, isto não significa bondade, pois são limitados para exercer
tal atributo.
Nas Escrituras, o
homem bom é retratado como sendo acompanhado por Deus: "Os passos de um
homem bom são confirmados pelo Senhor, e ele deleita-se no seu caminho" (Sl
37.23).
Lutero assim defendia
esta qualidade: "Uma pessoa é bondosa quando se dispõe a ajudar aqueles
que estão em necessidade".
Somente pela bondade
teremos graça no coração para cumprir certos mandamentos de Cristo. Por
exemplo, nosso Senhor nos ensinou a amar nossos inimigos e até bendizê-los:
"Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo.
Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem,
fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos
perseguem" (Mt 5.43,44).
Paulo relembra as
palavras do Senhor, em Romanos 12.14,17-21: "Abençoai aos que vos
perseguem; abençoai e não amaldiçoeis. A ninguém torneis mal por mal; procurai as
coisas honestas perante todos os homens. Se for possível, quanto estiver em
vós, tende paz com todos os homens. Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas
dai lugar à ira [de Deus], porque está escrito: Minha é a vingança; eu
recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de
comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas
de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o
bem".
Com efeito, vivemos
dias difíceis em que existe desamor até para com os bons (2 Tm 3.3), e somente
através do fruto da bondade os homens poderão voltar à base de todas as
qualidades espirituais: "a primeira caridade" (Ap 2.4).
7. Fé
Em 1 Coríntios 12.9, a
palavra "fé" aparece como um dos dons de poder. No texto de Gaiatas,
descreve uma qualidade do fruto do Espírito.
Em algumas traduções,
o grego pistis ("fé") é traduzido por "fidelidade",
a despeito do fato de que nenhuma fidelidade é possível sem o concurso da fé.
Como dom de poder, significa aquela capacidade especial que vem sobre o
cristão diante de uma necessidade.
A fé, permanente em si
mesma, opera no ser humano ocasional e momentaneamente. Porém, como fruto do
Espírito, opera permanentemente na vida do salvo. Em outras palavras, a fé produz
no crente o fruto da fidelidade. A fidelidade é caracterizada pela firmeza de
propósito, por uma atitude e uma conduta justa, pela devoção de alguém ser
"fiel até a morte" (Ap 2.10).
A fidelidade assim
demonstrada denota a certeza de que tudo quanto Deus declarou ser sua intenção
fazer terá pleno cumprimento.
Todas as promessas de
Deus ao homem são confirmadas com o selo da sua fidelidade. Isso dá ao cristão
a ousadia e a confiança "para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus,
pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua
carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com
verdadeiro coração, em inteira certeza de fé... retenhamos firmes a confissão
da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu" (Hb 10.19-23).
Deus é imutável! Por
conseguinte, entende-se que Ele nunca muda em seus propósitos, atributos,
conselhos e natureza. Deus é sempre o mesmo, em qualquer dimensão.
A fidelidade visa
também produzir esta mesma natureza, pois somente assim o crente irá
"proceder fielmente em tudo que faz" (3 Jo 5).
8.
Mansidão
Jesus Cristo foi o
exemplo da mansidão: "Aprendei de mim, que sou manso e humilde de
coração" (Mt 11.29). Outras passagens das Escrituras falam da
"mansidão" de nosso Senhor, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento
(Sl 23.2; Is 40.11; Zc 9.9; Mt 11.29; 21.5; 2 Co 10.1 etc).
Três palavras
hebraicas são usadas nas Escrituras para descrever o sentido de
"manso", "mansidão": anaw -"estar
inclinado" (Sl 22.26; 25.9; 37.11; 76.9; 147.6; Is 11.4; 29.19; Am 2.7; Sf
2.3); anavah - "gentileza", "humildade",
"mansidão" (Pv 15.33; 18.12; 22.4; Sf 2.3); anvah - "mansidão",
"suavidade", "brandura" (Sl 18.35; 45.4).
A mansidão deve estar
presente em cada detalhe da vida espiritual, nas obras e no viver. É preciso
cultivar:
• um espírito manso (1 Co 4.21; 1 Pe
3.4);
• as obras de mansidão (Tg 3.13);
• "a mansidão para com todos os
homens" (Tt 3.2).
Muitas pessoas
confundem este atributo com lentidão, timidez e até mesmo com covardia. Jesus
era "manso e humilde de coração", mas é também descrito em outras
passagens das Escrituras como "um guerreiro vingador" (Sl 45.3,4; Is
63.1-6; Ap 19.11-21).
No Novo Testamento,
encontramos em diversas passagens a palavra grega praus ("manso")
e seu substantivo, prautes (Mt 5.5; 11.29; 21.5; 1 Co 4.21; 2 Co 10.1;
Gl 5.22; 6.1; Ef 4.2; Cl 3.12; 2 Tm 2.25; Tt 3.2; Tg 1.21; 3.13; 1 Pe 3.4,15).
Significa que esta virtude é considerada uma grande qualidade espiritual, algo
a ser desejado e buscado pelos santos.
9.
Temperança
No grego, esta
palavra, egkrateis, significa: "autocontrole", "domínio
próprio", "ponto de equilíbrio entre um extremo e outro",
"estado ou qualidade de ser controlado" ou "moderação
habitual".
Define-se a
"temperança" como a virtude que, tanto no agir como no julgar, evita
extremos. Na vida espiritual, por exemplo, ser extremamente metódico ou
formal, não é bom; ser fanático, é perigoso; e estes extremos podem levar o
cristão a considerar sua igreja ou sua religião apenas como um meio de refúgio.
O fanatismo pode levar
as pessoas a cometer excessos ou loucuras, com prejuízo para elas próprias e a
outrem. A sobriedade é muito importante, tanto na vida social quanto na
espiritual.
As Escrituras
mostram-nos o verdadeiro caminho do domínio próprio: "Vês aqui, hoje te
tenho proposto a vida e o bem, e a morte e o mal... Os céus e a terra tomo,
hoje, por testemunhas contra ti, que te tenho proposto a vida e a morte, a
bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua
semente" (Dt 30.15,19).
O caminho da vida é
realmente o que devemos trilhar, conforme Isaías 30.21: "Este é o caminho;
andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda".
Pessoas há que crescem
desordenamente na vida espiritual, tornando-se um problema para a igreja e
para a família. Outras procuram ordenar seus passos de acordo com a orientação
bíblica de crescer na graça e no conhecimento (2 Pe 3.18).
O sal em excesso pode
matar.
A luz demasiado forte
pode cegar.
O fogo fora de
controle pode destruir.
A temperança aparece
como uma das quatro virtudes cardeais da filosofia moral de Platão. As outras
três são: sabedoria, coragem e justiça.
Outros filósofos
gregos adotaram a idéia, e teólogos cristãos acrescentaram a tríade paulina
fé-caridade-esperança, perfazendo assim as chamadas "sete virtudes cardeais"
em que a mente humana estaria apoiada. ([27])
Quando o Espírito do
Senhor implanta em nosso ser esta virtude espiritual, nossas ações e palavras
passam a ser diretamente controladas por Ele. Existem várias recomendações
bíblicas, para que "andemos no Espírito" (Gl 5.16) e "vivamos no
Espírito" (Gl 5.25). Se permitirmos ao Espírito encher nossa vida, seremos
também por Ele controlado.
A sobriedade é
fundamental para o controle de nossas palavras e ações. O cristão deve ser
dócil e amável; entretanto, deve saber dizer "não" quando for
necessário (cf. Mt 5.37): "Domina-te a ti mesmo; enquanto não tiveres
conseguido isso, serás apenas um escravo, porque será quase a mesma coisa que
estar sujeito ao apetite alheio, ou às tuas próprias paixões".
O Novo Testamento
recomenda que o cristão seja sóbrio:
• "Mas nós, que somos do dia,
sejamos sóbrios..." (1 Ts 5.8);
• "Mas tu sê sóbrio em
tudo..." (2 Tm 4.5);
• "Ensinando-nos que,
renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente
século sóbria, justa e piamente" (Tt 2.12);
• "Portanto, cingindo os lombos
do vosso entendimento, sede sóbrios..." (1 Pe 1.13);
• "E já que está próximo o fim
de todas as coisas; portanto, sede sóbrios..." (1 Pe 4.7);
• "Sede sóbrios..." (1 Pe
5.8).
O grande comentador
Matthew Henry diz sobre a "temperança", ou o equilíbrio mental
chamado "sobriedade": "Sede sóbrios, sede vigilantes contra
todos os perigos e inimigos espirituais e sede equilibrados e modestos no comer,
no beber, nas vestes, nas recreações, nos negócios e em toda a vossa conduta;
sede dotados de mente sóbria até mesmo em vossas opiniões, e também humildes no
julgamento sobre vós mesmos".
II - Os Frutos do Espírito
Assim como há o
"fruto do Espírito", existem também os "frutos".
As nove
bem-aventuranças, ensinadas por Jesus em Mateus 5.3-11, e os nove dons
espirituais, mencionados em 1 Coríntios 12.8-10, podem ser considerados
"frutos do Espírito Santo".
Através desta operação
divina na vida do cristão, passamos a estar ligados diretamente a Jesus; e
assim começamos a dar "fruto", "mais fruto" e "muito
fruto" (Jo 15.2,5). O primeiro fruto produzido pelo Espírito é o do
arrependimento: "Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento" (Mt
3.8). Outros frutos são relacionados:
• o fruto das boas obras (Mt
7.16-20);
• o fruto da comunhão (Mt 26.29);
• o fruto da oração (1 Co 14.14);
• o fruto da justiça (2 Co 9.10);
• o fruto da luz (Ef 5.9);
• o fruto pacífico (Hb 12.11);
• o fruto dos lábios (Hb 13.15);
• o fruto precioso (Tg 5.7);
• o fruto da vida eterna (Ap 22.2).
O clima diversificado
na terra produz grande variedade de frutos. Assim também na esfera espiritual,
onde o Espírito de Deus atua em diversas áreas da vida humana.
Alguns destes frutos
são talvez produzidos uma vez apenas pelo Espírito Santo: o do arrependimento,
o da oração etc. Outros, pelo contrário, são produzidos e renovados cada dia,
como o da santificação (Rm 6.22; Ap 22.11). Ainda são mencionados outros que de
contínuo estão sendo renovados pelo Espírito de Deus:
• o fruto
da oração (1 Co 14.14);
• o fruto do louvor (Hb 13.15);
• o fruto da justiça (Ap 22.11).
Encontramos nas
Escrituras muitas palavras hebraicas e gregas para descrever "fruto"
e "frutos", e sua natureza.
Peri ("fruto") - palavra
hebraica usada cerca de 115 vezes (Gn 1.11,12; 3.2; Êx 10.15; Lv 19.23-25; Nm
13.20; Dt 1.25; 2 Rs 19.19,30; Ne 9.36; Sl 1.3; Pv 1.31; Ec 2.5; Ct 2.3; Is
3.10; Jr 2.7; Lm 2.20; Ez 17.8,9; Os 9.16; Jl 2.22; Am 2.9; Mq 6.7; Zc 8.12; Ml
3.11).
Eb ("fruto") - palavra
hebraica e aramaica, quatro vezes (Ct6.ll; Dn 4.12,14,21).
Yebul ("aumento") - palavra
hebraica, três vezes (Dt 11.17; He 3.17; Ag 1.10).
Lechem ("pão",
"fruto") - uma vez (Jr 11.19).
Meleah ("plenitude",
"fruto") - palavra hebraica, duas vezes (Nm 18.27; Dt 22.9).
Nib ("declaração") - palavra
usada no sentido metafórico de "fruto dos lábios", uma vez (Ml
1.12).
Tebuah ("renda",
"fruto") - palavra hebraica, 42 vezes (Êx 23.10; 25.3,15,16,21,22;
Dt 22.9; 33.14; Js 5.12; 2 Rs 8.6; Pv 10.16).
Tenubah ("aumento",
"fruto") - palavra hebraica, três vezes (Jz 9.11; Is 27.6; Lm 4.9).
Karpós ("fruto") - palavra
grega, 64 vezes (Mt 3.8,10; 7.16-20; 12.33; 13.8,26; 21.19,34,41,43; Mc
4.7,8,29; 11.14; 12.2; Lc 1.42; 3.8,9; 6.43,44; 8.8; 12.17; 13.6,7,9; 20.10; Jo
4.36; 12.24; 15.2,4,5,8,16; At 2.30; Rm 1.13; 6.21,22; 15.28; 1 Co 9.7; Gl
5.22; Ef 5.9; Fp 1.11,22; 4.17; 2 Tm 2.6; Hb 12.11; 13.15; Tg 3.17,18; 5.7,18;
Ap 22.2).
Génnema ("produção",
"fruto") - palavra grega, quatro vezes (Mt 3.7; 12.34; 23.33; Lc
3.7).
Qayits ("fruto de verão",
"primícias") - vinte vezes (Gn 8.22; 2 Sm 16.1,2; Sl 32.4; Pv 6.8; Is
16.9; Jr 8.20; 48.32; Am 3.15; 8.1,2; Mq 7.1; Zc 14.8).
Dagan ("trigo", e outros
produtos agrícolas) - 39 vezes (Gn 27.28,37; Nm 18.27; Dt 7.13; 11.14; 2 Rs
18.32; 2 Cr 31.5; Ne 5.2,3,10,11; Sl 4.7; Is 36.17; Lm 2.12; Ez 36.29; Os
2.8,9,22; Jl 1.10,17; 2.19; Ag 1.11; Zc 9.17).
Tirosh ("fruto da vinha") - 38
vezes (Gn 27.28,37; Nm 18.12; Dt 7.13; 11.14; 12.17; Jz 9.13; 2 Rs 18.32; 2 Cr
31.5; Ne 5.11; 10.37,39; Sl 4.7; Pv 3.10; Is 24.7; 36.17; Jr 31.12; Os
2.8,9,22; 4.11; Jl 1.10; Mq 6.15; Ag 1.11; Zc 9.17).
Yitshar ("azeite") - palavra
hebraica que indicava "frutos produzidos em pomar" e que também
significa "brilhante", "resplandente", 22 vezes (Nm 18.12;
Dt 7.13; 11.14; 12.17; 14.23; 18.4; 28.51; 2 Rs 18.32; 2 Rs 31.5; 32.28; Ne
5.11; 10.37,39; 13.5,12; Jr 31.12; Os 2.8,22; Jl 1.10; 2.19,24; Ag 1.11).
Algumas dessas
palavras, descrevem frutos de natureza terrena; outras, os frutos de natureza
espiritual.
A vontade do divino
Mestre, nosso Senhor Jesus Cristo, é que cada crente seja como árvore
frutífera, produzindo "o seu fruto na estação própria" (Sl 1.3). Ele
disse: "Eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e
o vosso fruto permaneça" (Jo 15.16). Só poderemos ter uma vida abundante
se descobrirmos o valor de "Cristo em nós" e a atuação de seu Santo
Espírito em nosso viver.
Sua natureza divina
será evidentemente implantada em nossos corações "pelo Espírito Santo que
nos foi dado" (Rm 5.5). Então passaremos a compreender o valor
imensurável da "graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a
comunhão do Espírito Santo" em nosso ser.
"O Espírito ajuda
as nossas fraquezas... o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos
inexprimíveis" (Rm 8.26): através da operação miraculosa do Espírito, o
problema da fraqueza humana é solucionado. Ele não somente ajuda, mas ainda
intercede. Ele é, portanto, "o penhor da nossa herança, para redenção da
possessão de Deus, para louvor da sua glória" (Ef 1.14).
Amém!
[2]
SILVA, S. P. da. Quem É Deus. Rio de Janeiro, CPAD, 1991.
[3]
RIGGS, R. M. O Espírito Santo, São Paulo, Vida, 1981.
[4]
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.
[5]
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.
[6]
Idem.
[7]
CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo,
Companhia Editora Nacional, 1977.
[8]
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado, Milenium, 1982.
[9]
Silva, S. P. da. Apocalipse Versículo por Versículo. Rio de Janeiro,
CPAD, 1995.
[10]
RIGGS, R. M. O Espírito Santo. São Paulo, Vida. 1981.
[11]
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.
[12]
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.
[13]
Idem.
[14]
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.
[15]
DUEWELL, W. L. Deixe Deus Guiá-lo Diariamente. São Paulo, Candeia, 1993.
[16]
GEE, D. A Respeito do Dons Espirituais. São Paulo, Vida, 1977.
[17]
BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Edição contemporânea. São Paulo,
Vida, 1994.
[18]
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.
[19]
SILVA, S. P. da. Apocalipse Versículo por Versículo. Rio de Janeiro,
CPAD, 1995.
[20]
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.
[21]
Idem.
[22]
SILVA, S. P. da. Apocalipse Versículo por Versículo. Rio de Janeiro,
CPAD, 1995.
[23]
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.
[24]
McNAIR, S. E. A Bíblia Explicada. Rio de Janeiro, CPAD, 1994.
[25]
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. Milenium, 1982.
[26]
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia da Bíblia, teologia e Filosofia. São Paulo,
Candeias, 1982.
[27]
Idem.
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